Provavelmente,
os gestores e seus líderes de equipe podem estar diante de situações jamais
previstas na economia de mercado que surge como subproduto do momento político
nacional. A impossibilidade de prever as rápidas mudanças causa turbulências
que resultam em perdas substanciais muitas vezes impossíveis de serem
recuperadas.
Como fazer previsões, dentro de
uma realidade como essa? É impraticável. Em um primeiro momento, talvez a
avaliação que se faça é que a melhor forma de minimizar as possíveis perdas é
uma política interna de recessão, que também pode ter impactos negativos de forma
direta e acabar prejudicando essa mesma estrutura interna e refletindo, negativamente,
na produtividade e/ou serviços. Caso não existam intervenções assertivas o
momento pode destruir toda história de conquistas na construção do estado de
ânimo do corpo laboral. Um forte aparato de ferramentas deve ser colocado em
serviço pelo departamento de RH.
Procurar manter elevado
autoconceito realmente envolve um grande esforço dos gestores e líderes, mas, é
o investimento que pode manter uma força coesa em prol da manutenção de um
estado de ânimo positivo. Lembrando apenas que esforço não significa custo
financeiro e sim criatividade e atitude.
Elementos simples podem ser
incorporados ou, caso já existam na organização, devem ser valorizados com uma
incrementação de valores. Começando pelo Briefing e Debriefing.
Processos simples e fáceis de serem efetuados que, necessariamente, nem
precisam ser realizados pelos líderes de fato. Pode existir uma rotatividade
nessas ações.
O Briefing
– que ocorre no início da jornada – trata-se do momento em que a missão é
declarada e os valores da empresa ressaltados, direcionando o sentimento de
pertencimento para um objetivo comum. O time se une para enfrentar mais um dia
que pode fazer toda diferença.
O
Debriefing – momento final do período de trabalho - um retrospecto
de toda jornada deve ser cuidadosamente relatado. Erros e acertos! O que ficou
para amanhã? Como podemos fazer melhor? Esse é o instante em que a equipe recupera a
agenda produtiva e se programa para a jornada seguinte. Os erros devem ser
destacados de forma impessoal, não se trata da pessoa e sim do problema. A
busca por soluções é conjunta e a prospecção de resultados deve ser discutida
de forma ampla.
Outro hábito que deve ser implantado é o Job
Rotation Senior. Já conhecido de todos, no momento da entrada do
profissional na empresa, a troca de funções pode ser uma boa alternativa para
criar elevação de moral. Maximizar o aproveitamento das habilidades ou
competências precisa ser o fator destacado do gestor em qualquer período de
crise. Aqui, a escolha pode ser do próprio colaborador, realizada por meio de
um simples instrumento de avaliação. Basta um questionário com poucas perguntas
avaliando se ele está satisfeito com o seu posto e, qual outra posição na
instituição ele se sentiria mais produtivo.
Talentos podem estar escondidos abafados pelos ruídos das preocupações
com o futuro. Permitir a realização de um sonho, que necessariamente não
significa realização profissional, é o mesmo que declarar confiança e respeito
pelo trabalhador. Ao fim do período programado uma nova e rápida avaliação deve
ser efetuada para aferir os resultados obtidos. Se o caminho apontado é a troca
de função, uma nova programação pode ser elaborada e um plano de realocação
pode ser colocado em prática.
Fato é que, no instante em que o gestor percebe a primeira parede de
vento da tormenta ele deve se preparar para o momento seguinte: o olho do furacão. Ao contrário do dito popular, estar no Olho
do Furacão não é igual a um momento cheio de turbulência, trata-se de uma
calmaria vigilante pois, o círculo de vento ronda os 360º do campo de visão. O bom gestor deve aproveitar o silêncio dos
ventos e montar suas barricadas compostas de tudo de melhor que seus
colaboradores podem possuir.
Como duplo pesquisador, o gestor (e também o líder de equipe) deve ter um
olho no telescópio, enxergando longe as movimentações externas, e o outro no
microscópio, descobrindo talentos em sua própria equipe e permitindo a extração
de toda capacidade desses elementos. A visão do jardineiro, que cuida
carinhosamente de suas flores deve ser imediatamente substituída pelo mineiro,
que cava em profundidade para extrair ouro do centro da Terra.
Focando no potencial interno, criando possibilidades para a manutenção de
uma elevada autoestima corporativa junto ao investimento para o surgimento de
habilidades inertes, a instituição pode transpor terrenos minados criando
pontes ao invés de passos letárgicos. A diferença está na credibilidade do
organismo institucional em suas capacidades de automotivação e renovação de
talentos dentro do mesmo grupo.
Bernardino Ramazzini, célebre médico italiano, em 1700, efetuou a
primeira classificação e sistematização de doenças do trabalho com a publicação
de seu livro: De
morbis Artificum Diatriba, considerada um verdadeiro marco na
análise e das doenças que podem surgir com a atividade laboral. Dessa época,
até os tempos atuais, poucos foram os pesquisadores que investiram na
possibilidade da atuação, no ambiente de trabalho, servir como componente na
construção de uma saúde física e mental. O contrário parece mais fácil de ser
alcançado.
Por Prof. Dr. João Oliveira
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