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quarta-feira, 29 de julho de 2015

VER, OUVIR E FALAR


Por João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031)


Todos já devem ter visto, ao menos uma vez na vida, a figura dos Três Macacos Sábios. Eles são de origem japonesa: Mizaru, cobrindo os olhos, para não ver o mal; Kikazaru, cobrindo as orelhas, para não escutar o mal; e Iwazaru, cobrindo a boca, para não falar o mal. Simplificando: não veja, não escute e não fale o mal.


Infelizmente isso não funciona no mundo coorporativo. Os macacos surgiram no século XVII sobre a porta de um santuário em Nikko, e devem ter sido inspirados nos ensinamentos de Confúcio. No mundo atual, corporativo, o bom gestor deve ter uma nova representação pictórica: olhos bem abertos, ouvidos atentos e ter uma excelente capacidade comunicacional.


Sem essas capacidades bem afinadas dificilmente um líder conseguirá manter sua equipe de trabalho motivada e produtiva. Saber coordenar pessoas exige uma capacidade ímpar de perceber falhas no processo e intervir afim de direcionar ações corretivas. Portanto, não cabe fechar os olhos ou fingir que nada está acontecendo, isso irá levar a empresa a um destino certo: fracasso.


Separando as capacidades:


1 - Observar tanto o modelo externo, alterações que ocorrem no mercado, quanto o ambiente interno, onde reside o núcleo mantenedor da instituição. Os olhos devem estar bem abertos e treinados para detectar qualquer movimento que possa comprometer a movimentação sincrônica. Qualquer detalhe é importante.


Certa vez uma lata de lixo sem tampa foi a causa de um princípio de incêndio em uma fábrica de refrigerantes. Um visitante, mais distraído, jogou a ponta de um cigarro aceso em meio a papeis finos e facilmente inflamáveis. O fogo foi contido imediatamente e, disso, nasceu a regra de ouro que todos conhecemos hoje: é proibido fumar dentro de instalações com inflamáveis. As grandes empresas disponibilizam espaços para os fumantes em áreas específicas com ventilação ou, ao ar livre. Neste caso a medida veio após a falha. O ideal é que o gestor possa ter a capacidade de prospectar o futuro a partir de indícios presentes.


2 - Ouvir com atenção. Fontes confiáveis, notícias nos veículos de comunicação, SAC e se colocar disponível para todos os colaboradores sabendo ouvir, pode trazer à tona informações importantes para o rumo da empresa. Muitas vezes, um pequeno detalhe quando corrigido rapidamente pode evitar uma catástrofe. Como o gestor não é onipresente deve ter ouvidos bem atentos e saber selecionar o que de fato é relevante.


Um funcionário de uma instituição de ensino nos Estados Unidos percebeu que os alunos de graduação com notas baixas eram os mais prováveis a desistir antes do quarto período. Por várias vezes ele procurou a gestão da universidade procurando apoio para criar um sistema de detecção automática com padrão para criar um aviso de alerta para os professores darem mais atenção a esses indivíduos antes da desistência. Como não conseguiu ser ouvido, buscou outra instituição e hoje esse programa é responsável pela diminuição da evasão universitária em vários estados americanos.


3- Falar o que deve ser dito. Isso não significa dizer tudo o que se pensa, afinal a assertividade na fala do gestor é uma poderosa ferramenta motivadora. Pior ainda quando os colaboradores também não se comunicam. Saber passar a informação à frente na forma verbal é uma arte mais que necessária na instituição, a comunicação é tudo. Muitas são as pessoas que não falam o que tem a dizer por vergonha ou medo. Falhas no processo comunicacional sempre geram problemas absolutamente desnecessários e facilmente evitáveis.


Um hospital, por exemplo, não pode ter falha no processo de comunicação de maneira alguma, afinal, disso depende vidas humanas. No mês de fevereiro de 2015 um hospital de referência do Rio de Janeiro deixou um paciente em alta ocupando um leito de UTI, que é extremamente necessário para pessoas em estado de risco de morte, por quase um dia inteiro apenas porque um funcionário esqueceu de falar ao setor de internação da liberação do paciente pelo médico. Um funcionário de apoio (limpeza) alertado pelo próprio paciente levou a preciosa informação, por conta própria, até o responsável pela organização de leitos. O ato pode ter salvo uma vida, pois, a lista de espera para vagas na UTI naquele dia era de três pessoas.


Os macacos de Nikko podem ser úteis no universo da vida pessoal ou, mais importantes ainda no século XVII, quando a comunicação tinha um perfil bem diferenciado dos dias atuais. Na empresa não corra o risco de nada ver, ouvir ou falar. O preço pode ser alto e cobrado de uma só vez.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

O VALOR DA PRODUÇÃO

Por João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031)


Quanto vale hoje uma inserção comercial em um horário nobre da televisão em rede nacional?

Não menos que alguns milhões de reais em uma única campanha.  Em julho de 2015, por exemplo, a inserção de 30 segundos (apenas uma) no programa Fantástico da Rede Globo aos domingos custava R$ 524.100,00 de acordo com o site Bastidoresdatv. Isso nos dá uma breve ideia do peso dos investimentos feitos pelas grandes marcas brasileiras.

Mas, não é só isso.  Uma produção de qualidade, um VT que seja estimulante não é nada barato e, muitas vezes, pode até ser mais caro que a própria veiculação. Como é o caso dos comerciais da Coca Cola exibidos nas finais de campeonatos de futebol americano. Alguns desses vts são exibidos uma única vez e são aguardados pelo público como parte do espetáculo em si.

Ainda não acabou: temos os cachês dos artistas e modelos que, dependendo de seu impacto de credibilidade junto ao público telespectador também possui valores milionários.  No caso, o comercial que focamos, é apresentado por um casal que possui um grande apelo popular e conquistou um incomparável afeto das famílias brasileiras após passar por um acidente aéreo que, por pouco, não vitimou todos os integrantes do voo.

Assim, vale à pena lembrar mais uma vez, o peso do investimento em uma campanha nacional é algo monstruoso e, portanto, deve ter todo cuidado possível para não enviar mensagens contraditórias ao telespectador.

Não acredito que o custo de um profissional em Análise Comportamental poderia inviabilizar uma produção dessas. Acho até, me perdoe se exagero, que o valor desse profissional, para acompanhar as gravações e orientar os atores envolvidos, seria menor que o coffe brake servido durante as filmagens.

A presença desse especialista seria uma garantia que, os sinais ideomotores emitidos pelos apresentadores do produto, não criassem uma incongruência comunicacional. Assim eles poderiam ser evitados e não estariam prejudicando a mensagem principal para a qual, tantos milhões foram investidos.

A mídia ainda deve se recordar do nosso famoso James Vicary com seus experimentos com mensagens subliminares em 1957. Imagine que se algo imperceptível à visão ou audição pode alavancar algum tipo de consumo diferencial, o que pode, então, causar na audiência um movimento claro de cabeça e ombro em negação ao que está sendo dito?

Como publicitário e psicólogo especialista em comunicação não verbal com mais de uma centena de treinamentos realizados de forma presencial e on line, só posso dizer que tem gente com dinheiro sobrando e informação faltando.

O Brasil é rico em profissionais competentes. São muitos os talentos em Análise Comportamental só no eixo Rio/São Paulo.  Alguns são fenômenos naturais que nem mesmo uma formação acadêmica possuem e isso, acredite, não tira o valor de suas análises.

Da próxima vez que pensar em investir em uma comunicação de vídeo – seja um produto ou uma ideia – procure apoio de um analista comportamental. Esse profissional pode ajudar a potencializar a mensagem que está sendo enviada. Lembre-se de que, comunicação é o que se entende e não o que é dito.


domingo, 26 de julho de 2015

O VÍCIO DA MÁ ALIMENTAÇÃO

Por Beatriz Acampora

O cérebro humano é realmente fantástico: ele se acostuma a tudo em uma tentativa constante de adaptação e sobrevivência neste mundo. Se você dá uma mamadeira com o pior dos refrigerantes para uma criança, ela pode até fazer uma careta no início, mas com certeza começará a se acostumar e, com o tempo, até mesmo irá pedir o tal refrigerante, principalmente se o hábito de o ingerir for comum em sua família. 

Em pouco tempo é possível criar um hábito e até mesmo começa-se a justificar o porquê dele, ainda que a justificativa não tenha lógica alguma. Nesse sentido, é possível você ouvir os mais diversos argumentos em prol de hábitos alimentares caóticos, desorganizados e realmente prejudiciais à saúde.

Cada organismo é singular e, portanto, cada pessoa deveria aprender a reconhecer o que lhe faz bem o mal para que possa se alimentar daquilo que é realmente funcional e adequado a um estilo de vida saudável e também de acordo com seus valores.

A alimentação deve ser apreendida para além do que é gostoso ou não, pois o paladar pode ser treinado, pode ser reinventado e até mesmo se adaptar a novas experiências. Além disso, nem tudo o que é gostoso faz bem ao seu organismo. E nem tudo o que faz bem tem o gosto ruim. Então, comer bem é também uma questão de perspectiva. Do que você é capaz de fazer para ter uma rotina saudável em relação à comida: sem excessos para mais ou para menos.

Para isso é importante ouvir o que o corpo diz após comer algo. Um bom exemplo é uma pessoa que gosta de pimenta, mas toda vez que come pimenta passa muito mal e, ainda assim, continua a comer muita pimenta. É preciso encontrar o equilíbrio entre os desejos e o que é aceitável pelo corpo.
Você já deve ter ouvido o seguinte ditado: “uma gota de veneno ainda é veneno”. Não é preciso ser radical, mas é importante avaliar como os seus hábitos alimentares prejudicam seu organismo e começar a incluir coisas que fazem bem e tirar aquelas que fazem mal.

Mas como mudar um hábito alimentar? Tomemos esse exemplo: se todo dia após as refeições você come um doce, você pode começar retirando o doce após a janta e depois de uma semana começar a comer o doce no almoço apenas a cada dois dias, depois de mais algum tempo come-lo apenas a cada três dias, até chegar em uma vez por semana ou até mesmo parar de comer doces após as refeições. O cérebro reaprende que é possível ficar sem aquilo. É como um processo de largar um vício, tem que ir se afastando dele progressivamente até que o cérebro reconheça que é possível viver sem ele.

Nesse sentido, o “só por hoje” funciona muito bem. Busque criar frases positivas para dizer a si mesmo. Por exemplo: “Só por hoje terei uma alimentação saudável” ou “comer de forma correta me deixa bem comigo mesmo”, ou ainda, “Eu posso ficar sem isso hoje”.

O mais perigoso do processo dos vícios alimentares é que os pais são exemplos para os filhos e temos cada vez mais crianças e adolescentes se alimentando de forma disfuncional porque um determinado hábito é praticamente imposto a eles. Hoje temos crianças que podem até ter o peso considerado normal, mas que apresentam taxas altas em relação à glicose, colesterol e triglicerídios, ou seja, não é um problema ligado somente à obesidade.

É preciso pensar em curto, médio e longo prazo e buscar uma alimentação que possa ser fonte de energia e vida e não de prováveis doenças. Hoje a longevidade é mais ampla e provável para todos e precisamos pensar: Como queremos chegar lá? Qual o impacto do que comemos hoje para nossa vida no futuro? Seremos capazes de chegar à terceira idade com saúde para aproveitá-la?


Apenas reflita hoje e mude o que precisa ser mudado em prol da sua qualidade de vida hoje, amanhã e depois. 

sábado, 25 de julho de 2015

Mentira X Emoções



Por: João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031)

A grande maioria das pessoas acredita que existe uma fórmula infalível de se descobrir a mentira na face dos outros apenas com algumas dicas como, por exemplo, os movimentos dos olhos para alto a direita. Isso não corresponde à realidade, pois outros fatores devem ser avaliados antes de julgar o conteúdo proferido por alguém. Um gesto, apenas, funciona como uma única palavra fora de um texto, não tem muito significado isolada, ela precisa estar dentro de uma frase para fazer sentido.

A análise comportamental é uma ciência séria, mas ainda sofre muito com apressadas sentenças feitas por impulso e sem a devida profundidade. Não existe um único sinal na face que demonstre a mentira! O contexto como um todo, deve estar sendo avaliado e, mais ainda, existem mentirosos que conseguem se colocar sem deixar um único vestígio. Estes são os que acreditam no que estão dizendo, vivem suas fantasias.

Para nós o importante é analisar as emoções que se manifestam nas expressões faciais (expressas ou instaladas), nas microexpressões e na linguagem corporal. Não sem antes avaliar se o sujeito à nossa frente é destro ou canhoto pela percepção de preferência de comando muscular (esquerdo ou direito) exposta pelo tamanho da face – um lado sempre é maior que o outro.

São tantos detalhes envolvidos e a maioria deles ainda está sendo testada e comprovada ou não pelo método científico. A psicologia é uma ciência em desenvolvimento e todos os dias somos apresentados a novas descobertas sobre o funcionamento do cérebro. As propriedades da mente e como elas influenciam o surgimento das emoções. Isso tudo, ainda é, um vasto campo de trabalho à espera de pesquisadores dedicados.

Acredito que antes de se pensar em descobrir a mentira no rosto dos outros deveríamos estar preocupados em saber o porquê alguém mente. A mentira mais comum, por exemplo, funciona como um lubrificante nas relações sociais, sem ela todos seriam extremamente chatos só falando o que realmente pensam sobre os outros. Seria impossível a existência de pessoas simpáticas, embora muitos afirmem que só dizem a verdade.

Outro fator que impede esta precisa análise da mentira é o grau de afeto entre as pessoas. Quanto mais próximas (ao contrário do que se pensa) menor a possibilidade de perceber a mentira quando existe a intenção de trapacear. Um sistema interno parece querer preservar, em nós, a decepção diante de uma pessoa que amamos e cria – imediatamente – uma justificativa interna para abafar qualquer sinal externalizado da mentira que está sendo dita. Pense um pouco sobre isto.

Conhecer a pessoa muito bem não é uma boa condição para uma análise comportamental isenta. Ao contrário, não ter uma formação ideológica sobre a personalidade de alguém talvez seja um excelente pré-requisito para uma boa análise. Óbvio que qualquer analista precisa traçar parâmetros e, para isto, precisa observar o sujeito se comunicando em diferentes níveis. Uma expressão ou manifestação verbal, fora de um cenário maior, não pode ser avaliada com precisão por ninguém.

A única coisa que podemos afirmar com certeza, diante de uma conversação em andamento, são os perfis emocionais que estão ocorrendo nas microexpressões expostas pelo sujeito à nossa frente. Mas, mesmo assim, o que causa essas manifestações pode ser de ordem interna (Ex: imaginação / memória  /lapso) ou externa (Ex: calor/frio/insetos/vento) e só mesmo o cuidado de ligar vários sinais apresentados pelo corpo, junto a estrutura comunicacional, para se chegar a uma possível decisão de mudança na linha de abordagem que está sendo desenvolvida. Ou seja: isso não é mágica nem jogo de adivinhação.

A ciência da análise comportamental surge para auxiliar o homem a interagir melhor com o seu próximo. Facilitar a comunicação, levar as pessoas a um nível de entendimento maior com seus pares e não apenas como ferramenta de inquérito policial. Um bom comunicador deve ter, inclusive, maturidade para saber lidar com as emoções refratárias que poderá encontrar no dia a dia e possuir argumentos que possam levar a uma finalização positiva para todos.

A mentira existe sim! Todavia, são nas emoções que as movimentam onde vemos verdades!


sexta-feira, 17 de julho de 2015

A ERA


Por: João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031)

Sabemos muito bem: tudo que nasce um dia morre. No entanto, temos uma grande dificuldade em aceitar isso como parte do processo, principalmente quando essa mudança aparenta ser um final permanente de nossa consciência.

Houve uma era onde os répteis reinavam sobre a face da Terra, aparentemente um impacto, promovido pela queda de um meteorito de grande magnitude, terminou com o que convencionamos chamar de: “A era dos dinossauros”. Também, tivemos algumas civilizações que dominaram suas respectivas áreas em vários continentes onde, apesar de deixarem fartas provas de fantásticas tecnologias de construções (por exemplo), não conseguiram perpetuar seus conhecimentos ou mesmo vestígios mais claros de suas existências. Desses povos, pouco ou nada sabemos.

Mesmo os curtos espaços de tempo que cronometram alguma atividade também estão sujeitos ao processo de começo, meio e fim. Um filme que assistimos, por melhor que seja, em algum momento terá estampado na tela os créditos finais com os verdadeiros nomes dos profissionais que deram vida a inúmeros personagens. Ou ainda, uma peça de teatro, onde heróis e bandidos se enfrentam em uma luta cênica mortal, terá, após o espetáculo uma confraternização entre os atores atrás do palco. Tudo termina, nada é para sempre.

O grande segredo da pequena trajetória que temos nesse plano talvez seja preparar uns bons créditos para serem exibidos após nossa jornada. Provavelmente (não é certeza absoluta) deve existir uma coxia onde os atores que ainda não entraram em cena ou, os que já saíram, possam observar a nossa atuação. Na dúvida, se teremos ou não uma confraternização ao final, é melhor garantimos que será uma festa de comemoração e não de cobranças e repreensões por uma péssima performance.

Certo é, disso não tenha dúvida, que o nosso inconsciente não teme a morte. Na verdade, muitas vezes acelera o processo numa tentativa de nos tirar de uma situação, em vida, da qual não possuímos recursos suficientes para lidar.

Assim, surgem sintomas psicossomáticos que podem gerar doenças que levam pessoas, muitas vezes, a uma morte prematura em seu possível ciclo de vida. Se isso é uma realidade, a morte ser apressada pelo nosso próprio sistema vital, é sinal que a vida como conhecemos hoje pode ser descartada diante de barreiras que julgamos intransponíveis: quem valoriza a vida é o que chamamos de consciente: o ego!

Mesmo sendo um absurdo pensar assim, ainda existe uma outra faceta curiosa que nos faz pensar sobre esse momento de finalização: os sonhos terminais. Carl G. Jung foi um dos primeiros a perceber que, nos dias que antecedem uma morte natural, os sonhos mudam de perfil se tornando extremamente positivos e satisfatórios, levando o sonhador a ter recordações espetaculares ou a vivenciar projetos de realizações fantásticas que nunca teve oportunidade de realizar em vida. Trata-se de um maravilhoso procedimento compensatório, uma forma que nossa mente criou para tornar mais leve os últimos momentos de vida.

Contrário fosse, se o inconsciente temesse a morte, esses sonhos deveriam ser, pela lógica, assustadores.

Inúmeras são as crenças religiosas sobre esse tema que acabamos de abordar. Poucas são as que acreditam em um final permanente e, ainda menos ainda, são aqueles que não temem retorno, de alguma forma, pelos seus atos praticados na vida em algum período posterior a própria existência.

Viver não é apenas um monte de manhãs e tardes ensolaradas. Cada vida é uma era em particular e deve, para ser melhor aproveitada, deixar vestígios que possam ser lembrados positivamente ou, servir de referência para os novos atores que irão atuar nesse palco espetacular onde, nesse exato momento, todos os holofotes estão sobre nós.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

PERSONALIDADE TIPO C


Por: João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031)

                Quando Amussart em 1854 disse: “- A influência do luto parece ser a causa mais comum de câncer”, ele já estava lançando uma luz sobre a influência dos estados emocionais e o surgimento deste perfil de doença.

                Sabemos que o câncer, no seu perfil mais amplo, se trata de conjunto de doenças em que células anormais do corpo se multiplicam e se espalham de maneira descontrolada, formando uma massa tissular (unida) que chamamos de tumor.  Diferem em formas e tipos:

Metástase – processo em que células corporais malignas proliferam em grande número e espalham-se para os tecidos corporais circundantes.

Carcinoma – câncer das células epiteliais que cobrem as superfícies internas e externas do corpo; inclui o câncer de mama, de próstata, de pulmões de pele.

Sarcoma – câncer que ataca os músculos, ossos e cartilagens.

Linfoma – câncer do sistema linfático.

Leucemia – câncer do sangue e do sistema produtor de sangue.

Para todos os casos nós possuímos células imunológicas que patrulham o corpo constantemente, em busca dessas células anormais, as quais são localizadas e mortas. Entretanto, quando o sistema imunológico é saturado pelo número de células cancerosas, enfraquecido pelo estresse ou, ainda, por algum outro fator, o sistema de vigilância do sistema imunológico é suprimido e o câncer pode se desenvolver.

Claro que muitos são os fatores de risco, muitos deles ambientais, que podem ampliar a possibilidade do desenvolvimento da doença: fumo, tabagismo passivo, perfil da dieta alimentar, uso do álcool, estilo de vida sedentário, histórico genético, substâncias químicas tóxicas, radiação, poluição entre outros.

No entanto, pesquisadores perceberam que existe um perfil de personalidade com maior probabilidade de desenvolver o câncer: a personalidade tipo C (propensa ao câncer). Acredita-se que as pessoas mais passivas e obedientes, do tipo que não reclamam de nada na vida e que tem muita dificuldade para expressar suas emoções são mais vulneráveis ao câncer.

Pessoas que podem confundir suas próprias emoções e, ao invés de perceberem uma angústia profunda, por exemplo, sentem dor no corpo. Outras abafam seus sentimentos reprimindo a própria raiva e ódio ou, vivem em uma amargura pela não realização dos seus próprios sonhos, focando seus pensamentos nas desventuras e não nos possíveis projetos futuros.

Aqui mora um dos segredos da história: o que conhecemos por ser uma excelente pessoa, que tudo faz para agradar a todos ao seu redor, pode esconder, de fato, um ser em grande sofrimento.

Antes de pensar em um possível tratamento multidisciplinar onde as modernas técnicas médicas se aliam aos psicólogos comportamentais (com vastas ferramentas inclusive a hipnose clínica), devemos moldar nosso estilo de vida para um formato mais adequado a uma existência emocionalmente saudável.

Se não for capaz de ressignificar uma emoção, alterar sua percepção com a elaboração do pensamento:  vivencie-a! Não reprima suas emoções, isso pode custar caro em todos os aspectos da vida.









sábado, 4 de julho de 2015

O CHEFE



Por: João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031)

   Existe uma diferença básica entre o líder e o chefe: o chefe ordena, mas, o líder lidera. Parece mais uma pegadinha semântica, no entanto, não é. Ocorre que o verdadeiro líder é carismático e consegue que seus colaboradores o sigam pela empatia que gera no ambiente.

  Dar o exemplo, apresentando em seu próprio comportamento, como as coisas são feitas é somente o primeiro passo, o líder deve elogiar, dar conselhos e estar sempre pronto para assumir a responsabilidade pelo grupo quando alguma coisa der errado. Não é tarefa fácil e nem todo mundo está preparado para liderar uma equipe, que nem precisa ser muito grande: onde encontramos duas pessoas atuando pode ter certeza que uma delas exerce algum tipo de liderança.

    Existem líderes natos, pessoas que possuem atitudes espontâneas que as colocam, de forma natural, no comando de outras. Na verdade, nem precisa ser um diretor ou possuir um cargo de comando: é uma liderança de fato e não de direito.

  Assim, algumas pessoas acabam adquirindo talentos pelas experiências vividas e podem se tornar, sem esforço maior, o referencial de comando de um grupo ou, até mesmo uma nação.

    Mas, quem não é assim, desse jeito natural, pode conseguir reunir todos os talentos de um bom líder se souber incorporar algumas técnicas. Vamos enumerar cinco fáceis de serem colocadas em prática hoje mesmo:

1 – Seja sincero: Fale sempre a verdade para seus comandados e de forma objetiva. Não invente histórias, ou seja, prolixo. As pessoas confiam mais em quem é franco e direto. Lembre-se que isso não significa ser rude ou mal-educado.

2 – Seja sutil: Jamais chame a atenção de nenhum integrante de sua equipe em público. Isso irá desenvolver um ambiente de medo que é altamente contraprodutivo.

3 – Não ouça fofocas: ter informação é muito importante, mas é necessário saber separar a informação qualificada e útil da fofoca que só prejudica. Corte logo no primeiro momento o ambiente de fofoca, pois é algo danoso ao ambiente corporativo.

4 – Elogie sempre: esteja sempre buscando algo positivo nas pessoas de sua equipe para elogiar e, diferente da bronca, faça isso em público para que todos saibam que o bom trabalho é percebido pelo líder da equipe.

5 – Não seja autoritário: existe uma grande diferença em ter autoridade e ser autoritário. A autoridade é dada ao superior e o autoritário tentar impor suas vontades. Por isso, permita que seu comportamento e atitudes propiciem o ambiente mais adequado para a sua autoridade.

   Claro que liderar depende de uma equipe, mas para se transformar em um líder de fato, você deve, primeiro, aprender a comandar a si próprio domando suas emoções e suas atitudes.

            

sexta-feira, 19 de junho de 2015

ALEGRIA, PRAZER, SATISFAÇÃO E FELICIDADE


Por Beatriz Acampora – Psicóloga (CRP 05/32030) e João Oliveira – Psicólogo (CRP 05/32031)
               
As emoções e sensações muitas vezes se misturam na nossa vida e poucas são as pessoas que conseguem diferenciar alegria, prazer, satisfação e felicidade. Então, vamos começar definindo cada um desses termos:

Alegria – a palavra deriva do latim “alacritas”, de “alacer”, que significam “ânimo leve, contente”. É uma emoção positiva e agradável que influencia as pessoas que a sentem e também as que a observam. Pode surgir pela associação com algo ou alguém que propicia o sorriso fácil, por uma sensação de bem-estar, de bom humor.

Prazer – a palavra deriva do latim “placere”, que implica em ser aceito, querido e também se relaciona com “placare”, que significa aquietar, acalmar. Muito se discute a respeito do prazer e é comum o entendimento que ele é da ordem do desejo, o que implica que uma pessoa pode sentir prazer com algo que faça bem ou mal a si mesma, uma vez que o desejo quase nunca é lógico e coerente.

Satisfação – a palavra deriva do latim “satis”, que significa bastante, suficiente, em quantidade adequada, somada à “facere”, que implica em fazer do modo desejado. Nesse sentido, podemos compreender que uma pessoa se sente satisfeita quando supre uma necessidade, como comer quando está com fome, por exemplo, ou suprir a necessidade de afeto ao receber carinho.

Felicidade – a palavra felicidade tem relação com o latim “felicitas” (felicidade), “felix” (feliz) e, ainda com o verbo grego “Phyo”, que significa produzir, trazendo a conotação de algo fecundo, produtivo. Dessa forma, podemos compreender que a felicidade tem relação com se sentir produtivo, útil, fazendo parte de algo. Facilmente podemos associar com as palavras contribuição, cooperação, produtividade.

                Todo mundo quer ser feliz. Dificilmente uma pessoa afirmará para si mesma e para os outros que deseja intensamente a tristeza, o desprazer, a insatisfação e a infelicidade. Isso porque é da nossa natureza buscar a própria realização pessoal.
Pessoas felizes tendem a ser mais positivas, a enfrentar as situações da vida de forma diferente, porque já conquistaram algo dentro de si: um casamento feliz consigo mesmas.
A felicidade é algo a ser desvelado e cuidado diariamente. Todo mundo a quer, mas poucos estão dispostos a abrir mão do complexo e buscar a simplicidade, a investir em si, de tal forma, que haja uma visão enobrecedora: a de que tudo pode ser transformado em aprendizado para o crescimento pessoal.
Alegria e felicidade são muito confundidas. Para esclarecer exemplificando, podemos dizer que uma pessoa não é feliz, mas foi ao parque de diversões e ficou muito alegre, deu boas risadas e até mesmo se sentiu eufórica. A alegria tem relação com momentos, bem como a tristeza. Pode-se conceber que uma pessoa está triste por alguma situação passageira da vida, mas é feliz. Isso porque a felicidade é algo mais duradouro, perene.
Prazer e satisfação também são tópicos distintos que podem se relacionar. Ao concebermos uma pessoa com fome, que come qualquer coisa apenas para se saciar, podemos dizer que ela se satisfez e, ao mesmo tempo, podemos dizer que uma pessoa que tem um desejo de comer algo especial e o faz, também pode se sentir satisfeita ao realizar seu desejo.
Mas o prazer é tão complexo que também podemos conceber que uma pessoa que usa drogas busca apaziguar um desejo de algo, que muitas vezes nem ela própria sabe o que é, mesmo que as consequências de tal uso seja muito prejudicial posteriormente – e sente prazer, que depois, possivelmente, se transformará em desprazer.
O imediatismo do mundo atual vende a imagem da felicidade através da alegria, prazer e satisfação. É certo que buscaremos satisfazer nossas necessidades porque isso é da natureza de todo animal, inclusive o homem. Precisamos de alimento, água, equilíbrio do sono, segurança, estima e tudo o mais que é necessário para a preservação da vida e a não satisfação das nossas necessidades pode levar a diversas disfunções físicas e psíquicas.
Se você der um prato de comida a alguém que dorme na rua, esta pessoa pode se sentir alegre e se satisfazer comendo, mas não ser feliz e nem ter grande prazer com isso. Alegria, então, não pode ser anunciada como felicidade. Contudo, uma pessoa feliz tende a ser mais alegre, porque se disponibiliza para isso, perde o medo de criar sua própria existência, investe no autoconhecimento como a ferramenta mais poderosa para estabelecer limites realistas para si mesma, de forma que não caia na teia das tentações de prazer momentâneas que terão um alto custo na manutenção da sua felicidade.
A alegria associa-se ao “estar” e a felicidade ao “ser”. Quem é feliz escolhe os prazeres aos quais vai se dedicar e as satisfações que precisa ter para suprir suas necessidades, sem se abandonar à própria sorte, acaso ou destino, porque compreende que ser feliz implica em construir o próprio caminho e colocar um pé à frente do outro com a atenção e o cuidado que o percurso requer, cultivando cada passo dado, para que o caminho seja o mais bem-aventurado possível.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

OS DIAS DA SEMANA

           
Por João Oliveira – Psicólogo CRP 05/32031


Todos os dias nos levantamos com o propósito de ser ou fazer algo diferente, algo que seja perene e nos faça sentir útil, para tornar esse dia uma referência em nossas vidas. Se você não pensa assim deveria reestruturar sua forma de perceber o mundo pois, afinal, nosso período aqui é extremamente ínfimo e, cada dia que passa, é menos uma oportunidade de realizações.

Ocorre que nem sempre foi assim. Houve uma época em que os dias da semana não eram contabilizados e o homem não possuía uma expectativa de longevidade. Uma sucessão de claro e escuro, frio ou calor, sem a possibilidade de se fazer uma prospecção temporal. Essa, portanto, era a única realidade conhecida.

Porém, uma bela manhã, alguém se deu conta da presença de alguns padrões repetitivos como, por exemplo, as fases lunares. O seu formato parecia seguir uma ordem que se renovava em ciclos perfeitos. Além disso, as sombras das árvores e das montanhas nem sempre se moviam no solo na mesma direção, mas, de tempos em tempos (olha aí o padrão de novo) o movimento era exatamente igual.

Com certeza os indivíduos da comunidade onde esse grande observador vivia o chamaram de louco. Quem é que vai deixar de ir caçar para ficar observando coisas inúteis como sombras e o desenho da lua.

Justamente com a observação dos movimentos lunares nascia a primeira forma de contar, surge aí os primeiros passos da matemática, pois esse rudimentar astrônomo teve de juntar pequenas pedras para determinar a frequência das fases da Lua. Começou a traçar uma relação entre o número de fases e a presença do frio, da migração das aves, o aumento das chuvas e o brotar dos frutos nas árvores.

Agora existia uma linha reta que podia ser seguida. De posse dessas informações, o homem caçador/coletor era capaz de fazer suas previsões e estocar alimentos para o inverno, se deslocar para áreas com mais alimentos em determinadas épocas e, de acordo com a fase da Lua, prever uma boa ou má pescaria. A rotina mudou: a partir deste momento histórico o calendário estava estabelecido para sempre na vida da espécie humana.

Ainda existem padrões ocorrendo à nossa volta sem que estejamos cientes deles. Um amigo descobriu uma estranha relação entre a temperatura em que o dia amanhece em determinadas cidades do mundo e o volume de movimentação financeira no mercado de capitais. Não foi uma tarefa fácil. Segundo ele, foram anos de observações e muitas fórmulas matemáticas. Acredito que isso seja possível de existir de fato, afinal, ele é um expoente nesse tipo de atividade.

Quantos outros movimentos sincronizados estão acontecendo agora à sua volta sem que você esteja ciente deles?

As emoções das pessoas refletindo nas mais diversas formas de agir, como desejos de consumo. Será que isso pode ser um desses padrões previsíveis? A capacidade de antecipar necessidades não é algo que acontece por acaso é fruto, bem sabemos, de um profundo trabalho de análise comportamental.

Amanhã será um novo dia, diz o calendário que está colado com um imã na geladeira, pode ser algo totalmente novo ou apenas mais um vigoroso “X” feito com a caneta que elimina o tempo passado graficamente. Somente uma pessoa no mundo pode transformar isso, fazer com que seu dia seja memorável: você mesmo!



Olhe para onde ninguém está olhando, preste atenção nos detalhes que se movem rápidos ou devagar. Coisas novas surgem todos os dias de mentes observadoras. Não se importe com o que as pessoas pensam sobre o que você acredita, afinal, nem todos são capazes de ver além do claro e escuro que se sucedem diariamente.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

ASAS PARA VOAR



Por João Oliveira


                Olhando para o precipício Thuka percebia o quanto era pequeno diante da imensidão. As montanhas, que rasgavam a linha do horizonte, pareciam caber na palma de sua mão estendida, mas, ele as conhecia bem. Algumas podiam custar semanas de caminhada para se chegar ao topo: eram muito altas.

                Para os pássaros isso não era lá grande coisa. As águias iam e voltavam do topo ao solo muitas vezes todos os dias. Quem dera ele poder ter asas para voar. Como tudo seria diferente se ele pudesse transpor as montanhas, negociar ao norte de Myanmar e voltar, ainda sob o sol do dia, com as valiosas peças de jade e comprar belas camisas de seda.

Atravessar a cordilheira de Rakhine voando era seu sonho maior. Talvez o único que tivesse algum sentido. Todos os mercadores teriam que se curvar aos seus pés graças a capacidade de ir e voltar em um único dia e retornando com os alforges cheios de pedras.

Um dia algo inesperado irrompeu a madrugada. Uma forte luz o despertou com uma presença dentro de sua tenda.

- Queres asas para voar? – Disse a voz de uma donzela que se escondia atrás da luminosidade que o cegava.

Thuka, em um misto de medo e euforia, apenas balançou a cabeça em um movimento que pode ter durado mais tempo que o normal.

- Em nome de Bahá'u'lláh te dou as asas com que tanto sonhas. Que elas sejam dignas de pertencer ao seu corpo.

Da mesma forma vertiginosa que chegou, a luz atravessou o teto deixando Thuka ainda perplexo com o ocorrido.

Não mais conseguiu dormir. Um gosto estranho na boca e uma terrível dor nas costas tornaram essa a mais longa das noites de sua vida. Pela manhã percebeu o milagre proporcionado por Bahá'u'lláh: suas asas haviam brotado e ele podia voar.

Tornou-se não o maior, mas o único mercador capaz de ofertar as melhores pedras e os menores preço de todo o mercado. O jade lhe transformara em um homem rico e poderoso.

No entanto, uma tristeza lhe corria a alma. Nenhuma de suas lindas e caras camisas de seda lhe serviam. As asas permitiam apenas que ele usasse dhotis de linho atravessados em seu largo tronco. Era feliz, mas não plenamente porque também não havia uma cadeira onde pudesse se sentar confortavelmente. Às vezes, pensava que ter asas era um castigo recebido por causa de sua ganância sem tamanho.

Na vida, todos nós podemos passar por momentos assim. Em todo ganho há uma perda, isso é fato. O equilíbrio vem da capacidade de entender isso e se adaptar as alterações da realidade. A interpretação pessoal pode criar infernos e paraísos e isso só depende de cada um.

Procurar ressignificar os eventos que surgem em nosso cotidiano, ganhando ou perdendo, é o que nos faz superiores aos animais, seres incapazes de reflexões profundas. Navegar pelas formas pensamentos, que materializam em nossa mente sofrimentos desnecessários, é o mesmo que ser um barco sem leme em uma tempestade noturna.

Seu leme é sua mente. Mantenha sempre a direção correta pois, como sabemos, é possível navegar mesmo contra o vento.



sexta-feira, 15 de maio de 2015

INFLUÊNCIA



 Por João Oliveira

                O que é uma real influência?

                Provavelmente a gravidade exerce a maior influência sobre todos os corpos que habitam esse universo conhecido, pois tem a capacidade de alterar comportamentos, direções, de tudo que existe na forma física material. O que seria de nós sem a Lei da Gravidade.
                Pode parecer uma comparação absurda. Colocar o que entendemos por influência humana ao lado de uma das mais conhecidas leis da física tradicional. Ocorre que, de fato, o que se espera do bom resultado, quando alguém exerce forte influência sobre as outras pessoas, é que ele se torne como um sol, no centro de pessoas que o orbitam.

                Algumas pessoas possuem esse dom de forma natural e espontânea. Sua personalidade e a maneira como administra suas emoções acabam por fazer surgir uma espécie de charme que cria uma atração no meio social. Sim, você já deve ter imaginado que muitos artistas e políticos possuem esse talento natural e isso pode ser o segredo do sucesso deles.

                Mas, quem não nasceu com esse dom? É possível aprender a ser influente e emanar uma áurea de poder sem que seja necessário grande esforço? Sim, isso é possível.

                A técnica existe para elevar pessoas, ditas normais, ao nível de excelência dos talentosos. Para quem está interessado no assunto, aqui vão seis valiosas dicas de como se portar na presença de outras pessoas para exercer uma forte influência:

1)      Jamaisconverse movimentando os braços acima da linha do abdômen - Os braços no ar em paralelo com o osso esterno (peito) demonstram movimentos de defesa ou ataque. Quem possui segurança no que fala não eleva os braços.

2)      Nãose movimente muito - Tente ter o cuidado de evitar o movimento de pêndulo: ficar em pé, parado, balançando o corpo. Isso revela que existe um certo nervosismo em você.

3)      Falebaixo - com quem você está conversando? Se for com todo mundo fale alto mesmo, mas se for apenas com uma ou duas pessoas próximas de você, fale no volume adequado para que só elas ouçam.

4)      Nãodiscorde das opiniões alheias - concorde cem por cento com aqueles míseros um por cento que você pode concordar. Ou seja, descubra aquilo que você concorda com a pessoa e a apoie somente naquilo. Não perca seu tempo querendo mudar a opinião das pessoas. Elas não gostam disso.

5)      Estejasempre vestido para a ocasião - lembre-se sempre de dois detalhes que quase todo mundo (do sexo masculino pelo menos) se esquece: pés e mãos. Cuide para que os seus sapatos estejam sempre lustrosos e que suas mãos (unhas) estejam limpas. Esses pequenos detalhes são de altíssima importância tanto quanto os dentes em perfeito estado.

6)      Seja lento – por incrível que pareça as pessoas poderosas se movem quase que em câmera lenta. Seja rápido no raciocínio, no entanto, se mova sempre bem devagar. Quem emana influência não tem pressa para nada. Jamais coma, beba, ande ou fale rápido. Eles vão te esperar, não fique preocupado.

São apenas algumas dicas que, comprovadamente, funcionam. Claro, existem muitas outras. Justamente por isso, existem cursos como o INFLUENCE que foca em preparar pessoas, principalmente do sexo masculino, para exercerem forte influência sobre o meio social e/ou profissional onde circulam. Criar uma elevada autoestima, fazer crescer a sensação de segurança interna e fazer uma reprogramação mental é o intuito desse novo curso do ISEC em parceria com a PUA-TRAINING BRASIL. Caso você tenha interesse em saber mais, envie um e-mail para isec@isec.psc.br.



sábado, 9 de maio de 2015

O MEDO






Por João Oliveira

               Desde que nascemos conhecemos bem essa emoção: o medo! Ele está conosco mesmo antes de entendermos quem somos nós nesse mundo e, como todas as outras emoções, existe para auxiliar no processo de proteção à vida. Mas, será que o medo ainda possui a mesma utilidade de antes? E se ele estiver nos limitando a uma jornada de sofrimento desnecessário?

      O medo como emoção visa proteger-nos de situações que possam causar risco a existência. Assim, o medo do escuro, lugares altos, grandes quantidades de água, tempestades de raios e certos animais se justificam. Afinal, todas essas possibilidades colocam nosso organismo em situação de perigo. No entanto, outros temores não possuem uma justificativa válida e, pior ainda, o medo pode ser ativado mesmo quando não existe risco algum.

              O medo da morte natural, por exemplo, nos diz claramente que algo está errado no processo de interpretação da realidade. Não há dúvida que um dia todos os viventes terão seu momento de partida e isso é absolutamente normal, não existe outra forma: todos caminhamos em direção ao envelhecimento, adoecimento e morte. Com sorte podemos ter uma passagem tranquila e sem dor, melhor ainda se for durante uma noite de sono profundo.

          Tenho certeza que muitas pessoas tiveram algum tipo de desconforto ao ler o último parágrafo. Gostaria de lembrar que estamos focando apenas no medo normal, cotidiano e não em fobias. A fobia é um medo irracional que pode chegar a ser paralisante ao ponto de impedir o sujeito de viver produtivamente na sociedade. Em muitos casos, um simples processo psicoterápico de Dessensibilização Progressiva pode diminuir até níveis aceitáveis ou mesmo finalizar com a fobia.

               Podemos perceber também a ansiedade, que é um nome bonito que arrumaram para o medo ficar camuflado na sociedade. Ansiedade é medo de algo que não ocorreu ainda e que, muito provavelmente, nem irá ocorrer. Muitas vezes a ansiedade está de tal forma instalada no sujeito, que o objeto se perde, acarretando em um sentimento de agitação e estranheza, uma sensação de falta.

               Na falta de um real objeto a mente busca justificativa para a emoções instaladas e acusa qualquer movimento comportamental dos outros que possa ter uma mínima ligação com ela. Dessa forma, podemos nos desentender com muitas pessoas ou ficar aborrecidos com várias situações sem que elas tenham um relacionamento direto com o mal-estar provocado pelo estado de medo consolidado no organismo.

                Na fila temos o medo de ficar sozinho no futuro, de não se casar, de não ter dinheiro suficiente, de passar fome e tantos outros que podem ser empilhados além de nossa própria altura. O peso desse monte de medos funciona como um grande saco de pedras que arrastamos pela vida diminuindo nossa velocidade em ser feliz.
                Uma revisão se faz necessária para saber o que realmente faz parte de uma estrutura de proteção e quais escopos são absolutamente autossabotagem criados pela nossa mente sem ter a menor necessidade de existir. Somente essa reflexão pode eliminar boa parte do peso diário que carregamos.

               Pensar o que deve ser eliminado dos nossos pensamentos, organizar um projeto de vida mais leve sem as “pré” ocupações desnecessárias já seria um ganho importante. Isso sem falar no que poderia refletir na melhor saúde. Afinal, a ansiedade gera estresse e, como bem sabemos, esse é o inimigo número um da longevidade.

               Viver melhor é possível e, antes de mais nada, necessário. Faça sua parte consigo mesmo. Avalie quais as emoções que você prefere ter em sua mente e corpo.


               
               

                

domingo, 3 de maio de 2015

O REI E O SAPATEIRO

Era uma vez... quando foi
Eu bem ao certo não sei!
Porém sei que era uma vez
Um sapateiro e um rei.

Olha, Helena, o sapateiro
Era um pobre remendão,
Casado e com quatro filhos,
Que vivia quasi sem pão.

No recanto de uma escada
Noite e dia trabalhava,
E por allivio de máguas,
Esta cantiga cantava:

"Ribeiros correm aos rios,
Os rios correm ao mar;
São tudo leis deste mundo
Que ninguém póde atalhar:
Quem nasce para ser pobre
Não lhe vale o trabalhar!"

O rei tinha montes d'ouro
E joias em profusão,
E tinha mais que ouro e joias,
Pois tinha um bom coração.

Em vendo um pobre, acudia-lhe
Sem que o soubesse ninguem,
Que assim quer Deus que se faça.
E assim o faz tua mãe.

Por muitas vezes saía
Sem criados de libré,
E sósinho e disfarçado
Corria a cidade a pé.

Na rua do sapateiro
Passa o rei e ouve cantar:
"Quem nasce para ser pobre
Não lhe vale o trabalhar."

Isto uma vez e mais de uma
com voz que o pranto cortava,
E o rei condoeu-se d'alma
Do velho que assim cantava.

Chegado ao palacio ordena
Que lhe arranje o seu copeiro
Um bolo, do melhorio,
E que o mande ao sapateiro.

No melhorio do bolo
E' que estava o delicado,
Pois era de peças d'ouro
Todo, todo recheado.

Os pequenos, quando o viram,
Helena, imagina então,
Os olhos que lhe deitaram
Elles que nem tinham pão!...

Mas o pae a um seu compadre,
Que ás vezes o soccorria,
Foi dar de presente o bolo,
Sem ver o que nelle havia!

No dia seguinte o rei
Torna de novo a passar,
E com grande espanto seu
Ouve ainda o velho cantar;

"Ribeiros correm aos rios,
Os rios correm ao mar;
São tudo leis deste mundo
Que ninguem póde atalhar:
Quem nasce para ser pobre
Não lhe vale o trabalhar!"

Mandou-o chamar ao palacio,
E agastado então o rei
Lhe diz: " Que é das peças d'ouro
Que no bolo te mandei?"

O pobre do sapateiro
Tremendo conta a verdade:
Abalou-se novamente
O rei na sua piedade.

"Toma esta sacca", lhe diz,
"Ao erario vai daqui
Enchê-la de peças de ouro,
Que as peças são para ti."

Oh! Helena, suppõe tu
Qual foi a sua alegria,
Vendo que um thesouro aos filhos
Naquella sacca traria!...

Encheu-a a mais não poder,
Pô-la ás costas e partiu;
Deu quatro passos...nem tantos,
E nisto morto caíu!...

Na mão direita lhe acharam
Um papel onde se lia
Esta sentença, que o povo
Ser sobrehumana dizia:

"Eu para pobre o criei,
Tu rico fazê-lo queres;
Agora alli o tens morto:
Dá-lhe a vida, si puderes."



Bulhão Pato (1829-1912)