Vamos supor que você vá à uma concessionária e pegue um carro para fazer um
“test drive” . Para que você possa sair com o carro da loja é necessário fazer
uma ficha, deixar documentos que comprovem, no mínimo , onde você reside além de
outros de praxe, CPF, ID e etc.
Após ser fichado você adquire o direito de dar umas voltas no carro. Sair por
aí, aproveitando o máximo do veículo e tomando decisões como virar a esquina,
freiar, acelerar e tudo mais que o veículo permite, como ligar o ar, rádio, GPS
(se tiver), teto solar e tantas outras novidades que o modelo apresentar.
Ocorre que durante o percurso você tomou algumas decisões erradas e caiu em um
buraco com lama, sujou o carro todo e quebrou a roda. O carro não quer mais
funcionar direito, está horrível; a roda quebrada ainda gira, mas faz um
barulho muito alto e trepida como se fosse soltar. Você, então, toma uma
decisão: abandona o carro e vai direto para sua casa descansar. Esse
carro deixou você muito estressado.
O gerente da concessionária está ainda esperando o carro que saiu para o
“test drive”. Como você não aparece, ele, vai tomar algumas atitudes para saber
o que houve. Com certeza vão encontrar o carro abandonado, todo sujo e
quebrado.
E agora? Qual é o problema?
Muito simples!
Durante algum tempo, no volante do carro, você começou a se sentir dono da
situação, tinha o controle de tudo. Sua mente estava no comando da direção, dos
acessórios usufruindo o máximo do veículo, extraindo prazer desta condição. No
entanto decisões equivocadas fizeram do passeio um transtorno e, o pensamento
que surgiu foi sair do problema da forma mais rápida, abandonando o problema.
Só, que agora, você terá de prestar contas com o dono da concessionária e,
provavelmente, com a polícia também.
Assim é a vida. Estamos tão acostumados ao livre arbítrio que às vezes
pensamos que somos donos deste dom. Na verdade, a vida nos foi
emprestada. Aqui usamos da possibilidade de tomar decisões e colher
os frutos referentes a elas: bons ou ruins. Mas, a vida em si, nada tem a ver
com nossas escolhas. Caso o sofrimento torne, momentaneamente, a vida densa e
pesada, temos de nos lembrar que existe um “Dono” para quem prestaremos contas
no final da jornada.
De forma alguma podemos, simplesmente, abandonar o carro e voltar para casa
como se nada tivesse ocorrido, fugindo de nossas responsabilidades acreditando
que tudo ali se encerrará. Obviamente, não falo isto como religioso, mas até
poderia, pois não existe uma única religião no mundo que aprove a desistência –
no meio do caminho – do “test drive” a que todos estamos submetidos.
Um dia
teremos de entregar o carro ao Dono da concessionária (querendo ou não), mas
neste caso, é ele quem decide quando, onde e como isto ocorrerá. Nós, por
enquanto, bem que poderíamos olhar com mais atenção a paisagem com o vidro
aberto sentindo o vento no rosto.
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