Por João Oliveira
Desde
que nascemos conhecemos bem essa emoção: o medo! Ele está conosco mesmo antes
de entendermos quem somos nós nesse mundo e, como todas as outras emoções,
existe para auxiliar no processo de proteção à vida. Mas, será que o medo ainda
possui a mesma utilidade de antes? E se ele estiver nos limitando a uma jornada
de sofrimento desnecessário?
O
medo como emoção visa proteger-nos de situações que possam causar risco a
existência. Assim, o medo do escuro, lugares altos, grandes quantidades de
água, tempestades de raios e certos animais se justificam. Afinal, todas essas
possibilidades colocam nosso organismo em situação de perigo. No entanto,
outros temores não possuem uma justificativa válida e, pior ainda, o medo pode
ser ativado mesmo quando não existe risco algum.
O
medo da morte natural, por exemplo, nos diz claramente que algo está errado no
processo de interpretação da realidade. Não há dúvida que um dia todos os
viventes terão seu momento de partida e isso é absolutamente normal, não existe
outra forma: todos caminhamos em direção ao envelhecimento, adoecimento e
morte. Com sorte podemos ter uma passagem tranquila e sem dor, melhor ainda se
for durante uma noite de sono profundo.
Tenho
certeza que muitas pessoas tiveram algum tipo de desconforto ao ler o último
parágrafo. Gostaria de lembrar que estamos focando apenas no medo normal,
cotidiano e não em fobias. A fobia é um medo irracional que pode chegar a ser
paralisante ao ponto de impedir o sujeito de viver produtivamente na sociedade.
Em muitos casos, um simples processo psicoterápico de Dessensibilização Progressiva pode diminuir até níveis
aceitáveis ou mesmo finalizar com a fobia.
Podemos
perceber também a ansiedade, que é um nome bonito que arrumaram para o medo
ficar camuflado na sociedade. Ansiedade é medo de algo que não ocorreu ainda e
que, muito provavelmente, nem irá ocorrer. Muitas vezes a ansiedade está de tal
forma instalada no sujeito, que o objeto se perde, acarretando em um sentimento
de agitação e estranheza, uma sensação de falta.
Na
falta de um real objeto a mente busca justificativa para a emoções instaladas e
acusa qualquer movimento comportamental dos outros que possa ter uma mínima
ligação com ela. Dessa forma, podemos nos desentender com muitas pessoas ou
ficar aborrecidos com várias situações sem que elas tenham um relacionamento
direto com o mal-estar provocado pelo estado de medo consolidado no organismo.
Na
fila temos o medo de ficar sozinho no futuro, de não se casar, de não ter
dinheiro suficiente, de passar fome e tantos outros que podem ser empilhados
além de nossa própria altura. O peso desse monte de medos funciona como um
grande saco de pedras que arrastamos pela vida diminuindo nossa velocidade em
ser feliz.
Uma
revisão se faz necessária para saber o que realmente faz parte de uma estrutura
de proteção e quais escopos são absolutamente autossabotagem criados pela nossa
mente sem ter a menor necessidade de existir. Somente essa reflexão pode
eliminar boa parte do peso diário que carregamos.
Pensar
o que deve ser eliminado dos nossos pensamentos, organizar um projeto de vida
mais leve sem as “pré” ocupações desnecessárias já seria um ganho importante.
Isso sem falar no que poderia refletir na melhor saúde. Afinal, a ansiedade
gera estresse e, como bem sabemos, esse é o inimigo número um da longevidade.
Viver
melhor é possível e, antes de mais nada, necessário. Faça sua parte consigo
mesmo. Avalie quais as emoções que você prefere ter em sua mente e corpo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário