Endereços:
Instagram:
@prospero.universo
@dr.joao.oliveira.oficial
Web:
joaooliveira.com.br
quarta-feira, 8 de abril de 2015
sábado, 4 de abril de 2015
QUEM É MAIS FELIZ?
Por João Oliveira
De
todas as criaturas desse lugar foi justamente com a águia que a formiga foi se
encrencar. A disputa agora estava pairando sobre quem vive no melhor ambiente:
- É claro que sou eu! – Disse a águia –
Vivo no céu, entre as nuvens. Consigo ver o mar mesmo estando aqui no deserto.
- Isso
não é nada. Garanto que você nunca bebeu água de uma fonte subterrânea e que,
com certeza, depende da luz para se guiar por onde vai. Eu não! Ando
tranquilamente na escuridão...
- Anda! Veja bem, você disse: anda! Eu sou
capaz de voar e ando também se quiser.
- Anda que nem um boneco de posto... –
disse a formiga rindo alto.
- Você está passando dos limites. Vamos
fazer uma aposta então para ver quem vive melhor neste mundo?
- No que você está pensando...
- Que tal se nós trocássemos de lugar?
Você vai para o topo da montanha e eu fico vivendo aqui nessas pequenas
cavernas que você constrói.
- Você não vai caber dentro de nossas
comunidades, as paredes são pequenas e você vai derrubar tudo!
- Está com medo formiga? Teme que eu
consiga provar para você que o meu modo de vida é melhor?
Nesse
ponto da discussão já havia meia floresta em volta dos dois. A formiga olhou em
volta e, temendo ser humilhada em público disse:
- Eu aceito! Que comecem os jogos!
Assim
a águia levou a formiga para o alto da montanha e voltou para começar a catar
folhas e se enfiar nos pequenos formigueiros.
Uma
tragédia!
A
formiga era soprada de um lado para o outro mesmo no mais fraco vento da
montanha o frio já estava deixando a pobre coitada congelada dos pés à cabeça
e, a águia, por outro lado, estava completamente suja de terra, encolhida e com
medo da escuridão que reina nos corredores estreitos das colônias de formiga.
Nem
ao menos terminou o dia e a águia já estava de volta ao topo da montanha toda
arranhada e cheia de dores pelo corpo. Quando a formiga viu a ave pousando
disparou:
- Já desistiu? Logo agora que eu estava me
preparando para saltar da montanha para começar a voar.
Moral
da história: cada macaco no seu galho.
As
pessoas são diferentes e encontram formas de viverem felizes como podem. Não
devemos nos apiedar dos outros só porque eles não possuem o mesmo perfil de
felicidade que nós. Da mesma forma, o perfil de sucesso é muito individual. Nem
todos querem ter o mesmo objetivo de vida – ainda bem – e, sim, é possível ser
feliz com pouco e, imensamente infeliz com muito. Felicidade e sucesso são
conceitos subjetivos; não há parâmetro que possamos utilizar para todos sem
distinção.
Podemos
também perceber que algumas pessoas não conseguem encontrar o seu perfil de
felicidade e ficam tentando imitar o de outras pessoas. Claro que isso é
impossível, pois o que se vê externamente nada têm a ver com o que se sente.
Não há como estar na pele do perfil psicológico do outro. Assim, pode-se pensar
que a felicidade alheia está nos bens materiais que cada um possui, pois é isso
o que conseguimos enxergar. No entanto, o que não vemos, é que o outro pode
estar em desarmonia familiar e isso o faz infeliz nesse momento.
Assim,
buscar o seu modelo de felicidade dentro de suas próprias possibilidades é o
caminho mais sábio que se pode ter. Ser feliz como puder, ainda hoje se
possível.
quinta-feira, 19 de março de 2015
Tirando uma vida
Por João Oliveira
Era primeira noite de lua nova,
por isso a fogueira estava maior e iluminava até o alto das árvores que circundavam
a aldeia. Todos os homens estavam sentados em volta e mantinham o homem branco
amarrado pelos pés e mãos. Esperavam a presença do pajé para decidir o que
fazer com ele. Afinal, ele tinha descoberto o maior de todos os segredos deles.
O pajé sai da tenda exibindo seu
manto colorido, ele era tido por todos como muito poderoso porque era albino,
não tinha pigmentação na pele, por isso destacava sua presença no manto da
noite. Sentou-se em frente ao grupo:
- Ele viu em funcionamento? –
perguntou altivo.
- Sim! Quando estávamos levando
peixes para Tikal.
O pajé se
voltou para o homem que estava amarrado e perguntou:
- Diga-me homem branco, o que
viu?
- Nada...
- Então não viu uma grande tigela
de ouro vibrando com um homem dentro a guiando sobre as pedras em direção a
Tikal?
- Bom, falando assim... é vi sim.
- O que pensou sobre isso?
- Muito ouro para servir apenas
de meio de transporte. Para isso temos carroças e cavalos.
O pajé olhos para os lados e
voltou a questionar.
- Temos cavalos aqui?
- É verdade – falou o prisioneiro
– Na verdade nem roda ou carroças eu vi. Só muito ouro mesmo.
- Sabe que não podemos deixar
você ir embora com essa informação. Outros, como você, viriam roubar nosso
ouro.
- E o que pretende fazer comigo?
Vai me matar?
- Não! – disse o pajé – vamos tirar
essa vida!
Dito isso começou uma grande
cantoria na aldeia, mulheres vieram com jarros cheios de um suco feito de ervas
e cipós da selva. Os homens agarraram o prisioneiro e o fizeram beber grande
quantidade de tal liquido. Tonto, embebedado pela fórmula selvagem, ele caiu em
sono profundo.
- E agora pajé, o que fazemos? –
Um jovem que nunca havia presenciado tal ritual perguntou assustado.
- Amanhã ele será um de nós! Essa
vida que vocês viram hoje jamais voltará a existir. Ele acordará sem memória.
Digam que caiu de uma árvore e bateu com a cabeça, não saberá nada a respeito
dele mesmo ou de toda sua história de vida. Caberá a nós ensiná-lo como ser um
membro de nossa comunidade. Ele será querido e amado por todos nessa nova vida
que se iniciará amanhã ao nascer do sol. Que seja bem vindo mais um novo filho
do sol!
E assim aconteceu. Pela manhã o
homem branco estava imerso na mais completa amnésia. O líquido havia deletado
todas as informações de seu cérebro. Mal conseguia falar e, todos da tribo,
dedicaram muito tempo a ele com amor e carinho. Por ser branco ele poderia em
algum tempo futuro se tornar (quem sabe?) o novo pajé da tribo.
Ocorre que nossas vidas nada mais
são do que resultado de nossas memórias. Todas as vezes que temos de tomar
alguma decisão, por menor que seja, o cérebro faz uma rápida busca nas
experiências passadas para poder tomar a melhor decisão possível no momento.
Caso tenhamos um pacote de resultados negativos ou traumáticos em eventos
similares, é possível que exista alguma reação emocional de afastamento em uma
nova experiência.
Agora vem o detalhe importante: o
cérebro não faz muita distinção entre fatos verdadeiramente ocorridos e os que
podemos simplesmente criar em nossa imaginação. Após uma experiência vivida o
fato vira memória, mesmo lugar onde estará um cenário criado pela imaginação.
Assim, se sua mente estiver cheia de construções positivas serão essas as
referências que sua mente terá para auxiliar na tomada de novas decisões.
Escolha muito bem o conteúdo que vive
em sua cabeça. Tornar hábito ressignificar fatos ruins do passado é mais
salutar do que viver relembrando derrotas. Pare de falar dos problemas isso irá
consolidar em sua estrutura mental um padrão negativista. Seja feliz antes na sua
imaginação que isso irá se propagar, acredite, pelo ambiente real.
sábado, 14 de março de 2015
O SALTO PARA A MORTE
Por João Oliveira
Sei
que se recordam que deixamos o nosso protagonista a ponto de saltar do precipício
quando descobriu que o pai dele era um mago que se fazia passar por rei.
Voltamos ao ponto em que os dois discutem o motivo pelo qual o pai (rei/mago)
havia criado todas as ilusões em sua vida (príncipe/plebeu). Caso não esteja
entendendo essa narrativa é porque está tudo certo, continue.
Fala
o filho enquanto balança o corpo bem próximo a beirada da montanha: - “Pai! Não
posso viver com isso. Porque me criastes dentro de uma ilusão? Por me
ocultas-te a existência da pobreza e dificuldades do mundo?”
O
pai, simples comerciante de secos e molhados na cidade de Ur, mas poderoso mago
na manipulação da realidade, disse sem levantar a cabeça: - “Porque eu te amo
filho. Foi por amor que te criei dentro de uma ilusão.”
Volta
a voz do rapaz a ecoar no abismo: - “Amor? Que tipo de amor é esse que coloca
um véu sobre a realidade e oculta o que de importante existe na vida?”
O
pai, que (não se esqueça disso) fingia ser rei explica: - “Filho, não há nada
que se possa aprender com a pobreza e o sofrimento. Eu te poupei dessas coisas
porque eu mesmo sofri muito na minha vida. Sabe filho, os pais sempre querem o
melhor para os filhos. Criei tudo ao seu redor com minha magia para evitar o
seu contato com o sofrimento dos homens para que você pudesse se desenvolver
mais feliz e pudesse ser um homem sem nenhuma mágoa ou angústia em seu coração.
Fiz isso porque te amo.”
Quase
soltando o corpo no ar, o jovem olha triste para o pai e pergunta: - “Pai, e
porque não me permitiu estudar outras religiões, outros conhecimentos ou mesmo
viajar?”
A
fala retorna ao pai: - “Porque te amo filho, já disse. Veja, o conflito que pode
ser gerado na cabeça de alguém com muita informação é horrível. Pessoas ficam
confusas diante de opções. Eu simplifiquei tudo para você te apresentando a
religião que conhecia, transferindo o meu conhecimento do comércio e te
mantendo seguro aqui, onde eu posso lhe dar toda proteção. Viajar é perigoso,
as estradas possuem ladrões, curvas perigosas e mares revoltos. Fiz para te
proteger, porque te amo filho.”
O
rapaz, olha para o pai com enorme tristeza estampada na face e diz: - “Por
causa disso não sei o que é falso ou real. Não estou preparado para viver nesse
mundo cheio de opções e diferenças. Vou me jogar neste precipício!”
O
pai vendo que o filho estava realmente decidido a pular do penhasco faz uma magia
e a morte se apresenta diante do antigo príncipe: - “Busca-me senhor? Aqui
estou, abraça-me e vamos para o meu silencioso mundo sem escolhas.”
Sabe,
a morte tem cheiro. Exala calor. A morte possui uma voz grave, um pouco
gutural. Faz surgir em nós sentimentos e emoções que só teremos diante da
própria e, nesse exato momento (mesmo sabendo que era fruto da magia do pai), o
rapaz ressignifica suas questões internas e diz: - “Pai, acho que posso viver
com isso.”
O
pai finalmente se levanta e fala sorridente: - “Que bom meu filho! Então a
partir de agora você também se torna um mago como eu. E, de magia e realidade,
vivemos em um mundo imperfeito onde ninguém tem certeza de estar totalmente
certo ou absolutamente errado.”
E
continua sua fala: - “Eu errei querendo acertar. Ao te proteger demais criei a
fraqueza em você. Agora, tenho o dever de desvelar tudo quanto puder do mundo.”
O
jovem, já voltando em direção ao pai fala e tom baixo: - “Sinto muito, seu tempo
de mestre já se foi. Acabou a aula pai. Bem ou mal formado é meu dever
desbravar a realidade que está sob o sol. Obrigado por reconhecer seu erro, mas
nossas vidas seguem rumos diferentes agora.”
Dito
isso, o nosso protagonista pega uma pequena mochila e caminha para fora da
cidade de Ur. Aos poucos ele desaparece no horizonte sem ao menos saber o que
existe após as montanhas.
Esse
texto é uma rudimentar adaptação de outro mais longo cujo o verdadeiro autor se
tornou desconhecido com o passar dos séculos. Trata de algo simples e fácil de
entender: não devemos dar o que nos faltou e, nem obstruir o que não
entendemos.
Os
filhos e as pessoas que estão sob a nossa guarda e proteção possuem destinos
próprios que serão construídos pelos seus erros e acertos. Querer direcionar um
futuro mais adequado baseado em nossa própria história de vida é o mesmo que
amarrar asas de um pássaro e depois querer que ele consiga voar.
Tente
olhar para si mesmo e descobrir quais são as coisas que subtrai da vida das
pessoas e o quanto de sua magia está usando para construir outra realidade.
Pode ser que isso seja a âncora que aprisiona navios cheios de cargas que podem
mudar o mundo.
sexta-feira, 6 de março de 2015
Máscara de seda
Administrar
as emoções é algo que demanda muita atenção e paciência consigo mesmo. Somente
aqueles que conseguem se tornar mestres na observação de si mesmo podem se
orgulhar de saber o momento certo de mudar o rumo dos atos comportamentais,
justamente por perceberem uma emoção perigosa em curso.
É
possível, caso queira, se transformar em uma pessoa que entende o próprio
processo emocional. Primeiro responda sim ou não aos seis questionamentos
abaixo:
1) Já
perdeu o controle emocional alguma vez em sua vida?
2) Para
você é impossível sair de uma discussão que sabe que está perdendo?
3) Nunca
sorri para as pessoas que realmente não gosta?
4) Já
chorou, publicamente, porque as pessoas não lhe trataram com o devido respeito?
5) Já
agiu de forma violenta por ter sido contrariado seriamente?
6) Já
perdeu oportunidades na vida por não conseguir se controlar emocionalmente?
Parabéns se
todas as respostas foram “não” você consegue manter o autocontrole em momentos críticos
da sua vida. Caso tenha respondido afirmativamente até três perguntas, você
deve se esforçar mais para chegar ao autogerenciamento, pois já conhece o caminho.
Mas, se você respondeu “sim” para todas as questões colocadas, preste bastante
atenção neste pequeno texto.
Um treinamento
de análise comportamental é sempre bem-vindo para se aprimorar a capacidade de
interpretar as emoções das outras pessoas. Se isso não é possível, siga algumas
dicas que podem ser úteis no seu dia a dia.
1 – Respiração
sempre que necessário. Quando perceber que está ficando alterado, inspire
profundamente, prenda a respiração contando até quatro e, expire da forma mais
lenta possível. Isso poderá ajudar a manter o controle emocional.
2 – Postura antes
do contato. Quando estiver próximo a ter contato com pessoas que podem alterar
o seu estado emocional faça antes, por dois minutos, algumas posturas que podem
alterar o seu estado de ânimo: pose do super-homem, pose do general (mãos
unidas nas costas) e mãos colocadas unidas atrás da cabeça. Isso dará
resultado, acredite.
3 – Olhar
atento. Sempre busque pistas na face das pessoas do estado emocional reinante.
A postura do corpo, posição da cabeça em relação ao tronco, tudo isso pode lhe
dar informações de como sua conversa está indo e, caso você perceba algo
errado, pode mudar a linha de abordagem antes de um colapso comunicacional.
Claro que esse
texto não pretende resolver a questão de uma só vez. Serve mais como um alerta
para as pessoas que querem melhorar seus relacionamentos. Tentar dominar as
emoções sem ao menos prestar atenção nelas é o mesmo que ir a uma festa de
fantasias usando uma máscara de seda: todos irão saber quem você é realmente.
sábado, 28 de fevereiro de 2015
A PORTA
Por João Oliveira
Não
há nenhum bom resultado que se consiga sem esforço ou, pelo menos, alguma
estratégia. Sorte é algo que só existe para poucos preparados e não podemos
contar com ela quando o assunto é a nossa própria vida. Assim sendo,
organização e planejamento são as ferramentas básicas de quem deseja construir
o próprio futuro.
Nada
é fácil até estar totalmente pronto. Mesmo as coisas mais simples como, por
exemplo, abrir uma porta para entrar ou sair de um ambiente depende de uma
série de ingredientes para poder dar certo.
A
porta precisa estar alinhada com seu batente para poder abrir sem problemas,
ter as dobradiças lubrificadas, maçaneta funcional e, não menos importante,
você necessita ter a chave para abrir a fechadura e liberar o movimento. Claro,
alguém antes teve muito trabalho ao colocar a porta nessa parede então, para
que tudo ocorresse bem, houve planejamento.
Projetar
o próprio destino requer, no mínimo, compreensão das próprias capacidades e
vontade de superar as deficiências. Identificar quais são as partes em você que
podem dificultar o processo e focar no resultado final como elemento
motivacional. Isso dará energia para levantar cedo, capacidade para estudar
mais, investir até mesmo parte do tempo que seria destinado ao lazer,
compreender as possíveis falhas no percurso e muito mais. Desde que esteja
realmente focado nos resultados.
Muitas
são as pessoas que fazem uma comparação entre o esforço que fazem para
conquistar algo, como um alpinista que escala uma montanha. Até certo ponto
esta analogia funciona: dificuldades da escalada, paredões íngremes, dormir ao
relento...
Até
que o resultado é alcançado no momento em que o alpinista chega ao topo da
montanha. Nessa ocasião ele começa a descer. Aqui acaba a possiblidade de
comparação com a sua jornada pessoal. Pois, ao alcançar o seu objetivo – seja ele
qual for – você poderá desfrutar pelo resto de sua vida ou continuar em
crescimento contínuo. Não terá de voltar para a base como o escalador de
montanhas.
O
ponto principal para que essa argumentação dê certo só pode ser concretizado se,
antes de mais nada, você tiver um objetivo claro em mente. Acredite, às vezes
essa é a pior parte do projeto.
-
“O que você quer ser quando crescer?” Acredito que você já ouviu isso muitas
vezes em sua infância. E essa aqui, mais apropriada para a vida adulta: - “O que
o mundo fez com a sua vida?” E ainda: - “Quais são suas atitudes diante do que
é colocado diante de você?”
Calma!
Antes de baixar a cabeça e começar a ficar triste com a(s) resposta(s) tenho
uma última pergunta que pode mudar esse astral: - “O que você quer fazer com
resto da sua existência?”
Pense.
Não
importa o momento da vida em que se encontra ou os anos que já viveu. Conheço
uma senhora com 85 anos que está cursando a Faculdade de Turismo. Tenho certeza
que ela nunca irá ser uma profissional nesse ramo de atividade, no entanto,
fazer esse curso a mantém viva a atuante no meio social.
Pense
mais um pouco.
Um
norte-americano têm, em média, cinco profissões ao longo da vida. O rapaz que
era vendedor em uma loja vira frentista do posto de gasolina, estuda num curso técnico
e vira eletricista, faz concurso e vai trabalhar no departamento de manutenção
da prefeitura, estuda na universidade noturna e, após cinco anos, finalmente se
gradua em engenharia. É assim que funciona!
Agora
projete seu futuro. Comece pensando na parede que vai ter de abrir para encaixar
o batente, onde pode adquirir as dobradiças, parafusos, maçanetas... qual a
madeira que vai usar e, finalmente, começar a montar a sua porta. Essa porta
que irá abrir o caminho para o seu novo e pretendido futuro.
Saia
da imobilidade e abra, pelo menos, uma janela para o sol entrar em sua vida.
O VENTO
Por João Oliveira
Já se passaram alguns anos desde
que o velho se mudou para esse lado longínquo da floresta, desde então as
visitas dos filhos e amigos foram se tornando cada vez mais escassas e ele cada
vez mais recluso. Saía de casa para conferir as armadilhas e ver se algum
pequeno animal se tornaria a proteína do almoço ou dar longos passeios em meio
as grandes árvores. Só havia um lugar onde ainda não tinha estado: a íngreme montanha.
Já lhe disse porque ele se
refugiou na floresta? Não? Por medo de doenças e da morte.
Esse mesmo velho estava junto com
John Snow em 1854 quando ele descobriu a origem do foco do cólera na Broad
Street em Londres. Na verdade, ele fazia parte da igreja do reverendo Henry
Whitehead ajudando a identificar as moradias das pessoas que haviam contraído o
cólera. Assim, foi possível descobrir que a maioria das vítimas residiam
próximo a uma bomba d’água pública. Com a retirada da alça da bomba, impedindo o
acesso a água, o surto da doença acabou em poucos dias. Mais tarde descobriram
que uma fossa estava contaminando o poço.
Nosso personagem nessa história
era um forte defensor da teoria miasmática. Essa teoria afirmava que as
doenças (peste negra, cólera e etc) eram transmitidas pelo ar viciado. Ninguém,
naquela época, imaginava a possibilidade da existência de bactérias ou vírus.
Não existia a teoria microbiana.
Dessa forma, com medo do ar das
grandes cidades e das doenças mortais que ele podia conter, o velho acabou se
refugiando na floresta onde o ar era puro e fresco.
Hoje ele decidiu, pela primeira
vez, subir pela encosta da montanha. Pegou vários mantimentos e seguiu
calmamente em direção a parte mais alta onde podia avistar o branco da neve. Enquanto
subia pensava no quanto afortunado era de ter escolhido um lugar livre das
terríveis doenças e como isso lhe garantia longos anos de vida.
Distante do vento poluído de
Londres ele se sentia cada vez mais jovem e, por isso mesmo, se arriscava agora
a escalar o trecho mais íngreme da rocha sólida. A dificuldade só aumentava,
chegou a tal ponto que abandonou as mochilas para ficar mais leve e tornar o
trajeto mesmo doloroso.
Em certo ponto, agarrado apenas
pelas pontas dos dedos à parede quase lisa, pensou como seria a vida de uma
montanha. Sempre estática observando o nascer e o desaparecimento das
civilizações. Não era o maior ser vivo do mundo, este, com certeza (pensava
ele) era o oceano.
Veio o desequilíbrio, queda e
morte instantânea. Tombou de uma altura de 30 metros e, durante a queda, sentiu
um pouco de liberdade.
Foi o vento! O mesmo que levava
as doenças pelo ar. O velho se foi dessa vida levando a certeza absoluta que
era ele (o vento) responsável por carregar a morte certa nas cidades poluídas
do século XIX.
A lufada de ar prosseguiu o seu
caminho logo após tombar o homem balançando as árvores que deixavam frutos
maduros caírem ao chão. Esses frutos alimentaram animais, serviram de adubo
para outras plantas e, das sementes germinaram novas árvores frutíferas. O
vento também balançou o berço da criança, a rede do idoso e inflou as velas dos
navegantes e pescadores.
O vento é tão mortal quanto
qualquer outra coisa desse mundo e, como tudo, também é responsável por gerar
vida. Até o veneno mais poderoso de uma pequena aranha está a serviço da vida.
A morte, consequência da vida, irá tocar cada ser vivente em seu devido tempo.
Mesmo os que se refugiam no meio da floresta ou se escondem nas profundezas
abissais.
Depois de dar à volta ao mundo o
vento soprou, gentilmente, um pedaço de pano branco que cobriu o rosto do
velho.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
HIPNOSE É DOPING?
Por João Oliveira
No clássico de
Heródoto Pheidippides, também conhecido como Fidípides,
corre (no mínimo) 200 quilômetros indo e voltando entre Atenas, Esparta
e Maratona em poucos dias. Por fim, para alertar aos Atenienses sobre a vitória
da cidade de Maratona contra os Persas (eles estavam voltando com todas as
forças restantes em direção aos Atenienses) ele percorre 42 mil metros correndo,
chega cansado, dá o alerta da vitória e que os Persas estão chegando, morrendo
em seguida ali mesmo. Graças a esse esforço os Atenienses conseguiram se
organizar e vencer o inimigo nessa batalha que faz parte das Guerras Médicas.
Hoje, em homenagem ao herói, temos a prova com os mesmos 42 quilômetros
batizada com o nome da cidade. Será que tal capacidade teria sido alcançada
graças a algum tipo de doping?
A primeira
notícia oficial que se tem do uso de hipnose com a intenção de melhorar os
resultados em competições esportivas ocorreu nos meados dos anos 50 entre os
nadadores australianos. Desde então a
hipnose se difundiu no meio esportivo a tal ponto que o Comitê Olímpico
Internacional inseriu, em sua longa definição de dopagem esse agente, embora,
não deixe claro os meios que possam identificar sua utilização.
A
AMA, Agência Mundial Antidoping, estabelece que doping é a utilização
de substâncias ou métodos capazes de aumentar artificialmente o desempenho
esportivo, sejam eles potencialmente prejudiciais à saúde do atleta ou a de
seus adversários ou ainda contra o espírito do jogo. Quando duas dessas três
condições se fazem presentes, caracteriza-se o doping.
Conhecido como
intervenção psicológica para o aumento de performance, a hipnose, possui
realmente eficácia em seu uso nos esportes pois: “- Essas estratégias de
intervenção psicológica podem agir como recursos ergogênicos à medida que podem
melhorar a performance do atleta”, explica Dr. Democh Junior, pós-graduando em
Medicina (Endocrinologia Clínica) pela Universidade Federal de São Paulo,
especialista em efeito do treinamento físico. Os procedimentos psicológicos não
entram no contexto atual do doping com o mesmo destaque dos agentes
químicos, simplesmente por não haver uma legislação específica e por ser uma área
ainda de conceito incipiente.
São dois fatos
que deixam a hipnose e a auto-hipnose fora do contexto do doping:
1) A
ausência de recursos para comprovação do seu uso.
2) A
hipnose não insere química no organismo: ela potencializa recursos próprios.
Dessa forma,
se valer da hipnose pode ser um meio valioso para se alcançar metas de qualquer
natureza dentro de uma perspectiva saudável. Conhecer os reais méritos dessa
ferramenta fantástica pode fazer toda a diferença nas mais diversas áreas da
atuação dos seres humanos. Afinal, a hipnose cria condições psicológicas para
que nossa mente, órgãos e músculos possam efetuar suas funções com maior
produtividade.
Agora, vamos
ver possivelmente a mesma coisa só que por um outro ângulo.
Várias são as
pessoas que possuem limitações impostas por traumas, recalques, muitas vezes,
nem sabem que possuem tais estruturas limitando suas capacidades. A
psicoterapia breve com hipnose clínica pode ressignificar esses valores de
forma eficiente podendo liberar sujeito de todas as condições impeditivas de
sua vida.
Assim, liberto
das pressões internas que aprisionam suas potencialidades a pessoa pode agir
com liberdade e maior capacidade obtendo, finalmente, resultados fantásticos –
nunca antes alcançados – em qualquer atividade que atue.
Não se trata
apenas de um comando hipnótico mas, de todo um processo onde a hipnose atua
como ferramenta (e que poderosa ferramenta) de apoio a um tratamento global permitindo
uma liberação de amarras. Dessa forma, o organismo passa de um sistema de
defesa ultra ativado para um índice de equanimidade tornando o sujeito mais
leve e capaz de ter uma ótima organização mental e física.
O ISEC,
Instituto de Psicologia Ser e Crescer, está iniciando um novo curso de formação
em Hipnose Clínica neste mês de abril na cidade do Rio de Janeiro. O curso, com
10 encontros mensais, sempre aos sábados, irá dotar os participantes das mais
atualizadas informações de como agir, terapeuticamente, com a hipnose em
consultório. O curso é direcionado para profissionais ou estudantes da área de
saúde.
Todas as
informações sobre este curso estão disponíveis no site: http://www.hipnose.com.br
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
A Substância
Por João Oliveira
Após
uma tempestade de fortes raios, um homem encontrou uma árvore envolvida em uma
estranha substância. Algo que se movia com o vento, brilhava e destruía tudo
que tocava, transformando em cinzas. Parecia estar viva e se rebelando contra o
ambiente.
Era
uma época diferente de hoje. As pessoas não tinham palavras e transmitir
conhecimento não era algo fácil. Sem os signos linguísticos, os gestos e os
urros eram as únicas coisas que possuíam para duplicar experiências.
Assim,
aquele homem ficou parado olhando a beleza da espetacular substância.
Não
demorou muito para perceber que ela aquecia nas noites, ajudava a tornar os
alimentos mais saborosos e, com muito cuidado, podia ser transportada de um
lugar para o outro quando se agarrava aos galhos secos.
Justamente
essa tornou-se a missão de sua vida: manter aquela essência ativa. Todas às
vezes que ela parecia estar se dissipando, ele soprava com a boca, juntava
pequenas folhas secas e o substrato voltava a dançar no ar rebelde como sempre.
Dia
após dia pessoas vinham de longe buscar um pouco dessa maravilhosa substância da
qual ele se tornou mantenedor. Traziam alimentos em troca de poder impregnar
pedaços de madeiras com aquele brilho vivo e voltarem para suas cavernas
felizes e satisfeitos. Nem todos tinham o mesmo cuidado em manter a atividade
constante da substância e, quase sempre, as mesmas pessoas voltavam para pedir
mais um pouco.
Dessa
forma, o cotidiano do nosso personagem se tornou repleto de visitas constantes
e aquilo era o seu único modo de viver. Isso durou muito tempo mas, um dia, uma
chuva torrencial destruiu completamente qualquer vestígio daquela estranha
matéria. Ela simplesmente havia desaparecido junto com as águas que caíram do
céu.
Atordoado
o homem soprou como pôde em galhos secos. Juntou tantas folhas que fez um
enorme monte no meio da floresta. Nada disso trouxe o calor da substância de
volta.
Em
um momento de fúria, já quase anoitecendo, ele atirou uma pedra com força no
chão. A pedra se chocou com outra que estava no solo e, nesse momento, ele pôde
ver uma pequena fração da substância surgir bailando no ar. Algo diminuto que
ele sabia ser o início de uma nova possibilidade.
Passou
o resto da noite batendo nas pedras até que descobriu um tipo perfeito que, com
maior facilidade, fazia aparecer as partículas da substância no ar. Fez o mesmo
movimento próximo as folhas secas e, com a ajuda de seu sopro, surgiu o esplendor
daquilo que buscava.
Agora
era o detentor e podia distribuir a magia onde quer que fosse, pois era capaz
de transformar a matéria. Suas pedras, suas faíscas faziam surgir o fogo.
Muitas
vezes nos apegamos a algo (trabalho, pessoas, lugares) como se fosse o motivo
de nossa existência, apenas por acreditar que tal estrutura só existe por conta
de nossa devoção. Isto é falso. Lembre-se que quando algo se apagar, podemos
fazer surgir chamas de pequenas faíscas e construir um novo fogo dentro de nós.
Assinar:
Postagens (Atom)