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terça-feira, 25 de junho de 2013

DEMOCRACIA X PRODUÇÃO







Por Prof. Msc. João Oliveira

               O principio básico da democracia é que todos têm os mesmos direitos e, solicitada a decisão da maioria, o rumo deve ser alterado. Isto realmente é válido e funciona em uma instituição onde a produção é foco principal? 

       Exemplificando: Uma tribo indígena estava sofrendo de um grande mal, uma doença que atingia as crianças e, em poucos dias, elas morriam com horrendas pústulas por todo o corpo. Um médico da cidade foi chamado por uma das mães preocupada com o destino do seu filho: ele ainda não havia demonstrado nenhum sinal da doença, mas era previsível que, em algum tempo, pudesse manifestar a mesma fatalidade.

          O médico, após um curto exame dos doentes, descobriu como imunizar todas as crianças que ainda não haviam manifestado os sintomas: uma vacina! Imediatamente ele mobiliza as mulheres da aldeia para que tragam seus filhos, pois o material para ser aplicado já estava em suas mãos.

      Para a surpresa de todos, o pajé se manifesta contrário e argumenta, com sua autoridade mística, que todas as pessoas que fossem furadas na pele pelo homem branco não seriam aceitas no reino pós vida e ficariam vagando, como almas perdidas, pela floresta sem rumo ou amparo, na chuva e no sol por toda a eternidade. Já aqueles que mantivessem sua fé nos trabalhos religiosos poderiam ser beneficiados com a cura do filho. Dito isto o pavor tomou conta de todos que se afastaram do médico. No entanto uma ou duas mães gostariam de vacinar seus filhos mesmo assim. O que fazer então?

          Líder da tribo, o cacique, chamou todos ao centro da aldeia para uma votação direta: os que desejassem vacinar seus filhos deveriam ir para o lado direito da praça central e os que fossem contra tal ato para o esquerdo. Foi uma esmagadora vitória contra a vacina e o médico teve de se afastar sem aplicar uma só dose. Aquela geração foi toda perdida, nenhuma criança escapou da morte e, em apenas três meses, as mães lamentavam não terem se posicionado  contra o pajé.

         Houve uma votação, ganhou a maioria! Então, isto é exercício pleno da democracia para o melhor desempenho do grupo. Mas o resultado não foi o melhor possível. Onde está o erro? No nível de informação e distribuição de responsabilidades.
 
       Não se pode querer que todos de uma empresa tenham voz ativa no direcionamento da instituição como um todo. Pois, possuem diferentes formações com conhecimentos restritos a uma parcela da estrutura onde estão inseridos. Para decisões complexas, de ordem global, é necessário que o grupo seja uniforme em conteúdo ou um profissional especializado em gestão, que reúna as características do Pajé, seja capaz de direcionar a todos com seu carisma e autoridade, o que também não é garantia do melhor resultado.

           Errado é tentar desfazer a crença na democracia. Porém, ela só funciona bem quando todos estão em consonância com as diretrizes da empresa e munidos de toda a informação possível, não só da própria instituição como também do mercado coorporativo. Ouvir os colaboradores e analisar suas ideias pode economizar muitas etapas no crescimento, mas em alguns momentos o que a maioria quer pode acabar sendo ruim para todos. Desta forma pode ser um erro querer implantar uma atitude de relacionamento político seguindo a máxima de transparência nas resoluções.

          Claro que a rigidez vertical também é falha e causa prejuízos quando encontra resistência nas bases onde realmente ocorre a produção, distribuição e (pior) relacionamento com os clientes. O sistema mais funcional é o multigerenciamento por células, ou seja: iguais se resolvem em seus núcleos. Uma instituição orgânica que permite flexibilidade operacional tende a dar respostas mais rápidas ao mercado com menor esforço gerencial. No caso da aldeia do exemplo dado, pelo menos alguns dos curumins seriam salvos da morte certa e parte daquela geração seria preservada. Isto, se a aldeia fosse divida em células autogerenciáveis.

       Simples e descomplicado: os grupos de trabalho se tornam responsáveis pelo processo de gerenciamento da linha de produção, de um bem ou serviço. São eles os senhores que ditam o direcionamento em busca das melhores oportunidades de clientes internos ou externos, fazendo as devidas correções de rumo com a possibilidade de alteração de rota quando necessário for.

       Com certeza os manuais de conduta ética desaprovam qualquer pensamento que vai contra o valor democrático. Isto por que, provavelmente, estes valores não foram escritos por gestores e sim por ideólogos sem experiência prática nos meios de produção moderna. Na verdade é uma questão de adaptação ao mercado e a velocidade em que isto deve ocorrer para poder dar certo e gerar retorno suficiente à instituição.

          Pode ser que hoje o gestor maior esteja em uma posição onde o campo de visão não permite ver o vale completo, mas se persistir na escalada poderá, em algum momento, olhar além dos verdes campos onde, nem sempre, existe um arco-íris. Por isto, o melhor que pode fazer é distribuir binóculos ao invés de microscópios aos seus colaboradores.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

PSIQUE 90 - Nas Bancas JUNHO 2013

Estamos na edição de número 90 da Revista PSIQUE em dois textos. Na nossa coluna de RH falando sobre a relação da distância da moradia do funcionário e a sua produtividade e, em conjunto com a Profa. Beatriz Acampora, no artigo sobre o Universo dos Sonhos.

Lançamento do Livro "A Importância dos Sonhos" na FNAC do Barra Shopping 19/06/2013

Um bom momento para conversar com os leitores sobre a real importância dos sonhos em nossas vidas.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Palestra Campus Centro I da UNESA - Av. Pres. Vargas e, 13/06/2013

Dia 13/06/2013 Turma de MBA em Gestão de Pessoas Universidade Estácio de Sá

Tema: Análise Comportamental

Bons momentos com uma turma fantástica e muito especial.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A MALDIÇÃO DO AMOR ETERNO





Por Prof. Msc. João Oliveira

               Depois de quase duas horas andando pela floresta, fora da trilha, finalmente estava sentada diante da velha. O medo era o sentimento mais forte naquele momento, o estômago parecia querer se fechar em si mesmo e as pernas tremiam diante da pavorosa figura.

- “O que deseja minha criança...?” – Falou a bruxa com a cabeça virada para o lado esquerdo bem próximo ao rosto da jovem mulher, que sentia o calor e odor de sua respiração.

- “Conseguir o amor perfeito!” – disse com dificuldade. – “As pessoas me disseram que a senhora têm uma poção mágica para vender que garante o casamento para toda vida.”

- “Tenho sim!” – riu a velha torta –“Mas não vendo, eu amaldiçoo as pessoas com ela!”. Uma gargalhada típica de bruxas velhas invadiu a floresta assustando os pequenos animais.

- “Você quer ser amaldiçoada a ter um amor eterno?” – finalizou a velha piscando um dos olhos sem cor.

- “Mas, como pode ser considerada uma maldição ter alguém e ser feliz durante toda a vida?” - Questionou a jovem: - “Isso não seria uma benção?”

               A velha, nada disse e, em silêncio, foi bem devagar até um canto da casa miserável, pegou um pequeno frasco, coberto de poeira, com um líquido vermelho fluorescente e, levantando-o até perto do lampião, resmungou em tom profético:

- “Esta poção contém a maldição de dar, a quem dela beber, a condição de encontrar a pessoa com quem viverá feliz por toda a vida! (gargalhada) Mas, a maldição também condena a essa pessoa a ter de tirar, todos os dias, um pedaço do próprio coração e servir como alimento para manter o seu amor perfeito.”

-“Como!” – falou assustada a jovem –“Se eu tirar um pedaço do meu coração, todos os dias, em algum tempo não terei coração nenhum!”

               Num rápido movimento a velha puxou o cabelo da moça para trás da cabeça e de súbito jogou o líquido pela boca da jovem adentro e rindo gritou:
-“Tarde demais! Já está amaldiçoada!” 

               Algumas semanas depois a moça amaldiçoada encontrou um rapaz. Os dois se envolveram e, como era de se esperar, se casaram. Foram viver próximo à floresta, já que ele tinha como profissão ser lenhador. Ela sempre realizando o seu compromisso para manter o amor eterno, todos os dias, se escondia no banheiro e, com uma faca bem pontuda e curva, tirava um pequeno pedaço do próprio coração e servia junto com a comida ao seu marido. A dor era quase insuportável nos primeiros anos, no entanto, com o passar do tempo, ela foi se acostumando.

               Vieram os filhos. A vida foi seguindo um rumo feliz e, claro, o seu amor jamais diminuiu e sempre foi correspondida pelo marido. Claro, às vezes tinham divergências, mas nada que não durasse uma noite apenas.

               O trabalho do lenhador o foi levando, cada vez mais, para o interior da floresta. Um dia a já idosa senhora foi lhe levar o almoço (com o pedaço do coração dentro, como sempre) e se descobriu bem próxima à casa da velha bruxa. Disfarçou um pouco ao sair e pegou o rumo do casebre.

               Suas suspeitas se tornaram reais: a velha ainda tinha a mesma aparência. Os anos se passaram, mas ela continuava com as mesmas marcas no rosto, como se os anos nunca avançassem neste lugar.

- “Olha quem está de volta!” – Gritou a bruxa – “O que quer agora? Não deu certo a maldição? Olha! Eu não aceito devolução depois de 30 anos!” 

- “Não é isso... deu tudo certo, estou casada, amo meu marido, ele me ama também e somos muito felizes há mais de 30 anos. É outra coisa, eu não entendo, como posso arrancar um pedaço do coração, todos os dias há tantos anos e ainda estar viva???”

               A velha bruxa da floresta colocou as duas mãos sobre a barriga, se curvou para trás e deu a mais forte gargalhada que as antigas árvores já ouviram. Ela saltava com os dois pés juntos como uma criança se divertindo.

- “Mas é tão claro minha criança! – respondeu em meio aos risos estridentes – “Ele também foi amaldiçoado! Quando você não está vendo, ele também retira um pedaço do próprio coração e, te dá, preenchendo o espaço do que você tirou para servir a ele. Por isso o amor não morre, um completa o que falta no outro.”

               A mulher foi embora de cabeça baixa, a velha bruxa ainda existiu por alguns anos. No lugar da floresta hoje está a sua cidade e, é bem provável que o casebre da bruxa ficasse bem próximo de onde você mora agora. Não temos mais a poção em frascos para beber, o máximo que podemos fazer querendo manter um amor para a vida toda, é dar o melhor de nós, todos os dias, para a pessoa que amamos. Isso pode doer no início, pois, é um processo de mudança, deixar de ser um para viver a dois.



quinta-feira, 6 de junho de 2013

Convite para o lançamento do livro: "A Importância dos Sonhos" na FNAC do Barra Shopping dia 19/06 às 19h00

Convite para o lançamento do livro: "A Importância dos Sonhos" na FNAC do Barra Shopping dia 19/06 às 19h00

SONHOS CRIATIVOS




Por Prof. Msc. João Oliveira

Os sonhos podem de fato nos ajudar em vários aspectos da vida. Pesquisas já comprovaram que dormir após estudar ajuda na retenção de conteúdo, o cérebro distribui melhor o material estudado para as áreas onde a memória de longa duração é mais eficiente. Sujeitos colocados em um labirinto se saíam melhor na tarefa depois de tentar por alguns minutos e dormir um pouco. Aqueles que sonharam com os corredores tiveram melhor resultado que os que não dormiram durante o experimento. Então os sonhos também nos ajudam a criar estratégias!

            Da mesma forma descobertas podem ser feitas através dos sonhos, vamos a alguns exemplos:

-  Paul McCartney  acordou numa manhã de 1965 com uma música na cabeça: Yesterday ! Ela veio tão completa em seu sonho que ele demorou em registrar como sua, pois acreditava ter ouvido em algum lugar antes e o sonho apenas havia recuperado a memória. Somente depois de mostrar para várias pessoas e comprovado que a melodia não existia é que teve coragem de gravar o que se tornou um dos maiores sucessos dos Beatles.

-  O romance Frankenstein, de Mary Shelley, foi inspirado em um sonho que a autora teve. Na verdade deve ter sido um pesadelo. Mas a estrutura do monstro e de seu criador o Dr. Frankenstein veio completa durante a noite e Mary pode, então, desenvolver a história, que se tornou universal, do monstro feito de pedaços de corpos, com uma alma pura.

- O inventor Elias Howe teve um sonho onde uma tribo de canibais usavam lanças com buraco nas pontas, isto foi o suficiente para ele desenvolver o sistema que permite o funcionamento das máquinas de costura. Na verdade ele foi dormir com este problema na mente, como solucionar o problema da linha no movimento de ir e vir da máquina que ele estava construindo. Levar a linha para ponta da agulha, e não no cabo como era até então, foi a solução apresentada pelo mundo onírico.

- Depois de um sonho com uma cobra comendo o próprio rabo, o cientista August Kekulé desenhou a estrutura química do benzeno (C6H6) o que, na época, seria impossível sem a tecnologia atual.

- Até mesmo a estrutura do DNA, descoberta pelos cientistas James Watson e Francis Crick em 1953, surgiu em um sonho com escadas em espiral.

- Em 1936 Otto Loewi ganhou o prêmio Nobel de medicina graças a um sonho que lhe inspirou a um experimento de como os impulsos nervosos trafegam pelo corpo. Na verdade foram dois sonhos. Ele tinha o costume de anotar os sonhos (excelente costume), mas na noite do sonho revelador ele escreveu tão rápido e, com sono, que no outro dia não conseguiu decifrar o que havia escrito e, portanto, não conseguiu lembrar dos detalhes. Na outra noite o sonho se repetiu e, desta vez, ao invés de anotar, Loewi foi direto para o laboratório tornar o conteúdo do seu sonho o experimento que fundamenta a teoria da transmissão química do impulso nervoso.
           
Estes são apenas alguns poucos exemplos. Em sala de aula, com nossos alunos de graduação em psicologia os resultados não foram diferentes, da mesma forma com os pacientes de psicoterapia: uma vez incorporada certas técnicas para o trabalho com os sonhos eles passam a ser ferramentas úteis no dia a dia.   

            Várias são as técnicas que podem nos auxiliar a direcionar os sonhos em prol dos diversos objetivos que pretendemos. Para memória, saúde ou mesmo apresentação de soluções para problemas cotidianos. Algumas são apresentadas em nosso livro “A Importância dos Sonhos” (Editora Wak 2013) e, já foram usadas em consultório e/ou ensinadas a pacientes com resultados satisfatórios. Na verdade quando se utiliza a psicoterapia agregada ao trabalho com sonhos o resultado é, por vezes, surpreendente.

            Porém, devemos começar trazendo os sonhos à memória. Observamos que uma grande parcela das pessoas reclama de não ter uma perfeita memória dos sonhos ou que, segundo elas, nem mesmo sonha. Na verdade é impossível não sonhar. O sonho pode ser deletado pelo sistema, como vimos antes, para poupar o sujeito de um problema adicional durante o dia. O conteúdo não lembrado pode trazer à tona emoções que criariam uma situação negativa e por isto, como o sistema é perfeito, ele é dissolvido como uma neblina ao amanhecer.

Para saber mais: “IMPORTÂNCIA DOS SONHOS, A - interpretação e práticas para a saúde plena.” Autores:  JOÃO OLIVEIRA e BEATRIZ ACAMPORA, Editora:  WAK EDITORA, ISBN:  978-85-7854-241-2 (http://tinyurl.com/cagkb64 )

terça-feira, 4 de junho de 2013

João Oliveira no Programa Sem Censura Tv Brasil 04/06/2013

Tema da entrevista: A Importância dos Sonhos e as posições de dormir - como podem revelar parte e nossas emoções



João Oliveira em Palestra na sede da Ipiranga Brasil 04/06/2013

Tema: Técnicas para manter o cérebro jovem ! Semana do SIPAT na Distribuidora de Produtos Petróleo Ipiranga S/A

sexta-feira, 31 de maio de 2013

RENÚNCIA




 Por Prof. Msc. João Oliveira

               

     Oferecer uma renúncia como prova de sacrifico em alguma negociação é algo relativamente comum em nosso ambiente social. Algumas pessoas fazem isto como forma de promessa para alguma deidade de seu íntimo relacionamento ou, um acordo entre amigos, parentes, sendo realmente mais comum, acredito, no aspecto religioso: – “Deus me dê isso que em troca eu deixo de fazer aquilo.”

     Posso estar enganado, mas é possível que existam duas coisas erradas nesta maneira de lidar com a renúncia: 1) Quando feita em forma de promessa, podemos estar colocando Deus em negociatas fora do interesse Dele e o colocando a nosso serviço. 2) Renúncia que gera sofrimento não deve funcionar bem, afinal, se gera angústia é porque existe desejo, então, não houve real desprendimento.

     Antes de tudo, devemos ressaltar se a renúncia ocorre como forma de devoção – um jejum, por exemplo, em datas específicas – fica fora deste contexto por ser ato de fé. O questionamento que trago é sobre a utilização deste mecanismo para pequenos negócios com o senhor do universo. Há alguns anos tive contato com uma pessoa que prometeu ficar um mês sem comer manteiga no pão se tirasse boas notas em uma determinada prova. Desculpe, mas isso me parece muito pouco para um esforço divino. E qual a vantagem – ou dor – envolvido em ficar um mês sem manteiga?

     Podemos até entender quando o esforço para a devolução de uma dádiva recebida se dá em direção ao próprio mundo. Pessoas que investem tempo em trabalho voluntário, criam fundações, fazem campanhas de alimentação para os pobres e tantas outras formar de colocar de volta no mundo aquilo que Dele recebeu. Isso me parece mais justo!

     O outro ponto é quando a tal renúncia não funciona no aspecto psíquico. A pessoa mantém seu voto, mas, por dentro, ocorre uma terrível luta por controle do desejo que não cessa de forma alguma. Lógico que isso não traz nenhum benefício, muito pelo contrário, irá criar danos que podem, até, chegar a doenças psicossomáticas. A pressão interna deve sair de alguma forma e, quando isto não é ressignificado, acaba por gerar sintomas físicos.

     Para a renúncia funcionar ela deve ser entendida como uma vitória cotidiana, dar alegria ao renunciado. Que ele possa vivenciar sua opção com orgulho e satisfação pela escolha dando, a si mesmo, prova de força e valor.

     Dois monges, renunciados ao sexo, estavam subindo uma montanha em direção ao mosteiro quando, um deles, percebe uma mulher em desespero em um rio se afogando. Ele se jogou na agua e retirou a mulher já desmaiada e com as vestes rasgadas pela luta contra a correnteza. Fez respiração boca-a-boca e conseguiu ressuscitar aquele pobre criatura em sofrimento.

     O outro que a tudo assistia ficou boquiaberto: - “Como você fez isso? Tocar em uma mulher seminua! Você colocou sua boca na dela! Você quebrou nossos votos!” – Falava a todo instante – “Quando chegar ao mosteiro eu contarei o fato para nosso líder. Você cometeu um ato abominável!”

     Aquele tom prosseguiu por toda a subida da montanha até quando chegaram às portas do mosteiro o monge nervoso falou mais uma vez: “-Um absurdo o que você fez: tocou as partes íntimas daquela mulher quebrando nosso voto de fé e sacrifício. Vou contar para nosso líder agora!”

     O outro, que havia salvado a mulher completou: - “Diga também por quanto tempo a mulher ficou em meus braços e há quanto tempo ela está dentro da sua cabeça.”

     Assim creio fica mais claro que ser renunciado, de fato, não é algo que se deixa de fazer com sacrifício. Trata-se de uma incorporação, uma maneira de viver sem sofrimento algum pela escolha e livre de qualquer ansiedade em relação ao tema.

     Um velho ermitão vivia isolado em sua caverna, bom homem, ele praticava curas e era muito sábio. Pessoas vinham de longe para estar com ele em busca de solução para os problemas da vida. Quando perguntavam o segredo de tal poder e sabedoria ele dizia simplesmente que a renúncia de tudo da vida material o havia dotado de tais capacidades. Na verdade, ele só tinha dois pertences: duas tanguinhas. Isso mesmo, ele só se vestia cobrindo parte do corpo, com uma pequena tanguinha, que revezava todos os dias.

     Um dia um visitante lhe disse que conhecia outro ser com tal poder, mas, que, ao contrário dele, se tratava de um rei muito rico que vivia lá embaixo da colina. Sem poder acreditar em tal coisa – alguém sem renúncia e poderoso? – ele desceu, levando sua tanguinha reserva e foi estar com tal personagem.

     Lá chegando enfrentou grande fila para falar com o rei, pessoas de todo o mundo vinham falar com ele em busca de cura ou conselhos, ele era realmente um ser poderoso e sábio. Questionou de pronto como seria possível ele ser rico e, ao mesmo tempo cheio de capacidades? O rei disse que não sabia como explicar e pediu que o sábio renunciado ficasse em seu castelo e observasse o dia a dia, quem sabe poderia encontrar uma resposta para tal mistério.

     Indignado por ver que seu sacrifício poderia ter sido totalmente evitado ele segue o rei em uma caçada durante o outono. Quando já distante uns bons 10 quilômetros, eles olham para trás e veem, com espanto, o castelo em chamas.

- “Meu Grande Senhor Do Universo! Seu castelo esta em chamas! Vamos voltar correndo!” – disse o mais pobre.

- “De nada adianta – falou o rei – as chamas já estão altas e o povo – veja a correria nos campos – já está fora de perigo. Nada resta a fazer... vai queimar tudo mesmo.” Completou.

- “Não! – gritou o sábio renunciado – Vamos voltar rápido! Ainda dá tempo! Vamos!”

- “Relaxe – disse o rei – Faremos outro castelo, não se preocupe, por que está tão nervoso assim? Estamos bem, a vida é o mais importante.”

- “Você não está entendendo? – gritou o sábio renunciado – Minha outra tanguinha ainda está lá dentro! Vamos rápido, temos de salvar minha tanguinha!”