Lembro-me do dia que, chegando a uma praia da região no Carnaval e, logo na entrada no pórtico, uma bela moça se aproximou do carro e me deu, pela janela, cinco camisinhas. Não perdi tempo em perguntar: “-Sou obrigado a usar todas hoje?”
A festa começa com um intuito de liberação, sem voltar às origens e querer reviver a tradição, a festa da carne tinha lá seu sentido literal. Isso mudou!
Claro que a civilização cobra seu preço para avançar, um deles é o estabelecimento de normas de conduta sociais. Não se pode (deve) sair por aí acreditando que todo(a) folião(oa) está disponível e saiu em busca do mesmo que você.
Mas, essa tal busca, reflete algo mais interno: a insatisfação com a própria existência. Quem busca na carne alheia o prazer de estar vivo deve estar um pouco morto por dentro.
Ser feliz, estar contente consigo mesmo, brincar o carnaval, vestido de índio ou pirata, sem a busca carnal desenfreada é o melhor, acredite, deste momento cultural.
Ainda ontem na TV vi algo meio fora da realidade, um jornalista pediu ao câmera man para mostrar a fantasia de uma mulata. Como? Como seria possível uma câmera normal focalizar em algo que só um microscópio eletrônico (de última geração) poderia captar? Brincadeira? Ele poderia ter dito: “-José, mostra a b... da moça aqui pros tarados de casa...” Estarei mais no contexto.
Não vamos também ser puríssimos de alma e nos trancarmos em casa com o terço na mão. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Como dizia Buda, caminho do meio. Brinque se divirta nesses dias, mas, sem exaltação em demasia e nem obrigação de usar todas aquelas camisinhas.
A vida não termina na quarta feira, no entanto pode cobrar, pelo resto dela, o custo de uma terça feira gorda sem medidas.