Por João Oliveira
Durante a caminhada os dois personagens deste texto conversavam
e, o que estava ao lado direito da estrada parecia estar mais animado.
- Hoje teremos um grande dia não é?
O outro
personagem, que caminhava mais lentamente e de cabeça baixa respondeu em um tom
lento e tristonho.
- Pode ser para você. Afinal a festa é sua, eu só recolho os
poucos que me escolhem.
- Eu acho que você faz bem o seu trabalho, afinal todos os
que vão em sua direção são autênticos. Meu trabalho é diferente: não escolho
nem sou escolhido. Apenas pego o que aparecer pela frente. Ou seja, quantidade:
todos são meus afinal! No seu caso acho que é a qualidade que importa.
O que
andava lentamente parou, olhou de frente para o companheiro de jornada e disse
em tom solene.
- Já não é mais assim, o mundo mudou! Eles só me procuram
quando percebem que você já está diante deles. Por isto sempre caminhamos
juntas: Morte e Fé!
Deixando
os dois personagens seguindo pela estrada, por enquanto, podemos refletir sobre
o que entendemos por fé ou esperança. Afinal, posso apostar, a maioria das
pessoas liga (imediatamente) fé a uma religião qualquer ou a uma deidade
amparadora que oferta soluções em tempos de crise. Não é desse tipo de fé que
gostaria de tratar, até porque não possuo credenciais para tal, e sim de outra,
uma que conhecemos como projeto de vida.
Ter uma
vida com um projeto estabelecido é ter fé em um amanhã melhor. A grande massa
aprisionada entre a conquista do almoço e do jantar não pode olhar além do
final de semana e isso se instala como uma rotina para toda existência. Não
está certo viver assim.
A morte,
embora certa, não está nos planos de
ninguém. O que resta então é poder seguir em sua direção com o proveito máximo
da vida: realizando, construindo, tendo lazer, amando e tantas outras coisas
que podemos fazer para manter uma boa qualidade de vida. Para que isto possa
ser possível é necessário um plano de voo estabelecido: onde quero chegar e em
que tempo?
Calcular
o tempo de vida que se espera ter à frente e como pretende distribuir deveres e
prazeres deve ser uma prioridade para criar o elemento de fé na vida e não ter
surpresas ou arrependimentos no momento em que a morte se tornar presente.
Quais são os seus planos? São
viáveis? Está cumprindo as etapas? Já desistiu de tentar?
Este
perfil de fé mantém o caminho firme sobre os pés e mesmo nas turbulências que ocorrerem
você será capaz de suportar, pois, existem outras metas para serem alcançadas e
tantas outras que já foram superadas. Escolha algo para conquistar em curto
prazo, outro objetivo para médio prazo e, para o resto da vida, projete
conquistas em longo prazo. Assim será mais fácil administrar sucessos e
fracassos (sim, eles existirão).
Voltamos
ao caminho. A Morte se volta para a Fé devolve um olhar tranquilo e diz:
- Então temos aqui um grande problema amiga: estou sempre
diante deles. Pode ser que eles vivam fingindo que nunca os encontrarei. Mas, não
saio, um segundo sequer, do futuro de todos os que vivem.
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