Por Beatriz Acampora
O cérebro humano é realmente fantástico: ele se acostuma a
tudo em uma tentativa constante de adaptação e sobrevivência neste mundo. Se
você dá uma mamadeira com o pior dos refrigerantes para uma criança, ela pode
até fazer uma careta no início, mas com certeza começará a se acostumar e, com
o tempo, até mesmo irá pedir o tal refrigerante, principalmente se o hábito de o
ingerir for comum em sua família.
Em pouco tempo é possível criar um hábito e até mesmo
começa-se a justificar o porquê dele, ainda que a justificativa não tenha
lógica alguma. Nesse sentido, é possível você ouvir os mais diversos argumentos
em prol de hábitos alimentares caóticos, desorganizados e realmente
prejudiciais à saúde.
Cada organismo é singular e, portanto, cada pessoa deveria
aprender a reconhecer o que lhe faz bem o mal para que possa se alimentar
daquilo que é realmente funcional e adequado a um estilo de vida saudável e
também de acordo com seus valores.
A alimentação deve ser apreendida para além do que é gostoso
ou não, pois o paladar pode ser treinado, pode ser reinventado e até mesmo se
adaptar a novas experiências. Além disso, nem tudo o que é gostoso faz bem ao
seu organismo. E nem tudo o que faz bem tem o gosto ruim. Então, comer bem é
também uma questão de perspectiva. Do que você é capaz de fazer para ter uma
rotina saudável em relação à comida: sem excessos para mais ou para menos.
Para isso é importante ouvir o que o corpo diz após comer
algo. Um bom exemplo é uma pessoa que gosta de pimenta, mas toda vez que come
pimenta passa muito mal e, ainda assim, continua a comer muita pimenta. É
preciso encontrar o equilíbrio entre os desejos e o que é aceitável pelo corpo.
Você já deve ter ouvido o seguinte ditado: “uma gota de
veneno ainda é veneno”. Não é preciso ser radical, mas é importante avaliar
como os seus hábitos alimentares prejudicam seu organismo e começar a incluir
coisas que fazem bem e tirar aquelas que fazem mal.
Mas como mudar um hábito alimentar? Tomemos esse exemplo: se
todo dia após as refeições você come um doce, você pode começar retirando o
doce após a janta e depois de uma semana começar a comer o doce no almoço
apenas a cada dois dias, depois de mais algum tempo come-lo apenas a cada três
dias, até chegar em uma vez por semana ou até mesmo parar de comer doces após
as refeições. O cérebro reaprende que é possível ficar sem aquilo. É como um
processo de largar um vício, tem que ir se afastando dele progressivamente até
que o cérebro reconheça que é possível viver sem ele.
Nesse sentido, o “só por hoje” funciona muito bem. Busque
criar frases positivas para dizer a si mesmo. Por exemplo: “Só por hoje terei
uma alimentação saudável” ou “comer de forma correta me deixa bem comigo
mesmo”, ou ainda, “Eu posso ficar sem isso hoje”.
O mais perigoso do processo dos vícios alimentares é que os
pais são exemplos para os filhos e temos cada vez mais crianças e adolescentes
se alimentando de forma disfuncional porque um determinado hábito é
praticamente imposto a eles. Hoje temos crianças que podem até ter o peso
considerado normal, mas que apresentam taxas altas em relação à glicose,
colesterol e triglicerídios, ou seja, não é um problema ligado somente à
obesidade.
É preciso pensar em curto, médio e longo prazo e buscar uma
alimentação que possa ser fonte de energia e vida e não de prováveis doenças.
Hoje a longevidade é mais ampla e provável para todos e precisamos pensar: Como
queremos chegar lá? Qual o impacto do que comemos hoje para nossa vida no futuro?
Seremos capazes de chegar à terceira idade com saúde para aproveitá-la?
Apenas reflita hoje e mude o que precisa ser mudado em prol
da sua qualidade de vida hoje, amanhã e depois.
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