Por João Oliveira
O
quanto é difícil saber que poderíamos ter ajudado alguém a superar um problema
e não foi possível pela impossibilidade do tocar suas dores. Profissionais
psicólogos que, como eu, possuem a hipnose clínica como uma das ferramentas de
trabalho, podem ver algumas situações onde uma emoção não resolvida é a
principal causadora de algumas doenças que podem levar a morte. Situações onde
o processo de ressignificação das emoções conflitantes pode, de forma rápida,
trazer o caminho da resolução dos sintomas psicossomáticos.
Antes
de prosseguir é bom que se entenda que psicossomático não significa falso
sintoma na verdade dita sobre a origem do sintoma: a doença sempre é real!
O
problema reside na busca e não na oferta. Quantas vezes encontrei amigos
doentes ou com pessoas próximas apresentando sintomas clássicos de conhecidas
doenças psicossomáticas e, com apenas algumas perguntas sobre prováveis
gatilhos (mudou de cidade, morreu alguém, se separou, foi demitido, entrou para
faculdade.. etc) pode ser possível elencar pistas da origem do processo.
Além
do médico e dos remédios – imprescindível em qualquer manifestação sintomática –
existe algo que pode auxiliar, de forma transformadora, a causa dos males que
afligem o corpo: o processo psicoterápico.
Diante
deste saber, e conhecedores que somos todos os profissionais desta área dos
resultados possíveis, nos causa (pelo menos em mim) tristeza de ver pessoas deixando este plano
sem terem tido a oportunidade de experienciar esta oportunidade de resolução. Ocorre
que a busca, a procura, deve partir da pessoa que sofre, pois, caso contrário,
o profissional pode parecer oportunista.
Surge,
neste ponto específico, outro dilema o sujeito que sofre não sabe, não conhece,
não acredita nestes tratamentos psicológicos. Se não conhece ou não sabe e
gostaria de ter mais detalhes, é nossa obrigação esclarecer como se dá tal
processo e, com ética, aconselhar a buscar na página do CRP (Conselho Regional
de Psicologia) profissionais certificados para atuarem. Mas, se não acredita,
não perca seu tempo. Isso também é uma escolha. Não há como convencer uma
pessoa possuidora de uma intensa crença que discrimina a força da psicologia e
em sequência vê-la inserida em uma psicoterapia breve. Se conseguir, me diga
como, isso seria muito útil para muitas pessoas.
Enfim
sinto-me impotente diante de ver pessoas tendo um período de festas entristecido
pela ausência de um de seus iguais. Não sei se seria diferente, até porque um
dia, com certeza, isto iria ou vai ocorrer com todos nós. Mas a falta de uma possibilidade
da chance de tentar mudar o humor da alma e, como excelente contrapartida, um
corpo capaz de produzir toda química necessária para uma saúde plena, poderia
ter ofertado algum tempo a mais. Breve que fosse: apenas mais um Natal e Ano
Novo.
Não
ofereça ajuda aqueles que não te pediram nada. Não indique caminhos para quem
não deseja sair do lugar... e a última dica para fazer sofrer, ainda mais, quem
sabe que pode ajudar: Jamais responda a uma pergunta que não foi feita.
Todos
têm direito a escolha: até mesmo a escolha de sofrer e morrer.