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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

VIDA EPISÓDICA



Por Prof. Msc. João Oliveira

               Nos anos 60 surge no Brasil os seriados enlatados vindos dos EUA,  séries televisivas como “A Feiticeira”,  “Jeannie é Um Gênio” e tantas outras. Um ingrediente principal nestas séries é o fato de, por mais complicado que a situação pareça estar no desenrolar das ações, ao final tudo termina bem para que no próximo episódio tudo recomece do zero.

               Nesta época a geração que hoje têm na faixa dos 50 anos (como eu, 51 em 2013) estava grudada na televisão em preto e branco formando um modelo de personalidade pela educação vidiótica.  Difere muito do perfil atual onde poucos são os seriados em que a trama finaliza no mesmo episódio. Lembra de Lost? Hoje se alguma pessoa tentar acompanhar uma série deve ver os capítulos em ordem crescente caso contrário não terá como entender o enredo.

O que isto pode nos dizer destas pessoas herdeiras do antigo modelo episódico de vida, comparadas com a novíssima geração?
Um brutal diferencial de índice de estresse.

O delineamento antigo pregava que tudo termina bem e dever recomeçar, no outro dia zerado para o enfrentamento de novas batalhas. Assim o estresse acumulativo se torna menor, pois um sistema interno consegue separar os dias como se fossem episódios de uma de suas sérias preferidas. Mecanismo interno desenvolvido ao longo de anos em frente à babá eletrônica que hoje, absolutamente inconscientes, podem rodar como programas instalados favorecendo um perfil comportamental bem diferente dos jovens que não foram apresentados a este modelo de vida.

No modelo atual o estresse é algo contínuo afinal não termina ao fim do dia, como os modernos seriados. O sujeito leva os problemas do trabalho para casa, para o seu computador pessoal, para a cama onde dorme e, pior ainda, permite uma invasão da persona profissional atuante full time para o interior de sua vida amorosa e familiar.

A mistura do ficcional televisivo com a realidade não difere muito do conhecimento adquirido em sala de aula. Nosso cérebro não consegue mapear bem o que é fato real do cenário imaginado. Graças a isto é que a hipnose é um excelente instrumento na ressignificação de estruturas cognitivas. Na verdade não há muito que se fazer quanto a este possível problema. A não ser, claro, que o sujeito se de conta que está com um tal “programa” instalado e que a vida pode ser diferente.

Fato é que, sem a percepção que se está vivenciando um processo alterado ou, que existe um modelo melhor de viver, torna-se praticamente impossível promover uma alteração em curto ou médio prazo. A responsabilidade pela troca de modelo de vida é do próprio sujeito. Os profissionais psicólogos funcionam como espelho e setas indicativas, não como GPSs com rotas pré-programadas!

Cada um pode melhorar seu próprio estilo de vida fazendo pequenas alterações no modo de perceber e valorar os eventos ao seu redor. Como uma fina lâmina d’água sobre um espelho polido podemos ter uma sensação de já estarmos usufruindo de um reflexo perfeito, mas, se a água evaporar, a imagem ficará ainda mais nítida. Basta acreditar que é possível.

Preste atenção ao seu comportamento emocional. Até onde suas emoções, ressaltadas no ambiente funcional, acompanham o seu viver: elas invadem seu espaço privativo de felicidade? Se isto ocorre com frequência, se você não consegue desligar o botão da ansiedade, é hora de pensar em procurar um profissional psicólogo que possa lhe ofertar ferramentas adequadas para seu processo de reencontro consigo mesmo.

Lembre-se, ser feliz não é uma condição: é uma construção!

              

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