Por Prof. Msc. João Oliveira
Nos
anos 60 surge no Brasil os seriados enlatados vindos dos EUA, séries televisivas como “A Feiticeira”, “Jeannie é Um Gênio” e tantas outras. Um
ingrediente principal nestas séries é o fato de, por mais complicado que a
situação pareça estar no desenrolar das ações, ao final tudo termina bem para
que no próximo episódio tudo recomece do zero.
Nesta
época a geração que hoje têm na faixa dos 50 anos (como eu, 51 em 2013) estava
grudada na televisão em preto e branco formando um modelo de personalidade pela
educação vidiótica. Difere muito do
perfil atual onde poucos são os seriados em que a trama finaliza no mesmo
episódio. Lembra de Lost? Hoje se alguma pessoa tentar acompanhar uma série
deve ver os capítulos em ordem crescente caso contrário não terá como entender
o enredo.
O que isto
pode nos dizer destas pessoas herdeiras do antigo modelo episódico de vida,
comparadas com a novíssima geração?
Um brutal
diferencial de índice de estresse.
O delineamento
antigo pregava que tudo termina bem e dever recomeçar, no outro dia zerado para
o enfrentamento de novas batalhas. Assim o estresse acumulativo se torna menor,
pois um sistema interno consegue separar os dias como se fossem episódios de
uma de suas sérias preferidas. Mecanismo interno desenvolvido ao longo de anos
em frente à babá eletrônica que hoje, absolutamente inconscientes, podem rodar
como programas instalados favorecendo um perfil comportamental bem diferente
dos jovens que não foram apresentados a este modelo de vida.
No modelo
atual o estresse é algo contínuo afinal não termina ao fim do dia, como os
modernos seriados. O sujeito leva os problemas do trabalho para casa, para o
seu computador pessoal, para a cama onde dorme e, pior ainda, permite uma
invasão da persona profissional atuante full time para o interior de sua vida
amorosa e familiar.
A mistura do
ficcional televisivo com a realidade não difere muito do conhecimento adquirido
em sala de aula. Nosso cérebro não consegue mapear bem o que é fato real do
cenário imaginado. Graças a isto é que a hipnose é um excelente instrumento na
ressignificação de estruturas cognitivas. Na verdade não há muito que se fazer
quanto a este possível problema. A não ser, claro, que o sujeito se de conta
que está com um tal “programa” instalado e que a vida pode ser diferente.
Fato é que,
sem a percepção que se está vivenciando um processo alterado ou, que existe um
modelo melhor de viver, torna-se praticamente impossível promover uma alteração
em curto ou médio prazo. A responsabilidade pela troca de modelo de vida é do
próprio sujeito. Os profissionais psicólogos funcionam como espelho e setas
indicativas, não como GPSs com rotas pré-programadas!
Cada um pode
melhorar seu próprio estilo de vida fazendo pequenas alterações no modo de
perceber e valorar os eventos ao seu redor. Como uma fina lâmina d’água sobre
um espelho polido podemos ter uma sensação de já estarmos usufruindo de um
reflexo perfeito, mas, se a água evaporar, a imagem ficará ainda mais nítida.
Basta acreditar que é possível.
Preste atenção
ao seu comportamento emocional. Até onde suas emoções, ressaltadas no ambiente
funcional, acompanham o seu viver: elas invadem seu espaço privativo de
felicidade? Se isto ocorre com frequência, se você não consegue desligar o
botão da ansiedade, é hora de pensar em procurar um profissional psicólogo que
possa lhe ofertar ferramentas adequadas para seu processo de reencontro consigo
mesmo.
Lembre-se, ser
feliz não é uma condição: é uma construção!