Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)
Às vezes nos pegamos pensando no passado, um tempo onde as
coisas certamente eram melhores que hoje ou sobre o futuro, onde poderemos
realizar alguns de nossos desejos. Isso é salutar, mas, muitas vezes, deixamos
de vivenciar o momento presente que, de verdade, é o único que realmente
existe.
Para que possamos começar esse pensamento, gostaria que você
pudesse participar de um pequeno experimento (não vai durar nem um minuto)
sobre a percepção consciente. Trata-se de uma dinâmica muito simples e fácil de
ser realizada por qualquer pessoa que tenha seus sentidos funcionais.
Primeiro, olhe à sua volta prestando atenção aos objetos, a
paisagem, ao momento. Tente, apenas por alguns segundos, ouvir o som da própria
respiração. Muito bem! Agora, se prepare para fechar os olhos – mas leia o
parágrafo até o final antes de fazer isso (claro) – com os olhos já fechados
imagine-se na beira de um lago calmo e tranquilo. Na sua mente perceba as cores
verdes das árvores e da grama. Olhe, com os olhos da sua criatividade, pássaros
e flores multicoloridas que rodeiam o ambiente onde você se colocou em sua
mente. Abra os olhos, olhe à sua volta novamente com calma repetindo o ato de
tentar ouvir o som da sua respiração e olhando com atenção os objetos e a
paisagem e, só depois disso, leia o próximo parágrafo.
Percebeu uma mudança radical na tonalidade das cores e na
qualidade da imagem dos objetos e da paisagem? Sem entrar em muitos detalhes
técnicos sobre a constância perceptiva e a economia neural, podemos
simplesmente falar que: você está mais presente agora porque acalmou os seus
ânimos!
O simples fato de se desligar do ambiente temporal e se
colocar em uma criação mental, que está fora do sistema, pois não é passado nem
futuro, disponibiliza mais recursos cognitivos para um real posicionamento na
realidade instantânea. Caso não tenha conseguido o efeito desejado não se
preocupe. Depois, com calma, tente novamente não é tão difícil assim.
Ocorre que os mais jovens quase sempre estão se projetando
no futuro e antecipando problemas e soluções. Nesse jogo os problemas vencem
nas prospecções porque são os mais ativos na memória por um motivo simples que
faz parte do evolucionário que faz questão de das privilégios especiais aos
momentos ruins, vamos falar depois sobre
isto.
Já os mais idosos se colocam em suas argumentações
vivenciando momentos do passado (muitas vezes adulterados pela própria memória)
e não conseguem vislumbrar os acontecimentos presentes de uma forma mais
prazerosa. Colocando a história vivida em primeiro plano deixando de lado o que
resta para viver.
No entanto, voltando aos momentos ruins, eles sempre
prevalecem na memória por um processo de preservação da espécie, a natureza
prefere manter com muita força as memórias ruins, onde os fatos não foram os
melhores possíveis. Isso é fácil de ser explicado: o mesmo erro não deve ser
cometido duas vezes, por isso lembre-se de sua falha. Assim, temos mais
facilidade em elencar memórias ruins do que as boas.
Juntando tudo isso em um único pacote podemos encontrar mais
de mil motivos para privilegiar o presente. Sem essa de selfies como marcadores
temporais e conteúdo midiático de redes sociais, devemos apenas viver o momento
na sua plenitude. Trazer as emoções ao nível de consciência para serem
saboreadas como quem come uma maçã com calma e serenidade.
Não existe segredo: abra os olhos e os sentidos!
O passado já se foi o futuro pode não acontecer só o momento
presente é real. Toque, cheire, sinta aproveite a vida de uma forma sensorial
sem tentar fugir da realidade que se apresenta a cada segundo. O único momento
em que se pode ser feliz é o agora.
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