Todos sabemos que quanto maior o equilíbrio emocional do corpo laboral melhor será o nível de produtividade da instituição. O que devemos colocar em primeiro plano é como manter este perfil ao longo dos anos, principalmente quando a coletividade vivencia momentos de ansiedade, causados por eventos externos de grande porte, como: (Copa do Mundo), mudanças governamentais (eleições), crises ambientais (seca, enchentes etc), somadas às próprias demandas internas da empresa. Trata-se de um grande desafio, sem dúvida alguma.
Manter uma rotina de eventos internos é o mínimo que se espera. Dos mais comuns, como concursos de redações, aos mais complexos, como “ideias inovadoras para acelerar os processos administrativos”. Entre eles, podemos destacar, como bons agregadores de estrutura emocional, as campanhas beneficentes ou de apoio a um dos colaborares do grupo, que possa estar vivenciando um momento de crise.
Este último perfil de evento envia uma poderosa mensagem ao grupo, dizendo que nenhum deles jamais estará sozinho. A confiança em seus pares elimina ansiedade e disponibiliza mais recursos internos para o foco principal, que é a produtividade. Não há motivos para se preocupar, se o sujeito sabe que pode contar com todos, quando e, se, alguma tragédia ocorrer com ele.
Aí está o ponto chave para elencar competências, que podem estar encobertas pelo véu da insegurança. Dotar os colaboradores da sensação de elevada autoestima e garantia de um futuro estável libera o organismo – sistema de defesa inconsciente – para que ele possa direcionar mais recursos internos para seu trabalho diário.
Prever o futuro imediato e antecipá-lo para o corpo laboral também é uma excelente estratégia de prover um estado psicológico de segurança. Lembre-se que falamos aqui da sensação psicológica de estar seguro e esta pode ser criada a partir de elementos simples e absolutamente corriqueiros, como informes sobre o tempo e temperatura, cardápio do dia, agenda de aniversários, eventos culturais etc.
O RH deve também orientar os gestores da linha para remuneração indireta simples, ou seja, reconhecimento público dos méritos, por meio de uma comunicação aberta; premiação por produtividade; sorteio de viagens com a família; promoções com os produtos (ou serviços) da casa entre os colaboradores; e tantas outras que puderem ser imaginadas.
A criatividade se torna o elemento importante quando se trata de inovar na variedade de intervenções possíveis, dentro de uma instituição, com o intuito de manter uma cultura organizacional em alto nível de status emocional. Claro que uma vez alcançado o nível pretendido torna-se ainda mais relevante buscar, sempre, novos artifícios, que possam alimentar este processo que nunca terá fim.
Um detalhe é a escolha da equipe de RH, que terá como responsabilidade montar as atividades destinadas a este escopo. Os elementos devem ser os que detêm melhor perfil de inteligência emocional e capacidade de inovar, mesmo em tempos de crise. De nada adianta um excelente técnico gestor sem empatia ou aptidão para gerenciamento de conflitos. Criar este perfil de técnicas para abordagem focada na potencialização do bem estar coletivo requer, antes de mais nada - como disse em 1920, o psicometrista Robert L. Thorndike, da Universidade de Columbia - uma grande “inteligência social”, a capacidade de compreender e motivar os outros.
As pessoas são o maior patrimônio de qualquer empresa e a fluidez do ambiente corporativo depende de um conjunto de fatores amplo, que vai desde a remuneração salarial direta ao clima organizacional. Tocar este universo, em busca de ativar emoções positivas que serão transformadas em uma melhor produtividade, deve-se tornar, ao longo dos anos, um ponto de forte investimento nas instituições, que desejam manter uma excelente posição no mercado.
Não há espaço em nosso tempo atual para quem acredita que, apenas, bons salários e ambiente físico saudável são suficientes para garantir uma produção eficaz. O ser humano, complexo por natureza, exige um contínuo cuidado e um olhar atento por parte da instituição. Da mesma forma que um organismo vivo reage a mudanças de temperatura, aumentando ou diminuindo seu metabolismo, assim funciona a estrutura emocional de uma empresa – seja de que tamanho for. As pressões reais ou apenas criadas pelo imaginário grupal tem um impacto no funcionamento organizacional. Estar atento a isso e interagir nos mais variados momentos pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Por Prof. Dr. João Oliveira