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quarta-feira, 27 de abril de 2016

CANAL SENSORIAL PREFERENCIAL EM RH



Por João Oliveira

Ter conhecimento dos sistemas representacionais tem uma enorme importância no ambiente corporativo, pois potencializa a comunicação em um nível de excelência. Caso a sigla PNL lhe cause estranheza tenha bastante atenção nessa leitura, afinal, trata-se de uma forma de mudar a maneira de como vemos e entendemos o mundo.
A PNL, Programação Neurolinguística, tem sua atenção voltada para três pontos da estrutura perceptiva humana:

1) Programação -  entende que todos nós possuímos, como um computador, uma programação que formata o mundo como percebemos ao nosso modo. Assim, as experiências de vida, modelo familiar, religião e muitos outros aspectos de nossa existência, acabam modelando quem somos e como entendemos a realidade ao nosso redor.

2) Neuro – Parte do princípio que todos temos um sistema neural dotado de cinco sentidos capazes de codificar o mundo para ser analisado e interpretado pelo cérebro. É a parte do que seria o hardware nos computadores.

3) Linguística – Forma de acesso à essa programação que pode ser verbal ou não verbal. A estrutura interna só é alterada através de estratégias linguísticas além das próprias experiências. 

Tendo isso como pano de fundo podemos focar nos Canais Sensoriais Preferenciais. Algumas pessoas especializam o modo como absorvem as informações. Algumas são visuais, outras sinestésicas e, outras ainda possuem o canal auditivo muito apurado.  O ideal é que, para ser um bom comunicador, o profissional de RH tenha uma distribuição equilibrada entre esses três canais sensoriais.

Ocorre que grande parte das pessoas acaba se tornando, por um motivo ou outro, muito especializada em apenas um canal. Dessa forma, podemos encontrar pessoas que são altamente visuais deixando de lado os elementos da comunicação sinestésica e auditiva. Algumas que, por serem muito sinestésicas, acabam valorizando apenas aquelas que lhe interessam e deixando todo resto das informações de lado e, por último, as auditivas que também podem sofrer perda de conteúdo relativas aos outros canais menos significativos para elas.

Nem todas as pessoas apresentam enorme divergência entre os canais. Podemos encontrar profissionais que lidam muito bem com todo o perfil de inputs e, por isso, podem desfrutar de mais recursos na hora de lidar com situações de escolha. Afinal, eles entendem a comunicação que chega com mais detalhes que outras pessoas. O mundo fica maior.

O visual prefere ter as informações por escrito, aprecia gráficos, cores e apresentações de slides bem elaboradas. Já o sinestésico irá apreciar mais o toque nos objetos, nesse caso ter miniaturas, maquetes ou o próprio produto irá potencializar o entendimento. O auditivo, claro, prefere uma comunicação oral bem detalhada já que sua memória nessa área é excelente.

O grande desafio do profissional de RH é saber como lidar com todos de forma a não criar ruídos no processo comunicativo permitindo que a informação chegue clarificada para todos os perfis de sistema representacionais. Na prática, agradar gregos e troianos.

Ao montar a estratégia de intervenção, o profissional pode se valer de uma escuta ativa usando algum colaborador como referencial em determinado canal. Como fazem as grandes empresas quando solicitam uma pesquisa qualitativa: pequenos grupos de pessoas apreciam e discutem sobre o produto com ou sem interferência do pesquisador. No caso específico da empresa que propõe uma ação comunicativa para todo o corpo laboral, o ideal é que elementos já percebidos como expoentes em um único canal sensorial sejam submetidos ao conteúdo e, após isso, dê o feedback à equipe para que seja aferido o grau de entendimento.

Assim, o RH pode eliminar falhas na raiz e propiciar uma maior facilidade de acesso ao estado natural de interpretação de cada um. As imagens mentais, o self-talk, sensações e sentimentos podem ser barreiras ou aliados se os blocos de informações forem bem elaborados. Cuidar para que o corpo laboral entenda o que a linha está propondo já faz toda diferença no resultado.

Muitas vezes o conteúdo está colocado de forma impecável para um elemento receptor altamente visual. Mas, deixa muito a desejar para o entendimento de um auditivo que pode ter uma compreensão errada e ter atitudes contrárias às pretendidas pelos profissionais que elaboraram o material.

Todo o cuidado é pouco quando se lida com um grupo, mesmo que pequeno, de pessoas. Vale a premissa: “comunicação não é que se fala, é o que se entende”. Os outros, que são tocados pelo conteúdo que geramos, podem receber aquilo que falamos e fazemos através dos seus mapas mentais personalizados. Sempre que alguém ouve de forma distorcida o que para nós é claro, nos permite uma correção na forma como colocamos nossos pensamentos no mundo.

Mesmo fora do ambiente institucional esse conhecimento é valioso. Perceber como o outro entende e, principalmente, quais são nossas próprias falhas perceptivas. Saber qual é o canal mais forte e, se existem canais representacionais menos potentes, nos alerta para a possibilidade de tentar melhorar nossa capacidade de coletar dados informacionais do ambiente.

Trazendo para o dia a dia, muitos casamentos ou amizades podem ter pouca durabilidade simplesmente porque os elementos envolvidos não conseguiram adaptar seus processos representacionais do mundo de forma a poder alcançar o outro em seu entendimento.

Existem vários testes on line disponíveis na internet para quem quiser descobrir qual o seu canal sensorial preferencial. Não se preocupe com resultados que apontam diferenças absurdas pois, não há nada que não possa ser alterado com treinos utilizando a neuróbica. Nossa mente possui uma incrível capacidade de mudanças, principalmente quando assim queremos.

terça-feira, 26 de abril de 2016

OS PARISIENSES SOLTAM PUM NA RUA?



Por João Oliveira 



Percebemos uma falha no questionamento título desse texto: “ Os parisienses soltam pum na rua? ”. Óbvio que não podemos partir do princípio que todos humanos têm a mesma fisiologia para justificar um comportamento que pode ser cultural ou não. Além disso, essa pergunta é um tanto aberta é necessita de certos ajustes para que possamos aplicar uma metodologia científica de pesquisa de campo afim de apurar se o fato é real ou não.


Em primeiro lugar como podemos definir “parisienses”? São os nascidos na cidade de Paris, capital da França ou simplesmente os que lá residem há muito tempo? Vale também a pena saber se os naturalizados estão inclusos nesse mesmo grupo e, se as pessoas que receberam títulos de cidadãos honorários desta mesma cidade, podem também figurar no espectro de parisienses.


Imposta essa limitação, que deve estar clara logo no início, outros parâmetros precisam ficar bem definidos para que não existam discrepâncias nos resultados possíveis.


1 – Entra em jogo a idade da população entrevistada? Isso é relevante, pois, como sabemos, as crianças e adolescentes, sem a devida maturidade, podem lidar com essa função fisiológica de diversas formas, o que pode comprometer a apuração dos dados.


2 – A alimentação será questionada? Sim, afinal, certos alimentos são mais propensos a gerar gases que outros. Dessa forma, é possível que alguns indivíduos pesquisados possam ter comportamentos únicos, diferente de seus pares, apenas por um almoço com maior volume de feijão ou batata doce.


3 – O que é considerado “rua” pelo pesquisador? Notamos que a cidade de Paris possui muitas vielas e ruas sem tráfego de automóveis, bairro Latino, por exemplo, como esses caminhos serão considerados? As áreas livres em condomínios fechados estão abarcadas na categoria rua? O questionamento é pertinente, afinal, com base simplista, estar fora de casa – seja onde for – já pode ser considerado como “rua”.


Podemos ainda questionar como os dados serão coletados. Uma simples pesquisa de opinião pode não revelar a pura verdade. Diante de tal questionamento, pode ser grande a possibilidade de um constrangimento ao responder positivamente ao pesquisador. Principalmente se o mesmo for do sexo feminino. O ideal seria a utilização de equipamentos acoplados ao corpo do pesquisado, em posicionamento preciso, para coletar a emissão de gases durante o dia e depois confrontar com o mapeamento do GPS. Somente assim seria possível um mensuramento mais preciso.


A ciência que existe hoje só ocorreu porque alguém tinha uma pergunta sem resposta. A busca pela verdade é algo que sempre moveu o homem em sua escalada da construção de uma sociedade dotada de um maior número de recursos. Porém, devemos ter cautela ao dispor nosso tempo em determinados temas que podem, ou não, serem de fato significativos para a evolução do homem, como espécie dominante do planeta ou como indivíduo em busca de seu próprio crescimento pessoal.


Resumindo: algumas perguntas não merecem respostas.

domingo, 17 de abril de 2016

O AÇOUGUEIRO QUE AMAVA AS VACAS



Por João Oliveira


O expresso transiberiano já estava começando a cruzar o deserto de Gobi na Mongólia quando os dois homens se encontraram em um dos luxuosos vagões restaurante do trem. O espaço estava lotado e, para se sentarem ao lado da janela os dois estranhos tiveram de dividir a mesma mesa.

As feições revelavam as origens, um claramente chinês, provavelmente voltando para casa em Pequim e o outro um moscovita de primeira classe, isso facilmente percebível pelo tom avermelhado de suas gordas bochechas. O chinês contemplava a imensidão do deserto quando o outro iniciou a conversa em seu próprio idioma:

- Não é lindo o vazio iluminado pelo pôr do sol?

Para sua surpresa o que deveria ser uma frase solitária e sem retorno recebeu resposta em uma fala carregada de sotaque, mas, perfeitamente compreensível:

- Sim! Nossos países são separados por tantas coisas diferentes e aqui o que nos separa é o nada: apenas areia.

- O senhor fala russo muito bem? Trabalha em Moscou? – Perguntou de forma solene.

- Na verdade aprendi a falar russo na China mesmo. Na adolescência tinha planos de morar em seu país. Mas, a vida me levou para outros caminhos. Hoje sou açougueiro em Pequim e tirei uns dias de férias em Moscou.

- Mas que grande coincidência! – Exclamou em alto tom o russo – Eu também sou açougueiro!

- Que grande coincidência mesmo: dois companheiros de facas se encontrando para jantar. O senhor é de Moscou mesmo?

- Sim, sou e o senhor?

- Sou do sul da China da região de Yulin.

- Sim! Já ouvir muito falar! – Exclamou com empolgação – Dizem que lá existe um festival onde o prato principal é a carne de cachorro. Que coisa terrível com esses pobres animais.

- Senhor. – Falou o chinês com o rosto pálido- Eu sou especializado em corte canino, sou açougueiro de carne de cachorro, um dos mais famosos em meu país.

O clima da mesa mudou radicalmente, mas, mesmo intimidado pela fala do chinês o açougueiro russo continuou o seu ataque:

- É um absurdo que a china ainda mate e coma cães e gatos. Esses são animais carinhosos e fieis aos homens.

Sem mudar sua postura e começando a saborear o jantar o açougueiro chinês falou em tom macio;

- Caro companheiro de facas. Não só a China aprecia os sabores das carnes de cães e gatos. No Canadá, Havaí, Suíça, Vietnã, Coreia do Sul e nas Ilhas Polinésias cães e gatos são servidos como carne de alto nível nas mesas mais exigentes.

- Como??? Isso não é possível! O mundo civilizado não teria esse comportamento absurdo! – Espantou-se o açougueiro russo – Carne para se comer só mesmo de vacas, porcos, galinhas, cabritos, perus, ovelhas ...

- A lista é grande não é mesmo? Eu, por exemplo, não como carne bovina. Tenho um apreço especial por esses animais. Na verdade, em nossa casa no campo, crio vacas para leite e seria incapaz de matar uma delas para comer.

O russo, naquele momento, parou de respirar por alguns segundos. Olhando firme nos olhos do chinês disse:

- Está me dizendo que você tem vacas como animais de estimação?

- Sim! Acho que sim, todas têm nome, andam soltas pelas nossas terras... delas só extraímos o leite mesmo. – Falou calmamente o chinês que já estava quase terminando o seu prato enquanto o russo ainda não tinha experimentado uma única colherada da sopa servida a bordo.

- Como isso pode ser possível? - Questionou boquiaberto o russo. – Esses animais são criados para se comer! Já os cães e os gatos são animais diferentes.

- Essa é uma fala que merece um grande destaque amigo de facas: qual seria o animal criado para se comer? Existe alguma diferenciação entre esses animais?

- Claro que sim: é uma questão de amor! Não se come um bicho que você ama.

- Isso – disse o chinês- Isso mesmo. Eu amo as vacas, o senhor ama cães e gatos. Isso define o que pomos na mesa para comer e o que decidimos tratar com carinho e respeito. Apenas isso.

Lá fora o tom laranja do deserto foi dando lugar a um azul escuro. Os dois açougueiros, sentados à mesma mesa, saboreavam uma sopa de legumes, algo que não causava nenhum distúrbio cultural sobre suas preferências de corte.


terça-feira, 12 de abril de 2016

O NOVO MENTORING



Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)


A velocidade de mudanças que ocorrem no mercado acaba por imprimir um determinado perfil de resolutividade nas instituições que desejam se manter no ambiente de competitividade. Torna-se necessário ter profissionais qualificados disponíveis para atender as demandas que se tornam cada vez mais urgentes. Os profissionais devem possuir agilidade nas resoluções dos problemas que surgem com assertividade: a empresa não pode parar para pensar muito.

Uma forma de preparar esses profissionais para uma atuação com menor taxa se erros é manter, de forma contínua na empresa, o Mentoring Interno bem atuante. Profissionais mais experientes que passam conhecimento para os mais novos auxiliando na formação profissional no perfil mais adequado àquela empresa.

No Brasil enfrentamos algumas dificuldades quanto a plena atividade do Mentoring em alguns perfis profissionais. Por um lado, alguns veteranos temem passar seus conhecimentos e serem substituídos pelos colegas mais novos e, pelo outro, os jovens querem propor mudanças radicais para implementarem estilo próprio e marcarem território.

Em muitas outras instituições onde a comunicação é clara e a estabilidade para o elemento produtivo é garantida, o mentoring consegue se estabelecer e dá bons frutos. Nos países onde esse processo faz parte da estrutura normal de trabalho, o resultado é aferido pelos lucros alcançados. A General Eletric do Jack Welch talvez seja o exemplo mais presente de como uma companhia pode crescer rapidamente usando o mentoring como estratégia de preparação profissional. O próprio Welch preparou o seu sucessor e, enquanto esteve à frente da G.E. atuou como mentor, diretamente, com 750 executivos da companhia.

No entanto, existe um outro perfil de mentoring que não fica retido entre as paredes da instituição: o mentoring externo. Empresas que possuem interesses comuns, e que não são concorrentes entre si, podem se auxiliar mutuamente provendo conhecimento específico umas às outras que podem alavancar produtividade, dando lucratividade aos dois lados da mesa.

As vantagens são muitas para as empresas que conseguem estruturar esse tipo de relação com outra instituição:

1 – Ampliação da rede de mercado: os clientes de uma empresa podem também se beneficiar dos serviços ou produtos da outra.

2 – Sinergia: novas ideias de atuação no mercado sempre surgem quando existe um mentoring eficiente. Até mesmo novos produtos podem ser lançados com a participação de duas ou mais empresas.

3 – Especialidades se completam: produção, distribuição, pontos de venda, treinamento de equipes, atendimento... os ramos de atuação são inúmeros e, quando existe confiança entre as partes as ações são exponencialmente ampliadas.

4 – Credibilidade no mercado: quando as empresas se apresentam no mercado no formato de compartilhamento das soluções ampliam suas estruturas de confiança. Afinal, o cliente agora pode contar com dois gestores capazes de solucionar possíveis problemas com o produto/serviço.

5 – Melhores profissionais: em todo intercâmbio sempre existe grande troca de conhecimentos e experiências.  Mentoring externo apresenta outros pontos de vista sobre o mercado e pode acrescentar muito aos profissionais envolvidos.

Existem várias maneiras de criar uma relação de mentoring externo entre as instituições. Isso vai depender, em grande parte, do perfil das instituições envolvidas. Um tipo muito comum é o da assistência técnica. Uma empresa cria um produto que será distribuído em uma grande área, mas, não possui uma estrutura de atendimento ampla e, por isso prepara pequenas empresas para serem credenciados em determinadas áreas no que tange ao atendimento do cliente.

O segundo mais comum é a rede de distribuição seguido de perto pelos pontos de venda especializados. Da mesma forma uma indústria foca seus esforços na preparação do produto e, compartilha esse produto com suas especificidades para outras empresas que fazem o processo de distribuição e outras que adotam a exclusividade de vendas desse mesmo produto.

O mundo de hoje dá preferência aos profissionais e empresas especialistas. Até aceita os generalistas, mas, sempre que comparados, os que se apresentam como voltados exclusivamente para um produto/serviço acabam levando vantagem. Nesse ponto o valor do produto/serviço pode ser até um pouco mais caro, desde que o cliente perceba que o fornecedor é capaz de solucionar qualquer situação de revés no futuro em relação ao que está sendo adquirido.

Provavelmente a relação de mentoring mais antiga é a que dá nome a esse processo; Mentor foi deixado por Ulisses, rei de Ítaca, para que instruísse seu filho, Telémaco, até sua volta da guerra de Troia. A história, contada por Homero em “A Odisséia”, coloca Mentor na posição de responsável pela educação de Telêmaco e pela formação de seu caráter ensinando valores para que este adquirisse sabedoria em suas decisões. 

A força dessa relação e a posterior renovação da mesma história em 1699 pelo escritor francês François de Salignac, que escreveu “As Aventuras de Telêmaco”, acabou por dar projeção ao personagem Mentor ao ponto de ser criado um verbo: mentorear. Assim, de forma semântica correta, é possível mentorear e ser mentoreado.

Estar sempre aberto as novas possibilidades de crescimento sendo capaz de analisar os conceitos envolvidos para, com sabedoria, aproveitar o melhor que o outro possui para nos ofertar pode ser o diferencial que o sistema de mentoring nos apresenta. Se ainda não esteve dentro deste sistema, se prepare, ele com certeza está cada vez mais próximo de todos nós que queremos avançar em nossas atividades profissionais.


quinta-feira, 24 de março de 2016

NÃO SEI SE ME FAÇO ENTENDER




Por João Oliveira 

Haja vontade de agir e mudar! Diante de tanta dificuldade não me mudo, e fico mudo aqui sentando sobre a mesa questionando sobre a vida e pensando em comer uma sobremesa antes do almoço. Uma vez quase comprei uma grande serra, sonho de grandeza, serrar ao meio a Serra de Teresópolis, mas, tenho de ser franco, não iria subir tão alto só para melhorar minha autoestima então, é melhor cerrar essa janela que dá de frente para o cerrado e não ver o sol poente. Afinal, a mente, mente profundamente para a gente, a não ser que você seja um agente treinado para isso, e isso sim pode mudar tudo de fato. Claro, caso você tenha provas físicas que fez as provas e tirou boas notas no treinamento, tenha tudo escrito em notas e tenha pago o curso em notas válidas, reais, de cem reais. 

Nem todo mundo que tem um par, como companhia, está realmente à par disso. Algumas pessoas possuem um forte complexo de inferioridade, coisa que pode atrapalhar se elas atuam em complexos de comunicação. É simples, nem é tão complexo assim. Apenas não force a barra se estiver comigo na Barra e quiser lanchar em uma lancha na lagoa próxima ao Barra Shopping, pois, bem cedo eu cedo, afinal, quando for para bandas de lá tocar com minha banda de rock decerto você irá comigo e tudo dará certo. Deus me livre de não pensar assim: sou uma pessoa livre!

Nunca fui de jogar e talvez por isso tenha perdido aquele dado que você havia me dado. Foi exatamente no dia que sujei a manga da camisa branca chupando manga.  Deveria ter sugado o suco. Mas, como pode ver, estou são e vocês todos não são as melhores pessoas para me dizer algo sobre isso. Hum.... Um momento só: preciso ficar só pois, vou acender um incenso porque quero ascender minha alma à um nível superior que sei que há. Pode acentuar isso nos seus escritos, terei futuro assento ao lado de alguma divindade (essa palavra tem acento?). Afinal, eu tenho apreço pela religiosidade e não preciso me apressar para alcançar uma elevação que não tem preço. Nem fico caçando essas coisas, aliás, se você escreveu isso nos seus papéis eu posso mandar cassar essas palavras.

A vida não é uma cela e esses é um dos motivos que eu sempre monto em uma sela, de um belo cavalo, e sigo em frente em busca de minhas verdades. Posso fazer uma cessão para você, sim posso! Sente-se aqui ao meu lado e vamos dar início a uma sessão de psicoterapia no final eu te dou uma seção, pequena, dos meus ricos predicados. Ouça, enquanto eu conserto nossas vidas alguém, em algum lugar, está tocando um concerto de Mozart. Bem, pregue esse boleto da Taxa municipal na parede ali ao lado, use essa pequena tacha para deixar bem firme onde possamos ver no final do mês. Sinto que esse é o momento de todos apertarmos os cintos, coser as próprias roupas e cozer as próprias refeições. É uma real crise. Bote a calça, calce as botas e as luvas e vamos à luta.

Veja tantas pessoas fazendo serão até tarde no trabalho, eles nunca serão ricos, porém, mesmo assim continuam trabalhando. No atual estado em que estou não poderia assumir funções assim e, como sabemos, isso não é comum aqui no Estado do Rio de Janeiro, parece que aqui as pessoas não gostam muito de trabalhar. Outro dia, estando eu no escritório, mandei um funcionário aplicar cera no assoalho do auditório e ele ficou o dia inteiro fazendo cera. Temos ainda outras situações que comprovam nossas particularidades, como por exemplo, o tratamento especial para pelo do cachorro nas lojinhas de cuidados caninos. Eu, pelo menos, não tenho animais domésticos, contudo, há quem curta isso e, muito diferente disso, existem pessoas que preferem ficar vendo as saias curtas das mulheres com tudo em cima, sem que isso saia da esfera do respeito. Faz parte da cultura! O milho, outra boa situação para ser citada, é responsável por quase 50% da composição de toda cultura vegetal dos EUA. Uma vez, uma composição carregada se soltou, num acidente de trem que estava correndo muito, e o milho que caiu cobriu toda esfera dourada símbolo da cidade de Salzburg. Isso daria até uma composição musical visto tamanha impossibilidade desse fato realmente ocorrer. 

Só tenho certeza de uma coisa: a única constante na vida é a mudança constante na vida!

quarta-feira, 23 de março de 2016

NEGOCIAÇÃO: HABILIDADE EM FOCO


Por João Oliveira



Quando Darwin discorria em sua obra sobre a evolução das espécies deixou claro que são aquelas que melhor se adaptam no ambiente que sobrevivem e que, necessariamente não são as mais fortes. No momento atual, agregar valores e diluir conflitos é um ponto importante em qualquer instituição e, embora isso seja, culturalmente falando, uma atribuição do gestor, também deve ser uma constante na mente de cada colaborador.



Quase sempre estamos dependendo do outro para alcançar nossos objetivos. Por isso, a negociação está presente no dia a dia em todos os ambientes através de situações simples como decidir onde será a reunião dessa semana, ou complexas, onde postos de trabalhos podem ser suprimidos. Assim, estar dialogando com os elementos de uma instituição é um exercício de clarificação da comunicação e assertividade, principalmente no quesito emocional.



Dessa forma saber negociar para obter os melhores resultados possíveis é uma qualidade indispensável para quem desejar alcançar sucesso no ambiente corporativo. John Nash, matemático americano, recebeu um prêmio Nobel graças à sua participação na elaboração na Teoria dos Jogos. Essa teoria, hoje aplicada em quase todos os ramos onde exista interação entre humanos, fala sobre a possiblidade de se obter o melhor resultado possível de forma que todos os participantes envolvidos na disputa obtenham resultados positivos também. Seria como uma troca de concessões, onde todos os lados pudessem sair ganhando.



Todas as organizações de uma maneira geral dependem da cooperação entre os seus colaboradores e outras instituições para obterem resultados positivos no mercado. O processo comunicacional é o elemento fundamental para se estabelecer trabalho conjunto efetivo e o conflito é a quebra de pacto pela produtividade.



No entanto, existem diferentes características de personalidades, diversas estruturas socioculturais de onde se originam os integrantes da estrutura e, isso, vai definir suas atitudes, e a natureza de seus relacionamentos, tipos de acordos possíveis e o compromisso posterior com as decisões formadas. Não se trata de uma regra matemática onde diferentes valores, quando somados repetida vezes, irão apresentar os mesmos resultados. O ser humano é complexo e demanda certa flexibilidade de estratégias quando se deseja o sucesso na negociação.



Podemos elencar três características básicas necessárias para uma boa argumentação durante a negociação: conhecimento, habilidades e atitudes. Não se pode entrar em uma negociação onde o tema é desconhecido ou se têm poucas referências e, negociar também depende de uma certa dose de habilidade conversacional. Por último, é necessária a atitude de querer alterar o processo final. Resumindo: trata-se de uma habilidade que pode ser desenvolvida, pois é importante em qualquer estrutura.



Sempre teremos opiniões divergentes de como solucionar demandas. Um gestor, mesmo tendo autoridade para as intervenções, também deve ouvir outros posicionamentos que podem apresentar criativas soluções ou argumentos convincentes. Reconhecidamente, nos dias atuais, a questão da mobilidade e flexibilidade são imperativas no universo corporativo. Sem a devida atenção, oportunidades podem ser desperdiçadas e interesses contrariados. A necessidade do olhar global, e não só nos próprios interesses, é uma premissa básica para uma competitividade saudável.



O então Ministro do Comércio e Desenvolvimento Internacional da Inglaterra disse certa vez em 2007: “No século XX, a potência de um país era medida pelo que ele poderia destruir. No século XXI, a força deve ser medida pelo que somos capazes de construir juntos”. Para isso a negociação é a ferramenta mais importante: aglutinar valores.



Manter a ética profissional e o respeito aos posicionamentos diversos também é um exercício de empatia: a capacidade de se colocar no lugar do outro. Até mesmo em uma entrevista de recrutamento e seleção, antes de adentrar ao ambiente corporativo, já é avaliada a capacidade do possível futuro colaborador em lidar com conflitos e qual o seu nível de habilidade em negociação.



Na verdade, qualquer diálogo já é um pequeno exercício de negociação. Seja em um momento social ou familiar, longe das decisões profissionais, ter a capacidade de lidar com antagonismos, sem criar dicotomias, limitando-se apenas a dois posicionamentos (certo ou errado) deve alavancar melhores relacionamentos. Sendo assim, aprimorar as táticas de conversação e a capacidade de aceitar o diferente como parte de um procedimento em busca da solução deve ser um caminho para o sucesso na contemporaneidade.



Sabemos que o departamento de RH de qualquer empresa deve funcionar como um coração que bombeia sangue renovado para todo organismo. Ser um desses profissionais requer atenção a fluidez da comunicação entre as partes integrantes de uma estrutura organizacional. Lançar mão de treinamentos e dinâmicas onde partes opostas interagem em busca de recursos para solucionarem tarefas é um bom meio de criar sinergia. Onde existe uma boa sinergia ocorrendo entre os colaboradores existe também a certeza de sucesso à frente.

sábado, 12 de março de 2016

MUNDO JUSTO



Por João Oliveira (Psicólogo  CRP 05/32031) 

Existe nos seres humanos uma constante tentativa de dar ordem ao caos. Essa arrumação do mundo faz parte de uma estratégia do cérebro para lidar com muitas informações ao mesmo tempo de forma que não sobrecarregue o sistema. Assim, nos é mais fácil acreditar que existe uma lógica reinante em nosso universo físico e que sempre teremos um bom resultado se formos éticos e bondosos com todos os outros seres que também habitam o nosso planeta.

Infelizmente isso não é verdade. Pessoas boas podem sofrer perdas, adoecem e morrem. E alguns canalhas vivem bem até o último dia de vida, sem nunca serem incomodados por nenhuma força contrária ao seu bem-estar.  Ou seja, a tal justiça, que deveria prevalecer de fato, não faz parte da realidade.

A falácia do mundo justo sempre foi implantada em nós pelas religiões ocidentais. No universo filosófico, mais presente no oriente, não é tão forte essa necessidade de receber benefícios vindos graciosamente das mãos de seres onipotentes só porque está se agindo corretamente em relação ao seu ambiente social. Ser correto, sério, honesto, ético e agir dentro da moral reinante é o mínimo que se espera de qualquer um de nós e isso não pode ser considerado uma moeda de troca.

Todos nós estamos sujeitos ao acaso e isso tanto pode significar a chamada sorte quanto o temido azar. Não há garantias de uma vida sem dor ou sofrimento para nenhum ser vivo por mais que ele tenha comportamentos louváveis e cheios de boas intenções para com seus semelhantes. 

O interessante é que podemos ter uma expectativa de como pensa e age uma nação inteira baseada, apenas, na conduta de alguns de seus representantes. Assim, ao observarmos os japoneses retirando o lixo no Maracanã deixado pelos brasileiros ao final de algumas partidas da última copa, podemos ter uma ideia de como esse povo se comporta em sua própria nação. Dessa forma, o estereótipo de um país, com milhões de habitantes, está seriamente vinculado à observação do padrão comportamental de apenas algumas dezenas de pessoas.

No Brasil possuímos várias condutas, que estão organicamente inseridas em nossa cultura, que algumas leis são necessárias para impor atitudes éticas e assertivas em relação aos nossos semelhantes. O preconceito é um exemplo de como os seres humanos pensam de uma forma e agem de outra, pois existe em todo o mundo e no Brasil são tantos tipos de preconceito quanto podemos pensar: raça, religião, altura, obesidade, idade, sexualidade, beleza e a lista aumenta se incluirmos classe social, regionalidade, grau cultural e muito mais. A imaginação é o limite.

Importante lembrar que os que pensam estar acima do limiar de contato do pensamento alheio e que nunca serão alvos de preconceito ainda não experimentaram morar fora do Brasil. Existem locais onde os brasileiros geralmente são até bem tratados, mas, somente quando estão travestidos de turistas. Pode-se sentir na pele o peso do preconceito nos países europeus, principalmente os nórdicos, que tratam os residentes estrangeiros da mesma forma que muitos aqui se relacionam com os que consideram de castas inferiores inclusos nas categorias já citadas.

Mas, a roleta russa do preconceito não para por aí. Esses mesmos nórdicos, quando aqui estão, são tratados pelos nativos como vítimas portadoras de câmeras fotográficas na orla de Copacabana. Assim, o ciclo se fecha, preconceituoso um dia e vítima no outro. O mundo é muito estranho mesmo.

O grande problema que enfrentamos de uma maneira geral é a espera de retorno pelas boas atitudes praticadas. Sem querer introduzir nenhum aspecto religioso, apenas pense o seguinte: porque motivo estamos aqui de fato? Será que somos parte de um grande jogo entre o bem e o mal e, se atuarmos corretamente, teremos vantagens que nos colocarão em destaque acima dos que não agem da mesma forma?

Isso até poderia existir se as relações que podem ofertar ou retirar benefícios não fossem administradas por seres humanos e, se a natureza pudesse parar o tempo nos mantendo jovens e saudáveis. Dessa forma, o mundo não é justo. Ele é tão humano quanto os que nele vivem.

Mudar a estrutura de um país para tornar o mundo em que vivemos mais equilibrado depende de ações que muitas vezes podem ir contra a uma composição já assimilada como normal. São atitudes comportamentais já totalmente inseridas como parte da cultura e entendidas como “o jeito de ser” do povo. Não são poucas as pessoas que aceitam a corrupção como algo institucional e que o pagamento de propinas faz parte de um negócio já estabelecido. Pode ser que muitos desses indivíduos se assustem ao ver alguma mudança de cenário e um pensamento ordeiro querendo impor normas que são, pelo menos no papel, legítimas.

Não dá para esperar o mundo (pelo menos o nosso) se ajustar naturalmente. Isso pode levar mais anos do que temos de vida. Nem devemos apenas rezar para que todo o planeta se torne amigável e sereno como gostaríamos que fosse. Torna-se necessário apoiar o respeito pelas leis, dar o exemplo com nossas atitudes e experienciar ser ético apenas porque é assim que devemos ser. Sem esperar as estrelinhas de premiação no final da aula.

O mundo que pode ser justo começa com um único sujeito justo. Cada um de nós fazendo a sua parte nas mínimas coisas, mesmo quando não há ninguém observando. Da autonomia individual nasce o respeito ao próximo dentro da soberania nacional. Muda não só o personagem, mas, a imagem de toda uma nação. 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

TANATOSE BRASILEIRA



Por João Oliveira




Presente tanto em alguns mamíferos como entre os anfíbios, répteis e artrópodes a tanatose é a capacidade de se fingir de morto para escapar de um predador qualquer. A gazela, por exemplo, quando percebe a presença próxima de um bando de leoas na caça fica imóvel tal qual uma estátua. Outros animais são mais teatrais e chegam a ficar por até 30 minutos na mais completa imobilidade e em posição que simula o quadro post-mortem. Sapos e aranhas são experts nessa prática causando verdadeira confusão até mesmo entre pessoas que lidam com esses animais todos os dias.

Pesquisadores já foram capazes de induzir a bradicardia por medo provocando o surgimento de um estado letárgico, quando os músculos se enrijecem e o corpo paralisa, apenas apresentando fotos de pessoas feridas a um grupo de voluntários. Esse estado psicológico que atua diretamente na estrutura física e comportamental é real entre os humanos, não se trata de uma brincadeira de mal gosto e funciona quase com o mesmo perfil dos citados animais: fingir de morto e esperar que o perigo passe.

Naturalmente esse efeito ocorre quando estamos diante de uma catástrofe. De uma forma estranha, todos nós, nos mantemos calmos em situações que, pela lógica, deveríamos ter comportamentos mais céleres como sair correndo, por exemplo. Esse movimento de calma letárgica pode nos custar caro, pois toma o tempo diminuindo as possibilidades de uma possível reação de fuga. Profissionais que lidam com o perigo de forma constante são submetidos a treinamentos rigorosos para não terem de pensar de forma analítica diante de situações onde as decisões devem ser tomadas em milésimos de segundos.

Bombeiros militares, mergulhadores profissionais, pilotos de grandes aeronaves são submetidos de forma regular a testes de percepção diante de estresse para garantir não somente a própria sobrevivência, mas, também as das pessoas as quais as vidas dependem de suas rápidas ações.

Esse, como já foi bem explanado, é o fenômeno da tanatose reconhecido pelas ciências e já comprovado e testado muitas vezes. Mas, aparentemente, uma nova forma está se espalhando como um vírus e tomando do perfil comportamental de uma imensa parcela de nossa sociedade de, tal qual da estátua de David, feita por Michelangelo, tem um olhar que parece estar atento, no entanto, não se move: nada faz!

Estranhamente certos movimentos que ocasionalmente vão as ruas só ocorrem porque possuem ligações partidárias ou com representações de classes o que não invalida em nada suas ações, mas, até certo ponto, inibe a participação de outras camadas da sociedade que apenas observam pelos noticiários ou criticam as interdições das ruas durante tais eventos.

Ocorre que, o sistema oferta possibilidades de manifestações mais efetivas além, é claro, das garantias dos direitos individuais e coletivos resguardados pelo Artigo 5º de nossa Constituição Federal. Muitos instrumentos legais, quando provocados, podem surtir efeitos sem que nenhuma rua seja tomada por pneus em chamas.

Os Ministérios Públicos – federal e estadual – mantém ouvidorias permanentes que podem ser acionadas de forma eletrônica sem a necessidade de deslocamento físico. O sistema eletrônico permite o acompanhamento das denúncias e, caso deseje o denunciante, de forma completamente anônima. Da mesma forma os Procons trabalham buscando garantir os direitos dos consumidores. Todavia, esses órgãos necessitam de provocações para serem mais assertivos em suas ações de controle e vigilância e para isso é necessário um movimento de quem se sente ferido de alguma forma.

A transferência de responsabilidade para os representantes legitimamente eleitos pode não ser exatamente a melhor opção. É possível que, nesse momento, eles tenham preocupações mais pessoais que coletivas e isso pode criar uma neblina no direcionamento de esforços em prol de soluções.

Cabe a cada um dos indivíduos dessa nação que se sentem tocados de forma negativa, feridos em seus direitos ou se explorados ilegalmente, um movimento ético dentro dos formatos adequados e visíveis a legislação. De nada adianta panelas nas janelas, ou passeios pela orla de Copacabana, pois, apenas o que está nos autos está no mundo ou, ao contrário: “Quod non est in actis non est in mundo”.

Entenda “mundo”, contido nesse velho axioma, como ato real e válido, uma verdade que pode ser tocada pelo universo jurídico da mesma forma que um firme apoio garante um movimento para o deslocamento da alavanca. A tanatose brasileira deve ser apenas fruto da falta de informação o que, de forma responsável cabe a todos nós desvelar, pouco a pouco, o manto confortável da ignorância.

Somente isso é o que deve estar impedindo o surgimento de abalos que levem a destruição das estruturas que foram fortificadas, durante séculos, pela paralisia generalizada de um povo bom, que espera apenas retribuição pelos sacrifícios diários que fazem em prol de sua pátria.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

PORQUE O OUTRO ME IRRITA TANTO?




Por João Oliveira*

Os humanos são seres projecionistas, que projetam o que sentem e se retroalimentam com os estímulos que recebem de volta do ambiente. Assim, o mundo é, em fato, uma representação emocional da carga individual que cada um de nós traz consigo. Simplificando: existe um mundo para cada um de nós e esse, nada mais é, que uma interpretação do afeto que ocorre no nosso universo subjetivo particular.
        Dessa forma, olhamos para o outro e vemos algo de nós mesmos que pode ser:

- Algo que nos falta ou algo que nos completa.

- Algo que gostaríamos de ser, mas, não temos coragem de assumir.

- Algo que desejamos ou que nos foi tirado e por isso invejamos no outro.

- Algo que abandonamos, por vontade própria, mas, ao ver no outro ressurge nova vontade de ter.

- Algo que tememos pois, se assumirmos, pode nos transformar em outro ser.

- Vestígios de personalidades de outras pessoas que ficaram em nós de forma positiva ou negativa ao longo da vida.

Um exemplo positivo é quando alguém completa aquilo que temos e, isso nos faz querer estar próximo dessa outra pessoa. Com o tempo essa linha de afeto pode se tornar mais forte e se tornar um sentimento conhecido como amor.

No entanto, nosso foco maior hoje é o que ocorre com a pessoa vitimada, pelo que nela existe, criando no outro um processo de surgimento da expressão emocional da raiva. Quando sem controle e exteriorizada essa emoção pode ter efeitos danosos em todas as faixas etárias de um ser humano.

De início é bom deixar claro que a raiva (irritação) não é, necessariamente, uma emoção negativa (Oliveira, 2012) ela surge como mecanismo para alterar as produções endócrinas no sentido de reunir recursos internos para alterar algo no externo (Ekman, 2007). Ou seja, caso a irritação (raiva) for direcionada para a produção ela terá o mesmo princípio de ação que a gasolina oferta ao veículo movido a combustão interna: em regra a estrutura funcional muito se assemelha.

Surge um problema quando a irritação se transforma em agressão ao outro que pode possuir formatos diversos com: danos físicos, agressões propriamente ditas; e/ou danos psicológicos como nos relata Sampaio, J. (et all) em seu trabalho sobre a Prevalência de bullying e emoções de estudantes envolvidos:
        
        As informações referentes à desmotivação, igualmente, merecem destaque por se apresentarem em níveis mais altos para as meninas. Isso pode significar que elas não se sentem possuindo condições necessárias para autoproteção, o que pode induzi-las a também se desmotivar em relação aos estudos ou faltar às aulas na intenção de se esquivar de sofrer novas agressões. Tristeza e vergonha também se destacaram para ambos os sexos. Essas emoções podem gerar sensação de impotência e, assim, intensificar o sofrimento vivenciado. (SAMPAIO, J. et all, 2015, p. 348).
Segundo os autores as meninas, em idade escolar, perdem a motivação, a vontade de continuar a progredir em seus estudos. No mundo adulto a estrutura de ataque tem outro nome: Assédio Moral. São as mesmas características do bullying estudantil: alguém que fere o outro com suas palavras e/ou atos, despejando seus desencontros internos sobre a vítima como se ela fosse a culpada pelo descontrole subjetivo do agressor. No mundo corporativo as mulheres são as maiores vítimas em todos os continentes. Essas vítimas vivenciam tristeza e vergonha e, o agressor, nada disso sente: “Para os agressores, prevaleceu a resposta referente a não sentir nenhuma emoção durante a prática de agressões, para ambos os sexos, sinalizando uma ausência de identificação com as vítimas. ” (SAMPAIO, J. at all, 2015, p. 350).
Os danos causados aos homens e mulheres que são vitimados por assédio moral podem se tornar irreversíveis senão forem ressignificados rapidamente. Não se trata apenas de ações trabalhistas que podem chegar a milhões de reais levando empresas quase a falência, nem mesmo da perda de produtividade de outrora bons profissionais e tão pouco do início de um processo de desligamento dessas pessoas das instituições. Estamos falando de algo que não pode ser medido com réguas e números, estamos falando de um possível futuro grandioso na vida dessas pessoas que pode, de uma forma dantesca, ser destruído completamente:

Os indivíduos acometidos pelo assédio moral, ao se sentirem ameaçados, deixam de levar uma vida normal e veem prejudicado todo o contexto de sua vida pessoal. Há casos em que eles se sentem esmagados e perdem inteiramente a disposição e a paixão pela vida. A destruição da identidade do indivíduo nos processos de assédio moral no trabalho se dá rapidamente. (FILHO, A. e SIQUEIRA, M., 2008, p. 16).
De tal modo, planos e projetos de vida podem dobrar a esquina, dar meia volta e deixarem de existir por conta de uma pessoa que não pode observar que estava diante de um espelho, refletindo parte não aceita dela mesma. Não existe justificativa para a agressão verbal, embora todos os agressores estejam prontos para, em detalhes, formalizar uma ampla defesa de seus atos. Todos os seres humanos, por mais irritantes que possam nos parecer, nada mais são que possíveis encontros com nós mesmos.
Os motivos para os ataques, como diz Filho, A. e Siqueira, M. (2008) em seu trabalho na página 18, podem ter várias facetas como: “O superior hierárquico pode perceber determinado subordinado talentoso como rival e ameaça à sua própria carreira, e tentar desacreditar ou sabotar o desempenho desse profissional”. Porém, olhar e ver no outro qualquer coisa que cause desconforto, nos diferentes formatos que minha mente for capaz de estruturar isso, pode revelar a necessidade de uma revisão do próprio estado de ser. Na maioria dos casos o agressor apenas sofre de insegurança ou baixa autoestima, algo que poderia ser cuidado com ajuda de um bom profissional psicólogo.
Fato é que todos nós interagimos e possuímos pessoas das quais gostamos que também interagem com líderes e gestores; e não é agradável ver o outro passar por constrangimento, assédio ou qualquer tipo de afetamento no ambiente de trabalho. A máxima “devemos fazer ao outro aquilo que desejamos que façam conosco” deve ser colocada como um mantra para as nossas atitudes. 
Além disso, é sempre bom lembrar que as instituições modernas estão sempre avaliando seus colaboradores e vendo os melhores resultados em prol do momento e do mercado e aqueles que estão no poder hoje, podem não estar amanhã, por isso é importante tratar todo mundo bem, deixar sempre portas abertas e utilizar o respeito como base para tudo, pois somos todos seres humanos. E as pessoas lembram primeiro daqueles que são bons profissionais, é claro, mas que tem o diferencial da ética e que agregam valor como pessoas do bem, que ajudam ao invés de atrapalhar, que cooperam, que sabem se comunicar e que, acima de tudo relacionam e equilibrem efetividade com afetividade. 
Não é o outro. Nunca foi! É o que se sente e como é manifesto isso no lugar onde atuamos. O mundo pode ser um lugar melhor se, todos nós, pudermos investir em sermos pessoas cada vez melhores nessa jornada em busca de autoconhecimento, sem nenhum ponto de chegada marcado ou previsto.
*João Oliveira é psicólogo (CRP 05/32031).

Referências:

EKMAN, Paul. Emotions revealed. New York: Holt Paperbacks, 2007.

FILHO, A. e SIQUEIRA, M. Assédio moral e gestão de pessoas: uma análise do assédio moral nas organizações e o papel da área de gestão de pessoas. RAM – REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO MACKENZIE, Volume 9, n. 5, p. 11-34, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ram/v9n5/a02v9n5 - Acesso em 07/02/2016.

OLIVEIRA, J., Raiva a melhor emoção. São Paulo, Revista Psique, n. 80, agosto, 2012. Disponível em: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/80/raiva-a-melhor-emocao-sera-que-e-possivel-afirmar-que-266479-1.asp -    Acesso em 07/01/2016

SAMPAIO, J. at all. Prevalência de bullying e emoções de estudantes envolvidos. Florianópolis. Texto Contexto Enferm,  2015 Abr-Jun; 24(2): 344-52. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n2/pt_0104-0707-tce-24-02-00344.pdf  - Acesso em 07/02/2016

domingo, 24 de janeiro de 2016

NO POLEIRO MAIS ALTO


Por Beatriz Acampora


Os passarinhos são criaturas encantadoras: cantam alegremente, voam e têm belas cores. Quando eles estão livres, é possível ouvir seus sons nos mais variados locais, basta prestar atenção.


Em muitos lugares, é comum os passarinhos serem colocados em gaiolas para que seus “donos” possam ouvi-los cantar diariamente. Em uma fazenda do interior, um senhor decidiu fazer um grande viveiro e para dar cor ao mesmo, adquiriu passarinhos das mais variadas cores e cantos.

Não se pode negar que o viveiro era bonito, atraía muitos olhares curiosos e as crianças eram as mais entusiasmadas com seus voos, cores e cantos. Dava trabalho cuidar do viveiro e havia um funcionário apenas para isso, pois os passarinhos precisavam se alimentar e também faziam muita sujeira.

Um desses passarinhos chamava a atenção pela sua postura, sempre de peito empinado, cabeça erguida e gostava de ficar no poleiro mais alto. Às vezes ele abria as asas e voava, mas, na maioria das vezes, subia saltitando: ganhava impulso e pulava de poleiro em poleiro até chegar ao topo. Poucos conseguiam seu feito. Ele parecia até o “rei do viveiro”.

Uma criança gostava de observar seu modo de agir e ficava se indagando porque ele agia dessa forma. Até que certo dia observando os outros passarinhos, percebeu que aquele que ficava no poleiro mais baixo era o mais sujo, ele levava em suas asas e na cabeça a sujeira que todos os outros passarinhos faziam.

E não era só ele, havia muitos passarinhos sujos, mas, aqueles que estavam mais no alto eram os mais limpos. E o mais limpo de todos era ele, o “rei do viveiro”, que ficava sempre no poleiro mais alto. Ele estava sempre limpo, imponente.

Naquele momento, a pequena menina se deu conta de aquele passarinho era o que mais se esforçava, pois tinha que pular mais, voar mais e nunca se acomodava ou deixava a preguiça dominar. Ele simplesmente parecia saber que para se manter limpo das fezes dos outros passarinhos, tinha que se esforçar mais.

E a menina decidiu, então, que iria tomar o exemplo do “rei do viveiro” como modelo, pois percebeu que todo esforço é recompensado, que não vale à pena deixar a preguiça ou a acomodação dominar, que o passarinho mais sujo era aquele que menos se esforçava. O que ela queria para si mesma era o brilho de canto e de cores que o passarinho do topo exibia.

Moral da história: Desconfie do caminho mais fácil. Sem esforço e dedicação não há movimento nem crescimento.

Lembre-se: passarinho feliz é passarinho livre.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

NOVOS LIVROS



É realmente com muito orgulho que anunciamos a publicação em formato impresso dos livros: 

Análise Comportamental: Relacionamento em Crise

Relacionamento em Crise: perceba quando os problemas começam.

Os livros serão lançados, simultaneamente, em três continentes e estará disponível inicialmente nas livrarias dos seguintes países: Brasil, Portugal, Angola e Cabo Verde. Embora tenham títulos e capas diferentes o conteúdo é o mesmo nas duas edições.

No Brasil, pela Editora WAK, com sede na cidade do Rio de Janeiro, o lançamento está previsto para depois do carnaval. Nos outros países de língua portuguesa na Europa e África o livro deverá começar a ser distribuído no início de março, pela CHIADO Editora, que tem sua sede principal em Lisboa, Portugal. A CHIADO também irá disponibilizar o livro em formato digital para todo o mundo através de seu site: https://www.chiadoeditora.com 

Dessa forma, a edição brasileira que começará a circular no mês de fevereiro poderá ser adquirida pelos interessados em qualquer boa livraria ou diretamente no site da Editora: http://www.wakeditora.com.br

De fácil leitura esse livro trata da comunicação não verbal no relacionamento, os sinais que podem ser exibidos indicando que a relação está indo bem e também aqueles que apresentam justamente o contrário. Assim, uma pessoa atenta saberá o momento certo de investir na relação e quando é necessário alterar comportamentos para obter um resultado ainda melhor. 

Os sinais de crise não significam um fim próximo determinado, afinal muitos sinais são absolutamente inconscientes, e sim que mais investimento deve ser feito para salvar a relação.

Totalmente ilustrado pela desenhista Mara Oliveira, o livro, é de autoria do casal de psicólogos: Beatriz Acampora e João Oliveira

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O HOMEM QUE ESCALOU O ARCO-ÍRIS







Por João Oliveira



Esse homem tinha um desejo bem forte em sua mente algo diferente de tudo que você pode imaginar: ele queria subir, pelas cores de um arco-íris, até o céu. Para isso ele começou a se preparar desde pequeno. Estudou física, aeronáutica, astronomia e até mesmo meteorologia. Ele conhecia tudo sobre o fenômeno, mas, por mais que tentasse ainda não conseguia, sequer, chegar perto do seu intento.

Você pode até pensar que ele era um idiota. Não! Você estaria enganado se pensasse assim: ele era muito inteligente. Ele até chegou a conclusão que, caso conseguisse congelar o espectro de luz formado por partículas d´água, ele poderia escalar, sem problemas, até o ápice do arco colorido. 

Romântico, não é? No entanto, isso foi o elemento motivador que o fez estudar e trabalhar por toda a vida. Desde do momento em que viu um arco-íris pela primeira fez, quando tinha seis anos, ele começou a elaborar um projeto de vida que o levasse até o seu objetivo final.

Economizou dinheiro para comprar equipamentos, deixou de sair e se divertir com os amigos para ficar horas estudando os assuntos ligados ao arco-íris, trabalhou mais que o necessário e nem ao menos tirava férias. Tudo por conta de seu plano maior.

Nesse ponto de nossa história vale a pena um questionamento: você tem um arco-íris que pretende um dia escalar?

Nossas vidas podem ser um tanto chatas e sem sentido se não possuímos um objetivo claro. Mas, pode ser pior ainda, quando o nosso objetivo é pequeno e se completa com facilidade nos deixando sem nada à frente para almejarmos.

Algumas pessoas são movidas por desejos fúteis, coisas realmente simples e fáceis de serem alcançadas. Outras, focam suas vidas, em coisas que certamente irão definhar com o tempo como, por exemplo, criar os filhos. Sempre chegará o dia em que eles se vão, deixam à casa onde foram criados, para seguirem suas vidas. Com isso o objetivo se esgota sem possibilidade de ser renovado.

Quando temos um foco maior como o crescimento pessoal, por exemplo, pelo prazer de evoluir como ser humano, podemos ter toda uma vida de investimento com resultados e ainda achar que é muito pouco. Afinal, estudar não tem limites. Ou, quando nos projetamos em algo renovável como construções, produções, artes e outras tantas atividades que fazem parte de um universo que pode sempre nascer de novo pelo efeito das nossas ações. Isso sim pode ser algo que nos faça levantar da cama todas as manhãs com a intenção de mudar o mundo.

Fato, é que precisamos encontrar um arco-íris para escalar. Um objeto inspirador que funcione como placa de sinalização nos apontando um caminho na vida para seguir. 

O nosso personagem finalmente conseguiu escalar o arco-íris, foi em um sonho, justamente na noite em que ele morreu.

                

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

TROCA DE TURNO


Por João Oliveira



Já estava quase anoitecendo quando ele chegou se dirigindo ao senhor idoso que estava arrumando algumas tralhas:




- Então? Pronto para a aposentadoria?




- Ainda não. – Disse o velho cabisbaixo – De fato, ainda tenho muitos planos que não foram plenamente realizados.




- Pode esquecer. Agora eu é que tomo conta da parada. Conhece a frase: “Estamos sob nova direção”?




- Sim, claro. Não tenho dúvidas que você vai assumir agora cheio de novas ideias de gerenciamento.




- Você nem imagina meu velho. Vou arrumar a bagunça que você está deixando e ainda vou incrementar um monte de novidades.




- Mesmo? – O velho riu.




- Está rido de quê? Posso saber? – Se irritou o jovem.




- Você se parece muito comigo quando cheguei aqui: cheio de planos, ideias, cheio de vontade e dinamismo. – Baixou a cabeça e respirou fundo – Tudo se perdeu durante o meu turno aqui. Fiz o que pude mas, como pode ver... está tudo uma grande bagunça.




- Entendo. Sei como é se decepcionar. Mas isso não vai acontecer comigo pode ter certeza.




- Falei o mesmo para o meu antecessor. O problema não somos nós. O problema são eles.




- Eles? O que eles podem fazer: nós somos o tempo! Ninguém é mais poderoso que o tempo.




- Meu jovem. Entenda que eles podem ter todo o tempo do mundo e nunca aprenderão o básico para o crescimento contínuo. São seres de baixa longevidade e extremamente egoístas. Mesmo sabendo que possuem uma existência ínfima não se preocupam em deixar algo para a posteridade que os torne memoráveis.




- Mas, nossa passagem aqui também é curta. Somente uma volta em torno da estrela de quinta grandeza.




- Sim, isso é fato. Depois voltamos para o Continuum Temporal onde a eternidade e um segundo representam a mesma coisa. No entanto, meu jovem, nos tornamos eternos no calendário. Jamais deixaremos de existir por conta dos fatos históricos. Pena que a maioria desses fatos seja negativo para humanidade.




- Deixa de ser pessimista. Soube de vários avanços na ciência, na religião, na filosofia... os erros que você está deixando (já disse) vou consertar.




- Sim, isso também é verdade. Mas, se você pegar os nossos antepassados distantes verá que esses avanços pouco representam. Estão apenas repetindo saberes já alcançados em outras eras que foram esquecidos por eles.




- Então, para que eu posso começar bem o meu período, que conselho você pode me dar que seja útil?




- Seja modesto em seus objetivos. Não adianta entrar em serviço com muitos planos e espelhar isso na cabeça deles. Pois, a grande maioria irá se frustrar. E o pior é que não é por falta de capacidade que os planos deles acabam indo por terra. Tudo fracassa por falta de prioridades. Eles se perdem no caminho, uma pena mesmo.




- Mas se eu chegar sem planos? Apenas espalhando uma vontade de ser mais feliz independentemente dos resultados alcançados?




- Espera! – O velho se levantou – Ser mais feliz de qualquer forma?




- Isso! É possível, não é?




- Claro! Alguns deles são muito felizes com pouco. Olha aqui, veja aqueles que moram em casas pequenas e que estão festejando a sua chegada com grande alegria. Pouco possuem na vida material, mas são repletos de energia positiva. Olhe lá um pouco adiante, aquela casa cheia de riquezas, veja como as pessoas são silenciosas.




- Então é possível ser feliz independentemente dos resultados alcançados?




- Sim... tanto é que agora estou até me sentido melhor. – Sorriu o velho – Acho que você irá começar bem 2016.




- Espero que sim 2015. Obrigado pela conversa. Meu objetivo agora é que todos sejam felizes em qualquer condição possível. Afinal, sempre teremos um novo ano e muitos deles, seres finitos, talvez não.