Muito são os profissionais que desejam se colocar em posições onde venham a se sentir plenos, completos em todos os sentidos. É algo natural pensar dessa forma: aliar a produção com a realização pessoal é o que se espera para uma vida saudável e feliz. No entanto, nem todos podem se dar a esse luxo e, além disso, os conceitos podem ser mal interpretados por alguns.
Podemos notar que o conceito de trabalho está ligado a sofrimento e desgaste físico. Os termos: - “Isso vai dar trabalho!” ou: - “Trabalhei até tarde ontem!” estão se referindo a algo oneroso, cansativo, estafante ou degradante fisicamente. Não precisa ser assim.
Esse é o primeiro ponto que deve ser questionado quando alguém se propõem a seguir uma determinada profissão: fazer isso me dá satisfação?
Quando se trabalha apenas pelo retorno financeiro os dias se tornam pesados e longos. Atuar em uma posição que não gere satisfação é o mesmo que se apunhalar todos os dias. A produtividade não será a melhor possível e, muito provavelmente, em algum tempo, sintomas físicos, dos mais variados, irão surgir atormentando ainda mais o sujeito em questão.
Atuar profissionalmente em algo que seja vocacionado transforma os dias em espaços maravilhosos de construções. O ânimo, pela manhã ao se levantar, é juvenil e o tempo laboral nem é percebido. Os dias passam rapidamente de forma leve.
Caso não se sinta assim hoje, procure uma revisão de vida. Afinal, ninguém merece viver em sofrimento mesmo que seja bem remunerado para isso.
O segundo ponto que deve ser observado logo após solucionado a diretriz da satisfação: existe retorno? Provavelmente o primeiro pensamento que passa pela cabeça é o retorno financeiro. Na verdade, se esse for o foco principal, esse texto não tem nenhuma valia. De nada adianta recursos financeiros sem saúde e longevidade.
Por retorno pode se entender resultados que tragam benefícios ao executor. Por exemplo: um palestrante que é médico. As palestras, coisa que ama fazer, não lhe rendem um tostão, mas, geram clientes em seu consultório. Assim, o retorno pode ser indireto. Pessoas, que já possuem recursos para a manutenção de um padrão de vida, muitas vezes se filiam em atividades voluntárias apenas para se sentirem mais úteis. O retorno é o reconhecimento de suas próprias ações.
Óbvio que, o envolvimento pleno na atividade que gere prazer irá resultar em algum tipo de retorno além da saúde. Casos interessantes podem ser encontrados de atividades que não geravam nenhum beneficio financeiro no início e depois se tornaram fonte principal de renda para famílias inteiras.
Por último, algo que poucos pensam em fazer, deixar um legado. Mas, seguindo a sequência citada, o resultado será inevitável: um legado será criado.
A evolução natural de qualquer perfil de trabalho é uma especialização. Quem faz o que gosta irá fazer melhor a cada dia e isso irá evoluir naturalmente para um aprimoramento da produção.
Novas técnicas serão criadas, os processos serão sempre revistos e refinados. Ou seja, a contribuição dessa pessoa irá permanecer após seu período de vida produtiva. O legado é algo que sobrevive a nós, algo que pereniza nossa participação como membros produtivos de uma sociedade.
Nem sempre o nome da pessoa está associado ao legado deixado, mas, a contribuição pode estar sendo usada e sendo útil para muitas pessoas. Esse é ponto relevante do legado: ser útil além da vida.
Uma pena que não tenhamos todos a capacidade (ou coragem) de se lançar em uma busca pelo encontramento de uma função que nos dê satisfação, que gere retorno e que nos permita deixar um legado.
Portas foram feitas para serem abertas. Caso alguma à sua frente esteja fechada nesse momento se torne primeiro um chaveiro, depois a abra e siga em frente.
Por Prof. Dr. João Oliveira
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