Muitas
pessoas lutam desesperadamente contra o tempo fazendo de tudo e, com todos os
recursos que possuem, para se manter com uma aparência jovem. Pode ser uma
tentativa de fugir da morte ou criar a ilusão de juventude, o motivo, com
certeza, deve ser o mesmo que tira o sono por madrugadas inteiras, afinal, não
há como se esconder do natural.
Quando
a vida não é retirada, de forma abrupta em uma curva ou outras formas de
tragédias que destroem futuros, o correto é crescer, envelhecer, adoecer e
morrer. Não existe uma forma Benjamin Button de existir. Com sorte (por favor repita a palavra SORTE com força)
vamos trilhar este caminho , que é longo para o observador e curtíssimo para quem nele está.
As marcas em nosso rosto são
emoções vividas. Nossa história emocional pode ser lida nestas linhas curvas
que apresentamos na face. Boas ou más são nossas, e foram sulcadas com sorrisos
e lágrimas. Retirar com plástico as rugas é igual a uma tentativa de apagar trechos
da vida ou cortar vento com foice. Não há volta, mas podemos construir
diferente.
Como saber quem fui se, de mim,
tirarem as memórias! As marcas de expressão são os caminhos que trilhamos para
podermos, ou não, retornar. Sem vê-los , as cegas, é mais provável ficar
andando em círculos. O tempo teima em passar e, menos tempo, deixar! Assim,
dentro desta certeza, devemos planejar o próximo minuto de forma mais salutar. Olhar no espelho, vendo
quem somos, podendo recordar quem
éramos, e focando em quem gostaríamos de
ser: nosso crescimento pessoal!
Nossa cultura, infernal, diz que
tem alto valor o mais novo, mais belo e forte. Nossa cultura fala de caixas! Mas o que têm
dentro destas caixas? Uma caixa grande, enfeitada e bonita pode estar vazia.
Uma caixa diminuta, feia e velha pode possuir, em seu interior, um pequeno,
porém valioso, diamante. Os outros, à nossa volta, são transformados pela mídia em objetos de
desejo como se os homens e mulheres tivessem a
obrigação de possuir ou serem possuídos por todo e qualquer ser humano obtendo
prazer com isso.
Onde podemos achar o valor de
alguém ou em nós mesmo se sempre olhamos para o lugar errado do jeito
equivocado. Nas culturas orientais o velho é querido em casa, pois é o
recipiente de experiências vividas que podem ser compartilhadas. A história de
vida de alguém, que errou e acertou, me poupa de cometer os mesmos erros. Para
isso servem os livros! Mas isso é outra coisa desvalorizada em nossa cultura.
Enquanto livros e velhos são
deixados de lado e pessoas colocam silicone na face, como um antídoto contra o
tempo, a razão dispersa no ar, feito névoa fria na manhã.
Retornar no tempo: quem nisto crê
como verdade, só pode estar beirando a insanidade. Juventude é estado de espírito.
O corpo ajuda, claro, mas é a mente, desde do principio, que vai falar no
final.