No diálogo e na exposição dos pensamentos cada um aponta os defeitos e fala de suas frustrações com o companheiro e aí nasce a máxima: “ – O inferno são os outros!”.
Sim! O inferno em si até seria tolerável se o outro não incomodasse tanto. Eu vejo no outro as minhas próprias falhas ou vejo no outro aquilo que gostaria de ser. Somos seres projetistas, colocamos no mundo aquilo que somos interiormente. Se, por acaso, sou azul vejo tudo meio azulado, mas se sou vermelho o mundo é escarlate.
Não é tão difícil de entender, mas é duro de viver. É uma condição
natural do ente humano. Por isso a presença do outro pode (e deve) nos fazer crescer. No outro nossas ambições aparecem, na critica do outro podemos elevar nossa conduta, no debate com o outro mudamos o que antes seria imutável.
O outro é o pai, a mãe, o irmão, o professor, a amante, a atriz de telenovela, aquela turma no BBB da Globo (será que foi inspirado em Sartre?). Até o espelho pode ser o olhar do outro, se me avalio
atravessado no domingo pela manhã. Também as instituições, pois estas são feitas por humanos e seus pensares. A Igreja, qualquer uma delas, lança sobre nós seu furioso ou amoroso olhar, depende de nós a interpretação de suas linhas.
Mas e se o outro nos incomoda ao ponto de congelarmos de medo ou raiva? Bom, aí mora o perigo e dá valor a frase citada. A dor surge quando somos incapazes de mudar ou ressignificar nossos conceitos. Se o outro nada soma, não deve criar fraturas em mim. Então podemos supor que quando nos atinge é porque nós precisamos reavaliar algum ponto.
Que bom que o outro existe! Precisamos dele, sua fala é indispensável a construção da nossa.
João Oliveira
Mestrando em Cognição e Linguagem - UENF
Mestrando em Cognição e Linguagem - UENF
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