Existe uma lenda urbana onde a voz comum fala que uma dor psicossomática
não existe:
“- Isso não é físico, é coisa da sua cabeça!”
Como podemos saber se é ou não psicossomático?
Sinto muito, não tenho como responder esta pergunta por que,
poucas são as doenças que não tem fundo psicossomático. Muitos estudiosos já
comprovaram que somente três modalidades das doenças não são de origem psicossomática:
1) Congênitas:
nasceu com – uma má formação ou deformação em algum órgão ou estrutura muscular
deu origem ao problema que afeta o metabolismo.
2) Efeito
Ambiental: Aqui se enquadram uma grande variedade de causas – ecossistema,
impacto mecânico, radiação, vírus potente – qualquer coisa externa que tenha
ação direta e física com o sujeito e possa causar um dano.
3) Genética:
estrutural – uma mutação herdada, uma herança no código que pode (ou não)
afetar o comportamento celular e, com isso causar o dano. Hoje sabemos que nem
sempre o histórico genético é uma condenação, e sim uma possibilidade.
Voltando ao tema central. Então como se dá este processo de
somatização em nosso organismo?
Os alvos primários, mais comuns são:
Pele – irritação, alergias, coceiras, vermelhidão e etc
Estômago – O aparelho digestivo é sempre uma vítima perfeita
com má digestão, enjôos, vômitos, azia e etc.
Intestino – Acho que dispensa maiores explicações, pois todo
mundo já teve uma diarréia de nervosismo – não é?
Garganta – Irritação, tosse, dificuldade para respirar, dor
e inflamação.
Lógico que tem mais. Eu, você e a pessoa que está ao seu
lado possui no corpo (agora mesmo) uma variedade incrível de bactérias e vírus
prontos para agir esperando uma oportunidade. Então, por um motivo ou outro a
pessoa se aborrece, entra em um estado alterado de consciência e a pressão psicológica
suprimida mexe com o sistema imunológico. Palco perfeito para uma gripe, por
exemplo, uma alteração de pressão, ou mesmo aquela terrível dor de cabeça que
não tem explicação e te acompanha já à muitos anos.
Somatizar não significa que não existe. Nem puxe a histeria
para essa conversa, vai dar no mesmo. Outro dia pude ouvir uma explicação tão
especial sobre as doenças autoimunes que gostaria de dividir com todos vocês. O
problema é que, antes de mais nada, é necessário acreditar que, se a mente pode
produzir algo ruim é bem provável que ela também tenha a capacidade de
reverter.
Apostando nisso, nesta capacidade de reversão das centenas
de doenças e sintomas alavancados pela estrutura psicológica do sujeito, é que
todos os dias psicólogos estão estudando, cuidadosamente, os efeitos das
emoções no organismo humano.
Por isso, jamais diminua o sofrimento de alguém alegando que
é psicossomático. Pode ser, e se for, o sofrimento é real, doloroso e,
inclusive, pode levar a pessoa a uma condição irreversível. Doença é doença,
não importa a origem e sim como vamos lidar com isso.
Um último alerta vai para os que acham que remédios não têm
utilidade em doenças psicossomáticas. Claro que têm! Tanto os medicamentos,
quanto qualquer tratamento, mais depende da motivação de se curar do que da química
ou da abordagem psicológica.
Só sabemos, até agora, que estamos avançando, mas ainda há
muito que se caminhar no sentido de entender os mecanismos de sofrimento, dor e
prazer.
Existe muito mais entre o corpo e a mente do que pode
comprovar a ciência em nossos dias.