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quinta-feira, 7 de junho de 2012

PROJETO DE VIDA




                O que podemos fazer com a vida? De que forma devemos buscar a realização da nossa existência? Desde que tomamos consciência que o nosso sistema cultural prega a vitória como uma exigência do quadro social, disparamos um projeto de vida ligado ao sucesso financeiro.

                Sobre pessoas que alcançaram êxito financeiro, temos muitas histórias de pleno sucesso, mas a que vamos ver agora é, no mínimo, interessante:

                Em 1923, nos conta Sidney Petrie e Robert B. Stone no livro “Como Ganhar Novas Forças Com a Ginástica Mental” (Editora Record – 1967), ocorreu uma reunião com os oito homens que controlavam o mundo financeiro daquela época, foi no  Edgewater Beach - um luxuoso hotel em Chicago-EUA. O grupo era um mito respeitado por todos. Juntos, aqueles homens possuíam mais dinheiro que todo o tesouro americano. Jornais e revistas noticiavam suas histórias fabulosas. Todos olhavam para eles como símbolos de sucesso e fortuna.

1 – O presidente da bolsa de valores de Nova York, Richard Whitney.

2 – O presidente da maior companhia de aço, Charles Schwab.

3- O presidente da maior empresa de serviços públicos, Samuel Insull.

4 – O presidente da maior companhia de gás dos EUA, Howard Hopson.

5- O mago da ocasião em Wall Street, Jesse Livermore.

6 – O presidente do Banco Internacional de Investimentos, Leon Fraser.

7- O milionário possuidor do maior monopólio dos EUA, Ivan Kruege.

8 – O integrante do gabinete presidencial americano Albert Fall.

                Próximo a 1948, cerca de 25 anos depois, o cenário era completamente diferente:  Jesse Livermore, da Wall Street, Leon Fraser, presidente do Banco Internacional  e Ivan Kruegar, do monopólio financeiro, cometeram suicídio. Howard Hopson estava louco e internado. Charles Schwab, presidente da companhia de aço, morreu na  miséria tal qual Samuel Insull da empresa de serviços públicos. Richard Whitney, da bolsa de valores de Nova Iorque, estava na prisão. Albert Fall, do gabinete presidencial, obteve permissão para deixar a prisão para morrer em casa.

                O que ocorreu de errado?  Por que estes homens que conseguiram vencer na vida destruíram tudo o que conquistaram, alguns dando fim a própria existência?

                Pode ser que exista uma diferença conceitual entre vencer e ser feliz. Principalmente quando a vitória está ligada ao externo e, o projeto de vida maior, ser feliz, é completamente abandonado. Tudo, por um alto custo, é feito para provar a sociedade que podemos ser melhores que todos. Ora, ser feliz não exige tanto assim ou, pelo menos, para viver de maneira mais tranquila. A busca incessante de lucros transforma o passeio em uma guerra onde todos ao final são perdedores. Uns perdem a saúde, outros o tempo com a família, alguns, menos afortunados ainda, não percebem o tempo passando e a vida sendo ceifada pela vigilância ao saldo bancário.

                Ter as necessidades básicas supridas é o mínimo que se espera. Possuir bens que possam dar segurança também não é nenhum absurdo.  O que pode destruir é a ganância desenfreada, a busca pelo poder absoluto e controle de todos que estão à sua volta.

                Não quero dizer com isto que buscar riquezas seja errado, claro que não, todos devemos procurar o melhor, mas com cuidado para não tornar esse desejo uma compulsão, uma doença que aprisiona e mata.

                Afinal, sabemos bem, todos vamos deixar este plano um dia e caixão não tem gaveta, nem defunto tira juros da poupança. O melhor é aproveitar os momentos que podemos compartilhar com pessoas que gostamos, e ter dedicação ao que realmente nos faz feliz. Viver não é difícil, escolher o que fazer da vida, isso sim, pode tornar esta estada infernal.

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