Por João Oliveira
Mais
comum do que se imagina: estamos propensos a erros de percepção a cada momento
de nossas vidas. Alguns são puramente culturais como, por exemplo, vestir roupa
de frio quando se percebe que está chovendo. Claro que chuva não está associado
a frio, da mesma forma que luz solar brilhante não é garantia nenhuma de calor.
O problema reside no que chamamos costume cultural que nasce de uma falha
perceptiva sensorial.
Nossos
sentidos (visão, tato, audição, paladar e olfato) somados a propriocepção, capacidade que cada pessoa tem de perceber onde está cada parte do seu
corpo, e ao equilíbrio, habilidade de manter o centro de massa corporal dentro da base de sustentação, nos dão a capacidade de
interpretar o mundo para nossas tomadas de decisões. Muitas destas decisões são
absolutamente inconscientes e resolvidas rapidamente por nossa mente com base
no aprendizado das experiências anteriores.
Assim, uma falha no passado –
mesmo não sendo originalmente nossa – pode ser perpetuada por gerações futuras
através do exemplo comportamental. Difícil é perceber, por conta própria, uma
situação onde estamos imersos na falha.
Outro exemplo bem comum: ir se
deitar para dormir quando se está absolutamente esgotado. Isso não é uma regra!
Na verdade, devemos manter um padrão de horários para que nosso corpo possa
regular as taxas endócrinas e manter o corpo saudável. Essa ideia de chegar ao
limite antes de dormir pode prejudicar o processo de regeneração celular e
ainda causar distúrbios na evolução onírica durante o período do sono. Ocorre
que, muitas vezes, o sujeito acorda mais cansado do que quando se deitou.
Manter horários regulares sempre foi a melhor opção.
O sentido mais cruel quanto a
estes perfis de falha é a visão. Erroneamente fomos levados a acreditar que é
preciso ver para acreditar. Na verdade, funciona justamente ao contrário: é
preciso acreditar antes para poder ver depois.
A visão, que é mais emocional do
que física, vive pregando peças na gente o tempo todo. Objetos simplesmente
desaparecem bem à nossa frente e, outras vezes, temos certeza de ter visto algo
que jamais esteve ali. Usando muito da memória, a visão cria cenários a partir
de (novamente essa palavra) experiências anteriores no mesmo ambiente. Assim
para que se possa estar renovando sua percepção é sempre bom trocar móveis e
quadros de lugar em sua própria casa. Isso irá criar uma rotina de busca por
alterações em nossa mente.
Na tentativa de economizar
recursos – economia neural que cria as falhas perceptivas – a visão subtrai
informações que a mente acredita serem irrelevantes para o sujeito. Assim, você
só perceberá objetos que forem importantes para você. Quando você coloca
atenção em um objeto irá ver muitos outros semelhantes no seu dia a dia. Claro
que eles sempre estiveram lá, apenas sua visão não deu muita importância a
eles.
Um outro conjunto de
interpretações erradas, que podemos ter, está relacionado às emoções que
sentimos. A confusão sobre o que sentimos é absurda sendo quase impossível
alguém ter absoluta certeza sobre suas reais emoções sobre qualquer assunto.
Principalmente as emoções repentinas e fortes.
Vários experimentos já foram
feitos comprovando essa perigosa situação. Sabemos que as emoções visam a
manutenção da espécie humana e que muitas delas já perderam o real sentido
graças a evolução social – que andou mais rápido que a genética – assim podemos
ter reações oriundas de um filme que assistimos (terror ou aventura por
exemplo) e levarmos para as nossas interações sociais, após o evento,
comportamentos alavancados pelas produções endócrinas que ainda estão
residentes no organismo.
A confusão é tamanha que se
torna mais fácil um observador externo nomear as emoções de outra pessoa apenas
observando a máscara facial. Ocorre que o código exibido pelos músculos da face
irão revelar – ao observador treinado – o que está de fato ocorrendo no
sujeito.
Prestar atenção ao ambiente pode
não ser o suficiente. É necessário inovar e alterar, sempre que possível for,
nossas reações diante do eventos cotidianos. Lembre-se que o cérebro odeia
mudanças mas adora novidades. Entenda como isso funciona e será mais saudável e
feliz.