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sábado, 1 de novembro de 2014

MANIFESTAÇÕES EM GREVES: EMOÇÕES EM JOGO





       Por João Oliveira         

                A Lei Nº 7.783, de 28 de Junho/89 versa sobre o direito de greve e as responsabilidades dos grevistas diante das necessidades inadiáveis da população em serviços essenciais. Algumas pessoas podem pensar que fazer greve é o simples ato de cruzar os braços paralisando uma produtividade qualquer. Na realidade existe um rito legal que deve ser cumprido para que o movimento esteja dentro dos parâmetros da lei. Seguir as orientações das assembleias sindicais, notificar a entidade patronal ou empregadores com antecedência de até 48 horas e manter o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve, estão entre as mais importantes.

                Nos últimos meses temos associado movimento grevista a distúrbio violento nas ruas, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, no entanto, as reivindicações trabalhistas pouco (ou nada) tem a ver com as cenas violentas que surgem durante as passeatas ou aglomerações.

O problema reside em um movimento chamado de contágio psíquico que consegue, em meio a ânimos alterados, mudar completamente o perfil de um movimento ordeiro em algo próximo ao caos.  Um exemplo de como isso funciona é a conhecida folie-à-deux (Transtorno Psicótico Induzido ou Transtorno Psicótico Compartilhado), um elemento dentro de um distúrbio psíquico pode contaminar um sujeito em sua proximidade que, por sua vez, irá manifestar os mesmos sintomas do verdadeiro doente.

                Nos grandes movimentos grevistas, nas manifestações, as emoções alteradas podem seguir um curso primário de contaminação coletiva pelos feromônios. Nos seres humanos esse processo ainda não está totalmente esclarecido, mas, entre os animais, é a forma mais rápida de comunicação existente.

                Diante do perigo um animal com medo irá exalar feromônios específicos que irão comunicar ao restante do grupo o que está ocorrendo. Imediatamente as alterações endócrinas, responsáveis por mudanças fisiológicas, entram em ação permitindo que os indivíduos desta espécie possam ter energia para correr ou lutar de forma rápida.

                A falta de racionalidade, capacidade de análise fria dos fatos, se instala provocando comportamentos violentos impensáveis em pessoas equilibradas em seu estado de ânimo normal. São incontáveis os eventos históricos onde fatalidades ocorreram. Em 8 de março de 1857, durante uma greve nos Estados Unidos, 129 operárias foram queimadas vivas em um incêndio criminoso durante um estado de greve. Deste fato surge o Dia Internacional da Mulher.

                Alguns estudiosos, entre eles o biólogo inglês Rupert Sheldrake, cultivam ideias mais complexas como a teoria dos campos morfogenéticos onde grupos poderiam compartilhar informações de modo inconsciente. Assim decisões grupais poderiam ser tomadas sem nenhum ordenamento formal.

                O que deveria ser um mecanismo funcional dentro de uma estrutura organizada, o movimento de greve pode, em algumas ocasiões, se transformar em algo descontrolado nas manifestações onde um grande número de pessoas manifestam emoções diversas. O nível de tensão gera medo e raiva que é a pior conjugação possível das emoções em qualquer ser vivo pois o transforma em um animal acuado.

                Quando vemos a confusão nas ruas fazemos uma ligação direta com as reivindicações dos grevistas e, automaticamente, nos esquecemos que são indivíduos à mercê de suas emoções. Não há raciocínio lógico quando a emoção toma conta levando, qualquer pessoa, a atos impensáveis em uma situação normal. O ápice deste viés é o linchamento público quando uma multidão faz justiça (violenta) com as próprias mãos. A grande maioria nem tem ideia direito do que está de fato ocorrendo naquele momento.

                Podemos dizer que ninguém está livre deste contágio muito menos as autoridades da lei que se fazem presentes como guardiões da ordem. O mesmo fenômeno ocorre em qualquer grande agrupamento humano mas, é claro, que onde existe revolta instalada – portanto, as reivindicações – é mais fácil ocorrer o distúrbio generalizado. Tenha como exemplo os combates de torcidas organizadas. 

                Assim podemos pensar em alguma forma de lutar pelos nossos direitos trabalhistas em um formato onde seja evitado formações de grandes grupos em vias públicas. O resultado pode ser, também alterado, se um controle emocional for bem estabelecido através de uma boa comunicação assertiva dos que comandam e algum treinamento comportamental.

                Todos nós, pessoas saudáveis emocionalmente, corremos o risco de nos envolvermos em algum tipo de descontrole emocional. Basta algum evento traumático surgir diante de nós para que o mecanismo de proteção a própria vida nos envolva e, como mágica, faça desaparecer toda racionalidade que temos. O melhor que se pode fazer é, dentro do possível, evitarmos estar presentes em ambientes que podem gerar eventos desta natureza.
               

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O salário está justo?



                 
 Por João Oliveira

         Muitas vezes os colaboradores questionam se estão, ou não, recebendo uma justa remuneração mensal pelos seus serviços prestados à instituição na qual atuam. Os valores pagos para os mesmos cargos podem variar de acordo com fatores diversos e, nem sempre, a melhor remuneração está diretamente ligada ao pagamento em dinheiro propriamente dito.  Existem outros elementos que configuram bônus e que não aparecem no extrato bancário.
                Os salários são influenciados pelo menos por três fatores básicos:
1)      Nível de conhecimento – Para o cargo que o colaborador irá atuar é necessário um alto nível de conhecimento técnico que, para ser alcançado, demandou de tempo, investimento e, ao final, uma certificação que faz dele um profissional especialista.

2)      Complexidade – A função exige um alto grau de concentração e, provavelmente, dedicação exclusiva pelo seu alto grau de complexidade. Dessa forma, pode limitar qualquer possibilidade de ganho alternativo. Assim, deve-se remunerar este profissional de forma equivalente.

3)      Responsabilidade – Os perfis neste caso podem ser de responsabilidade financeira ou por grupo de pessoas. Quanto maior for o nível de risco e, consequentemente, resultados positivos, maior pode ser o valor da remuneração mensal deste colaborador.

Também podemos elencar como fator relevante para se obter o valor da remuneração o perfil de produtividade ou mesmo de absenteísmo do cargo em questão. Para manter o colaborador é necessária uma equivalência salarial que justifique e motive sua aderência na instituição. Para uma política justa de valores o ideal é realizar uma pesquisa junto a empresas que possuem o mesmo perfil de cargos e obter o valor médio pago para cada categoria. Após a “Pesquisa de Competitividade” obtemos o que chamamos de mediana existente no mercado para cada função e, desta forma, podemos estabelecer níveis salariais:

1)      Início da faixa = 80% do valor da mediana – profissionais que estão adentrando a carreira e que ainda não possuem muita experiência na função proposta. Eles terão um período de avaliação da instituição. No Brasil o perfil de estágio só ocorre quando o colaborador ainda é estudante.

2)      Primeiro quartil = 90% do valor da mediana – o profissional já adquiriu o status do reconhecimento de suas capacidades dentro da instituição. Mas, ainda não está pleno de suas funções pois, provavelmente, ainda é supervisionado.


3)      Segundo quartil =100% do valor da mediana – pleno de suas funções já atua com maior liberdade e seu reconhecimento, pela instituição, o torna verdadeiramente apto a exercer com determinado grau de liberdade, suas funções.

4)      Terceiro quartil = 115% do valor da mediana – considerado expert pode adentrar a instituição com histórico de sucesso ou alcançar esse patamar, dentro da própria empresa, pelos méritos conquistados em sua função.


5)      Quarto quartil =125% do valor da mediana – profissional de valor reconhecido no mercado e, com certeza, disputado pelas empresas. O valor da remuneração acima um quarto da mediana demonstra a relevância que ele tem para o sucesso na produtividade da empresa.

Planos de saúde, clubes de serviço, auxílio moradia, transporte, auxilio farmácia, ticket refeição e outras possibilidades de remuneração indireta configuram, nos dias atuais, o maior diferencial para a escolha da instituição. Certo que o processo de recrutamento e seleção é uma estrada de mão dupla pois, da mesma forma que a empresa busca o colaborador ideal, o colaborador ideal busca uma instituição que lhe dê o merecido reconhecimento em forma de incentivos e recompensas. Desta forma, um bom plano de cargos e salários deve estar elaborado e deve ser apresentado logo nos primeiros momentos de contato durante o processo seletivo. 

Convém lembrar que o aspecto imaterial também é muito importante: o reconhecimento explícito. Que pode ser materializado como: elogio verbalizados, carta de reconhecimento em ocasiões especiais, premiações por produtividade e etc.

Por mais tecnologia e estrutura física que uma organização possa possuir, o elemento mais sensível é o seu funcionário. Dele depende o sucesso ou fracasso de toda corporação. Atentar para todas as possibilidades de manter a coesão do grupo funcional, sempre com os melhores elementos do mercado, é fator fundamental para o crescimento de qualquer empreendimento.



sábado, 4 de outubro de 2014

SAÚDE NO TRABALHO





  Por João Oliveira

             
           Já se foi o tempo em que a manutenção da saúde no ambiente do trabalho era possuir um consultório, ou melhor, um ambulatório para emergências na empresa. A figura da enfermeira com o dedo nos lábios pedindo silêncio ainda persiste nestes locais, que são úteis, claro, mas configuram apenas um detalhe em meio a tantas outras ações que preventivamente podem ser desenvolvidas pela instituição.

               Ocorre que sempre que se fala em implementar alguma intervenção na empresa alguém do setor financeiro apresenta uma planilha de custos que inviabiliza a ação antes mesmo do término da apresentação. Por isso, é bom estar munido de boas argumentações de como a produtividade, resultado de uma boa saúde e disposição física, pode gerar lucros financeiros. Este é o único argumento que a gestão não consegue fazer nenhuma objeção.

               Dicas para melhorar a saúde e o bem estar de todos em uma instituição:

1)      Iluminação: Uma boa iluminação melhora muito o ambiente de trabalho. Além de evitar posturas erradas (as pessoas se curvam muito para se aproximar e ler documentos impressos), como também no aspecto psicológico. Um local claro é bem mais saudável para nossa estrutura psicológica.

2)      Alimentação Saudável: Tendo cantina ou refeitório na instituição é de bom tom que campanhas ensinando como se alimentar corretamente sejam feitas regularmente. Caso a empresa tenha sua própria cozinha será papel do nutricionista manter um cardápio equilibrado para o corpo laboral.

3)      Diminuição de ruídos: Janelas fechadas podem diminuir o ruído externo, no entanto o interno é o que mais preocupa por ser contínuo. Aparelhos antigos de ar condicionado e os “coolers” (ventoinhas) são os principais produtores de ruído que podem causar dano à saúde humana. Um simples investimento na troca de “coolers” pode fazer uma grande diferença na produtividade.

4)      Alternância de Turnos: Uma grande estratégia para evitar estresse nos horários de deslocamento. Nem todos precisam estar no ambiente de trabalho ao mesmo tempo. As empresas que estão conseguindo mudar a rotina dos horários de permanência dentro da instituição já conseguem perceber aumento de produtividade. São Paulo saiu na frente e, um grande banco, já estruturou quatro turnos para seus funcionários. O resultado está sendo melhor que o esperado em vários aspectos.

5)      Comunicação Assertiva: Item imprescindível em qualquer ambiente onde exista relação humana. Para que se alcance um bom nível de comunicação assertiva no ambiente de trabalho é necessário um esforço de treinamento contínuo o departamento de Rh tem papel fundamental nisto.

6)      Ginástica Laboral: Quando bem ministradas por fisioterapeutas ou profissionais de educação física podem obter resultados fantásticos principalmente as recheadas com dicas ergonômicas de como melhorar a postura do corpo ou posição dos monitores. Apenas alguns minutos por dia são suficientes para fazer surgir uma maior capacidade produtiva sem a necessidade de deslocamento no local de trabalho.

7)      Comissão de Apoio: Formar uma comissão de apoio permanente para auxiliar colegas de trabalho que passam por alguma situação difícil é uma estratégia muito eficiente. Isto transmite uma sensação de segurança a todos, pois sabem que podem contar com algumas pessoas caso algo possa ocorrer. Estas comissões são, geralmente, elegíveis para períodos pré-determinados.

8)      Sofá da Soneca: Ter um local onde as pessoas possam relaxar após o almoço por alguns minutos e, até quem sabe, tirar uma boa soneca também é uma ação que eleva o status de saúde. Já está provado o quanto é salutar esta prática.

9)      Incentivo ao lazer: Não é uma ação que irá gerar custos. Apenas alguém deve fazer uma seleção de indicações do que pode ser feito no tempo livre. Um cartaz de sugestões no mural, renovado todas as semanas, poderá ofertar possibilidades de diversão a pessoas que não sabem onde encontrar. Claro que se deve dar prioridade as de menor ou nenhum custo.

10)   Trabalhe a Autoestima: A valorização do ser humano é o ponto chave para manutenção de um corpo laboral saudável e produtivo. Saber manter uma elevada autoestima entre os colaboradores de uma empresa pode fazer toda diferença entre o sucesso e fracasso no mercado. O setor de RH bem implantado e com liberdade de ação é a chave para se conseguir elencar alterações positivas e contínuas no status quo.

Provavelmente algumas dessas dicas podem ser facilmente agregadas as já existentes e outras, com certeza, já são prática normal em algumas instituições. O bom é não deixar o tema no esquecimento para que todos, em algum momento, possam desfrutar de um excelente ambiente de trabalho.