Conhecer nossos talentos e limitações pode ser muito útil no ambiente laboral. Estimular a reflexão através de leituras, treinamentos ou mesmo colhendo feedback de nossa equipe de trabalho parece ser uma excelente ideia. Isso, principalmente, quando se tem maturidade para reconhecer que existe espaço para crescimento.
O autocoaching é capacidade de alterar a sua vida com a aplicação das perguntas certas e, para isso, é necessário ter, antes de mais nada, muita força de vontade. Nem todos possuem discernimento e a responsabilidade necessária para lançar mão de um recurso como esse. Claro que o procedimento de Coaching coordenado por um profissional é muito mais indicado. No entanto, a prática do autocoaching não dispensa o Coaching tradicional e deve funcionar no dia a dia daqueles que não temem mudanças e adaptações a realidade.
O trabalho constante contra o self talk (voz interior) ou, também conhecido como “papagaio de pirata negativo”, uma voz que fica sempre apostando na derrota e no fracasso, é uma das tarefas básicas do autocoaching. A cena, que deve ser extirpada, pode ser facilmente imaginada, a pessoa tem, no ombro, um papagaio que fica com aquela voz estridente sempre dizendo: - Não vai dar certo, não vai dar certo...
Para começar esse processo de autogerenciamento é, ao menos, necessário definir três pontos:
1 – Foco e objetivo: possuir uma meta clara do que deseja alcançar. Uma prospecção do futuro bem definida do que deseja ter como resultado. O que de fato se pretende: onde quer chegar com isso?
2 – Saber que a única constante é a mudança constante: se não está dando certo deste jeito é preciso mudar. Se fatos novos surgirem como empecilho no caminho do sucesso, mudar novamente será necessário e assim será por todo percurso até a meta desejada.
3 - Ter certeza que vale a pena: fazer as contas do que se perde e do que se ganha ao alcançar os objetivos pretendidos. Sempre que algo é incorporado, como sucesso, outra coisa e perdida. Pode ser, inclusive, tempo de convívio familiar ou relações de amizades que irão expirar com a mudança de cenário.
Desta forma, é necessário, antes de mais nada, saber se o investimento que pretendemos ter está alinhando com a real motivação. Ou seja, esse objetivo realmente vale a pena? De nada adianta o sacrifício necessário se, ao final, o resultado pode não ser totalmente satisfatório.
Agora que o objetivo está claro e já existe a consciência do esforço necessário é bom criar um pequeno relatório. Um Checklist de tudo que será necessário para que possa se montado um bom esquema de autocoaching:
1. Quais são suas necessidades?
Fato que todos temos algo que ainda é necessário ser incorporado as nossas qualidades e talentos. Mas, pouco preocupamos em saber o que de fato é uma necessidade e o que é apenas um desejo delirante. Quem não aspira ser um astronauta ou o melhor jogador de xadrez do mundo? Ser capaz de ler um livro por semana ou ainda escrever um romance de sucesso? Pergunte a si mesmo: isso é uma necessidade real ou apenas um dos muitos desejos que não irão somar de fato ao crescimento pessoal.
2. Quais são os seus recursos internos? É necessário aprender como acessá-los.
Definido o que é uma real necessidade é hora de traçar um plano para alcançar os recursos internos necessários para isso. O que devemos elencar como ferramenta de auxílio para ajudar na busca pelo nosso objetivo? Lembrando sempre que a técnica surge para nos igualar aos talentosos. Quem não possui uma capacidade afinada pode treinar até desenvolver o talento da mesmo forma que alguém, naturalmente, possui.
3. Tem medo ou vergonha de pedir ajuda? Melhor deixar isso de lado nesse processo.
Caso tenha identificado uma pessoa que possua elementos comportamentais ou emocionais que possam ser úteis em sua jornada, não tenha vergonha de perguntar qual o caminho das pedras. O máximo que pode ocorrer é ouvir um não e, como consequência, voltar a posição inicial: ou seja, não perde nada por tentar.
4. Elevar a autoestima. Não precisa nem saber em que nível estar: elevar sempre é bom.
Como psicólogo clínico que atende todos os dias da semana posse afirmar, sem sombra de dúvida, que autoestima nunca é demais – apenas com a cautela de não se tornar arrogante. Uma boa autoestima irá prover saúde, ânimo e uma enorme vontade de se levantar cedo da cama para conquistas o mundo.
5. Se tornar responsável por todas as suas ações e consequências.
Sim! Principalmente das vitórias. Por incrível que possa soar, uma pessoa com baixa autoestima irá responsabilizar a sorte (ou azar) pelos seus resultados. Pode culpar todo mundo (inclusive Deus) pelos seus resultados sejam eles quais forem. Assim, assumindo seu risco pelas escolhas e resultados fica mais fácil achar o culpado para perdoar e o autor da vitória para premiar.
Lembrando apenas que uma lista deve ser criada onde as duas primeiras perguntas (acima) devem estar intrinsecamente ligadas ao processo em si. Ou seja, elas irão fazer parte das perguntas que geram mudanças no autocoaching.
No entanto, é bom sempre assinalar, que também é muito importante separar o que é “seu” do que é do “mundo”. Algumas mudanças dependem da própria pessoa, mas, nem todas. Não se pode esperar que outros indivíduos tenham atitudes só porque assim alguém deseja. Dentro dos seus projetos de crescimento isso deve estar bem claro para que não existam decepções no futuro.
De fato, nem é necessário possuir um treinamento extensivo para começar a aplicar o autocoaching hoje mesmo. Apenas se dê ao trabalho de ler este texto mais uma vez com um caderninho do lado. Faça suas anotações e comece a trabalhar em si mesmo fazendo do tempo seu aliado, e não inimigo.
Por Prof. Dr. João Oliveira