O CONSUMISMO E O NATAL
Todos os anos, na véspera do Natal, o questionamento se repete: - “Qual o real sentido desta data?”.
Sabemos ser esta, a maior festa Cristã, o aniversário do Senhor Jesus Cristo, um momento de confraternização e amizade. Mas, infelizmente, não é isso que vemos estampado nos rostos que encontramos em passos rápidos pelas ruas.
Parece existir um desespero como se o mundo fosse acabar no dia 24 de dezembro e, todos os desejos pudessem ser materializados em presentes ou farta ceia. Uma busca desenfreada por objetos materiais que devem cumprir o seu papel de satisfazer a carência latente em todos os seres humanos. A busca do prazer obrigatório e da recompensa merecida por um ano de retidão.
É isso mesmo? Será que não estou exagerando um pouco?
Existe em nós sim, uma falta e uma busca. Desde que nascemos buscamos completar algo que não conseguimos encontrar no mundo material. Alguns chamam de prazer outros de reconhecimento. Nos vemos nos olhos dos outros, pelo outro somos aferidos e buscamos completar essa lacuna. Nesta época, o presente representa a inserção em um grupo de seres viventes, mortos não presenteiam ou agradecem oferendas natalinas, só os vivos!
Podemos então dizer que presentear ou receber (pelo menos esperar) é uma chamada (como nas salas de aula) para conferir quem está vivo, participante da sociedade consumista, ou quem não pertence mais ao mundo dos vivos. A falta, não ser lembrado, pode significar não a ausência, mas a incompetência em se mostrar atuante no mundo social.
Os mortos têm seu lugar, vazio, percebido na falta de seus presentes.
Isso chocou você? Mas, por favor, não pare de ler agora, pois, por mais que seja um absurdo pensar assim, é a verdade.
Qual o argumento que sempre surge nas festas quando alguém que já partiu, deste plano, é lembrado: “- A falta que fulano está fazendo...”. Sim, está fazendo falta, não falo apenas dos presentes que ele nos dava nesta época do ano, objeto físico, e sim do presente que era a sua presença entre nós, seu sorriso e seu abraço. Isso já valeria, hoje, a sua cota de contribuição na representação natalina.
Enfim, agora chegamos ao ponto!
Na ausência, falta absoluta do outro querido, o sorriso já seria um enorme presente. Não é? Por que não podemos começar a fazer valer esta premissa a partir de agora?
As ruas ficariam mais livres, as calçadas vazias para se andar livremente, os rostos, as faces, os músculos que expressam as emoções, estariam menos tensos e mais livres para, então,sorrir.
Bom Natal. Que seja do jeito que você está acostumado ou, que possa ser como tudo na vida deveria poder ser: alterado.
Mudar na vida é a única constante constante na vida.