Por Prof. Msc. João Oliveira
Ainda
existe muito que se discutir sobre os estados emocionais. Principalmente pelo fato
da ausência de palavras (isso em todos os idiomas) para a perfeita
identificação do que sentimos e como expressamos. O problema semântico se
agrava quando tentamos explicar em palavras algo que só existe internamente e,
pode, ou não, estar manifesto nas expressões faciais. Para podermos dar uma
noção da gravidade desse real problema, devemos, antes de tudo, diferenciar
alguns desses estados emocionais:
O que são as ditas emoções? As emoções são reações rápidas a
estímulos externos percebidos ou imaginados pelo indivíduo. Podem ter
diferentes nuances de acordo com a interpretação que o sujeito tem da situação
em particular. Os pesquisadores divergem sobre o que seria de fato uma emoção,
a certeza que temos é que, todas elas, têm origem na tentativa da evolução
humana de preservar a espécie. Os motivos para acionar o sistema endócrino são
evolucionários, no entanto, as interpretações é que são culturais e, portanto,
muito diferentes dos gatilhos originais vividos por nossos antepassados nos
primeiros grupamentos humanos. Podemos, por exemplo, pagar para sentir medo ou
ir a um cinema assistir um filme de terror, a reposta interna do susto pode ser
idêntica a de um perigo real.
E os sentimentos, como se diferenciam das emoções? O sentimento é
uma construção maior de uma estrutura emocional vivenciada em algum momento.
Pode se tornar maior, se aprofundar, e permanecer no indivíduo por toda uma
vida ou se transformar de modelo afetivo (amor x ódio, por exemplo) de acordo
com experiências posteriores. Fazemos grande confusão com a nominação das
emoções e sentimentos. Como já dissemos, trata-se de um problema semântico:
faltam palavras para expressar tudo que sentimos. A grande maioria das pessoas
acredita que emoção e sentimento é a mesma coisa: não é! Emoção se manifesta
rapidamente e pode passar. Já o sentimento, que pode vir depois de uma emoção
(ou não), é internalizado, racionalizado, dura muito mais tempo. Alguns podem,
inclusive, se transformar em doença como uma tristeza depressiva, o nome é o
mesmo para a emoção e o sentimento, mas, este último é extremamente duradouro.
O que vem a ser “Estado de Espírito”? A maioria dos cientistas
acredita que os “Estados de Espírito” normalmente ocorrem por razões que a
pessoa que os vivencia não compreende. Provavelmente gerados por alterações neuro-hormonais
não diretamente relacionadas a um evento no ambiente, pode estar ligado (ainda
é um real mistério) ao conteúdo onírico experienciado durante o sono e às vezes
nem lembrado pelo sujeito. Explicando melhor: nos sonhos alguma emoção ocorreu
por conta do conteúdo onírico, esta emoção disparou a produção de uma química
interna que irá permanecer no modo vigil. Assim o sujeito desperta em um estado
de espírito não vivenciado de uma forma real, porém instalado em seu sistema
emocional. Quando estamos com o Estado de Espírito apreensivo, por exemplo,
ficamos com medo. Com o Estado de Espírito irritado é fácil ficar enfurecido e
isto pode durar o dia inteiro. Uma forma de sair de um Estado de Espírito é
dormir por um breve período. Também se acredita que este estado pode ser
mantido por retro alimentação. Uma pessoa que se julga triste pode elencar, na
mente, várias situações onde esteve triste e, a lembrança destes fatos, pode
ampliar o estado. Ou seja, o estado inicial, sem objeto específico aciona a
memória e, por sua vez, a memória de fatos traumáticos, acaba influenciando a
ampliação do estado inicial: retro alimentação!
Sendo
mais simples: Raiva é emoção, já o ódio é sentimento! Passar o dia de mau humor
é estado de espírito.
Pode
parecer confuso a principio e, realmente é por um simples motivo: nós não somos
muito bons em reconhecer as próprias emoções! Na maioria das vezes percebemos
as alterações internas e, por estarmos desacostumados a expor as emoções (a
sociedade não gosta muito de quem é passional) não nos damos conta que se trata
de uma emoção e tratamos como se fosse algum sintoma (doença) se manifestando
naquele momento.
Saber
administrar as próprias emoções passa pelo principio que é possível
identificá-las assim que começam a surgir em nosso corpo. Todavia é mais fácil
para um observador externo perceber (pelo código facial) do que para o próprio
sujeito que as manifesta.