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terça-feira, 8 de maio de 2012

Envelhecer é normal




                Muitas pessoas lutam desesperadamente contra o tempo fazendo de tudo e, com todos os recursos que possuem, para se manter com uma aparência jovem. Pode ser uma tentativa de fugir da morte ou criar a ilusão de juventude, o motivo, com certeza, deve ser o mesmo que tira o sono por madrugadas inteiras, afinal, não há como se esconder do natural.
                Quando a vida não é retirada, de forma abrupta em uma curva ou outras formas de tragédias que destroem futuros, o correto é crescer, envelhecer, adoecer e morrer. Não existe uma forma Benjamin Button de existir. Com sorte (por favor repita a palavra SORTE com força) vamos trilhar este caminho , que é longo para o observador  e curtíssimo para quem nele está.
                As marcas em nosso rosto são emoções vividas. Nossa história emocional pode ser lida nestas linhas curvas que apresentamos na face. Boas ou más são nossas, e foram sulcadas com sorrisos e lágrimas. Retirar com plástico as rugas é igual a uma tentativa de apagar trechos da vida ou cortar vento com foice. Não há volta, mas podemos construir diferente.
                Como saber quem fui se, de mim, tirarem as memórias! As marcas de expressão são os caminhos que trilhamos para podermos, ou não, retornar. Sem vê-los , as cegas, é mais provável ficar andando em círculos. O tempo teima em passar e, menos tempo, deixar! Assim, dentro desta certeza, devemos planejar o próximo minuto de  forma mais salutar. Olhar no espelho, vendo quem somos,  podendo recordar quem éramos, e focando em  quem gostaríamos de ser: nosso crescimento pessoal!
                Nossa cultura, infernal, diz que tem alto valor o mais novo, mais belo e forte.  Nossa cultura fala de caixas! Mas o que têm dentro destas caixas? Uma caixa grande, enfeitada e bonita pode estar vazia. Uma caixa diminuta, feia e velha pode possuir, em seu interior, um pequeno, porém valioso, diamante. Os outros, à nossa volta,  são transformados pela mídia em objetos de desejo como se os homens e mulheres tivessem a  obrigação de possuir ou serem possuídos por todo e qualquer ser humano obtendo prazer com isso.
                Onde podemos achar o valor de alguém ou em nós mesmo se sempre olhamos para o lugar errado do jeito equivocado. Nas culturas orientais o velho é querido em casa, pois é o recipiente de experiências vividas que podem ser compartilhadas. A história de vida de alguém, que errou e acertou, me poupa de cometer os mesmos erros. Para isso servem os livros! Mas isso é outra coisa desvalorizada em nossa cultura.
                Enquanto livros e velhos são deixados de lado e pessoas colocam silicone na face, como um antídoto contra o tempo, a razão dispersa no ar, feito névoa fria na manhã.
                Retornar no tempo: quem nisto crê como verdade, só pode estar beirando a insanidade. Juventude é estado de espírito. O corpo ajuda, claro, mas é a mente, desde do principio, que vai falar no final.

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