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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Conformismo




                Todos os dias fazemos centenas de escolhas, hoje , por exemplo, você já fez várias: decidiu se ia ou não levantar naquele momento, se comia mais uma fatia de pão ou de bolo, de acelerava para passar o sinal amarelo ou se parava logo antes do vermelho... são pequenas escolhas mas, mesmo assim, causam dissonâncias.

                Uma dissonância cognitiva nos força a buscar o equilíbrio, criando uma justificativa mental para que a nossa escolha  tenha sido realmente a melhor, seja ela qual for. Um exemplo claro deste esquema é quando você comprar um carro vermelho e, a partir deste momento, você começa a reparar em todos os carros verdes – sua outra possibilidade de compra – que circulam pela rua. Sua mente começa a fazer comparações: “- Será que eu deveria mesmo ter comprado o carro vermelho?”

                Para resolver esse problema muitas justificativas são elencadas e colocadas à frente na consciência: os juros do vermelho são menores, ele veio com tapete e GPS, o verde não têm teto solar... pouco importa o que seja, ao final sossegamos a nossa dissonância e fica tudo bem.

                Lembre-se, isto vale para todas as escolhas, inclusive as grandes! E, é justamente aqui que reside o grande perigo de nossas vidas. Que justificativas nossa mente pode estar criando para nos adormecer frente a tomadas de decisões equivocadas feitas no passado? Será que podemos estar adormecidos, sem ímpeto para ações importantes por que criamos desculpas para a nossa realidade atual?

                A isto podemos dar outro nome: Conformismo. Neste caso o grupo social, onde o sujeito tem sua referência de vida faz toda a diferença pois, buscando uma justificativa para seu sucesso ou fracasso ele cria uma relação imaginária com seu entorno. Muitas vezes, quando isto não é possível, faz pior: colocando a responsabilidade pela situação que se encontra nas Mãos de Deus!

                Quando entramos neste estado psicológico perdemos a vontade de mudar, de realizar. A mente, com o seu poder criativo, montou uma estratégia de defesa justificando cada resultado ruim ou a falta de vitórias dando, ao sujeito, a impressão de merecimento deste estado atual: “- Sou pobre, mas vou para o céu!”

                Sem questionar a fé: o conformismo deveria ser pecado!

                Você pode detectar este estado nas pessoas, perguntando para elas o porque de estarem vivendo desta ou daquela forma quando poderiam buscar alternativas melhores. Depois de fazer este exercício com as outras pessoas, faça consigo mesmo. Descubra quais são as suas desculpas para não seguir em frente. Veja, ponto a ponto, o que é real e o que foi criado pela sua mente como forma de aprisionamento.

                Podemos estar presos agora em grades invisíveis que podem ser dissipadas com um sopro de pensamento. Tentar não custa nada.

João Oliveira
Psicólogo e Diretor de Cursos do ISEC

quinta-feira, 7 de junho de 2012

PROJETO DE VIDA




                O que podemos fazer com a vida? De que forma devemos buscar a realização da nossa existência? Desde que tomamos consciência que o nosso sistema cultural prega a vitória como uma exigência do quadro social, disparamos um projeto de vida ligado ao sucesso financeiro.

                Sobre pessoas que alcançaram êxito financeiro, temos muitas histórias de pleno sucesso, mas a que vamos ver agora é, no mínimo, interessante:

                Em 1923, nos conta Sidney Petrie e Robert B. Stone no livro “Como Ganhar Novas Forças Com a Ginástica Mental” (Editora Record – 1967), ocorreu uma reunião com os oito homens que controlavam o mundo financeiro daquela época, foi no  Edgewater Beach - um luxuoso hotel em Chicago-EUA. O grupo era um mito respeitado por todos. Juntos, aqueles homens possuíam mais dinheiro que todo o tesouro americano. Jornais e revistas noticiavam suas histórias fabulosas. Todos olhavam para eles como símbolos de sucesso e fortuna.

1 – O presidente da bolsa de valores de Nova York, Richard Whitney.

2 – O presidente da maior companhia de aço, Charles Schwab.

3- O presidente da maior empresa de serviços públicos, Samuel Insull.

4 – O presidente da maior companhia de gás dos EUA, Howard Hopson.

5- O mago da ocasião em Wall Street, Jesse Livermore.

6 – O presidente do Banco Internacional de Investimentos, Leon Fraser.

7- O milionário possuidor do maior monopólio dos EUA, Ivan Kruege.

8 – O integrante do gabinete presidencial americano Albert Fall.

                Próximo a 1948, cerca de 25 anos depois, o cenário era completamente diferente:  Jesse Livermore, da Wall Street, Leon Fraser, presidente do Banco Internacional  e Ivan Kruegar, do monopólio financeiro, cometeram suicídio. Howard Hopson estava louco e internado. Charles Schwab, presidente da companhia de aço, morreu na  miséria tal qual Samuel Insull da empresa de serviços públicos. Richard Whitney, da bolsa de valores de Nova Iorque, estava na prisão. Albert Fall, do gabinete presidencial, obteve permissão para deixar a prisão para morrer em casa.

                O que ocorreu de errado?  Por que estes homens que conseguiram vencer na vida destruíram tudo o que conquistaram, alguns dando fim a própria existência?

                Pode ser que exista uma diferença conceitual entre vencer e ser feliz. Principalmente quando a vitória está ligada ao externo e, o projeto de vida maior, ser feliz, é completamente abandonado. Tudo, por um alto custo, é feito para provar a sociedade que podemos ser melhores que todos. Ora, ser feliz não exige tanto assim ou, pelo menos, para viver de maneira mais tranquila. A busca incessante de lucros transforma o passeio em uma guerra onde todos ao final são perdedores. Uns perdem a saúde, outros o tempo com a família, alguns, menos afortunados ainda, não percebem o tempo passando e a vida sendo ceifada pela vigilância ao saldo bancário.

                Ter as necessidades básicas supridas é o mínimo que se espera. Possuir bens que possam dar segurança também não é nenhum absurdo.  O que pode destruir é a ganância desenfreada, a busca pelo poder absoluto e controle de todos que estão à sua volta.

                Não quero dizer com isto que buscar riquezas seja errado, claro que não, todos devemos procurar o melhor, mas com cuidado para não tornar esse desejo uma compulsão, uma doença que aprisiona e mata.

                Afinal, sabemos bem, todos vamos deixar este plano um dia e caixão não tem gaveta, nem defunto tira juros da poupança. O melhor é aproveitar os momentos que podemos compartilhar com pessoas que gostamos, e ter dedicação ao que realmente nos faz feliz. Viver não é difícil, escolher o que fazer da vida, isso sim, pode tornar esta estada infernal.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Programa Painel da Manhã Rádio Roquete Pinto 05/06/2012

Terça feira, dia 5 de junho de 2012 o Programa Painel da Manhã, da Rádio Roquete Pinto, 94.1 FM, apresentou o tema AMOR PATOLÓGICO, com a participação de João Oliveira, Beatriz Acampora e Dr. Luis Antonio Campos. O programa é apresentado pelo Fabiano Albergaria e Jorge Ramos, com a produção de Alice Maria.

Estúdios da Roquete Pinto
Dr. Luis, Alice Maria, Fabiano Albergaria, Beatriz Acampora e João Oliveira

Jorge Ramos se juntou ao grupo

Beatriz Acampora e ao fundo Alice Maria, produtora do Programa
Jorge Ramos e Fabiano Albergaria no comando do Programa

Veja, em vídeo, alguns momentos do programa



terça-feira, 29 de maio de 2012

Sorte, ou azar?


SORTE, OU AZAR?


                Pessoas passam pela vida argumentando que são infelizes por não terem tido oportunidades ou por serem desprovidas de sorte. O que há de verdade nisto? Seria mesmo possível existir tais diferenças entre os seres humanos?

                Uma vez o exército de  Gengis Khan passava por uma fazenda ao norte da Mongólia, era o ano de 1180,  ele estava reunindo os clãs para mais uma luta contra os tártaros.  Um dos seus arqueiros montava uma égua que, prenha, tinha dado a luz a um potrinho. Gengis Khan não queria saber de distrações em sua tropa e ordenou que o pequeno animal fosse sacrificado. Ao invés de fazer isto, o arqueiro deu o potrinho para um menino, filho do dono da fazenda onde estavam alojados. A tropa seguiu viagem.

- “Menino de sorte este seu filho hein? Ganhou um potrinho de uma égua do exército de nosso Khan!” – disse o vizinho ao pai do menino.

- “Sorte ou azar, só o futuro dirá.” – respondeu o velho homem ajudando o menino a alimentar o fraco animal.
                O potrinho cresceu e, certa vez, a porteira da fazenda foi esquecida aberta durante a noite,  o jovem cavalo, cheio de energia e vontade de correr pelo mundo, fugiu.

- “Menino de azar esse filho seu, ganhou o potrinho, cuidou tão bem dele e, agora, o bicho foge!” – Disse o vizinho.

-”Sorte ou azar, só o futuro dirá.” – responde o idoso fazendeiro consolando o filho que chorava pela perda do animal.
                Passadas três semanas, eis que surge o cavalo correndo pelos campos e arrastando consigo vários cavalos da mesma raça que viviam nas frias espetes na forma selvagem. Toda a tropa entra na fazenda, seguindo o líder, foram direto para o cercado se alimentar.

- “Que menino de sorte este teu filho: ganhou um potrinho, o bicho cresce e foge e agora volta, trazendo mais oito cavalos! Isso é que é sorte!” 

-  “ Sorte ou azar – repetiu o velho – só o futuro dirá!”

                Um mês depois o menino estava adestrando os cavalos selvagens, montado em um deles o animal se assusta e tomba o rapaz quebrando seu braço. Uma época onde os tratamentos eram difíceis o menino acaba se curando, mas fica com o braço direito torto.

-  “Menino azarado este teu filho: ganhou o potrinho, que se torna uma cavalo e foge, retorna com vários outros e agora um deles deixa seu filho meio aleijado! Que azar não é?”

- “Meu querido vizinho, sorte ou azar, só o futuro dirá.” – disse o velho com o olhar triste sabendo que o filho não teria mais os movimentos perfeitos naquele braço.

                Os soldados de Gengis Khan voltaram. Desesperados ele precisavam de jovens para ser treinados como arqueiros. A batalha estava quase perdida e eles não tinham tempo a perder. Entravam nas casas e sequestravam os rapazes que tinham a idade certa para segurar o pesado arco. O filho do fazendeiro que vivia falando sobre a sorte do vizinho foi levado, mas o garoto que, após a queda,  tinha ficado com o braço torto, foi poupado, de nada ele serviria ao exército guerreiro, afinal jamais poderia manejar bem um arco e flecha. 

                Nas batalhas, o filho do fazendeiro vizinho morreu.

- “Azar mesmo – disse ele – teve foi o meu filho.”

                Não existe como avaliar uma situação no momento em que ela ocorre. Existem eventos ruins, em nossas vidas, que podem assinalar mudanças de planos, alteração de rota e que, no futuro, podem se tornar coisas realmente boas. Caso fiquemos ocupando o raciocínio tentando elucidar os fatos em dualidades – boa ou má – ou ainda se focarmos somente no passado que consideramos ruim, deixamos de observar o dia e planejar o futuro.

                 Existe a tragédia. Sim existem fatos que nos causam imensa dor. No entanto, se permanece a vida em nós, também existe a chance de mudar o porvir. Cuidar para que, os próximos passos, sejam produtivos e melhores do que os dias em que a tragédia nos colocou de joelhos.

                Viver não é somente contabilizar momentos agradáveis. A vida é feita de tudo o que há nela e não podemos apenas escolher. É necessário construir.
               

quarta-feira, 23 de maio de 2012

SIRI NA LATA



“Pode uma formiga, atrapalhar o voo de um avião? Pode! Basta o piloto deixar de no céu prestar atenção, para focar neste inseto, pequeno, longe, lá embaixo no chão.”

                A grande maioria das pessoas cria seus próprios limites por não acreditarem nas suas potencialidades. Estes seriam escudos de força, correntes invisíveis ou muralhas psicológicas que funcionam como elementos impeditivos de uma jornada produtiva na busca dos objetivos planejados, isto é, quando a mente permite que se elabore um projeto de vida.

                Como se dá o processo de acomodação consigo mesmo? Alguns pontos devem ser elencados para trabalharmos esta ideia. Não são os únicos nem definitivos, mas já ajudam a delinear o problema.

1)      Ambiente reduzido – Aqui fica clara a imagem do “Siri na Lata”. Estando a pessoa limitada fisicamente, espaço real, para expandir suas produções ela direciona sua atenção para as pessoas mais próximas e começa a desenvolver uma angústia interna, por falta de realizações. Isto pode mobilizar seus atos: para frente - sai em busca de espaço - ou aterra de vez suas capacidades.

2)      Barreiras psicológicas – Caso a autoestima não seja desenvolvida nos primeiros momentos de autonomia o sujeito pode criar a idéia – isso é mais comum do que gostaríamos de acreditar ser possível – que o sofrimento é parte de um processo de culpa ou merecimento. Ele não se projeta no futuro vencedor, pois, não é capaz de crer ser merecedor de prêmio algum.

3)      Foco Dissimulador – Quando não existe espaço físico e as barreiras psicológicas estão claras para a estrutura do sujeito, ele se volta para assuntos e temas menores para ocupar seu tempo em resolução de coisas insignificantes no projeto maior. Agora a figura da formiga atrapalhando o piloto no avião está clara?

                O quanto de tempo e energia dispensamos aos problemas dos outros – mesmo tentado ajudar é bom deixar claro isso – é, de fato, uma fuga dos nossos próprios dilemas. Naturalmente, devemos conhecer alguma pessoa, ou pode ser você mesmo, que acredita ter a obrigação de ajudar todos que apresentam algum tipo de sofrimento. Prontamente, como uma boa pessoa, o sujeito “deixa os próprios problemas” e se ocupa do que está afligindo o próximo.

                Isto não é ser bom.  

                Podemos analisar este ato como uma forma de fuga da própria vida:  – “Já que a minha vida não tem jeito mesmo, deixa eu me ocupar com a dos outros.”

                Este não é o pior dos Modus Operandi desta situação. Existe coisa ainda pior!

                Conhece o colecionador? O torcedor fanático? O fofoqueiro de plantão? Aquele perfil de sujeito que vive uma novela ou filme como extensão da vida? Ou o fã apaixonado que segue seu ídolo com fotos, discos , shows e sei lá mais o quê? E o que dizer de quem passa horas na frente de um computador em redes sociais?

                Pare e pense: não estão também deixando o próprio projeto e investido recursos em algo diferente que a elaboração do “Eu” próprio?

                Claro. Naturalmente, em sua própria defesa, caso tenha se encontrado em algum ponto deste texto, você deve estar pensando que estou vendo imensas âncoras de chumbo sobre guardanapos de papel.

                Quando trabalhava em rádio, no inicio da década de 80, ouvi uma fala interessante de um grande político sobre a programação das emissoras FM da época: “- Toca tanta música boa nas rádios que não dá, nem tempo, desta juventude pensar em se revoltar com alguma coisa!”

                Um bom truque para produção tornar sua mente afiada e focada no seu próprio projeto é criar rotinas de construção para todos os dias. Escrever, para mim, é uma delas. Mas é possível utilizar outras como: ler, cultivar plantas, criar animais, se voluntariar em projetos sociais, praticar esportes...

                Quando a mente vê algo ser realizado, mesmo que pequenas tarefas, o nosso cérebro fica mais confiante que somos capazes de finalizar nossos objetivos. Neste ponto a Ludoterapia trabalha muito bem os jogos de perder e ganhar com crianças onde elas começam a entender o funcionamento da vida aceitado as vitórias com satisfação e as derrotas como possibilidade de desenvolver novas estratégias no jogo.

                Em verdade, sou obrigado a confessar, não há um livro de leis dizendo exatamente o que é certo fazer para conseguir um melhor projeto de vida. Cada ser humano é único com suas próprias facilidades e limitações, no entanto, existem observações, comprovadas, da maneira errada de se viver.

                Antes de focar fora, tente encontrar dentro.


João Oliveira
Psicólogo  CRP 05/ 32031
Mestre em Cognição e Linguagem