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sábado, 12 de março de 2016

MUNDO JUSTO



Por João Oliveira (Psicólogo  CRP 05/32031) 

Existe nos seres humanos uma constante tentativa de dar ordem ao caos. Essa arrumação do mundo faz parte de uma estratégia do cérebro para lidar com muitas informações ao mesmo tempo de forma que não sobrecarregue o sistema. Assim, nos é mais fácil acreditar que existe uma lógica reinante em nosso universo físico e que sempre teremos um bom resultado se formos éticos e bondosos com todos os outros seres que também habitam o nosso planeta.

Infelizmente isso não é verdade. Pessoas boas podem sofrer perdas, adoecem e morrem. E alguns canalhas vivem bem até o último dia de vida, sem nunca serem incomodados por nenhuma força contrária ao seu bem-estar.  Ou seja, a tal justiça, que deveria prevalecer de fato, não faz parte da realidade.

A falácia do mundo justo sempre foi implantada em nós pelas religiões ocidentais. No universo filosófico, mais presente no oriente, não é tão forte essa necessidade de receber benefícios vindos graciosamente das mãos de seres onipotentes só porque está se agindo corretamente em relação ao seu ambiente social. Ser correto, sério, honesto, ético e agir dentro da moral reinante é o mínimo que se espera de qualquer um de nós e isso não pode ser considerado uma moeda de troca.

Todos nós estamos sujeitos ao acaso e isso tanto pode significar a chamada sorte quanto o temido azar. Não há garantias de uma vida sem dor ou sofrimento para nenhum ser vivo por mais que ele tenha comportamentos louváveis e cheios de boas intenções para com seus semelhantes. 

O interessante é que podemos ter uma expectativa de como pensa e age uma nação inteira baseada, apenas, na conduta de alguns de seus representantes. Assim, ao observarmos os japoneses retirando o lixo no Maracanã deixado pelos brasileiros ao final de algumas partidas da última copa, podemos ter uma ideia de como esse povo se comporta em sua própria nação. Dessa forma, o estereótipo de um país, com milhões de habitantes, está seriamente vinculado à observação do padrão comportamental de apenas algumas dezenas de pessoas.

No Brasil possuímos várias condutas, que estão organicamente inseridas em nossa cultura, que algumas leis são necessárias para impor atitudes éticas e assertivas em relação aos nossos semelhantes. O preconceito é um exemplo de como os seres humanos pensam de uma forma e agem de outra, pois existe em todo o mundo e no Brasil são tantos tipos de preconceito quanto podemos pensar: raça, religião, altura, obesidade, idade, sexualidade, beleza e a lista aumenta se incluirmos classe social, regionalidade, grau cultural e muito mais. A imaginação é o limite.

Importante lembrar que os que pensam estar acima do limiar de contato do pensamento alheio e que nunca serão alvos de preconceito ainda não experimentaram morar fora do Brasil. Existem locais onde os brasileiros geralmente são até bem tratados, mas, somente quando estão travestidos de turistas. Pode-se sentir na pele o peso do preconceito nos países europeus, principalmente os nórdicos, que tratam os residentes estrangeiros da mesma forma que muitos aqui se relacionam com os que consideram de castas inferiores inclusos nas categorias já citadas.

Mas, a roleta russa do preconceito não para por aí. Esses mesmos nórdicos, quando aqui estão, são tratados pelos nativos como vítimas portadoras de câmeras fotográficas na orla de Copacabana. Assim, o ciclo se fecha, preconceituoso um dia e vítima no outro. O mundo é muito estranho mesmo.

O grande problema que enfrentamos de uma maneira geral é a espera de retorno pelas boas atitudes praticadas. Sem querer introduzir nenhum aspecto religioso, apenas pense o seguinte: porque motivo estamos aqui de fato? Será que somos parte de um grande jogo entre o bem e o mal e, se atuarmos corretamente, teremos vantagens que nos colocarão em destaque acima dos que não agem da mesma forma?

Isso até poderia existir se as relações que podem ofertar ou retirar benefícios não fossem administradas por seres humanos e, se a natureza pudesse parar o tempo nos mantendo jovens e saudáveis. Dessa forma, o mundo não é justo. Ele é tão humano quanto os que nele vivem.

Mudar a estrutura de um país para tornar o mundo em que vivemos mais equilibrado depende de ações que muitas vezes podem ir contra a uma composição já assimilada como normal. São atitudes comportamentais já totalmente inseridas como parte da cultura e entendidas como “o jeito de ser” do povo. Não são poucas as pessoas que aceitam a corrupção como algo institucional e que o pagamento de propinas faz parte de um negócio já estabelecido. Pode ser que muitos desses indivíduos se assustem ao ver alguma mudança de cenário e um pensamento ordeiro querendo impor normas que são, pelo menos no papel, legítimas.

Não dá para esperar o mundo (pelo menos o nosso) se ajustar naturalmente. Isso pode levar mais anos do que temos de vida. Nem devemos apenas rezar para que todo o planeta se torne amigável e sereno como gostaríamos que fosse. Torna-se necessário apoiar o respeito pelas leis, dar o exemplo com nossas atitudes e experienciar ser ético apenas porque é assim que devemos ser. Sem esperar as estrelinhas de premiação no final da aula.

O mundo que pode ser justo começa com um único sujeito justo. Cada um de nós fazendo a sua parte nas mínimas coisas, mesmo quando não há ninguém observando. Da autonomia individual nasce o respeito ao próximo dentro da soberania nacional. Muda não só o personagem, mas, a imagem de toda uma nação. 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

TANATOSE BRASILEIRA



Por João Oliveira




Presente tanto em alguns mamíferos como entre os anfíbios, répteis e artrópodes a tanatose é a capacidade de se fingir de morto para escapar de um predador qualquer. A gazela, por exemplo, quando percebe a presença próxima de um bando de leoas na caça fica imóvel tal qual uma estátua. Outros animais são mais teatrais e chegam a ficar por até 30 minutos na mais completa imobilidade e em posição que simula o quadro post-mortem. Sapos e aranhas são experts nessa prática causando verdadeira confusão até mesmo entre pessoas que lidam com esses animais todos os dias.

Pesquisadores já foram capazes de induzir a bradicardia por medo provocando o surgimento de um estado letárgico, quando os músculos se enrijecem e o corpo paralisa, apenas apresentando fotos de pessoas feridas a um grupo de voluntários. Esse estado psicológico que atua diretamente na estrutura física e comportamental é real entre os humanos, não se trata de uma brincadeira de mal gosto e funciona quase com o mesmo perfil dos citados animais: fingir de morto e esperar que o perigo passe.

Naturalmente esse efeito ocorre quando estamos diante de uma catástrofe. De uma forma estranha, todos nós, nos mantemos calmos em situações que, pela lógica, deveríamos ter comportamentos mais céleres como sair correndo, por exemplo. Esse movimento de calma letárgica pode nos custar caro, pois toma o tempo diminuindo as possibilidades de uma possível reação de fuga. Profissionais que lidam com o perigo de forma constante são submetidos a treinamentos rigorosos para não terem de pensar de forma analítica diante de situações onde as decisões devem ser tomadas em milésimos de segundos.

Bombeiros militares, mergulhadores profissionais, pilotos de grandes aeronaves são submetidos de forma regular a testes de percepção diante de estresse para garantir não somente a própria sobrevivência, mas, também as das pessoas as quais as vidas dependem de suas rápidas ações.

Esse, como já foi bem explanado, é o fenômeno da tanatose reconhecido pelas ciências e já comprovado e testado muitas vezes. Mas, aparentemente, uma nova forma está se espalhando como um vírus e tomando do perfil comportamental de uma imensa parcela de nossa sociedade de, tal qual da estátua de David, feita por Michelangelo, tem um olhar que parece estar atento, no entanto, não se move: nada faz!

Estranhamente certos movimentos que ocasionalmente vão as ruas só ocorrem porque possuem ligações partidárias ou com representações de classes o que não invalida em nada suas ações, mas, até certo ponto, inibe a participação de outras camadas da sociedade que apenas observam pelos noticiários ou criticam as interdições das ruas durante tais eventos.

Ocorre que, o sistema oferta possibilidades de manifestações mais efetivas além, é claro, das garantias dos direitos individuais e coletivos resguardados pelo Artigo 5º de nossa Constituição Federal. Muitos instrumentos legais, quando provocados, podem surtir efeitos sem que nenhuma rua seja tomada por pneus em chamas.

Os Ministérios Públicos – federal e estadual – mantém ouvidorias permanentes que podem ser acionadas de forma eletrônica sem a necessidade de deslocamento físico. O sistema eletrônico permite o acompanhamento das denúncias e, caso deseje o denunciante, de forma completamente anônima. Da mesma forma os Procons trabalham buscando garantir os direitos dos consumidores. Todavia, esses órgãos necessitam de provocações para serem mais assertivos em suas ações de controle e vigilância e para isso é necessário um movimento de quem se sente ferido de alguma forma.

A transferência de responsabilidade para os representantes legitimamente eleitos pode não ser exatamente a melhor opção. É possível que, nesse momento, eles tenham preocupações mais pessoais que coletivas e isso pode criar uma neblina no direcionamento de esforços em prol de soluções.

Cabe a cada um dos indivíduos dessa nação que se sentem tocados de forma negativa, feridos em seus direitos ou se explorados ilegalmente, um movimento ético dentro dos formatos adequados e visíveis a legislação. De nada adianta panelas nas janelas, ou passeios pela orla de Copacabana, pois, apenas o que está nos autos está no mundo ou, ao contrário: “Quod non est in actis non est in mundo”.

Entenda “mundo”, contido nesse velho axioma, como ato real e válido, uma verdade que pode ser tocada pelo universo jurídico da mesma forma que um firme apoio garante um movimento para o deslocamento da alavanca. A tanatose brasileira deve ser apenas fruto da falta de informação o que, de forma responsável cabe a todos nós desvelar, pouco a pouco, o manto confortável da ignorância.

Somente isso é o que deve estar impedindo o surgimento de abalos que levem a destruição das estruturas que foram fortificadas, durante séculos, pela paralisia generalizada de um povo bom, que espera apenas retribuição pelos sacrifícios diários que fazem em prol de sua pátria.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

PORQUE O OUTRO ME IRRITA TANTO?




Por João Oliveira*

Os humanos são seres projecionistas, que projetam o que sentem e se retroalimentam com os estímulos que recebem de volta do ambiente. Assim, o mundo é, em fato, uma representação emocional da carga individual que cada um de nós traz consigo. Simplificando: existe um mundo para cada um de nós e esse, nada mais é, que uma interpretação do afeto que ocorre no nosso universo subjetivo particular.
        Dessa forma, olhamos para o outro e vemos algo de nós mesmos que pode ser:

- Algo que nos falta ou algo que nos completa.

- Algo que gostaríamos de ser, mas, não temos coragem de assumir.

- Algo que desejamos ou que nos foi tirado e por isso invejamos no outro.

- Algo que abandonamos, por vontade própria, mas, ao ver no outro ressurge nova vontade de ter.

- Algo que tememos pois, se assumirmos, pode nos transformar em outro ser.

- Vestígios de personalidades de outras pessoas que ficaram em nós de forma positiva ou negativa ao longo da vida.

Um exemplo positivo é quando alguém completa aquilo que temos e, isso nos faz querer estar próximo dessa outra pessoa. Com o tempo essa linha de afeto pode se tornar mais forte e se tornar um sentimento conhecido como amor.

No entanto, nosso foco maior hoje é o que ocorre com a pessoa vitimada, pelo que nela existe, criando no outro um processo de surgimento da expressão emocional da raiva. Quando sem controle e exteriorizada essa emoção pode ter efeitos danosos em todas as faixas etárias de um ser humano.

De início é bom deixar claro que a raiva (irritação) não é, necessariamente, uma emoção negativa (Oliveira, 2012) ela surge como mecanismo para alterar as produções endócrinas no sentido de reunir recursos internos para alterar algo no externo (Ekman, 2007). Ou seja, caso a irritação (raiva) for direcionada para a produção ela terá o mesmo princípio de ação que a gasolina oferta ao veículo movido a combustão interna: em regra a estrutura funcional muito se assemelha.

Surge um problema quando a irritação se transforma em agressão ao outro que pode possuir formatos diversos com: danos físicos, agressões propriamente ditas; e/ou danos psicológicos como nos relata Sampaio, J. (et all) em seu trabalho sobre a Prevalência de bullying e emoções de estudantes envolvidos:
        
        As informações referentes à desmotivação, igualmente, merecem destaque por se apresentarem em níveis mais altos para as meninas. Isso pode significar que elas não se sentem possuindo condições necessárias para autoproteção, o que pode induzi-las a também se desmotivar em relação aos estudos ou faltar às aulas na intenção de se esquivar de sofrer novas agressões. Tristeza e vergonha também se destacaram para ambos os sexos. Essas emoções podem gerar sensação de impotência e, assim, intensificar o sofrimento vivenciado. (SAMPAIO, J. et all, 2015, p. 348).
Segundo os autores as meninas, em idade escolar, perdem a motivação, a vontade de continuar a progredir em seus estudos. No mundo adulto a estrutura de ataque tem outro nome: Assédio Moral. São as mesmas características do bullying estudantil: alguém que fere o outro com suas palavras e/ou atos, despejando seus desencontros internos sobre a vítima como se ela fosse a culpada pelo descontrole subjetivo do agressor. No mundo corporativo as mulheres são as maiores vítimas em todos os continentes. Essas vítimas vivenciam tristeza e vergonha e, o agressor, nada disso sente: “Para os agressores, prevaleceu a resposta referente a não sentir nenhuma emoção durante a prática de agressões, para ambos os sexos, sinalizando uma ausência de identificação com as vítimas. ” (SAMPAIO, J. at all, 2015, p. 350).
Os danos causados aos homens e mulheres que são vitimados por assédio moral podem se tornar irreversíveis senão forem ressignificados rapidamente. Não se trata apenas de ações trabalhistas que podem chegar a milhões de reais levando empresas quase a falência, nem mesmo da perda de produtividade de outrora bons profissionais e tão pouco do início de um processo de desligamento dessas pessoas das instituições. Estamos falando de algo que não pode ser medido com réguas e números, estamos falando de um possível futuro grandioso na vida dessas pessoas que pode, de uma forma dantesca, ser destruído completamente:

Os indivíduos acometidos pelo assédio moral, ao se sentirem ameaçados, deixam de levar uma vida normal e veem prejudicado todo o contexto de sua vida pessoal. Há casos em que eles se sentem esmagados e perdem inteiramente a disposição e a paixão pela vida. A destruição da identidade do indivíduo nos processos de assédio moral no trabalho se dá rapidamente. (FILHO, A. e SIQUEIRA, M., 2008, p. 16).
De tal modo, planos e projetos de vida podem dobrar a esquina, dar meia volta e deixarem de existir por conta de uma pessoa que não pode observar que estava diante de um espelho, refletindo parte não aceita dela mesma. Não existe justificativa para a agressão verbal, embora todos os agressores estejam prontos para, em detalhes, formalizar uma ampla defesa de seus atos. Todos os seres humanos, por mais irritantes que possam nos parecer, nada mais são que possíveis encontros com nós mesmos.
Os motivos para os ataques, como diz Filho, A. e Siqueira, M. (2008) em seu trabalho na página 18, podem ter várias facetas como: “O superior hierárquico pode perceber determinado subordinado talentoso como rival e ameaça à sua própria carreira, e tentar desacreditar ou sabotar o desempenho desse profissional”. Porém, olhar e ver no outro qualquer coisa que cause desconforto, nos diferentes formatos que minha mente for capaz de estruturar isso, pode revelar a necessidade de uma revisão do próprio estado de ser. Na maioria dos casos o agressor apenas sofre de insegurança ou baixa autoestima, algo que poderia ser cuidado com ajuda de um bom profissional psicólogo.
Fato é que todos nós interagimos e possuímos pessoas das quais gostamos que também interagem com líderes e gestores; e não é agradável ver o outro passar por constrangimento, assédio ou qualquer tipo de afetamento no ambiente de trabalho. A máxima “devemos fazer ao outro aquilo que desejamos que façam conosco” deve ser colocada como um mantra para as nossas atitudes. 
Além disso, é sempre bom lembrar que as instituições modernas estão sempre avaliando seus colaboradores e vendo os melhores resultados em prol do momento e do mercado e aqueles que estão no poder hoje, podem não estar amanhã, por isso é importante tratar todo mundo bem, deixar sempre portas abertas e utilizar o respeito como base para tudo, pois somos todos seres humanos. E as pessoas lembram primeiro daqueles que são bons profissionais, é claro, mas que tem o diferencial da ética e que agregam valor como pessoas do bem, que ajudam ao invés de atrapalhar, que cooperam, que sabem se comunicar e que, acima de tudo relacionam e equilibrem efetividade com afetividade. 
Não é o outro. Nunca foi! É o que se sente e como é manifesto isso no lugar onde atuamos. O mundo pode ser um lugar melhor se, todos nós, pudermos investir em sermos pessoas cada vez melhores nessa jornada em busca de autoconhecimento, sem nenhum ponto de chegada marcado ou previsto.
*João Oliveira é psicólogo (CRP 05/32031).

Referências:

EKMAN, Paul. Emotions revealed. New York: Holt Paperbacks, 2007.

FILHO, A. e SIQUEIRA, M. Assédio moral e gestão de pessoas: uma análise do assédio moral nas organizações e o papel da área de gestão de pessoas. RAM – REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO MACKENZIE, Volume 9, n. 5, p. 11-34, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ram/v9n5/a02v9n5 - Acesso em 07/02/2016.

OLIVEIRA, J., Raiva a melhor emoção. São Paulo, Revista Psique, n. 80, agosto, 2012. Disponível em: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/80/raiva-a-melhor-emocao-sera-que-e-possivel-afirmar-que-266479-1.asp -    Acesso em 07/01/2016

SAMPAIO, J. at all. Prevalência de bullying e emoções de estudantes envolvidos. Florianópolis. Texto Contexto Enferm,  2015 Abr-Jun; 24(2): 344-52. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n2/pt_0104-0707-tce-24-02-00344.pdf  - Acesso em 07/02/2016

domingo, 24 de janeiro de 2016

NO POLEIRO MAIS ALTO


Por Beatriz Acampora


Os passarinhos são criaturas encantadoras: cantam alegremente, voam e têm belas cores. Quando eles estão livres, é possível ouvir seus sons nos mais variados locais, basta prestar atenção.


Em muitos lugares, é comum os passarinhos serem colocados em gaiolas para que seus “donos” possam ouvi-los cantar diariamente. Em uma fazenda do interior, um senhor decidiu fazer um grande viveiro e para dar cor ao mesmo, adquiriu passarinhos das mais variadas cores e cantos.

Não se pode negar que o viveiro era bonito, atraía muitos olhares curiosos e as crianças eram as mais entusiasmadas com seus voos, cores e cantos. Dava trabalho cuidar do viveiro e havia um funcionário apenas para isso, pois os passarinhos precisavam se alimentar e também faziam muita sujeira.

Um desses passarinhos chamava a atenção pela sua postura, sempre de peito empinado, cabeça erguida e gostava de ficar no poleiro mais alto. Às vezes ele abria as asas e voava, mas, na maioria das vezes, subia saltitando: ganhava impulso e pulava de poleiro em poleiro até chegar ao topo. Poucos conseguiam seu feito. Ele parecia até o “rei do viveiro”.

Uma criança gostava de observar seu modo de agir e ficava se indagando porque ele agia dessa forma. Até que certo dia observando os outros passarinhos, percebeu que aquele que ficava no poleiro mais baixo era o mais sujo, ele levava em suas asas e na cabeça a sujeira que todos os outros passarinhos faziam.

E não era só ele, havia muitos passarinhos sujos, mas, aqueles que estavam mais no alto eram os mais limpos. E o mais limpo de todos era ele, o “rei do viveiro”, que ficava sempre no poleiro mais alto. Ele estava sempre limpo, imponente.

Naquele momento, a pequena menina se deu conta de aquele passarinho era o que mais se esforçava, pois tinha que pular mais, voar mais e nunca se acomodava ou deixava a preguiça dominar. Ele simplesmente parecia saber que para se manter limpo das fezes dos outros passarinhos, tinha que se esforçar mais.

E a menina decidiu, então, que iria tomar o exemplo do “rei do viveiro” como modelo, pois percebeu que todo esforço é recompensado, que não vale à pena deixar a preguiça ou a acomodação dominar, que o passarinho mais sujo era aquele que menos se esforçava. O que ela queria para si mesma era o brilho de canto e de cores que o passarinho do topo exibia.

Moral da história: Desconfie do caminho mais fácil. Sem esforço e dedicação não há movimento nem crescimento.

Lembre-se: passarinho feliz é passarinho livre.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

NOVOS LIVROS



É realmente com muito orgulho que anunciamos a publicação em formato impresso dos livros: 

Análise Comportamental: Relacionamento em Crise

Relacionamento em Crise: perceba quando os problemas começam.

Os livros serão lançados, simultaneamente, em três continentes e estará disponível inicialmente nas livrarias dos seguintes países: Brasil, Portugal, Angola e Cabo Verde. Embora tenham títulos e capas diferentes o conteúdo é o mesmo nas duas edições.

No Brasil, pela Editora WAK, com sede na cidade do Rio de Janeiro, o lançamento está previsto para depois do carnaval. Nos outros países de língua portuguesa na Europa e África o livro deverá começar a ser distribuído no início de março, pela CHIADO Editora, que tem sua sede principal em Lisboa, Portugal. A CHIADO também irá disponibilizar o livro em formato digital para todo o mundo através de seu site: https://www.chiadoeditora.com 

Dessa forma, a edição brasileira que começará a circular no mês de fevereiro poderá ser adquirida pelos interessados em qualquer boa livraria ou diretamente no site da Editora: http://www.wakeditora.com.br

De fácil leitura esse livro trata da comunicação não verbal no relacionamento, os sinais que podem ser exibidos indicando que a relação está indo bem e também aqueles que apresentam justamente o contrário. Assim, uma pessoa atenta saberá o momento certo de investir na relação e quando é necessário alterar comportamentos para obter um resultado ainda melhor. 

Os sinais de crise não significam um fim próximo determinado, afinal muitos sinais são absolutamente inconscientes, e sim que mais investimento deve ser feito para salvar a relação.

Totalmente ilustrado pela desenhista Mara Oliveira, o livro, é de autoria do casal de psicólogos: Beatriz Acampora e João Oliveira

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O HOMEM QUE ESCALOU O ARCO-ÍRIS







Por João Oliveira



Esse homem tinha um desejo bem forte em sua mente algo diferente de tudo que você pode imaginar: ele queria subir, pelas cores de um arco-íris, até o céu. Para isso ele começou a se preparar desde pequeno. Estudou física, aeronáutica, astronomia e até mesmo meteorologia. Ele conhecia tudo sobre o fenômeno, mas, por mais que tentasse ainda não conseguia, sequer, chegar perto do seu intento.

Você pode até pensar que ele era um idiota. Não! Você estaria enganado se pensasse assim: ele era muito inteligente. Ele até chegou a conclusão que, caso conseguisse congelar o espectro de luz formado por partículas d´água, ele poderia escalar, sem problemas, até o ápice do arco colorido. 

Romântico, não é? No entanto, isso foi o elemento motivador que o fez estudar e trabalhar por toda a vida. Desde do momento em que viu um arco-íris pela primeira fez, quando tinha seis anos, ele começou a elaborar um projeto de vida que o levasse até o seu objetivo final.

Economizou dinheiro para comprar equipamentos, deixou de sair e se divertir com os amigos para ficar horas estudando os assuntos ligados ao arco-íris, trabalhou mais que o necessário e nem ao menos tirava férias. Tudo por conta de seu plano maior.

Nesse ponto de nossa história vale a pena um questionamento: você tem um arco-íris que pretende um dia escalar?

Nossas vidas podem ser um tanto chatas e sem sentido se não possuímos um objetivo claro. Mas, pode ser pior ainda, quando o nosso objetivo é pequeno e se completa com facilidade nos deixando sem nada à frente para almejarmos.

Algumas pessoas são movidas por desejos fúteis, coisas realmente simples e fáceis de serem alcançadas. Outras, focam suas vidas, em coisas que certamente irão definhar com o tempo como, por exemplo, criar os filhos. Sempre chegará o dia em que eles se vão, deixam à casa onde foram criados, para seguirem suas vidas. Com isso o objetivo se esgota sem possibilidade de ser renovado.

Quando temos um foco maior como o crescimento pessoal, por exemplo, pelo prazer de evoluir como ser humano, podemos ter toda uma vida de investimento com resultados e ainda achar que é muito pouco. Afinal, estudar não tem limites. Ou, quando nos projetamos em algo renovável como construções, produções, artes e outras tantas atividades que fazem parte de um universo que pode sempre nascer de novo pelo efeito das nossas ações. Isso sim pode ser algo que nos faça levantar da cama todas as manhãs com a intenção de mudar o mundo.

Fato, é que precisamos encontrar um arco-íris para escalar. Um objeto inspirador que funcione como placa de sinalização nos apontando um caminho na vida para seguir. 

O nosso personagem finalmente conseguiu escalar o arco-íris, foi em um sonho, justamente na noite em que ele morreu.