Por. Prof. Dr. João Oliveira
Nos dias atuais existem pesquisas de opinião para tudo que se possa imaginar e, de fato, muitas pessoas acabam sendo influenciadas por estes índices alterando comportamentos e decisões. O que pouca gente sabe é que uma pesquisa de opinião retrata um momento único que pode se alterar rapidamente com os fatos e, principalmente, com o nível de informação.
Outra forma de percebemos como as pesquisas podem apresentar dados irreais é quando retratam atitudes existentes em outras culturas. Um exemplo disso é um levantamento feito entre novembro e dezembro de 2013 pelo site de recrutamento CareerBuilder com 3.008 empregados e 2.201 gestores e profissionais de recursos humanos para saber quais são as desculpas mais usadas por funcionários que chegam atrasados ao trabalho nos Estados Unidos. Vejamos os números de lá: 39% coloca a culpa no trânsito, 19% diz que teve uma noite mal dormida, 8% reclama de problemas com o transporte público, 7% alega que as condições climáticas não eram favoráveis e 6% diz que se atrasou porque foi levar os filhos à escola ou à creche.
Não precisamos fazer uma profunda pesquisa para saber que estes números aqui, nas grandes capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, seriam bem diferentes. O trânsito, provavelmente, estaria com um percentual muito maior como grande vilão da produtividade e o transporte público viria em segundo lugar o restante das alegações dos americanos nem teria uma boa pontuação, caso o levantamento fosse realizado no Brasil.
Dessa forma é possível perceber que além de alteração da informação o estilo de vida e a cultura de uma população também podem influenciar para apresentar diferentes resultados em uma amostragem única.
O mesmo ocorre em uma instituição.
Cada grupo instituído que opera em conjunto de normas para gerar produtos ou serviços se transforma em um corpo único com suas próprias regras éticas comportamentais. Por este motivo uma nova linha de comando deve ter cautela ao utilizar fórmulas de sucesso com base em levantamentos colhidos em outro microuniverso.
Mesmo uma pesquisa que garanta quase 100% de certeza, com dados de outra realidade física ou temporal, deve ser replicada antes de ser implementada dentro de uma cultura organizacional. O corpo funcional e o mercado consumidor não devem ser igualados em todos os aspectos como uma fórmula matemática.
Repetir as perguntas pode revelar respostas diferentes até mesmo na mesma amostragem com algum tempo de diferença. O correto é manter um constante levantamento do que se deseja apurar para não correr riscos de perda no investimento principal.
O que funcionou ontem não é possível de ser aplicado hoje e o que é sucesso em outro lugar pode se tornar um desastre em nossa organização. A instituição lida com pessoas dentro e fora de seu ambiente e este perfil de relação direta e único deve ser respeitado.
Até mesmo grandes cases de sucesso de empresas multinacionais aplicam regras gerais com o cuidado da escuta local. O McDonald's na Índia teve de adaptar o seu cardápio em 270 cidades onde a vaca é considerada sagrada da mesma forma que o Carrefour, empresa Francesa, conseguiu sucesso no Rio Grande do Sul promovendo ações ligadas a cultura local com distribuição de chimarrão para os clientes, ofertados por um gaúcho vestindo roupas típicas.
A verdade é que não existe uma cartilha de sucesso pronta para ser usada em qualquer ocasião e, muito menos, as que repliquem sucessos dos outros. As pesquisas apontam tendências e não constituem uma decisão final: isso cabe ao gestor que deve ter uma ampla escuta além das paredes de seu escritório e das muralhas que cercam suas certezas absolutas.
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