Por João Oliveira
De
todas as criaturas desse lugar foi justamente com a águia que a formiga foi se
encrencar. A disputa agora estava pairando sobre quem vive no melhor ambiente:
- É claro que sou eu! – Disse a águia –
Vivo no céu, entre as nuvens. Consigo ver o mar mesmo estando aqui no deserto.
- Isso
não é nada. Garanto que você nunca bebeu água de uma fonte subterrânea e que,
com certeza, depende da luz para se guiar por onde vai. Eu não! Ando
tranquilamente na escuridão...
- Anda! Veja bem, você disse: anda! Eu sou
capaz de voar e ando também se quiser.
- Anda que nem um boneco de posto... –
disse a formiga rindo alto.
- Você está passando dos limites. Vamos
fazer uma aposta então para ver quem vive melhor neste mundo?
- No que você está pensando...
- Que tal se nós trocássemos de lugar?
Você vai para o topo da montanha e eu fico vivendo aqui nessas pequenas
cavernas que você constrói.
- Você não vai caber dentro de nossas
comunidades, as paredes são pequenas e você vai derrubar tudo!
- Está com medo formiga? Teme que eu
consiga provar para você que o meu modo de vida é melhor?
Nesse
ponto da discussão já havia meia floresta em volta dos dois. A formiga olhou em
volta e, temendo ser humilhada em público disse:
- Eu aceito! Que comecem os jogos!
Assim
a águia levou a formiga para o alto da montanha e voltou para começar a catar
folhas e se enfiar nos pequenos formigueiros.
Uma
tragédia!
A
formiga era soprada de um lado para o outro mesmo no mais fraco vento da
montanha o frio já estava deixando a pobre coitada congelada dos pés à cabeça
e, a águia, por outro lado, estava completamente suja de terra, encolhida e com
medo da escuridão que reina nos corredores estreitos das colônias de formiga.
Nem
ao menos terminou o dia e a águia já estava de volta ao topo da montanha toda
arranhada e cheia de dores pelo corpo. Quando a formiga viu a ave pousando
disparou:
- Já desistiu? Logo agora que eu estava me
preparando para saltar da montanha para começar a voar.
Moral
da história: cada macaco no seu galho.
As
pessoas são diferentes e encontram formas de viverem felizes como podem. Não
devemos nos apiedar dos outros só porque eles não possuem o mesmo perfil de
felicidade que nós. Da mesma forma, o perfil de sucesso é muito individual. Nem
todos querem ter o mesmo objetivo de vida – ainda bem – e, sim, é possível ser
feliz com pouco e, imensamente infeliz com muito. Felicidade e sucesso são
conceitos subjetivos; não há parâmetro que possamos utilizar para todos sem
distinção.
Podemos
também perceber que algumas pessoas não conseguem encontrar o seu perfil de
felicidade e ficam tentando imitar o de outras pessoas. Claro que isso é
impossível, pois o que se vê externamente nada têm a ver com o que se sente.
Não há como estar na pele do perfil psicológico do outro. Assim, pode-se pensar
que a felicidade alheia está nos bens materiais que cada um possui, pois é isso
o que conseguimos enxergar. No entanto, o que não vemos, é que o outro pode
estar em desarmonia familiar e isso o faz infeliz nesse momento.
Assim,
buscar o seu modelo de felicidade dentro de suas próprias possibilidades é o
caminho mais sábio que se pode ter. Ser feliz como puder, ainda hoje se
possível.
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