Por Prof. Dr. João Oliveira
O mercado está oferecendo um bom número de publicações que visam preparar os candidatos para todos os perfis de entrevista na seleção. Dessa forma, seguir modelos pré-estabelecidos pode se transformar em uma armadilha para o selecionador menos experiente. Do outro lado também encontramos bons livros que oferecem recursos para o entrevistador conseguir extrair o que há de melhor em um candidato.
Ocorre que muitos candidatos veem o momento da entrevista como um duelo de vida ou morte e, para tanto, se preparam usando todas as ferramentas que encontram disponíveis. Assim, certos manuais de conduta ganham espaço e criam o ator perfeito, capaz de responder todas os questionamentos e participar das dinâmicas com absoluta perfeição, se tornando, pela maquiagem, o colaborador ideal para qualquer cargo na instituição.
O que fazer diante de tal desafio?
Não há muito que se dizer sobre o perfil da entrevista técnica, que busca saber o preparo e experiência. A certificação e o estado probatório definem esta condição de capacidade laboral. O real problema reside em elaborar a entrevista por competência visto que o candidato, numa tentativa de ser o melhor possível, pode deixar de ser assertivo em suas respostas.
Nenhuma pergunta deve ser fechada de modo a permitir uma resposta monossilábica como sim ou não. Ter uma linha aberta, mas, ao mesmo tempo, direcionada ao propósito de conseguir emergir o melhor conteúdo possível para que o candidato tenha as melhores oportunidades possíveis na instituição.
Um tipo de pergunta que se deve evitar a todo custo é: “ – O que você faria em caso de...?” ou, acredite, tem gente que pergunta isso: “- Se você fosse um animal, qual seria?”. Este tipo de entrevista não leva a obtenção respostas construtivas para a avaliação de competências necessárias ao cargo ou execução de determinadas funções. A não ser que a competência buscada seja criatividade.
Deve-se manter o foco na habilidade pretendida para o posto disponível na empresa. Provocar o candidato a explicar como solucionou, no passado, situações problemas tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Supondo que seja um perfil onde a habilidade verbal seja absolutamente necessária, as perguntas devem solicitar que ele apresente soluções (ou não) encontradas no passado para enfretamento de questões onde os recursos verbais foram colocados à prova.
Observe este questionamento: - “Diga-me alguns eventos onde você, literalmente ficou sem argumentos, explique-me aqueles que você considera que tenham sido experiências ruins e os que você considera que tenham sido momentos de aprendizado.”
Essa pergunta oferta ao candidato a possibilidade de expor o quanto ele é capaz de ressignificar situações. Neste caso não importa se ele se saiu bem em todas as situações e sim como ele encara os desafios nas piores circunstâncias. Criar perguntas desta natureza permite ao sujeito expor linhas de raciocínio que podem estar encobertas pela neblina da assertividade a todo custo. Somos seres humanos e passíveis de falhas o tempo todo – posso estar cometendo equívocos aqui – ocultar ou permitir o acobertamento da humanidade que habita em nós é uma das falhas mais comuns em entrevistas de seleção.
A empresa não espera que todos os seus colaboradores tenham sobrevivido à explosão do planeta Kripton, o Super-Homem só existe na ficção. Conseguir falar das falhas e entender isto como uma conquista e superação para seu próprio crescimento, é que faz de nós seres mais preparados em nossas funções.
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