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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

RECONHECIMENTO VERSUS REMUNERAÇÃO




Certa vez um funcionário da Disney, empresa conhecida por sua cultura de congratulação, foi perguntado sobre o que é mais importante: reconhecimento ou remuneração? Ele respondeu que é a mesma coisa de água e comida. Você não pode viver sem água – morrerá rapidamente – e nem sem comida – poderá aguentar alguns dias, mas perecerá no final. Nesse caso a água é o salário mensal e a comida o reconhecimento. Os dois são importantes.

Práticas como a foto no Mcdonalds do funcionário do mês ou premiações regulares podem trazer ânimo positivo ao grupo funcional.         De fato, todo programa que desejar tratar desse tema deve ter o cuidado para não transformar a equipe em competidores vorazes que irão fazer de tudo pelo reconhecimento prometido pelo gestor. Assim, não basta estipular metas de vendas (por exemplo) ou contabilizar níveis de produtividade somente de forma individual. Um bom programa de reconhecimento deve estabelecer certos parâmetros éticos e ter dois focos: pessoa e grupo.

Criar o sentimento de pertencimento e gerar a sensação de acolhimento no ambiente de trabalho irá resultar na segurança da equipe. O trabalho, seja ele qual for, se torna uma extensão do ambiente familiar, pois, reconhece nos seus companheiros pessoas com quem poderá contar em momentos de dificuldade.

Óbvio que o exemplo deve ser a mola mestra, portanto os gestores devem estar plenamente engajados. Sem a participação expressiva de quem apresenta as diretivas dificilmente a cultura será metabolizada por todos.

Apresentamos alguns exemplos de atividades que o RH pode promover a fim de prover a base dessa cultura. Coisas simples que até mesmo um calendário pode resolver até ações mais complexas que depende da participação efetiva do grupo.

ANIVERSARIANTE DO MÊS – Esse é o programa mais fácil de ser implantado e, de fato, pouco tem a ver com produtividade ou desempenho do colaborador. Trata-se de uma forma de gerar a sensação de pertencimento ao grupo. Basta um quadro de avisos com as fotos e datas dos aniversários do mês e, se possível for, uma pequena demonstração de carinho durante o Briefing matutino com o já usual “parabéns para você!”.

COLABORADOR DO MÊS – O primeiro detalhe desse programa é substituir a palavra funcionário por colaborador. Os quesitos podem ser bem objetivos como assiduidade, produção, vendas ou uma votação entre os colegas de equipe. Algumas pequenas regras podem ser impostas, por exemplo: a mesma pessoa não pode ser escolhida mais que duas vezes consecutivas para dar oportunidade a todos.

ATENDIMENTO NOTA 1.000 – Uma vez por mês um colaborador pode ser escolhido com base nas respostas – espontâneas - dos clientes ao seu atendimento. Atualmente é muito comum pessoas enviarem e-mails para empresas reclamando do atendimento, mas o inverso também está se tornando algo corriqueiro. Um bom atendimento pode gerar ações dos clientes mesmo sem serem incentivadas. No entanto, a empresa pode solicitar aos seus clientes algum tipo de feedback através de e-mail, WhatsApp, ligação telefônica ou formulário para preenchimento no próprio local do atendimento.

SUA IDEIA VALE OURO – Quem mais sabe dos detalhes das operações são os colaboradores que, diretamente, atuam nos processos. Assim, incentivar que novas ideias sejam apresentadas e premiar as melhores é uma forma de demonstrar a integração de todos no sistema. Melhor ainda se as ideias forem realmente implantadas.

Esses são apenas alguns exemplos de ações que podem ser desenvolvidas para promover o reconhecimento dos colaboradores. Datas comemorativas como dia das Mães, Pais, Natal, Dia do Trabalhador, também funcionam como âncoras para promoção de eventos internos e homenagens. Mas, que perfil de premiação seria mais adequado? Muitas empresas adotam premiações em dinheiro e isso funciona relativamente bem. Outras possibilidades também são bem recebidas pelos colaboradores como: viagens com acompanhante; medalhas e/ou placas comemorativas; dia de folga extra; bens materiais como computares, telefones e etc.

Vale lembrar que nada no mundo corporativo é mais forte do que um elogio sincero e o agradecimento como resposta a uma boa performance. Esse é o perfil de reconhecimento mais barato e de maior valor para o colaborador. Saber que está sendo percebido como ser atuante na corporação e que suas ações refletem de modo positivo na mente de seus gestores gera sensação de pertencimento.

Um truque que pode ser usado por todo bom gestor é ter pela manhã dez moedas de centavos no bolso direito da calça e, a cada elogio ou agradecimento a um colaborador, deve ir trocando de bolso, moeda a moeda. Certificando-se sempre que, ao final do dia, todas as moedas estejam no outro bolso.

Sempre é possível promover uma cultura de participação, integração, reconhecimento e pertencimento. Afinal, cada colaborador é um cartão de visita da empresa e quanto mais engajado ele estiver, melhor será o reflexo no cliente e maiores são as chances da organização ser reconhecida por boas práticas no mercado.
       
Por Prof. Dr. João Oliveira


domingo, 9 de fevereiro de 2020

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA?



Nossas mentes estão cheias de estruturas solidificadas com certezas sobre vários assuntos. Na maioria das vezes, o foco é o perfil comportamental, regras de como agir dentro de uma determinada cultura sem ter de pensar muito a respeito. Essas tais normas de conduta servem como guia mestre para obter um melhor resultado no ambiente onde se encontra o sujeito.

Será que os ditos populares ainda estão dentro do prazo de validade? Vamos analisar algumas dessas frases mais comuns no Brasil. Afirmações que parecem carregar consigo a verdade absoluta, uma certeza comum a todo grupo social que tudo irá terminar bem se as regras forem seguidas como está escrito:

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA – Em nosso tempo, a atualização constante é uma necessidade básica. O dito popular deve ter sido criado como forma de justificar a inação daqueles que não procuram o próprio crescimento, por acreditar que existe uma premiação apenas por fazer o que é certo. Hoje, além de fazer corretamente toda e qualquer atividade laboral, é de suma importância o investimento no desenvolvimento pessoal.

HÁ MALES QUE VEM PARA O BEM – Trata-se de uma forma de encarar problemas como, por exemplo, conflitos internos. Sabemos que vários tipos de demandas podem ocorrer no dia a dia de qualquer instituição e, de fato, a forma de enfrentar situações adversas faz toda diferença na resolução. Sendo assim, esse dito popular está na mesma direção do pensamento do moderno gestor que passa a ver, os problemas, como desafios que devem ser ultrapassados e não como muralhas de contenção.

A NECESSIDADE É MÃE DAS INVENÇÕES – Provavelmente o dito mais coerente com a realidade dos profissionais que atuam em nosso país. Muitas vezes, fora da condição ideal de trabalho, se torna necessário agir com criatividade afim de dar conta de todas as responsabilidades. Ocorre, porém, que a necessidade pode ser prospectada e as soluções podem estar prontas antes mesmo de serem necessárias. Um ponto que deve ser ressaltado na cultura laboral brasileira: a maioria dos gestores só pensa no problema quando ele ocorre.

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE – O otimismo deixou de estar em moda no Brasil. As flutuações de mercado, mudanças na legislação e o consumidor cada vez mais exigente colocaram as instituições, que estão no topo, em estado de alerta constante. Assim, aquele que almeja manter a liderança em sua área deve ter mais que esperança em um futuro melhor: deve construir isso no dia a dia, começando quase do zero todas as manhãs. Planejamento estratégico é o novo nome para esperança.

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA – Nem sempre insistir em algo, que não está dando certo, pode levar ao sucesso apenas pela não desistência. Caso o que esteja fazendo não consiga alcançar os objetivos que tem em mente, procure alguma variação de conduta (estratégia).

NÃO HÁ ROSAS SEM ESPINHOS – Existe um pensamento comum, na maior parte das pessoas, que o sucesso só surge depois de um grande investimento em suor e lágrimas. Ou seja, só serei feliz após sofrer ou, pior ainda, não existe sucesso pleno: algo irá dar errado. Isso não corresponde à realidade, embora não seja a regra. Da mesma forma, é possível ter uma equipe afinada, onde tudo ocorre da melhor forma possível, sem nenhum tipo de conflito.

EM CASA DE FERREIRO ESPETO É DE PAU – Significa dizer que o produto que é ofertado ao mercado não é utilizado pela própria equipe que o produz. Ou, que o saber exportado não é utilizado no ambiente interno. Esse dito perde força até mesmo nos empreendedores de marketing multinível. Para poder vender os produtos os promotores devem usá-los primeiro e conhecer a fundo suas propriedades. E essa regra ocorre em tantas outras áreas também.

PARA BOM ENTENDEDOR MEIA PALAVRA BASTA – Não, não basta. O mais frequente erro nas instituições surge no processo comunicacional. Ter certeza que o outro entendeu claramente o que foi dito e que irá seguir as orientações corretamente deve ser uma obrigação de todo bom gestor. O trabalho de aprimoramento da comunicação deve estar na pauta do dia, todos os dias.

PAU QUE NASCE TORTO NUNCA SE ENDIREITA - Pode ser uma boa desculpa para quem não deseja investir em si mesmo ou em sua equipe. Treinamentos constantes e estratégias motivacionais de equipe podem transformar pessoas de baixa produtividade em seres altamente competentes. Quem não acredita que pessoas podem mudar de perfil não serve para ser gestor.

A ATIVIDADE É A MÃE DA PROSPERIDADE – Desde que a atividade esteja dentro de um plano de trabalho estratégico é certo que resultados irão ocorrer. A atividade por si só não significa certeza de um resultado positivo. É necessário que a atividade esteja dentro de um plano de ações visando alcançar algum objetivo específico. A chave para o sucesso é o planejamento. Ir fazendo por fazer pode até dar certo, de vez em quando, mas, se o processo está definido em etapas de crescimento a probabilidade de êxito se torna cada vez maior.

As frases prontas, no modelo de dito popular, refletem um momento no tempo de determinada cultura. Uma vez incorporadas ao inconsciente coletivo irão se repetir, sem análise de valor, durante muito tempo. Mesmo depois de terem perdido sua utilidade social.

Refletir sobre o que pensamos e como pensamos é uma tarefa árdua quando temos de desconstruir mitos consolidados. Os que são capazes de descortinar o véu do senso comum e aplicar a abordagem do momento serão os mais afortunados.

Afinal, é “Depois da batalha que aparecem os valentes!”

Por João Oliveira

domingo, 2 de fevereiro de 2020

PENSAMENTO, FOCO NO OBJETIVO, ESTRATÉGIA E RESULTADO !




Qualquer desenvolvimento depende de um protocolo, uma agenda progressiva de ações para que o projeto, seja de que natureza for, possa ser materializado no mundo real. Os passos que orientam o caminho existem mesmo que o agente não se dê conta disso. Trata-se de um processo, uma metodologia, que, uma vez estruturada de forma consciente pode facilitar bastante qualquer perfil de projeto que possamos ter na vida pessoal ou laboral.

Tudo começa com o pensamento. Uma ideia inovadora para uma ação que pode trazer resultados positivos. A imaginação humana é capaz de encontrar soluções criativas para as mais diversas dificuldades, permitir que a mente elabore essas possibilidades também requer uma certa dose de investimento.

Quando estamos diante de um problema que nos impacta, é natural que tenhamos bloqueios de novas ideias e isso ocorre por conta da estrutura emocional que surge. As emoções negativas podem atrapalhar a capacidade de se encontrar soluções criativas. Dessa forma, quando uma pergunta não encontrar a resposta adequada, é importante que possa ocorrer um afastamento emocional da origem do problema.

Dar oportunidade à mente para ir além do foco principal da demanda, é mais fácil do que se imagina. Aqui vão algumas dicas de como abrir um fluxo de pensamentos criativos quando estiver paralisado por um desafio:

- Ir ao cinema ou ler um novo livro
- Ouvir música de olhos fechados
- Meditar ou praticar atividade física
- Sair do padrão: fazer algo diferente do usual.

Novas ideias irão surgir e, com certeza algumas poderão ser aplicadas com resultados real no dia a dia.

Ocorre que, muitas vezes, o dia a dia com suas atribulações, acaba por roubar o foco de nossa atenção. Dessa forma, o objetivo se perde dando lugar as emergências que surgem a cada instante no ambiente de trabalho.

Manter o foco no objetivo é importante quando se deseja, de fato, o crescimento na direção certa. Uma agenda bem estruturada pode ser bastante útil nesses casos. Separar momentos no dia para trabalhar na direção do seu objetivo organizando as ferramentas que serão utilizadas na construção de seu projeto.

Hoje temos os smartphones que permitem criar alertas durante o dia para nos lembrarmos de determinados compromissos. Esse mecanismo pode ser usado para funcionar como setas indicativas direcionando o foco sempre que possível for.

Nesse ponto do processo a estratégia de ação deve ser elaborada. O que antes era apenas uma ideia imaterial agora deve ganhar ações escalonadas para o resultado final que desejamos.

Também é da natureza humana a capacidade de prospectar o futuro, de imaginar diversas possibilidades de resultados para suas ações. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Irá depender apenas da motivação e estado de ânimo.

Uma pessoa com baixa motivação ou péssimo estado de ânimo irá prospectar um futuro apocalítico onde qualquer ação resultará em fracasso. Já o contrário disso também pode ser perigoso, quando uma dose excessiva de otimismo pode deixar de lado os riscos inerentes a qualquer tomada de decisão.

O caminho do meio sempre foi o melhor, já que o analítico ao extremo poderá encontrar detalhes demasiados esgotando suas energias apenas na elaboração desse raciocínio e, a ausência de cuidados pela antecipação do sucesso pleno, pode criar o desastre no projeto.

Vale a pena pensar que qualquer resultado, bom ou ruim, só pode ocorrer mediante a ação. Ser um mero observador do mundo, preso na descrição dos fatos que ocorrem no entorno, não deve ser uma abordagem de crescimento. Portanto, só falha quem tenta e os erros geram experiência para uma nova tentativa mais coerente.

A fórmula é simples: primeiro a elaboração do pensamento estruturado, depois manter o foco em seu objetivo principal, criar as estratégias de ação para ser, finalmente, responsável pelos resultados possíveis de serem colhidos.

O que deseja mudar em sua vida? Qualquer momento é oportuno para se aplicar alguma alteração que almeja aprimoramento. Desde o autodesenvolvimento, processos internos emocionais ou comportamentais, até as rotinas de trabalho que podem (e devem) sofrer revisões periódicas. Nada é tão bom que não se possa melhorar: sempre!

Por Prof Dr. João Oliveira
Conheça nosso site: https://www.isec.psc.br

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O QUE VALE NO VALE, VALE AQUI?


O QUE VALE NO VALE, VALE AQUI?

Por João Oliveira

O Vale do Silício não é um território demarcado no mapa com linhas precisas. Ocupa, na Califórnia, uma área que começa no sul da baia de São Francisco e inclui muitas cidades como: Redwood City, Menlo Park, Palo Alto, Los Altos, Mountain View, Sunnyvale, Cupertino, Santa Clara e San Jose. Nelas estão as maiores (e mais prósperas) empresas desta era de inovação digital. O aparente centro gravitacional de tudo isso é a Universidade de Stanford em Palo Alto.

Com uma abundância de jovens talentos com ideias disruptivas, lá existe um cultura organizacional, aparentemente única. Se isso é um fato que pode ser transformado em um protocolo de ação, porque o mesmo sucesso não ocorre em outras áreas no mundo?

Não é por falta de tentativas. Muitas cidades criaram modelos semelhantes com incentivos a startups de tecnologia, mas o resultado ficou longe de ser igual. Segundo o Global Startup Ecosystem Report 2019, elaborado pela Startup Genome, o perfil de hoje coloca o Vale em primeiro lugar seguido, de muito longe, por New York, Londres, Pequim, Boston, Tel Aviv e Los Angeles. São Paulo aparece na lista como um ecossistema promissor, mas, em uma posição distante dos demais.

Todos os indicadores incluindo o número em empresas e resultado financeiro do Vale do Silício destoam de forma significativa de quaisquer outras áreas que, teoricamente, competem pelo primeiro lugar em agrupamento de startups de tecnologia. Pelo que se pode notar, mesmo que seja replicado as mesmas condições de apoio técnico e financeiro, por parte governamental, o resultado não se repete.

O segredo do que se observa hoje, como sucesso alcançado, faz parte de uma cultura organizacional impossível de ser transcrita como um protocolo de uma única empresa, pois, é a própria estrutura mental do Vale. Podemos tentar desmembrar em alguns itens:

1 – Qualquer ideia deve ser validada: Em uma reunião em 14 de junho/2019 na The Vault, em São Francisco (CA-EUA) com Fernando Figueiredo, brasileiro que é co-founder e CEO da OAKTECH, empresa de estratégia global e internacionalização, ficou claro que a cultura aceita qualquer ideia nova desde que possa ser validada. Um exemplo disso é LiLou, o porquinho terapêutico do Aeroporto de São Francisco. Alguém teve a coragem de apresentar um projeto que afirmava a importância de um porco circulando pelo aeroporto para acalmar os passageiros nervosos e, o gestor, teve a coragem de colocar essa ideia em prática para ser validada. Hoje é um sucesso!

2 – Desenvolvimento de grupos para trocas de ideias: Laís de Oliveira, brasileira que desponta como Diretora de Desenvolvimento de Comunidades na Startup Genome (essa mesma que faz o levantamento dos ecossistemas de startups) com sede em São Francisco nos fala da importância da criação de grupos com origens diversas. As comunidades podem, pela sua miscigenação, gerar ideias novas, parcerias produtivas e, além de tudo, financiamentos mútuos. Os projetos podem se intercambiar – sinergia – gerando desafios impossíveis de serem alcançados por uma só pessoa: parceira é tudo nesse ambiente.

3 – Para ter abundância deve-se compartilhar: Bruno Solis, da Kong Inc. hoje executivo de contas para América Latina com sólida experiência em vendas de sucesso, fala com orgulho dos mais de 600 mil usuários de seu sistema que não pagam um centavo sequer. No entanto, o faturamento da Kong é de vários milhões de dólares. Sua base é oferecer plataformas de código aberto e serviços em nuvem para quem deseja gerenciar, monitorar e escalar Interface de Programação de Aplicativos e Microservices. A base do pensamento é que, quando você distribui, o mercado pagador retorna aceitando o preço da credibilidade alcançada.

4 – O talento deve ser valorizado: Vinícius Depizzol, brasileiro do estado do Espirito Santo, um dos principais Designers no escritório da Microsoft Corporation na Market St em São Francisco disse que hoje, no cultura do vale, há um grande cuidado da empresa em manter seus colaboradores o mais seguros e confortáveis possível. Não é o horário de saída ou entrada no prédio da empresa que vai trazer a solução da demanda. Muitos colaboradores passam mais tempo trabalhando em casa do que na empresa e, com responsabilidade e engajamento, apresentam os resultados em seus devidos prazos.

5 – Não dispensar o passado por conta do futuro: Com Martin Spier, arquiteto de performance da Netflix, numa conversa no Steins Beer Garden em Cupertino, CA – EUA, sobre cultura organizacional e a liberdade que deve ser colocada à disposição dos colaboradores, foi ressaltado algo muito interessante: a Netflix ainda entrega DVDs mensalmente a milhões de usuários. Como uma empresa que é líder mundial em streaming ainda carrega esse peso? A resposta foi direta: é um mercado de milhões de dólares. Embora a tecnologia esteja à disposição muitas pessoas, por motivos quaisquer, preferem o velho DVD. A Netflix, que começou dessa forma, não abre mão desses clientes e mantém toda estrutura para atendê-los, mesmo que o retorno não seja o mesmo do modelo atual.


6 – Pensar diferente sempre - A consultora sobre o ecossistema do Vale, Mariangela Smania, quando conduz o seu treinamento “Path to Innovation” pelo campus da Universidade de Stanford reforça a estrutura valiosa do Design Thinking: olhar o todo e os detalhes para inovar. Não basta apenas saber a necessidade e ter a solução, muitas pessoas desenvolveram produtos e serviços fantásticos que não tiveram êxito ou foram ultrapassados rapidamente pela concorrência. O pensamento disruptivo é um talento, mas pode e deve ser replicado com a utilização de técnicas apropriadas.

São apenas alguns pontos que podemos extrair da cultura reinante no Vale que, pelo que vemos, apresenta resultados. Este texto trata-se de um pequeno resumo das principais ideias que nos foi possível colher no mês de junho de 2019 quando estivemos imersos nesse ambiente do Vale do Silício.

Não é a chave do segredo, mas é uma porta importante que vem dando resultados significativos na inovação de grandes e pequenas empresas.

A ARMADILHA DO BOM QUEIJO



Por. João Oliveira

A acomodação, pela sensação de conforto e estabilidade, pode limitar em muito a real produção que um profissional poderia ter em sua carreira. Pessoas simplesmente param de buscar crescimento porque, por comparação, se encontram em melhor posição que seus pares. O olhar, no entorno, vicia como uma armadilha invisível criando uma ilusão de faixa de chegada:

- “Cheguei ao máximo de minha carreira!”. Essa frase finalista pode estagnar uma vida que poderia contribuir mais com a empresa, família, sociedade e (obviamente) consigo mesmo.

Sabemos, pela programação neurolinguística e os informes dos neurocientistas, que o cérebro adora novidades, mas, detesta mudanças. Vivemos buscando padrões para explicar tudo que nossos sentidos podem captar. Por isso, é difícil dormir com uma torneira pingando: não há padrão perfeito entre uma gota e outra o que gera um ruído sem cadência rítmica. O cérebro não gosta muito de coisas sem um padrão previsível.

Assim, sempre que for possível detectar uma relação confortável entre produção e rendimento (retorno financeiro) com certa estabilidade previsível é possível ocorrer uma paralisação pela busca de crescimento profissional. Esse perfil é muito comum em servidores públicos de uma forma geral, mas, também existe em bom tamanho em todos os perfis de atuação dos seres humanos desde dos pequenos comerciantes aos renomados profissionais liberais.

A justificativa mais encontrada, quando se questiona ao individuo sobre sua escolha em deter o próprio desenvolvimento profissional é que ele – reponde prontamente - não é ganancioso ou, que não vive apenas em busca de retorno financeiro. A frase campeã é:

- “Prefiro qualidade de vida a uma vida só de trabalho!”.
Não há nada de errado nisso e são boas falas, na verdade, o problema é que pode não corresponder a plena verdade dos resultados que poderiam ser alcançados caso existisse a motivação certa.

Durante o lançamento de uma campanha para casa própria no Estado do Rio de Janeiro pelo valor de R$ 1,00 (isso mesmo: um único e mísero real por uma casa popular) um grupo de amigos psicólogos trabalhava na captação de possíveis futuros moradores. O perfil procurado eram moradores de rua, pessoas que viviam em condições sub-humanas e moradores de comunidades carentes. Um dia encontraram uma família que residia sob uma ponte em um valão fora do perímetro urbano e, não havia argumentação suficiente para demover a ideia à família em deixar a arriscada condição de vida.

Em dado momento o chefe da família argumentou que isso iria gerar despesas que eles não tinham até o momento, como: IPTU, conta de água, de luz e até mesmo gás. O psicólogo então, como última forma de convencimento disse:

- “Mas, aqui de vez em quando, ocorrem cheias e a água chega a cobrir até mesmo a pista sobre ponte”.

O senhor, fechou o semblante, abaixou a cabeça e terminou a conversa com o seguinte argumento:

- “É só uma vez por ano!”.
Nós, seres humanos, estamos muito bem preparados para defender as crenças que temos como verdade pessoal. Por isso temos guerras. Como, então, uma empresa deve agir em seu corpo laboral afim de estar sempre motivando o crescimento de seus colaboradores?

Os treinamentos são bem-vindos sempre. No entanto, quando o foco é provocar a busca pelo crescimento deve-se ter o cuidado de saber direcionar o resultado para a própria instituição, quando for o caso de uma empresa ou, para o amplo mercado quando o foco for profissionais liberais.

Pode ser que sua empresa não lhe oferte essa oportunidade e a única forma de estar nela é ficando justamente no seu lugar, mantendo essa conhecida segurança. Casa surja o desconforto e a necessidade de escalar novos degraus o jeito é deixar de fazer parte da instituição. Por isso, eventos motivacionais dentro das instituições devem ofertar quais possibilidades estão disponíveis em seu próprio ambiente. Caso contrário, o risco de perder elementos será inevitável.
Um outro exemplo de como isso pode ser danoso: quando uma grande empresa pública foi privatizada no Rio de Janeiro, na década de 80, um grupo de recrutadores visitou todas as unidades pelo interior do estado fazendo a seguinte pergunta aos antigos funcionários:

- “Há quanto tempo o senhor está nessa função?”.

A linha de corte foi os que estavam estacionados há mais de dez anos. Não interessava à nova administração pessoas sem ambição. Para eles, isso era um forte indicativo de falta de pró-atividade.
Uma avaliação pessoal deve ter uma agenda recorrente. Em nossa cultura é normal essa checagem ocorrer no final ou começo de um novo ano ou nos aniversários natalícios.

Muitos planos, várias metas e uma curta memória para mudança. Basta lembrar dessa frase que elaborei em um de nossos livros:

“A única constante na vida é a mudança constante na vida”.

Se prepare para crescer mais um pouco ainda hoje!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A ÚLTIMA TENTAÇÃO DO DIABO


Por João Oliveira

Aposentado, vivia ele em uma pequena casa no campo junto com sua família: mulher e quinze filhos (pequenos demoniozinhos). Passava os dias pensando no quanto ele tinha sido poderoso e havia perdido espaço para maldade humana. Sem função, muitas vezes ficava lendo na frente da casa ou varrendo o quintal para passar o tempo.

- Acho que meu apogeu foi na primeira guerra mundial! Nada supera uma batalha nas trincheiras...

- Não, não... foi o Titanic... como era fácil de se aproveitar da soberba humana naquela época. Fazer com que dividissem os botes salva-vidas metade de cada lado do navio. Só um idiota para pensar que isso daria certo.

Falava ele, sozinho, enquanto segurava a vassoura com as duas mãos apoiando o pontudo queixo no cabo.

- Ô de casa! – gritou um homem no portão.

- O que é? Não vê que estou ocupado?

- Correio, seu Satã...

- Ah... deixa eu ver do que se trata! – E, pegando a carta, começou a ler o que estava escrito nela.

- Convidamos vossa senhoria para uma reunião da Hino... – Arregalou os olhos!

- Pirâmide!! – Gritou enfurecido – Marketing multinível!! Esse povo perdeu o respeito?? Fui eu quem inventou isso para construir pirâmides no Egito!! Fui eu!!! E esse povo não me teme???

- Calma seu Satã! - Disse o carteiro – Eles mandam isso para todo mundo!

- Pior!! Muito pior: Não sou todo mundo!

Virou as costas e foi se sentar num velho banquinho de madeira.

- Onde já se viu... me convidar para uma reunião armadilha de vendas... É por isso que não tenho telefone fixo em casa...

A mente do idoso demônio se revirava tentando encontrar uma resposta para o seu melancólico fim.

- Foi a internet – pensava ele – Só pode ter sido esse tal de nudez que tirou meu poder.

- Não! – Duvidava ele – Não foi isso: foi a invenção da televisão. Depois que começaram os comerciais o povo ficou mais afoito para ter as coisas e perdi o controle da maldade no mundo. Só pode ter sido isso.

- Ah! Mas também a vulgarização da minha presença – Justificava o tinhoso – Toda e qualquer igrejinha de rua cria paródias satirizando o meu poder.

- Isso não pode ficar assim! – Gritou ele para o vazio!

Andando de um lado para o outro começou a arquitetar um plano malévolo.

- Deixa eu ver aqui... não tem mais espaço para a maldade porque tem maldade de mais no mundo. O velho barbudo perdeu o controle também e nem quer mais saber desse mundo. Eu, estou por aqui e ainda posso atuar...

- Mas, como? Como posso reverter as coisas...

Num súbito uma epifania ocorreu! Como se um anjo do céu tivesse tocado uma trombeta em seu ouvido direito ele gritou:

- Akerue! – que é eureka ao contrário.

Foi o primeiro sorriso largo que ele deu desde o dia 6 de agosto de 1945 às 8h15 da manhã quando o Enola Gay abriu as comportas para deixar Little Boy cair, sobre Hiroshima, no Japão.

– Já sei o que fazer! Vou espalhar a bondade! Isso mesmo! Vou fazer com que as pessoas se tornem boas e, quando elas estiverem todas santificadas, volto a fazer o meu serviço de maldades trabalhando intensamente cada segundo! Para mim o tempo não importa mesmo! Vou começar amanhã de manhã!

Começou a dançar sobre suas patas com cascos de bode como um desenho animado sem ossos. Suas pernas e braços giravam em todas as direções sob a cadência de uma música imaginária.

- Está fazendo o quê sua besta? – Uma voz feminina grita na janela.

- Amor! – fala docemente o coisa ruim – Tive uma ideia: vou voltar a trabalhar!

- É vai fazer o que sua besta? Vai apagar o sol de novo? Olha a dor na coluna que você sente quando faz frio... Deixa de vagabundear e vai no mercado para mim, compre enxofre que estou fazendo o jantar!

- Manda um dos demoniozinhos. Não vê que estou ocupado pensando?

- Larga de ser vagabundo. As crianças estão quietinhas vendo o jogo do Flamengo na tv (leia-se Corinthians se estiver em São Paulo).

- Não vou não! Não sou seu escravo! – Se rebelou Satã.

- Vai ficar sem jantar então. Eu me viro com as crianças e você vai jantar na rua, se quiser, para largar de ser preguiçoso.

Nesse ponto, amigo leitor (não escrevo leitora porque, lendo rapidamente, algumas pessoas entendem como sendo *leitoa*), você já se deu conta que a última tentação do Demônio foi ter se casado com a pessoa errada tal qual a música sofrência propõe.

- Para de dançar sua besta inútil vai no mercado antes do apocalipse!

Caso sua esposa o incentivasse ele poderia ser qualquer coisa além de um velho rabugento que vive do passado. Uma boa pessoa, ao seu lado, pode ajudar muito a direcionar projetos.

Então, querido leitão (está escrito *leitor* tenha certeza disso e pare de ler rápido assim), saiba escolher o seu cônjuge muito bem. Ele (ou ela) será sua lente de aumento para suas capacidades ou deficiências.

- Ou não? - Pensou ele finalmente – Deixo as coisas como estão. Em algum momento eles se matam todos e começamos o mundo de novo. Tomara que, da próxima vez, sejam três no paraíso... aí já começo a bagunçar na raiz sexual do problema.