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sábado, 24 de janeiro de 2015

O OLHAR

Por João Oliveira

Alguns cientistas já conseguiram comprovar que existe uma relação de causa e efeito apenas com o direcionamento do olhar e a intenção consciente.  Dean Radin, Phd, em seu livro Mentes Interligadas e o Rupert Sheldrake, biólogo, tratam deste assunto com grande tranquilidade apresentando toneladas de estudos científicos. Triste aquele que ainda está tratando este assunto com os pés afundados em formas de concreto.

Sabendo os prováveis efeitos que podem ser alcançados com a imposição da vontade própria e do olhar. Devemos começar a navegar, pelo meio social, com certos cuidados com nossa própria estrutura. 

Sim! A intenção, seja ela qual for, pode ser tornar realidade imediata se o sujeito aceita como tal para si. E pior: o olhar do outro e intenção do outro também podem ter um efeito real em nós se estivermos dentro de um estado psicológico favorável às imposições externas, mesmo se estas não forem verbalizadas.

Claro que é complicado. Quem disse que seria simples?

Um provérbio hindu nos diz para nunca falar de nosso inimigo, pois se isso ocorrer, neste momento ele se lembrará de você. Isso foi realmente provado em experimentos científicos mesmo utilizando pessoas que nunca se viram antes. Apenas apresentando fotos ao sujeito, de alguém absolutamente desconhecido para ele, e pedindo para que ele focasse na imagem, se estabelecia então, imediatamente, um elo nas ondas mentais que se tornavam similares. Tudo devidamente aferido por equipamentos eletrônicos.

Isso dá ao falado “Mal Olhado” uma nova abordagem, deixando o mundo da paranormalidade e entrando com toda força no ambiente da neurociência. Um pensamento negativo sobre alguém pode, de fato, tocar a estrutura metabólica do outro. Principalmente se este possui dúvidas quanto a sua integridade. Aí a elevada autoestima funciona como um poderoso escudo protetor.

Dean Radin cita em um de seus livros o experimento da placa de culturas celulares onde o olhar do observador, junto com a intenção de ampliar o crescimento delas, resultou em uma aceleração das divisões celulares ao ponto de ser possível criar uma fórmula matemática capaz de estimar a expansão em determinado espaço de tempo. E mais ainda: as placas de petri (onde as culturas se desenvolviam) que estavam próximas também sofreram alterações mesmo não sendo alvo direto do observador.

Então se expor pode ser um problema em ambientes críticos/agressivos se o sujeito alvo não reunir em torno de si convicções que a sua estrutura física metabólica está e se manterá em harmonia. Como nos fala o psicólogo e farmacêutico Émile Cué: “Todos os dias, sob todos os aspectos, eu vou cada vez melhor!”.

Um mantra simples e fácil de ser decorado que, se repetido constantemente todos os dias, pode criar um fabuloso estado psicológico e, como ele mesmo apresenta em seu livro de 1920, várias remissões de sintomas graves ocorreram apenas usando essa fórmula semântica como uma pílula medicamentosa. O caso mais impressionante é de um soldado que após ser abatido por uma granada explosiva ficou paraplégico. Ainda no hospital, transformando este mantra em motivo de vida, conseguiu recuperar os movimentos perdidos.

Sheldrake vai muito além disso e propõem um universo onde os limites da consciência não existem. Somos mais e maiores, interligados, como fala Dean Radin, mas, além disso, partes de um único e gigantesco organismo. A teoria dos campos mórficos, ou morfogenéticos, está muito próxima da teoria de uma memória coletiva e, ainda mais, do Inconsciente Coletivo proposto com Carl Gustav Jung.

Certo é que podemos ter influência consciente sobre nós mesmos e os outros também podem exercer essas influências que podem ser negativas ou positivas. Desenvolver um ambiente interno de convicção da saúde plena e de uma elevada autoestima servem como anteparo protetor e, claro, evitar o contato com quem evidentemente não quer o nosso bem, também é uma boa medida.

O olhar amoroso transmite este afeto e, essa condição modula as produções endócrinas de uma pessoa. Se isso é verdade, é sabemos que é, o contrário também deve ser.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

AUTONOMIA




                Por João Oliveira

         Ser capaz de internalizar as regras da sociedade e agir por conta própria sem ferir o código ético e moral vigente, é o sinal maior de adultificação e que o indivíduo alcançou a real autonomia de ser. 

               Quando crianças, recém nascidos, reina em nós a anomia, ausência de regras, um mundo onde todas as possibilidades são possíveis e estamos liberados para permitir o desejo de forma plena. A não satisfação dos anseios gera revolta, choro e birra. Este período não dura muito, às vezes poucos meses de vida, em função das regras apresentadas nos diferentes ambientes; logo chega a heteronomia quando o outro, neste caso os pais, cobra a conduta dentro do molde social estabelecido.

               O problema surge quando a heteronomia se torna o modo de vida que se solidifica por toda a existência.

               Não são poucas as pessoas que só seguem a ética e moral quando na presença de outro ou que necessitam de direcionamentos a cada instante para estarem de acordo com as normas.

               Jogar a lata fora, pela janela do carro, quando ninguém vê é um exemplo de alguém no estado de heteronomia. Este sabe o que é certo mas só o faz se outra pessoa estiver presente como testemunha de sua falha. Assim, para este grupo de seres viventes, não existe de fato pecado se outros olhos não podem ver.

               Agora o segredo: nunca estamos sozinhos sem julgamentos!

               Ocorre que existe em nós um sistema autopunitivo das nossas ações – em pessoas ditas normais (sem comprometimentos cognitivos) – que funciona durante todo o tempo quando estamos conscientes, em estado vigil. Basta ter uma primeira informação do que é certo ou errado para que este tribunal comece a funcionar. E isso será modo contínuo para o resto de nossas vidas.

               Assim, se fazemos algo que consideramos ser errado tendo plena consciência disso, algo entrará em colisão dentro de nós imediatamente. Podemos ver isso claramente quando fazemos análise comportamental em um indivíduo que mente com medo de uma sanção. Seus movimentos ideomotores inconscientes seguidos das contra medidas conscientes, deixam claro que o tribunal interno julga, condena e pune imediatamente as falhas cometidas.

               Essas pequenas punições internas podem passar despercebidas pela pessoa que vive na heteronomia mas, em muitos casos o acúmulo no sistema acaba por criar sintomas como forma de reparação aos possíveis erros. 

               Quem não possui noção dos erros por não ter sido apresentado as normas não sofre nenhum tipo de alteração endócrina pois, o sistema inconsciente não é capaz de fazer comparações entre o que é certo ou errado. Os doentes mentais, sociopatas e psicopatas também estão livres deste sistema de punição. No entanto, o resto de nós está sujeito ao eterno julgamento interno e as possíveis penalidades impostas sem nenhuma possibilidade de questionamento ou defesa. Tudo ocorre silenciosamente em nosso organismo e sempre justificamos os sintomas que surgem como prováveis resultados de doenças, mal estar, efeitos de má alimentação etc. Ou seja, arrumamos uma explicação qualquer para dar conta de tais efeitos em nosso corpo.

               Provavelmente viver em autonomia é uma forma de manutenção de um bom equilíbrio interno seja psicológico ou endócrino. De fato isso deve auxiliar bastante na boa saúde física. Pensando assim, os que vivem na constante heteronomia, poderiam manter uma ética constante como investimento num modelo de vida mais saudável.

               Claro que nem todos acabam ficando doentes ou com remorsos por terem colado durante uma prova no ensino médio, mas fazer disso um estilo de vida vai ter seu preço cobrado em algum momento. Quem sabe, possamos descobrir se isso já não está acontecendo agora, e alguns sintomas que temos talvez sejam resultados de ações punidas.
              
              

sábado, 10 de janeiro de 2015

PERSEGUIDO




                Cena ocorrendo em uma caverna no alto da montanha. O sábio será identificado pela letra S e a pessoa que o procura, que chamaremos de Carlos,  pela letra C antes de suas respectivas falas.

S – O que o traz aqui?

C – É essa figura estranha que persegue...

S– Alguém está lhe seguindo pelas ruas?

C – Não é alguém... é uma coisa. Um homem de preto que quase sempre está próximo a mim. Eu não aguento mais. Na verdade não é bem um homem... as vezes rasteja no chão acompanhando meus passos.

S – Hum... durante a noite esse perseguidor desaparece?

C – Algumas noites sim. Na verdade a única forma que eu tenho de me livrar dele é entrando em um quarto escuro, assim não consigo enxergá-lo.

S – Você está me dizendo que ele desaparece quando você está na mais completa escuridão? 

C – Sim, é verdade. Essa coisa demoníaca é muito mais forte em dias ensolarados ou em ambientes bem iluminados.

S – Não seria então a sua sombra?

C – Todos dizem isso...

S – Provavelmente porque é mesmo sua sombra...

C – Mas eu não quero uma sombra preta me seguindo onde quer que eu vá. Preciso me livrar dela.

S – Veja, temos um problema aqui...

C – Claro que temos, por isso estou aqui!

S – Não é bem assim. Ocorre que você se considera uma pessoa boa, um ser de luz por assim dizer. Não é?

C – Sim, isso mesmo! E como ser de luz não posso ter uma sombra me seguindo onde quer que eu vá.

S – Isso, devo lhe dizer, é impossível. Ocorre que, ao andar sob a luz todos projetamos sombras. Não é que ela esteja nos seguindo porque quer. Ela é atraída pelos seres que estão banhados de luz e são, na verdade, a prova física que estes seres se encontram caminhando por bons lugares.

C – Como? O que o senhor está dizendo?

S – Somente os seres que caminham pelas trevas não possuem uma sombra lhe seguindo. Provavelmente porque elas já estão em toda parte nesses locais. Assim sendo entenda a sua sombra como uma certificação que você está no caminho certo: sob a luz que lhe ilumina.

C – A sombra é um certificado que eu sou uma pessoa boa?

S – Quanto mais forte a luz mais forte será a sombra projetada.

C – Ela é uma coisa boa! Prova que eu sou um ser que caminha na luz..

S – Exatamente!

                Ressignificar é saber alterar a percepção do fato sem alterar o ocorrido. Seu significado pode ser diverso dependendo de como se analisa o ponto que causa o conflito interno. Não é ser como o personagem Poliana, da literatura juvenil, que acha que tudo é bom na vida. Afinal, algumas coisas são realmente ruins e precisam ter seu luto vivenciado. No entanto, quase sempre o que nos causa angústia e sofrimento pode ter nova interpretação.