Não há nada de errado com os feriados, são justos e merecidos. O problema está na relação que algumas pessoas podem manter com esses dias transformando, à espera da folga, em um martírio de dor e sofrimento. Mas, como disse o humorista Renato Aragão: - “Para quem gosta do que faz, todo dia é feriado”.
Houve uma época nos EUA que os consumidores se preocupavam em saber o dia da semana em que os carros eram fabricados. As pessoas temiam comprar carros que tivessem sido montados em uma segunda ou sexta feira. A alegação era simples, nesses dias as pessoas não estavam realmente focadas no trabalho mas, envolvidas na pré e pós atividade do final de semana.
De fato, muitos são aqueles profissionais que colocam as datas festivas como marcos significativos em sua agenda. Períodos que devem ser celebrados para que a vida tenha algum sentido. Porém, certas categorias operam sob escalas sem direito a participação da mesma forma que outros nos dias de folga. Saúde e segurança são apenas dois itens, os mais conhecidos, que englobam um vasto naipe de serviços essenciais. Além deles, a sociedade necessita de muitos outros trabalhadores que não podem parar nesses dias como: transporte público, bares e restaurantes, porteiros e, não se pode esquecer, das farmácias de plantão.
Para estes, que labutam enquanto outros de divertem, resta a possibilidade de ressignificar os seus momentos de lazer. Afinal, eles muitas vezes têm suas folgas na contramão das multidões: se divertem quando todos os outros estão trabalhando. Assim, praias mais vazias, menor número de engarrafamentos e restaurantes com mesas de sobra compensam a falta de sincronicidade com a agenda oficial.
De alguma forma, consciente ou não, vai existir na maior parte dos elementos produtivos da sociedade uma certa ansiedade envolvendo a espera dessas datas. Isso ocorre porque existe uma cobrança do meio social para o aproveitamento máximo dos feriados. Uma obrigação de extrair o máximo possível de prazer e depois prestar contas de seus feitos nas redes sociais. Viagens, passeios ou qualquer outra atividade de lazer torna-se, de fato, um desafio: deve ser registrado para comprovação e aprovação social. Perde-se assim, a leveza do momento e criando um estado de estresse justamente quando se planejava o contrário.
Algumas empresas já perceberam isso e o RH providencia, logo no início do ano, um leque de possibilidades de aproveitamento de férias e dos feriados. Com acordos fechados, com algumas empresas de turismos, os funcionários podem desfrutar de descontos nos pacotes de viagens e já deixar tudo devidamente agendado, diminuindo assim a carga de ansiedade e peso financeiro.
Verdadeiras excursões são montadas e esses momentos tornam-se agregadores de valores ao ambiente corporativo. Equipes inteiras, com suas famílias, podem se incluir voluntariamente em vários tipos de práticas lúdicas criando laços que fortificam a cultura organizacional. O atrativo maior é o custo financeiro diluído podendo proporcionar experiências grupais fantásticas que seriam inacessíveis, caso fossem feitas de forma isolada.
Assim, as empresas que se preocupam com a manutenção de uma boa cultura organizacional, optam por ocupar um espaço lúdico que é capaz de expandir laços de fraternidade e segurança grupal. Não se trata de uma multiplicação de seminários ou dinâmicas, apenas criar facilidades para que as pessoas possam se divertir de forma conjunta investindo nos laços adquiridos na instituição. As relações se tornam mais fortes e isso gera, na volta ao ambiente produtivo, uma melhor comunicação entre os pares.
Muitas empresas de grande porte vão além dessa abordagem e criam verdadeiras instituições paralelas que geram: moradias em condomínios exclusivos, universidades corporativas e vários outros serviços de apoiamento aos funcionários fora do ambiente de trabalho. Até mesmo o processo demissional, com vistas a uma futura colocação do funcionário no mercado de trabalho em nova instituição, pode ser diferenciado quando o RH tem a real preocupação com o ser humano.
Os feriados, portanto, podem deixar de ser um problema para as empresas, já que a falta de atividade tende a baixar a produtividade e se transformar em um investimento em uma cultura sólida dentro da instituição. Tornar os elementos produtivos membros de uma única família que visa o sucesso da empresa é o sonho de todo bom gestor. Isso torna-se uma garantia de boa produção com menores índices de conflitos entre os elementos.
Dessa forma, uma nova oportunidade de crescimento é gerada. Uma boa regra para criar novos momentos deste perfil é listar todos os possíveis problemas e tentar transformar a linha de abordagem. Um olhar diferenciado pode gerar grandes possibilidades de investimento no ambiente corporativo. Criatividade é o ponto central de todo setor de RH, permitir inovações que possam tocar o grupo sempre com incentivos voltados para melhoria das relações institucionais.
Todo momento canalizado para fortalecer a cultura organizacional irá refletir em um corpo produtivo mais focado no bem comum: a instituição.
Por Prof. Dr. João Oliveira
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