Quando ouvimos
a palavra oportunidade associamos naturalmente a outra que, de fato, pouco tem
a ver: sorte. Esse é um pensamento muito comum entre profissionais que observam
outros em plena ascensão sem se dar conta dos fatores envolvidos no processo de
crescimento no ambiente institucional e como isso pode ser possível se todos ao
mesmo tempo só falam de crise em todos os setores.
Alguns pontos
devem ser observados e, o primeiro deles, é o preparo do profissional que
deseja alçar voos mais altos. O investimento deve ser apenas na direção de
aquisição dos conhecimentos técnicos necessários para uma determinada posição.
Lógico, que isso faz parte do processo, mas, nos dias atuais, uma graduação,
apenas, não é certificação que garanta um brilho especial no currículo.
Dessa forma, o
profissional precisa se especializar cada vez mais. A busca por cursos livres,
pós-graduações e especializações diferenciadas podem fazer toda diferença na
hora da escolha de um novo gestor na organização. No entanto, o investimento no
processo pessoal de administração emocional provavelmente é o tempero mais
relevante quando a oportunidade sai em busca de preparo.
Sabemos que o
gestor eficiente não é necessariamente um expert em todos os perfis
profissionais que gere. De fato, o gestor, é o elemento que consegue navegar
bem entre pessoas cuidando de aspectos gerais e individuais mantendo a equipe
focada no objetivo principal. Por isso, ele é antes de mais nada, um gestor de
emoções. Cabe então ressaltar que não se pode aplicar fora o que não se tem
dentro e, nesse caso, a administração emocional é um forte elemento
diferenciador de um bom ou mal gestor.
As
oportunidades estão sempre nas mãos das pessoas que decidem quem deve subir ou
descer na empresa. Por isso, agir com ética e respeito a todos é o mínimo que
se espera de alguém que deseja ser notado como preparado pela linha de comando.
Deixar claro que possui ambição de crescer e que está se preparando para isso
deve ser parte dos temas de conversas entre os companheiros de trabalho. Nem
sempre as pessoas são concorrentes diretos, pois algumas não querem assumir
responsabilidades, mesmo que isso possa trazer maior valor financeiro em seus
contracheques.
O ambiente
sempre é favorável ao crescimento. Se ocorre uma crise é necessário um novo
plano de intervenções e, se o mercado está em amplo crescimento, é preciso mais
profissionais de talento para gerirem a demanda. Ou seja, as oportunidades
sempre estão diante de nós, que podemos ou não percebê-las como tal.
Imagine a cena
de um recrutador que entra em um escritório e diz em voz alta que tem uma vaga
que paga cinco vezes mais o maior salário da instituição. Ele completa a frase
dizendo que, para se candidatar é somente necessário domínio pleno do alemão e
mandarim, pois irá atuar como intérprete desses dois idiomas nas futuras
negociações da empresa com empresários desses dois países. Provavelmente a
seleção interna não terá sucesso, afinal, dificilmente alguém se prepara tão
especificamente para uma oportunidade como essa.
Outro perfil
de oportunidade profissional se dá quando o ambiente oferta uma forma diferente
de atuação que pode dar uma grande possibilidade de crescimento. Isso pode
ocorrer, inclusive, fora do ambiente de trabalho em outra atividade
completamente nova.
Um exemplo de
aproveitamento de uma boa chance de mercado ocorreu no Rio de Janeiro, cidade
sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Com a questão da acessibilidade em
alta, o comércio teve de se adaptar rapidamente para prover rampas para
cadeirantes. Alguns pequenos empresários criaram rampas metálicas de fácil
encaixe que podem ser colocadas e tiradas das entradas das lojas todos os dias,
eliminando assim, o custo e o atrapalho causado por obras de adaptação. O
resultado pode ser visto por toda a cidade com pequenas rampas de alumínio
facilitando o acesso em cumprimento a uma determinação legal.
Estar atento às
informações de forma ampla faz parte do empreendimento quando o objetivo é
aproveitar oportunidades que nem sempre estão visíveis para todos. Pensar além
do trivial pode apresentar uma rede de possibilidades, antes imperceptíveis,
por ter um foco direcionado aos elementos do dia a dia. Quando não se consegue
ir além do que o próprio caminho oferta, é melhor buscar um novo destino com
probabilidades de sucesso.
Por isso, o
trabalho emocional é provavelmente o mais importante de todos: estar bem
consigo mesmo e com a autoestima no lugar é imprescindível. O investimento do
preparo só irá obter resultado se houver coragem de se lançar como possível
candidato a próxima promoção ou, uma nova realidade de atuação profissional que
pode ser em outra instituição ou mesmo como empreendedor de sua própria ideia
de negócios.
Só há destino
finalizado para quem nisso acredita. Ficam as dicas essenciais para permitir o
surgimento de oportunidades:
- Estar sempre
preparado. Da melhor forma possível seja tecnicamente ou emocionalmente. O
investimento é mais do que necessário caso exista o desejo de crescer
profissionalmente.
- Manter o
networking em constante crescimento. Basta lembrar que as escolhas dos nomes
que ocuparão cargos de gestão são feitas por pessoas que conhecem outras
pessoas. O currículo é importante, mas, conhecimento pessoal é tudo.
- Observe
outras atividades fora de seu eixo principal. Muitas vezes, a oportunidade pode
estar em outro modelo profissional próximo ao seu perfil de atuação.
- Converse
mais, ouça mais, leia mais. As boas informações já existem: é somente
necessário acessá-las.
Vai longe no
passado o período em que uma carreira podia ser medida, em seu sucesso, pelo
tempo de trabalho na mesma função. Hoje, um profissional que está estagnado
numa mesmo posição por muitos anos pode ser considerado obsoleto se não agregar
novas habilidades as suas capacidades já existentes. Procurar o crescimento não
é somente uma busca por mais altas remunerações é também uma apresentação de
dinamismo e pró atividade. Toda instituição, mesmo em momentos de severa crise,
preserva aqueles que agregam mais valor. São esses que podem possuir a chave de
ignição para o sucesso esperado por todos.
Por Prof. Dr. João Oliveira