Endereços:

Instagram: @prospero.universo @dr.joao.oliveira.oficial Web: joaooliveira.com.br

domingo, 6 de dezembro de 2015

A MONTANHA E A PIPA




Por Beatriz Acampora

Em uma pequena cidade com lindas colinas havia um construtor que tinha uma casa ao pé de uma montanha. Ele tinha o desejo de chegar tão alto que pudesse enxergar o mar e o sol do cume do monte. Se pôs, então, a construir uma escada cada vez mais alta e ao mesmo tempo que ia edificando cada degrau da escada, ia também elevando a sua casa. 

Perto dali um menino soltava pipa e a empinava tão alto que nem mesmo ele conseguia mais ver onde ela estava, apenas havia uma linha em sua mão que lhe garantia que existia uma pipa no ar. 

A intenção do construtor era que, assim como ele, as pessoas também pudessem subir as escadas e vissem a maravilhosa paisagem existente no alto da colina. E assim, erigia a escada e a casa para que pudesse alcançar o topo. 

Já o menino sabia que tinha construído uma pipa com suas próprias mãos: cortado o bambu, construído a estrutura da pipa e colado o papel de seda delicadamente. Havia amarrado o fio e empinado a pipa tão alto o quanto pôde. 

O construtor elevava a escada e a casa, enquanto o menino colocava sua pipa o mais alto que conseguia no céu. Em um dado momento, a escada estava tão alta e a casa tão distante do solo, que as pessoas que passavam tentavam gritar e falar com o construtor, mas não eram mais ouvidas. Do alto, ele até via que havia pessoas com as mãos acenando e ele as convidava para subir fazendo gestos com as mãos. Mas, as pessoas não o compreendiam, não mais o viam ou ouviam, apenas criticavam uma escada que não servia para nada. 

O menino também ouvia críticas, as outras crianças perguntavam a ele o que estava acontecendo, porque ele olhava para o alto se nada havia lá. O menino tentava explicar que ele empenou uma pipa que ele mesmo fez o mais alto que pode e que agora só era possível ver a linha em suas mãos, que também se perdia no espaço. Mas, infelizmente nenhuma outra criança acreditou nele. 

Quando o construtor chegou no topo da montanha, ele respirou fundo e olhou para o horizonte à sua frente: viu um lindo mar calmo, cristalino, sentiu a energia do sol e se percebeu totalmente conectado. Olhou para baixo e nada mais via. Já estava tão longe de onde havia partido que só conseguia enxergar o pedaço da escada que estava perto de si. 

Olhando para o alto, o menino chegou a duvidar por alguns instantes que ele havia construído e empinado a pipa, afinal, eram tantas pessoas duvidando dele, que uma ponta de hesitação passou por sua mente. 

Enquanto isso, no pé da montanha, as pessoas, revoltadas, sem entender para que a escada servia, decidiram quebra-la, destruí-la, perdendo a oportunidade de ter a mesma visão que o construtor, simplesmente porque não compreenderam para que a escada servia. 

O construtor já não se importava mais com o que acontecia lá embaixo porque ele tinha construído um caminho do qual se orgulhava e agora podia desfrutar da maravilhosa paisagem. O menino percebeu que as outras crianças não conseguiam compreender aquilo que elas não viam e por isso duvidavam da existência de algo tão banal, simplesmente porque não enxergavam nada além do que pudessem ver. E ele decidiu que ele deveria segurar firme a linha porque ela era o elo de ligação com a sua produção. 

Assim é a vida: é quase impossível compartilhar a realização com aqueles que não participaram do processo de construção. Há os que olham, mas não enxergam, os que ouvem mas não escutam, os que sentem e negam. A cada uma cabe os ônus e os bônus de sua própria caminhada. Não abra mão do que tem e do desejo de ir além porque os outros não reconhecem o seu valor.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

LIDERANÇA CORPORATIVA



Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)

Obviamente que não existe líder sem equipe. Claro que já ouvimos falar em liderar a si próprio, mas, no ambiente institucional um líder só terá efeito na produtividade se tiver, sob seu comando, uma equipe. Aliás, saber escolher um bom grupo de colaboradores também é papel de quem quer exercer uma liderança que dê resultados positivos dentro da estrutura onde atua.


Em primeiro lugar o líder não é o sujeito que fica sentado na mesa dando ordens o tempo inteiro. Esse pode ser o chefe, mas líder de fato é aquele que consegue com inteligência, paciência, disciplina, humildade e respeito, direcionar as potencialidades de seus colaboradores para obter os frutos esperados. Muitas vezes, esse líder, não ocupa uma posição formal de comando na empresa. Ele está entre os colaboradores exercendo uma função de responsabilidade igual aos demais no seu entorno.


Então, como que faz um líder? Como ele se forma? Já sabemos que não é a posição que ocupa, o cargo, na empresa e sim o papel que exerce fazendo a diferença na organização de esforços e resultados que o grupo alcança.


Primeiro devemos definir o que liderança de fato. Para existir liderança é necessário a existência de um grupo, pelo menos mais de uma pessoa. Que ocorra uma distribuição desigual de poder, ou seja, uma hierarquia para a instituição do líder estrutural, isso é necessário mesmo que o líder de fato não seja o certificado e, por último, que a liderança seja aceita pelos colaboradores. Esse é o ponto mais importante e que define de fato se há ou não o comando: se a autoridade é dada ao superior.


Clarificando esse ponto. Não existe forma de se comandar quem não quer ser comandado. Por isso a autoridade é uma coisa ofertada pelo comandado ao seu superior e não o contrário como muitos líderes autoritários pensam. Assim, sem a aceitação do comando, surgem as divergências, motins, revoltas e todo o resto que pode acabar com uma instituição.


Ser carismático, saber ouvir, ter informações de todas as fontes confiáveis e saber escolher quais intervenções devem ser feitas são requisitos mínimos para o escopo de um bom líder. No entanto, para facilitar a formação de um perfil respeitado por todos os colaboradores podemos enumerar 10 atitudes comportamentais que devem ser evitadas a todo custo, pois, elas não fazem parte da estrutura de um real líder:


1) Não seja autoritário: esse perfil só dá certo mesmo com o J.J. Jameson o chefe do Peter Parker (Homem Aranha) nas histórias em quadrinhos. Além de caricato e apenas impor medo, esse tipo de chefe (não é líder) acaba sendo destruído pelos próprios colaboradores na primeira oportunidade que tiverem.


2) Evite falar demais: pessoas seguras não são prolixas. Dar muitos detalhes desnecessários de operações ou especular sobre o futuro de forma muito ampla com todos os colabores podem passar uma imagem de insegurança. Fale o essencial com assertividade procurando clarificar o conteúdo para que não haja ruídos no processo.


3) Não chame a atenção de um colaborador em público: se for necessário ter uma conversa mais densa com algum membro de sua equipe, chame-o para uma conversa particular. Jamais faça qualquer reclamação com um funcionário na frente dos outros, até porque pode ser considerado assédio moral. O contrário está liberado: elogie sempre que possível na frente de todos. O mérito deve ser valorizado.


4) Jamais tome os louros só para si: lembre-se que os resultados obtidos só foram possíveis por que a equipe esteve coesa. Claro que a ideia foi sua, mas foi a equipe que realizou sob seu comando. Então, a palavra de ordem é: nós! Use sempre este pronome pessoal na hora de dar declarações sobre os feitos do seu setor.


5) Não tenha pressa: pessoas que emanam poder são mais calmas e costumam pensar antes de tomar decisões. Lembre-se que uma decisão certa ou errada pode mudar todo o conceito que os seus liderados têm a seu respeito. Por isso pondere as possibilidades de resultados. Corra riscos sim! Mas consciente das possibilidades.


6) Não coloque a culpa nos outros: Essa é muito fácil pois está ligada aos pronomes pessoais. Na hora que tudo deu certo o pronome que deve ser usado é: nós! Quando os resultados não forem os esperados troque para: eu! Simples assim. Ocorre que os falsos lideres usam de forma inversa esses pronomes.


7) Não seja passional: Com toda certeza do mundo o líder deve saber administrar suas emoções pois, elas podem contaminar todo o grupo. Quando a situação for de crise o líder deve saber alavancar o potencial do seu corpo laboral e elevar a autoestima de todos. Por isso deve manter o equilíbrio das emoções nas diferentes situações.


8) Não assuma tudo: saber dividir responsabilidades é fundamental para qualquer grande gestor. Possivelmente ninguém fará nenhuma tarefa melhor que você, não é mesmo? Mas, é necessário que exista a distribuição de comando para que o setor possa ter um desempenho orgânico. Se tudo depender do líder a empresa irá parar.


9) Não tenha medo de colaboradores mais inteligentes que você: Na verdade é justamente esse o papel do líder, encontrar pessoas mais competentes que ele e administrar seus talentos. O real líder está cercado de talentos que atuam realizando tarefas de acordo com a natureza de suas capacidades. Colocar a pessoa certa no cargo exato é o papel do líder.


10) Não trabalhe o tempo todo: Como bom líder saiba também dar o exemplo de uma vida saudável com seu tempo dedicado ao lazer. Crie possibilidades na instituição para que os seus colaboradores possam usufruir de uma qualidade de vida adequada. O tempo que a vida era só trabalho acabou! Aliás, isso nunca foi sinal de produtividade.


Sabemos que alguns líderes já nascem prontos. O seu modo de falar, agir, o temperamento emocional, sua maneira de pensar e tomar decisões de alguma forma foram moldados pelas próprias experiências e aprendizado para que já seja considerado um talento nato.


Nem todos podem se orgulhar de terem um talento para liderança natural. Para isso existe a técnica, algo capaz de igualar os seres humanos com capacidade de aprender e replicar comportamentos. Se este for o seu caso, um bom começo é decorar e aplicar, diariamente, essa pequena lista acima.


No dias 19 e 20 de dezembro teremos MINDSET BUSINESS no Rio de Janeiro, conheça o curso clicando aqui: http://www.isec.psc.br/produto/mindset-business

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

5 PODEROSAS DICAS DE COMO USAR A HIPNOSE A SEU FAVOR



                Uma forma de hipnose interessante é a voltada para o perfil comportamental/emocional. Diferente da hipnose clínica que cuida de sintomas, fobias e distúrbios de uma forma mais abrangente esse modelo de hipnose, pode, facilmente ser usado por qualquer pessoa isoladamente e é conhecida também como auto-hipnose.

A auto-hipnose nada mais é que um estado alterado de consciência, elencado pela própria pessoa, onde o foco de atenção pleno pode levar a alterações e ressignificações poderosas na programação mental. As mudanças tanto ser alcançadas no perfil comportamental quanto, na capacidade de administrar a fluência das emoções.

Separamos hoje 5 dicas de como você mesmo pode utilizar a hipnose para ampliar suas capacidades do jeito que desejar. Vamos lá então:

1)      Mantra diário - Criado por Émile Coué a frase “Todos os dias, sob todos os aspectos, vou cada vez melhor! ” Deve ser repetida várias vezes ao dia. O melhor para isso é usar um contador e estipular um número de vezes para repetir essa frase com convicção ou, colocar na tela de entrada do seu celular para, sempre que for usar o aparelho, tenha contato direto com o mantra.

2)      Grave sua indução – Usando o gravador do seu celular grave afirmações (sempre no sentido positivo) do que deseja alcançar. Jamais cite o problema que deseja mudar, foque somente no objetivo. Ouça essa gravação sempre que tiver oportunidade.

3)      Respiração do Nervo Vago – Quando perceber que está perdendo o controle emocional use a técnica da respiração do nervo vago. Respire fundo, prenda o ar por alguns segundos e expire pela boca bem devagar. Repita esse movimento respiratório por cinco vezes. Isso irá ajudar a mudar a configuração de produções endócrinas e você perceberá uma rápida mudança emocional para um estado mais tranquilo.

4)      Crie âncoras físicas – Use um relógio de pulso, por exemplo, para ancorar uma determinada disposição emocional. Faça assim: primeiro imagine-se sentindo no corpo o estado emocional que deseja alcançar; deixe que essa sensação flua e seja bem percebida por todo o corpo; agora segure firme o relógio de pulso e diga para si mesmo: “Toda vez que eu segurar o relógio com essa mesma intensidade de pressão terei de volta as mesmas sensações que sinto agora em meu corpo. Pronto, repita isso algumas vezes e depois teste sua âncora. Bastará segurar o relógio do mesmo jeito no futuro para que o perfil emocional escolhido surja novamente.

5)      Visualize seu futuro – Essa técnica é muito usada por atletas para treinar movimentos usando somente a imaginação e aliviar o estresse das competições. Conhecida como Visualização Criativa trata-se de uma antecipação do futuro onde, em sua imaginação, você direciona resultados positivos para suas ações futuras. Como fazer: sente-se confortavelmente; feche os olhos e, respirando calmamente, foque no seu objetivo elaborando as ações que podem ocorrer tendo sempre um final adequado para você. Faça isso muitas vezes até a mente não oferecer resistência ao resultado que pretende. Pronto, agora você está melhor preparado para realizar o seu objetivo com maior convicção e certeza.

Existem muitas outras formas de se usar a hipnose. Algumas vão depender de um operador externo, um profissional experiente que possa guiar a sua mente com técnicas mais profundas. A hipnose é uma ferramenta muito poderosa quando usada da maneira correta e pode ser aplicada em qualquer atividade humana.

Caso você tenha interesse maior nesse tema, entre em: http://www.hipnose.com.br e conheça os cursos rápidos e de formação em Hipnose Clínica que podem ser feitos em um final de semana ou, no caso do curso profissionalizante, em 10 meses com encontros mensais. O curso de formação também pode ser feito on line com supervisão através de auditórios virtuais ao vivo.

Se você quiser, também pode receber um link com 12 áudios prontos para sua auto-hipnose. Mande um e-mail para hipnose@hipnose.com.br.


               
                 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

AS SOMBRAS DE HIROSHIMA


Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)

Muitas são as marcar que podemos deixar nesta vida. Algumas podem ser frágeis como as pegadas que traçamos na beira mar em uma tarde fresca de verão, outras atravessam milênios da mesma forma que os hieróglifos egípcios deixados nas paredes do templo de Hatshepsut. O que determina a força de uma marca não é o material onde a imprimimos e sim o conteúdo que pode ser replicado por outros: nossas perguntas ou respostas.

Durante essa limitada existência é bem provável que elaboremos mais perguntas do que tenhamos respostas claras. Principalmente no dueto “morte x vida” lugar comum de poetas, filósofos, religiosos e pensadores de toda natureza. As três perguntas básicas sobre esse tema funcionam como alavancas para o autodescobrimento: - “Quem sou?”; - “De onde eu vim?”; - “Para onde vou?”. Podemos acrescentar uma que pode ser ainda mais relevante no contexto de urgência de resposta dentro de nossa curta existência: - “O que deixarei?”.

A sabedoria popular aponta a resposta para o clássico trinômio: plantar uma árvore, ter filho e um escrever um livro. No entanto, não devemos assumir esse posicionamento como algo literal e, finalizar o processo de produção ao completar essa minúscula lista de feitos. Podemos e devemos ser mais se expandirmos essa lista pelo poder da interpretação.

Plantar uma árvore é o mesmo que ser um bom cuidador de talentos. Esses podem surgir de sementes prósperas e gerar frutos na sociedade. Um bom líder e gestor é capaz de escolher essas boas sementes no meio da floresta e, sob seus cuidados, se transformarão em grandes e poderosas sequoias de troncos gigantescos ou em um frondoso cajueiro, como o de Pirangi no Rio Grande do Norte, considerada a maior árvore frutífera do mundo.

Muito próximo ao possível significado subliminarmente oculto no termo “ter um filho”. Permitir que partes de você sobrevivam à sua existência levando consigo conhecimento e experiências vividas, dever ser algo, enfim, desejado de ser alcançado. De que adianta tanta vivência com sofrimentos e vitórias se isso não serve para facilitar o caminho que quem está vindo na mesma trilha? Ter um filho é exercer o mentoring na instituição em sua forma mais completa. Passar aos colaboradores que entram na instituição, com carinho e atenção, o conhecimento claro de como se dá a forma correta de agir produtivamente.

E o tal livro? Não precisa de fato ser algo editado e publicado, basta ser divulgado. Claro que, se de fato for possível transformar a experiência em algo perenizado pelas folhas de papel, será muito melhor. Trata-se da síntese de tudo que produzimos sendo repassado pelas pessoas com quem tivemos a oportunidade de trocar conteúdo ao longo da vida. O que eu lhe digo e por você é replicado se torna uma página desse livro constituído de tempo vivido.

Quando se sentir pouco produtivo ou tentando adiar a prática de seus talentos no ambiente laboral, lembre-se das sombras que ficaram impressas no chão e nas paredes de Hiroshima e Nagasaki: pessoas vaporizadas pelas explosões atômicas deixaram apenas suas sombras como prova que um dia existiram nesse mundo. São retratos do último segundo de vida e, apenas isso, posto para sempre em tom escuro, silhueta muda que tanto pode nos dizer sobre a finitude e a imortalidade.

Como você gostaria que sua sombra fosse impressa na parede, para sempre, se esse viesse a se tornar seu último segundo na vida?

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

NÃO SOU FLAMENGO NEM FLUMINENSE



Por João Oliveira – Psicólogo (CRP 05/32031)

Vivemos em um momento histórico onde existe uma grande luta pelo fim da discriminação e do preconceito e, por mais que tenhamos em mente que o Brasil não é um pais onde existem tais comportamentos, sabemos que isso não é de todo verdade.

Nosso perfil geral de preconceito é provavelmente o mais cruel de todos, pois ele exila em nossa própria calçada aquele que depende de real acolhimento: o pobre.

Claro que não podemos confundir discriminação e preconceito. Preconceito é uma ideação, um sentimento ruim sobre algo que pode surgir dentro de uma cultura como uma doença contagiosa. Já a discriminação é a ideia colocada em prática, a ação que pode ser cometida na forma de ofensa verbal ou, de forma mais brutal, causando prejuízo e dor em quem for o alvo desse processo.

Em 1966 a Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, diz em seu artigo 1º, que discriminação é: “Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha o propósito ou o efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública.”

No Brasil é considerado crime o ato discriminatório em perfis diferentes como podemos ver pelas Leis nº: 7.853/89 (pessoa portadora de deficiência); 9.029/95 (origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, idade e sexo); e 7.716/89 (raça ou cor).

Sim, embora seja um ato reconhecidamente criminoso e com um amplo leque de abrangência, ainda temos muito que caminhar para extirpar de nossa sociedade tal mal. Afinal, ele possui facetas que se tornam mais perversas e invisíveis à lei, quando focada apenas no seu estágio inicial, que é o preconceito.

Como não se pode legislar sobre os sentimentos das pessoas só resta o poder da educação para tentar demover da sociedade os inúmeros graus de preconceitos que, de uma forma generalizada, pode afetar qualquer fatia um de nós em seus diferentes modelos.

Sem querer alongar podemos pensar na pessoa que mais sofre preconceito nesse país é uma mulher: idosa, com necessidades especiais, homoafetiva, obesa, desdentada, negra, migrante e muito pobre.

O nível da intolerância é tamanho, que já sabemos o resultado do preconceito existente entre as torcidas de times de futebol contra torcedores de outras agremiações. Não são raros os casos de morte em brigas entre torcidas rivais e isso, nada mais é do que o fruto do preconceito que vai muito além da discriminação.

Os grupos surgem para se proteger, é assim desde da pré-história, isso é salutar para o desenvolvimento da espécie. A dificuldade está em reconhecer outros grupos como legítimos e respeitar qualquer coisa que não seja igual ao que acreditamos ser aceitável ou normal.

Ser normal ou igual é uma questão apenas de percepção. Em muitos aspectos somos todos diferentes em nossas individualidades que divergem das assumidas como padrão contemporâneo. Deveríamos então, ter preconceito contra nós mesmos?

Procure ver em você quais são os pontos que mais te incomodam no outro e como isso encontra reflexo em você. Afinal, tudo que afeta é, antes de mais nada: afeto. Mesmo que seja negativo. Ressignificar sentimentos deve ser uma tarefa cotidiana e, dessa forma, exercer o que melhor temos em nossa espécie que é a capacidade de adaptação.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

BUSINESS MINDSET




BUSINESS MINDSET


WITH PROFESSOR JOAO OLIVEIRA

The business world waits for you!

This is a course which addresses the body language in first place as a communicational strategy during a negotiation.
This course was created especially for those who are in the business world. Who regularly participate in meetings and want to obtain the best possible result from these interactions. Professor João Oliveira (see attached curriculum) is a Psychologist specialized in behavioural analysis with books published on the theme. In this two day course he will present modern techniques of face and body language reading that can be used as tools in any negotiation to help obtain the best possible result.

ATOS, AUTOS e ALTO-FALANTES


Por João Oliveira – Psicólogo CRP 05/32031

            O momento em que vivemos cria situações contraditórias na sociedade que solicita mudanças no plano de voo, mas, não possui forças para virar o manche de comando e nem uma rota prevista com segurança. Assim, podemos perceber solicitações oriundas de todas as partes dos extratos sociais cantando uma mesma música, todavia, em tons bem diferentes.

            Um dos pontos interessantes é a questão da “igualdade” que não difere as ações governamentais da iniciativa privada transformando tudo em uma única forma de agir com igualdade: de direitos, deveres, responsabilidades, distribuição de recursos e etc.  De forma positiva na Lei 8080/90, que regulamenta o SUS, a palavra “Igualdade” só aparece uma única vez, no Artigo 7, que diz em seu inciso IV: “Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; ”. Já em nossa Constituição Federal ela está melhor colocada aparecendo 9 vezes.

            O real problema se encontra na falta da palavra “Equidade” que só aparece três vezes na Constituição em suas mais de 350 páginas e nenhuma na Lei 8080/90.

            Não se trata apenas de uma solução que pode surgir da divisão de recursos de forma igualitária, embora isso seja um direito de todos. Apenas como exercício mental, tomemos uma situação quase corriqueira. Quando se possui na gestão pública R$ 30.000,00 para dividir entre três comunidades com o mesmo número de moradores (por exemplo), o primeiro pensamento do gestor, pressionado pelas lideranças comunitárias, é direcionar R$ 10.000,00 para cada uma delas. Afinal, os direitos são iguais!

            No entanto, uma delas atende a uma demanda altíssima de migrantes que aumenta a cada ano, a segunda é fincada no meio de um bairro industrial e todos trabalham; e a terceira está muito bem e possui recursos de sobra vindo do artesanato local. Sendo assim a divisão pode ser outra: a primeira ficaria com R$ 25.000,00; a segunda com R$ 3.000,00 e a terceira, que pouco precisa desse dinheiro, receberia R$ 2.000,00.

            Esse é o detalhe distante em absolutamente quase tudo que envolve o dilema recursos públicos em nosso pais: falta equidade. A popular “Lei do Gerson”, imortalizada nos comercias de cigarro da década de 70 diz que: “-Todo brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, certo? ” – Ainda impera no inconsciente coletivo acima de todas as normas existentes e, claro, toca os gestores do sistema. Do outro lado da corda está a população e, ninguém quer abrir mão de algo que é seu por direito, mas, que de fato, pode não ser tão relevante e essencial como seria para outro.

   Ao contrário, o excesso, visto como lucro no final do ano sendo resultado de uma boa administração governamental não é a vocação natural do estado. As receitas devem ser sempre direcionadas para um novo investimento social visando maior produtividade da nação.

             O direito do outro é igual ao meu, mas, as necessidades podem ser diferentes. O sistema de governo, responsável pelos atos estratégicos, deve manter uma escuta ativa e tomar a iniciativa dos atos declaratórios. Esse é o ponto chave dessa questão e, por isso, se faz urgente uma nova reflexão a respeito do que é certo e, o que é necessário ser feito.

            Não é possível esperar novas normas serem elaboradas. Afinal, sabemos que todas as leis já nascem envelhecidas, pois, antes, é preciso existir uma demanda para depois a proposição ser pensada e percorrer todos os caminhos legais até sua publicação, o que prejudica a resolução dos fatos concretos.

            Torna-se urgente uma campanha para a reeducação de valores. A sociedade não pode suportar por mais tempo as manifestações vindas de todos os lados: do homem que fura a fila ao grupo que está impedindo o trânsito de bens de consumo queimando pneus nas rodovias; do sujeito que ultrapassa o sinal vermelho à greve que paralisa os serviços essenciais e, ainda, as marchas e mais marchas populares, sem dúvida relevantes, lindas nas fotos e que raramente resultam em mudanças no plano legal.

            O mundo muda, de fato, pelos autos e pouco pelos alto-falantes. Quem tem goteira em casa não consegue manter opinião durante tempestades e poucos são aqueles que sustentam posições fortes enquanto se preocupam com o almoço de amanhã. Da mesma forma que ensinar a pescar de nada vale para uma população distante de lagos e rios piscosos.

 A situação, portanto, é de caráter individual (busca por soluções possíveis para cada um); social (é uma responsabilidade de todos); e do sistema governamental (assumir uma gestão de moral e exemplos). O amanhã melhor, que pregamos aos nossos filhos, só será possível quando tirarmos a letra “S” da palavra CRISE. 
           

            

sábado, 7 de novembro de 2015

ESCUDO PROTETOR



Por João Oliveira – Psicólogo (CRP 05/32031)


Existem várias técnicas de conversação que criam uma estrutura de proteção e impedem que a conversa tome um rumo emocional perdendo o foco na real negociação. Uma delas é a do escudo protetor que iremos falar hoje.


Diante de qualquer argumento negativo ou ofensivo da pessoa com quem está dialogando não replique com argumentos defensivos. Procure iluminar o assunto com um questionamento colocando o outro em uma posição deslocada. Criando uma dissociação para que ele possa ver a situação pelos olhos de outra pessoa. Veja o exemplo:

- Não acho que esse plano que você tem vai dar certo.

- Pode ser verdade. Mas, me diga uma coisa, o que você acha que o cliente faria numa situação igual a essa?

Quando o outro é colocado na posição de “ver” o tema deslocado de sua posição ele fica mais leve pois, perde um pouco da responsabilidade pessoal.

Na verdade, o esquema do Escudo Protetor completo que consiste nas regras básicas de uma boa abordagem em negociação, possui cinco itens que podem ser apresentados de uma forma simplificada assim:

1 – Jamais contra-atacar: Use perguntas para clarificar os argumentos.

2 – Não atacar a posição do outro: Pode ocorrer que, no final, seja uma opção.

3 – Não defenda suas ideias: Isso cria a dicotomia, use perguntas e deixe que ele conserte os pontos falhos de sua argumentação - “Qual dos seus interesses essa proposta que eu estou fazendo deixaria de levar em conta?

4 – Coloque o outro na sua posição: Empatia. Pense que está na posição do outro e o que ele faria neste caso?

5 – Reformule os ataques feitos a você como ataque ao problema: Jamais leve para o campo pessoal. Os argumentos devem ser direcionados ao problema em foco não as pessoas que estão dialogando.

6 – Dois instrumentos básicos: pergunta e silêncio: Ninguém consegue superar uma lacuna de silencio sem colocar mais argumentos. Seja você a provocar essas lacunas para que o outro esgote toda a argumentação respondendo as suas perguntas.

Cada um desses itens pode ser desdobrado em inúmeras formas de se criar um ambiente conversacional adequado à uma resolução. E lembre-se também:

- Fale do problema antes de apresentar a solução.

- Esqueça situações negativas que ocorreram no passado e se concentre no futuro.

- Tenha uma mente aberta para várias opções e não a uma única. Caso contrário não será uma negociação e sim uma determinação.

- Seja rigoroso com o problema, mas amável com a pessoa. Isso vai criar o fenômeno da “dissonância cognitiva” e será positivo para você.

Tenho certeza que se você seguir essas pequenas regras no próximo embate de negociação que tiver, lembre-se que isso vale para tudo na vida, a resolução será mais tranquila. Jamais permita que alguma emoção invada sua estrutura psicológica e prejudique a argumentação. Se isso começar a ocorrer aborte (imediatamente) a conversa e peça um tempo para pensar no assunto: saia de cena!

O mundo em que vivemos já tem problemas suficientes que não podemos controlar, por isso toda e qualquer oportunidade que tivermos de ajudar a diminuir conflitos deve ser bem utilizada. Boa sorte na próxima contenda!




http://www.isec.psc.br/produto/mindset-business/

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ENCONTRO



Por Beatriz Acampora – Psicóloga (CRP 05/32030)


A palavra encontro deriva do latim INCONTRARE, que significa encontro de adversários. IN – em e CONTRARE – contra, oposto. A partir dessa ideia surge a derivação mais amena da palavra, que hoje significa estar face a face com algo ou alguém.

São considerados sinônimos de encontro: batida, choque, colisão, embate, trombada, incidência etc. Se um encontro pode ser uma colisão, ao mesmo tempo pode ser uma oportunidade de crescimento singular, pois é através dele que nos constituímos enquanto seres de relações.

Ao ouvirmos a frase “vamos marcar um encontro”, soa como algo positivo, mas isso porque os tempos mudaram e hoje dificilmente alguém marcaria um encontro para duelar ou combater. Isso é possível, mas incomum.

Estar com alguém vem se tornando algo tão precioso que é como uma confluência em que uma pessoa se deixa tocar pela presença de outra. E, nessa presença, as trocas acontecem, simplesmente porque duas pessoas se permitem olhar nos olhos e sentir o outro através do olhar, da escuta, da percepção.

Encontros são elos de ligação, de articulação entre pessoas, podem ser considerados positivos ou negativos e isso depende fundamentalmente do modo como nos dispomos em relação ao outro e às ideias apresentadas. 

Cada encontro é um evento único, visto que nunca mais se repetirá, como um rio, que não tem suas águas iguais no mesmo lugar. Como seres em constante evolução, cada encontro tem uma versão diferente das pessoas que nele se apresentam, voluntária ou involuntariamente.

Ao final de um encontro sempre temos algo mais do que o momento que nele entramos e o que levamos dele depende unicamente do modo como o absorvemos. 

Quando o encontro é marcado, não há surpresa, mas quando há surpresa no encontro, ele fica marcado.

A HIPNOSE CURA?




Por João Oliveira, Psicólogo (CRP 05/32031)

Afirmar categoricamente que a hipnose cura é a mesma coisa que dizer, em ordem inversa de resultados, que o carro mata. Sabemos que o carro é construído para ser um veículo de transporte e que pode levar uma pessoa de um ponto a outro com sucesso trafegando em diversas velocidades e/ou indo por diferentes caminhos. Da mesma forma, o carro pode ficar parado estacionado por muito tempo no mesmo lugar ou, em algumas ocasiões, se envolver em acidentes, podendo até ser fatal aos seus usuários.

Não podemos nos esquecer de dizer que o carro existe em vários modelos e para muitos tipos de utilizações: carro de passeio, duas portas, quatro portas, carro de corrida, trailers, carros de luxo, carros conversíveis e muito mais. Na hipnose é a mesma coisa: temos diferentes tipos de abordagens com intenções e resultados distintos.

O desdobramento da utilização da hipnose é amplo. Para facilitar podemos dividir em dois grandes grupos:

- Hipnose de Entretenimento: Também conhecida como hipnose de palco. Esse perfil foi proibido no Brasil no mesmo decreto que regulamentou a hipnose em 1961 (Nº 51.009 de 22/07/1961) assinado pelo então Presidente da República Jânio Quadros. O decreto baniu o uso da hipnose em espetáculos de qualquer tipo ou forma, em clubes, auditórios, palcos, ou estúdios de rádio e televisão. Foi revogado pelo decreto Nº 11 assinado pelo Fernando Collor em 19/01/1991. Por isso, você pode se divertir assistindo na televisão pessoas comendo cebolas pensando serem maçãs ou imitando galinhas sob o efeito da hipnose de palco.

- Hipnose Clínica: Trata-se, como o próprio nome sugere, da hipnose voltada para o ambiente da saúde onde podemos encontrá-la sendo utilizada por: cirurgiões-dentistas, médicos, psicólogos, terapeutas, fisioterapeutas, enfermeiros, ou seja, o grande espectro que abrange o toque dos profissionais de saúde. Algumas profissões têm sua própria regulamentação quanto ao uso das técnicas da hipnose, mas, não é necessário em nosso país uma graduação específica para se tornar um terapeuta em hipnose. Bastando, para isso, uma formação adequada e a regularização para a atuação profissional.

Os modelos de atuação, dentro da própria hipnose clínica, são igualmente variados podendo ser ramificados de forma simples em cinco principais modelos:

 - Hipnose Comportamental – Voltada para a alteração no perfil comportamental da pessoa. Administração emocional, potencialização de qualidades, respostas assertivas e espontâneas as demandas dos ambientes profissional e/ou social/familiar e etc.

 - Hipnose no tratamento de fobias – Aqui se incluem todos os tipos de fobias que se pode imaginar, tendo técnicas diversas dependendo da intensidade e modelo apresentado. A Dessensibilização Progressiva é uma dessas técnicas que quando bem aplicada pode conduzir o paciente/cliente a obter resultados rápidos.

 - Hipnose para o emagrecimento – Muito na moda ultimamente com vários profissionais qualificados conquistando feitos notáveis com seus pacientes/clientes. Existem vários modelos de induções e sugestões que podem variar de implantes hipnóticos a alterações no estilo de vida.

 - Hipnose para a subtração de sintomas – Esse perfil exige um cuidado maior, pois como sabemos, todo sintoma está a serviço de alguma manifestação de descontrole interno que pode ser de âmbito emocional ou não. Nesses casos, quando os sintomas são mais severos, o aconselhável é que uma equipe multidisciplinar acompanhe o tratamento. O profissional psicólogo e o profissional médico são indispensáveis em casos graves.

 - Hipnose voltada para reabilitação – fantástico perfil da hipnose onde, mesmo sem movimentos físicos reais (somente na imaginação em estado alterado de consciência), o paciente/cliente é auxiliado a desenvolver de novo suas habilidades motoras perdidas por algum trauma físico ou AVC.

Poderíamos citar inúmeros outros tipos de abordagens, porém, acreditamos que esses sejam suficientes para demonstrar a grandiosidade dessa fabulosa ferramenta chamada Hipnose Clínica.

Voltando à comparação com os efeitos de um carro em relação às implicações da hipnose, existe apenas uma grande observação que deve ser feita: a finalização do processo no carro só depende do condutor, já na hipnose o sucesso só é alcançado com a total participação de quem é conduzido.

Por mais talentoso que seja o profissional de hipnose ele pode esbarrar com um paciente/cliente que tenha um ganho secundário muito forte com o seu sintoma/problema. Sendo assim, torna-se mais complexo o resultado esperado positivo sem uma ressignificação da estrutura emocional do sujeito.

“Dessa forma, o “interesse” da pessoa a ser hipnotizada é “regra fundamental que torna possível a hipnose”. Desprezar essa dimensão seria acreditar em um poder dominante ilimitado do hipnotizador que, na prática, não se constata”. (MARTINS, Francisco; BATISTA, Adalberto, 2002)

Também é necessário dizer que nem todo mundo pode se beneficiar da hipnose quando se trata da busca pelo resultado perfeito. Nessa categoria podemos citar alguns perfis:

- O paciente/cliente com problemas de ordem neurológica ou portador de debilidade mental que o prive da capacidade da estruturação do pensamento. Sem pensamento focal não há como atuar de forma eficiente com a hipnose pois, o sujeito não consegue alcançar o estado alterado de consciência que é fundamental nesse processo.

- Pacientes/clientes portadores de deficiências congênitas. Pessoas que nascem com um perfil de problema estrutural em um membro, órgão, glândula ou músculo. Desejar remissão total pode levar ao desencanto com o tratamento que, com toda certeza, pode ser útil para a superação das dificuldades enfrentadas.

- Paciente/cliente portador de doença hereditária. Praticamente se enquadra no perfil anterior. Existe uma predisposição metabólica que pode, independente do aspecto emocional, causar os sintomas. Claro que a hipnose é útil, mas não se deve esperar a superação total tendo em vista que o organismo possuir uma vocação natural para produzir os efeitos indesejáveis.

“Robles (2005) pondera que, para que um tratamento hipnoterápico atinja seu objetivo, é necessário que este possua uma meta; apenas dessa maneira saberemos para onde devemos levar a psicoterapia. Portanto, faz-se necessária a investigação dos significados, das angústias e das expectativas de cada paciente quanto a sua doença e sua vida, durante todo o processo do tratamento hipnoterápico”. (CAIRE, Lícia Ferreira, 2012)

O ideal é que, pelo menos, dois quesitos sejam aferidos para ter certeza que existe uma possibilidade de recuperação, no caso da abordagem está voltada para o tratamento onde seja necessária mudança física/orgânica/metabólica diante de um sintoma qualquer.

1- Que o paciente/cliente apresente a capacidade de manter foco de concentração durante alguns minutos, pelo menos, em uma única estrutura de pensamento.

2- Que exista alterações percebíveis conforme este paciente/cliente é estimulado psicologicamente em seu sistema nervoso parassimpático e simpático.

Essas duas condições nos revelam que o paciente/cliente possui facilidade de respostas internas. Isso é extremante útil para o tratamento alcançar êxito de forma rápida e segura.

Em todos os casos o acompanhamento médico é essencial. Jamais se deve substituir a terapêutica medicamentosa pela hipnose pura e simples. Entenda a hipnose clínica (contra sintomas) como uma ferramenta poderosa na potencialização de qualquer tratamento.

Já no perfil comportamental ou mesmo na reprogramação mental, outros cuidados devem estar presentes como, por exemplo, uma boa construção das sugestões, para que não ocorram conflitos éticos na personalidade do paciente/cliente.

Para finalizar: a hipnose sozinha não cura! Mas ela pode fazer parte de um processo capaz de levar a obtenção de uma saúde plena. É bom que se seja lembrado que uma ausência de sintomas não significa que a pessoa esteja absolutamente livre de qualquer mal já que saúde é algo mais amplo e toca tanto o aspecto físico do sujeito, onde surgem a maioria dos sintomas, como o psicoemocional que muitas vezes, dentro do desiquilíbrio, pode ser confundido com a própria personalidade do indivíduo.

“A presença do terapeuta, sua voz, sua gestualidade e, sobretudo, a ligação afetiva entre ele e o paciente proporcionam uma vivência material que atinge a fundo o sujeito em sua corporeidade, de maneira a poder desencadear processos internos e emocionais capazes de influenciar intensamente a experiência de dor, provocando um alívio que geralmente se inicia na sessão e, ao longo do processo, pode vir a se enraizar, de modo mais definitivo, nas novas formas de organização de tais processos”. (NEUBERN, Maurício da Silva, 2014)

Quem se cura é o próprio paciente/cliente que pode alcançar o resultado esperado da mesma forma que uma orquestra sinfônica, composta de diversos instrumentos e diferentes músicos, consegue executar uma harmoniosa melodia quando regida por um bom maestro. Um competente profissional de hipnose pode também ajudar a coordenar as diversas estruturas internas em conflito, extraindo o melhor que existe dentro de cada pessoa em busca do mais perfeito resultado possível.

Conheça o curso de Formação em Hipnose do ISEC: 
http://www.hipnose.com.br


Referências:

CAIRE, Lícia Ferreira. Hipnose em pacientes oncológicos: um estudo psicossomático em pacientes com câncer de próstata. São Paulo: Psico-USF, v. 17, n. 1, p. 153-162, jan/abr 2012.

MARTINS, Francisco; BATISTA, Adalberto. Atos de fala e hipnose. Belo Horizonte: Psicol. rev. 8(11): 92-104, jun. 2002.

NEUBERN, Maurício da Silva. Hipnose como proposta psicoterápica para pessoas com dores crônicas. Curitiba: Psicologia Argumento, nº 77 abril/jun 2014.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

LIDERANÇA INTELIGENTE




Por João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031) O tema é bastante comum e facilmente qualquer pessoa poderá nos apresentar quais são as qualidades que um líder deve ter para, com eficiência, comandar uma equipe. Claro que o líder só passa a existir quando uma pessoa, ou um grupo, passa a seguir suas orientações. Então, o líder não pode crescer sozinho e, por isso, precisa cuidar de seus liderados para manter seu status. Um líder sem ninguém é apenas uma pessoa com muitas ideias, da mesma forma que um pintor sem tintas e telas. Sabemos também que pairam muitos mitos sobre o que é um líder de fato. O que chamamos de liderança não está de fato relacionado com alguma posição hierárquica ou com uma função exercida pelo profissional na instituição ou meio social. Nos dias atuais, as organizações estão cada vez mais competitivas e cada trabalhador deve ser líder dele mesmo antes de liderar uma equipe, o que implica em autoavaliação e investimento constante em habilidades como inovação, trabalho em equipe, comunicação, relacionamento interpessoal, organização, planejamento, tomada de decisão, negociação etc. A exceção, como nos diz Bennis & Nanus (1988) ocorre principalmente pela existência de, pelo menos, cinco grandes mitos sobre o tema: a) a liderança é um dom raro; b) os líderes são inatos, não feitos; c) são carismáticos; d) só existe liderança no escalão mais alto da organização; e) o líder controla, dirige, estimula, manipula. A liderança não é um dom raro, pois é uma competência que pode ser aprendida. Uma das grandes invenções da modernidade muito comum na PNL, pode ajudar bastante no desenvolvimento da liderança: a modelagem. Podemos assumir um modelo de atuação e implementar em nosso comportamento de forma a replicar o que um bom líder faz. Assim os dois primeiros mitos caem por terra, podemos construir uma liderança através de treinamentos e força de vontade. Também é falho dizer que os líderes são carismáticos. Alguns até são, mas isso não é uma regra de ouro. Muitas vezes quem está no comando pode tomar medidas antipáticas para o bem maior do grupo. Um exemplo claro é a construção de normas éticas de conduta. O quarto item se refere a uma liderança hierárquica e se esquece que, em todos os ambientes, sempre existe alguém que se sobressai e se torna referência mesmo sem uma titulação apropriada. Na escola entre os alunos ou em um bar entre os bêbados, sempre haverá alguém capaz de direcionar outras pessoas. É bom lembrar que nem sempre uma liderança pode estar indicando o caminho certo. Liderança e gestão estão intrinsecamente interligadas. Um líder-gestor se preocupa com a inovação, desenvolvimento, estimula seu grupo, transmite segurança e pensa vários passos à frente. Sempre buscando o melhor possível para todos os seus liderados. Cuidando, inclusive, de suas carreiras dentro da instituição. Seu chefe, não é assim? Então ele não é um líder de fato é apenas alguém que está no poder (ressaltando: Está - no Presente do Indicativo em breve, provavelmente, no Pretérito Perfeito do Indicativo). Esse poder só existe porque alguém confere autoridade a ele. No momento em que essa autoridade desaparecer, pela falta de credibilidade, encerra-se a carreira de mais um ditador.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

ESPELHO RETROVISOR


Por João Oliveira (psicólogo CRP 05/32031)

             
Como uma estrada a vida disponibiliza caminhos que podem apresentar diferentes resultados ao final da jornada. Às vezes, no mesmo trajeto, encontramos alternativas de atalhos ou desvios que nos tiram do rumo principal. O mesmo pode acontecer com certas estruturas de relações que travamos com outras pessoas. Algumas funcionam como placas que indicam direções, outras são barreiras que limitam possibilidades.

Ocorrem encontros que são úteis e outros que podem atrapalhar, prejudicando o andamento do projeto pessoal de vida que cada um de nós deve possuir. Saber descartar essas relações é necessário, da mesma forma que, por vezes, desfazemos de um carro (que ainda funciona bem) para podermos adquirir um modelo mais novo.

Um bom amigo certa vez me disse que devemos quebrar o espelho retrovisor de vez em quando para acelerarmos mais em direção a bandeirada de chegada. Olhar para trás em busca de soluções para fatos ocorridos no passado ou de tentar manter todas as amizades que construímos dando a elas o mesmo espaço e importância que um dia tiveram na nossa caminhada pode criar as chamadas raízes. 

As raízes são perigosas, pois nutrem prendendo as árvores ao chão o que é diferente das âncoras que podem ser içadas a qualquer momento para permitir a navegação de um barco. É bom lembrar que as estradas mudam com o tempo e, muitas pessoas, podem não se encaixar mais no cenário que existe pela frente.

Claro que o passado é importante. No entanto, o futuro deve ser cuidado para que possa acontecer de uma forma plena dentro dos nossos planos. Sacrificar trechos percorridos e amizades que foram construídas como relações saudáveis, também pode ser necessário no momento de se “quebrar o retrovisor”, afinal não há espaço para tanta mobília na sala.

Podemos até nos tornar acumuladores de memórias o que é ruim, pois embaça a visão de futuro. Quem guia um carro olhando somente para as imagens que estão sendo refletidas em seu espelho, com certeza irá colidir com algo na estrada. Dessa forma, muitas experiências do passado, paisagens que vimos pelo caminho até aqui, devem possuir um lugar na memória (com certeza) mas não o foco de atenção na mesma grandeza que um dia possuíram.

De certo que surge um saudosismo que deve trazer também uma necessidade de rever as antigas fotos. Não há nada de errado nisso. Surge o problema quando a doce saudade se transforma em angústia por achar que o melhor lugar está no passado e não nos projetos futuros.

Para aliviar essas possíveis situações existe a técnica da prospecção de cenários. Basta fechar os olhos e tentar se colocar alguns anos à frente com suas questões solucionadas, vasculhando todo o ambiente criado pela sua imaginação, buscando os detalhes, cores, cheiros, temperatura e sempre montando soluções diferentes. O cérebro gosta de fazer isso e o prazer de se ver realizado no futuro traz calma para a mente ansiosa que tenta se refugiar no passado.

Outro modo, caso o passado esteja sempre trazendo péssimas recordações, é trabalhar com a ressignificação de memória. Trata-se de um método de reconstrução do entendimento das memórias. Não se muda o passado, mas, pode-se mudar o que sentimos em relação a ele.

Viver no presente é buscar lidar com o equilíbrio entre os desejos e a realidade, entre o que ainda é um devir e o que já se conquistou. Ocupar a mente com o presente proporciona um encontro consigo mesmo no aqui e agora, que é a melhor possibilidade de construir o futuro e de agregar o valor do passado. O Hoje é uma dádiva.

Claro que a teoria jamais supera a prática. Um protocolo escrito de nada será útil se ninguém o colocar no mundo através de atos comportamentais. O truque aqui é saber a hora de deixar de estocar relações e ter coragem para criar novas e, com isso, abrir caminhos e vislumbrar destinos diferentes.

Não tenha medo de mudar: o que hoje pode parecer uma perda, no futuro pode ser encarado como uma libertação, como o corte da linha que prende o balão de gás. Nenhum avião chegaria ao seu destino final se não deixasse para trás a segurança do solo firme. Pense sobre isso, pelo menos no dia de hoje.

                

O MOMENTO É O PRESENTE




Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)

Às vezes nos pegamos pensando no passado, um tempo onde as coisas certamente eram melhores que hoje ou sobre o futuro, onde poderemos realizar alguns de nossos desejos. Isso é salutar, mas, muitas vezes, deixamos de vivenciar o momento presente que, de verdade, é o único que realmente existe.

Para que possamos começar esse pensamento, gostaria que você pudesse participar de um pequeno experimento (não vai durar nem um minuto) sobre a percepção consciente. Trata-se de uma dinâmica muito simples e fácil de ser realizada por qualquer pessoa que tenha seus sentidos funcionais.

Primeiro, olhe à sua volta prestando atenção aos objetos, a paisagem, ao momento. Tente, apenas por alguns segundos, ouvir o som da própria respiração. Muito bem! Agora, se prepare para fechar os olhos – mas leia o parágrafo até o final antes de fazer isso (claro) – com os olhos já fechados imagine-se na beira de um lago calmo e tranquilo. Na sua mente perceba as cores verdes das árvores e da grama. Olhe, com os olhos da sua criatividade, pássaros e flores multicoloridas que rodeiam o ambiente onde você se colocou em sua mente. Abra os olhos, olhe à sua volta novamente com calma repetindo o ato de tentar ouvir o som da sua respiração e olhando com atenção os objetos e a paisagem e, só depois disso, leia o próximo parágrafo.

Percebeu uma mudança radical na tonalidade das cores e na qualidade da imagem dos objetos e da paisagem? Sem entrar em muitos detalhes técnicos sobre a constância perceptiva e a economia neural, podemos simplesmente falar que: você está mais presente agora porque acalmou os seus ânimos!

O simples fato de se desligar do ambiente temporal e se colocar em uma criação mental, que está fora do sistema, pois não é passado nem futuro, disponibiliza mais recursos cognitivos para um real posicionamento na realidade instantânea. Caso não tenha conseguido o efeito desejado não se preocupe. Depois, com calma, tente novamente não é tão difícil assim.

Ocorre que os mais jovens quase sempre estão se projetando no futuro e antecipando problemas e soluções. Nesse jogo os problemas vencem nas prospecções porque são os mais ativos na memória por um motivo simples que faz parte do evolucionário que faz questão de das privilégios especiais aos momentos ruins,  vamos falar depois sobre isto.

Já os mais idosos se colocam em suas argumentações vivenciando momentos do passado (muitas vezes adulterados pela própria memória) e não conseguem vislumbrar os acontecimentos presentes de uma forma mais prazerosa. Colocando a história vivida em primeiro plano deixando de lado o que resta para viver.

No entanto, voltando aos momentos ruins, eles sempre prevalecem na memória por um processo de preservação da espécie, a natureza prefere manter com muita força as memórias ruins, onde os fatos não foram os melhores possíveis. Isso é fácil de ser explicado: o mesmo erro não deve ser cometido duas vezes, por isso lembre-se de sua falha. Assim, temos mais facilidade em elencar memórias ruins do que as boas.

Juntando tudo isso em um único pacote podemos encontrar mais de mil motivos para privilegiar o presente. Sem essa de selfies como marcadores temporais e conteúdo midiático de redes sociais, devemos apenas viver o momento na sua plenitude. Trazer as emoções ao nível de consciência para serem saboreadas como quem come uma maçã com calma e serenidade.

Não existe segredo: abra os olhos e os sentidos!

O passado já se foi o futuro pode não acontecer só o momento presente é real. Toque, cheire, sinta aproveite a vida de uma forma sensorial sem tentar fugir da realidade que se apresenta a cada segundo. O único momento em que se pode ser feliz é o agora.



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

EXPATRIADOS NA PÁTRIA


Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)


As mídias nos enchem de imagens de refugiados de todas as partes do mundo com sofrimento por não ter um local seguro para viver. São cenas que nos levam a uma reflexão sobre a realidade sangrenta de certos países e do desespero dessas pessoas que, muitas vezes, perdem a vida antes de conseguirem chegar ao local de destino seguro.

Aqui, em terras brasileiras de um povo amigo e acolhedor, tal realidade nos choca ainda mais por ser algo absolutamente incompreensível para nós ver fronteiras se fechando e negando dar refúgio à massa de seres humanos em fuga.

Será isso uma verdade absoluta?

Quando no dia primeiro de maio de 1943 o então presidente Getúlio Vargas assinava o surgimento da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), depois de 13 anos de preparação por renomados juristas, ele tinha um ideal em mente para os habitantes desse país: trabalho para todos. Uma nação de trabalhadores inspirada na Carta Del Lavoro italiana.

Hoje, mais de 70 anos depois desse evento, que ocorreu no Campo de São Januário na Cidade do Rio de Janeiro em um sábado de sol, a verdade de nossa era bate na porta como um marrete com a força de enorme população completamente fora do ambiente do trabalho e, portanto, além do acolhimento dos braços quase gentis da pátria mãe.

Temos, como um reflexo disso, uma violência juvenil nas ruas como nunca antes havia ocorrido em nossas terras. Menores infratores, jovens sem emprego ou formação profissional, que se tornam bandidos violentos e matam trabalhadores de carteira assinada, muitas vezes a troco de quase nada. São eles os nossos refugiados isolados por fronteiras sociais fechadas e sem chance de acolhimento pelo estado?

Nas calçadas encontramos pedintes. Muitos até acreditam que assim eles são por mera opção ou que isso é um estilo de vida resultante da falta de esforço ou vontade de estudar. Pensando assim se alivia uma parte da sociedade da responsabilidade sobre eles, pois transfere para o miserável a culpa pela própria sorte. Seriam esses então os expatriados que vivem em sua própria nação?

Como pequenos trechos de textos retirados de um livro de realismo mágico, nosso dia a dia ferve a face com as rasteiras de uma cinegrafista húngara e nem move o pescoço para a mãe que explora seus filhos sedentos de leite na esquina, bem embaixo do sinal de trânsito. A universalidade pregada em 1988 com a nova constituição ficou “no mundo”, porque está grafada em papel, mas de fato apenas na imaginação do escriba, porque não ganhou as ruas nem as mentes éticas.

Atirar pedras é fácil! Apontar as falhas e não apresentar soluções é o mesmo que criticar o outro apenas com difamatórias intenções. Não é verdade?

Pode até ser. No entanto, a solução já está posta e não precisamos de uma nova apresentação: basta cumprirmos. De leis e normas regulamentadoras estamos cheios, são 922 artigos na CLT e 36 NRs que surgiram desde 1978 afim de corrigir o universo de cuidados com o trabalhador formal. Quatro ministérios voltados quase exclusivamente para a classe produtiva, enquanto quem está fora desse ambiente, por não ser produtivo e legalizado, permanecerá além da fronteira e do abrigo, que só existe de fato, para os reais cidadãos regularizados nesse pais.

A educação das salas de aula sempre é o melhor caminho em todos níveis. Aos que não tiveram essa oportunidade, por um motivo ou outro, e hoje margeiam as avenidas dormindo sob viadutos, poderiam receber apenas o mesmo lugar de amparo que seria dado a um refugiado qualquer, que ao cruzar o oceano em busca de refúgio, viesse aportar em nossas areias. Verdade é que não há como se preocupar com sofrimento além-mar se o frio agride brasileiros em nossas calçadas nas grandes cidades.

E se a desculpa para o retardo das ações é a crise que enfrentamos, então estamos perdidos para todo o sempre. Ainda ouço as palavras de meu pai na década de 60 preparando o pequeno Joãozinho (pouco mais de seis anos) para a crise que o Brasil enfrentava. Pode ser engando meu, mas até hoje não saímos dela, pois todos os anos, ainda sou alertado para agir com cautela, afinal, estamos em crise.