Desde que as emoções foram descobertas por Darwin como elementos imprescindíveis para a manutenção das espécies muito se tem estudado sobre como elas afetam o comportamento de uma forma geral, principalmente no rendimento profissional das pessoas. A inteligência emocional é uma capacidade requerida como essencial em qualquer instituição que zele pela alta produtividade.
A pergunta que todos fazem é: - Como se forma um perfil emocional?
Compreendemos que os pais têm, de fato, uma forte influência sobre os filhos, principalmente no período da infância, onde a personalidade, o perfil emocional da criança tem sua base formada. Assim, o modo como os pais tratam seus filhos vai contribuir diretamente para a construção de uma identidade e do senso de valor individual, que se desenvolve a partir de alicerces fortes ou frágeis.
Através desse primeiro contato com o universo das regras sociais podemos ter variações que podem ser benéficas ou prejudiciais. O perfil da educação imposta pelos pais, colégio ou mesmo a religião vai fazer uma grande diferença no resultado final desse sujeito profissional.
Caso a estrutura inicial seja extremista do tipo punitiva demais ou, ao contrário, permissiva demais, teremos uma forte probabilidade de a criança desenvolver uma atitude defensiva ou sem limites para as regras impostas. Das duas formas o resultado final seria negativo.
Na década de 1970, o psicólogo Walter Mischel, professor da Universidade Stanford, fez um estudo com crianças oferecendo a elas a escolha entre uma pequena recompensa (geralmente um marshmallow) que era entregue na hora ou duas pequenas recompensas se o retorno do pesquisador que sairia da sala fosse aguardado. Esse estudo ficou conhecido como o Experimento do Marshmallow que se referia à recompensa retardada. Os resultados revelaram que as crianças que eram capazes de esperar por mais tempo pelas pequenas recompensas tinham tendência a ter melhor êxito na vida.
Apesar deste estudo ter sido feito há mais de 40 anos ele é muito atual, pois os adultos que foram reforçados positivamente e adquiriram a capacidade de esperar a recompensa por seus investimentos e ações, tendem a efetivar planejamentos, pensar a longo prazo e não apenas na satisfação imediata, o que é altamente relevante no mundo corporativo.
Sabemos, portanto, que o senso de valor próprio e a estrutura emocional de um jovem profissional é construído ao longo do tempo na relação com os pais, com os professores, com os amigos, com o mundo que o cerca, desde a primeira infância. É ele que vai direcionar o modo como a pessoa, na vida adulta, usufrui de sua liberdade, faz suas escolhas e assume a responsabilidade pela sua própria vida.
No entanto, isso não precisa ser uma condenação. Não se trata de um caminho que não se pode ser alterado. Na percepção de alguma falha emocional, dificuldade de convívio ou de executar atividades em grupo, deve-se buscar auxílio profissional para direcionar ajustes internos. Ressignificar é a palavra do momento da mesma forma como resiliência foi há alguns anos. Investir na alteração do próprio perfil psicológico vai gerar resultados positivos em todos os ambientes tocados pelo sujeito.
Os recursos internos podem ser direcionados de forma a moldar um novo tipo comportamental mais adequado as estruturas institucionais. Para isso, existem várias ferramentas na atualidade como a programação neurolinguística, psicoterapia breve, terapias analíticas, a hipnose clínica voltada para a modelagem e treinamentos de imersão. O profissional que deseja superar seus próprios limites deve comprometer parte de seu tempo na busca desse polimento na personalidade.
O mercado valoriza cada vez mais os jovens profissionais que estão constantemente investindo em suas carreiras, com a aprendizagem continuada e desenvolvimento de expertises que possam se coadunar com os objetivos organizacionais. Então, esses sujeitos melhores preparados terão mais oportunidades e isso implica maturidade emocional e o desenvolvimento de competências comportamentais, além dos títulos adquiridos no processo de sua formação.
O profissional que pode ser bem-sucedido em sua área é hoje aquele que reconhece suas forças e também suas próprias fraquezas. Trata-se daquele que consegue investir em si mesmo para superar limites, que apresenta características fortes de inteligência emocional, relacionamento intra e interpessoal, gerenciamento da vida pessoal e profissional, coerência das escolhas profissionais e maturidade para lidar com frustrações, sendo resiliente, buscando novas oportunidades e ressignificando tudo que possa existir na sua história de vida que lhe cause desconforto emocional.
O mundo moderno competitivo não dá lugar para as fortes raízes que muitos se orgulham de ter. Raízes prendem as árvores ao solo e estas não se movem a não ser ao sabor do vento. Melhor é ter boas âncoras, essas podem ser erguidas para permitir ao barco navegar quando desejar.
Simplificando: não podemos esquecer nossas origens e como a vida moldou nossos caráteres. No entanto, podemos alterar a forma como percebemos essas impressões do passado e trabalhar na direção de um futuro mais promissor. Transformar quem somos, para melhor, deve ser um processo natural e cotidiano.
Por Prof. Dr. João Oliveira
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