Este é um assunto que, de quando em vez, vem à tona com algum pesquisador mais atento. Lembro que o Marshall McLuhan, em 1969, com os seus pensamentos sobre as “Galáxias” para diferenciar as fases do desenvolvimento humano, tratou disso em seu livro “A Galáxia de Gutenberg” (título no Brasil). Ele não foi o único, mas é o que tem maior reconhecimento. Nós mudamos muito com a alfabetização, pois isso ensina ao cérebro a organizar suas estratégias com base no conteúdo verbal.
Pensamos por palavras! Nossa mente conversa, no diálogo interno, do mesmo jeito que falamos com outras pessoas. Nós estamos, cada vez mais, deixando de pensar por imagens. Somente durante os sonhos podemos perceber a grande diferença, pois nele o desenrolar é basicamente dentro de imagens e, todos nós sabemos, a velocidade de processamento do cérebro aumenta de forma surpreendente durante os sonhos.
Um dia, nos idos anos 60, na piscina de treinamento no Laboratório de Flutuabilidade Neutra do Centro Espacial Lyndon B. Johnson (Houston, Texas, EUA) um astronauta está testando um novo tipo de microfone. Os engenheiros chegaram a conclusão que os dois microfones ficavam muito mal colocados, um de cada lado da face próximo aos lábios, mais ou menos sobre a boca. O pensamento é que poderiam ter melhor rendimento se fossem colados ao pescoço. Isso facilitaria, inclusive, a visão. No espaço qualquer milímetro pode ser muito importante e, ampliar o campo de visão era o objetivo maior deste experimento.
Em certo momento, durante um treinamento dentro da piscina, onde pesquisavam sobre a ausência de gravidade, o operador pede ao astronauta para repetir o que havia dito pois ele não tinha escutado bem. O astronauta retruca que não havia dito nada. Mas, de novo, o aparelho sinalizou como se algum som fosse emitido, mesmo com o astronauta em silêncio absoluto.
O que estava ocorrendo? O que, naquele momento havia sido descoberto? Os microfones, ultrasensíveis do laboratório agora sobre o pescoço, estavam captando a subvocalização das palavras. Surpreso?
Quando o pensamos fazemos isso com palavras. Nossa estrutura de pensamento utiliza o código verbal para criar estratégias ou reorganizar pensamentos, o diálogo interno, esta voz que está agora na sua cabeça lendo este texto.
Tudo certo até aqui?
Pois bem, para fazer isso o sistema mecânico da fala é acionado e, tudo se movimenta na garganta, existe atividade dentro da laringe e até mesmo a corda vocal vibra, com menor energia claro, mas movimenta sim o aparelho fonador como um todo – lembra do engasgo quando pensava alto e comia ao mesmo tempo? - o microfone captava o ruído que isso produzia: o som do nosso pensamento .
Um momento? Onde está o problema com isto, tem algo errado?
Acontece que nós só conseguimos articular, no máximo, 250 palavras por minuto então, nossa velocidade de pensamento fica travada na velocidade da fala. Isso diminui, por exemplo, a velocidade de leitura também. Podemos inferir que isso não é natural, pois, quando sonhamos, o cérebro alcança uma velocidade incrível. Nos sonhos prevalecem as imagens. Caso pudéssemos pensar, só com imagens, seríamos bem mais rápidos nas soluções. Felizes são os orientais que tem muitos ideogramas nos seus idiomas, símbolos que contém múltiplas informações.
Para acelerar este mecanismo existe um truque. Livrar o sistema do pensamento de estar atrelado ao da fala. A partir de agora continue lendo, mas, com sua boca, faça qualquer som monossilábico, em de poucos instantes você está lendo muito mais rápido sem perder nada na compreensão do conteúdo.
Esse é mais um indício que a fala surge como um acessório e não como meio principal de comunicação.
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