Por João Oliveira
Percebemos uma falha no questionamento título desse texto: “ Os parisienses soltam pum na rua? ”. Óbvio que não podemos partir do princípio que todos humanos têm a mesma fisiologia para justificar um comportamento que pode ser cultural ou não. Além disso, essa pergunta é um tanto aberta é necessita de certos ajustes para que possamos aplicar uma metodologia científica de pesquisa de campo afim de apurar se o fato é real ou não.
Em primeiro lugar como podemos definir “parisienses”? São os nascidos na cidade de Paris, capital da França ou simplesmente os que lá residem há muito tempo? Vale também a pena saber se os naturalizados estão inclusos nesse mesmo grupo e, se as pessoas que receberam títulos de cidadãos honorários desta mesma cidade, podem também figurar no espectro de parisienses.
Imposta essa limitação, que deve estar clara logo no início, outros parâmetros precisam ficar bem definidos para que não existam discrepâncias nos resultados possíveis.
1 – Entra em jogo a idade da população entrevistada? Isso é relevante, pois, como sabemos, as crianças e adolescentes, sem a devida maturidade, podem lidar com essa função fisiológica de diversas formas, o que pode comprometer a apuração dos dados.
2 – A alimentação será questionada? Sim, afinal, certos alimentos são mais propensos a gerar gases que outros. Dessa forma, é possível que alguns indivíduos pesquisados possam ter comportamentos únicos, diferente de seus pares, apenas por um almoço com maior volume de feijão ou batata doce.
3 – O que é considerado “rua” pelo pesquisador? Notamos que a cidade de Paris possui muitas vielas e ruas sem tráfego de automóveis, bairro Latino, por exemplo, como esses caminhos serão considerados? As áreas livres em condomínios fechados estão abarcadas na categoria rua? O questionamento é pertinente, afinal, com base simplista, estar fora de casa – seja onde for – já pode ser considerado como “rua”.
Podemos ainda questionar como os dados serão coletados. Uma simples pesquisa de opinião pode não revelar a pura verdade. Diante de tal questionamento, pode ser grande a possibilidade de um constrangimento ao responder positivamente ao pesquisador. Principalmente se o mesmo for do sexo feminino. O ideal seria a utilização de equipamentos acoplados ao corpo do pesquisado, em posicionamento preciso, para coletar a emissão de gases durante o dia e depois confrontar com o mapeamento do GPS. Somente assim seria possível um mensuramento mais preciso.
A ciência que existe hoje só ocorreu porque alguém tinha uma pergunta sem resposta. A busca pela verdade é algo que sempre moveu o homem em sua escalada da construção de uma sociedade dotada de um maior número de recursos. Porém, devemos ter cautela ao dispor nosso tempo em determinados temas que podem, ou não, serem de fato significativos para a evolução do homem, como espécie dominante do planeta ou como indivíduo em busca de seu próprio crescimento pessoal.
Resumindo: algumas perguntas não merecem respostas.
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