Por João Oliveira
Entrevistador - Hoje temos aqui em nossos estúdios a
presença do Mal que vai conversar conosco! (aplausos)
Mal - Muito obrigado é realmente um grande prazer poder
estar aqui esta noite.
E. - Antes de tudo gostaríamos de saber por que você existe
e o porquê de tanta maldade?
M. - Me perdoe, mas eu acho que você fez duas perguntas
distintas. Vejamos, a minha existência em princípio não é boa ou ruim, isso
depende de várias coisas como interpretação e reação. Já a maldade é um ato
consciente em busca de um resultado específico fruto da ação de, e somente de,
um ser humano.
E. - Como assim? Somente os seres humanos são aptos a
promover a maldade?
M. - Exatamente. A maldade é um ato direcionado com a
expectativa de um resultado negativo para outrem. Não existe maldade no mundo
natural, só quando está presente uma intenção, o que é próprio do ser humano.
E. - Mas se a maldade depende de um ato, não ajudar uma pessoa
em sofrimento então seria o quê?
M. - Podemos pensar de duas formas sobre esse tema. Primeiro,
se a pessoa não ajuda desejando o pior para quem necessita, sim isso é maldade.
Segundo modo de pensar, se a pessoa tem essa atitude sem nem mesmo pensar nas consequências
para o sofredor não é maldade, é algo pior: indiferença.
E. – Mas uma família passando fome, pessoas doentes,
enchentes isto não é uma maldade de Deus?
M. – De jeito algum! São consequências de abandono, falta de
cuidado consigo mesmo e movimento natural de chuvas e rios. A natureza, força
de Deus no planeta, é o que é e pronto. O homem é que se enfia no meio e,
portanto sofre as consequências disso. O mar não avança porque deseja tomar
casas de ninguém, as pessoas é que se colocam, cientes ou não, em locais dentro
do perímetro de sua movimentação.
E. – E você, quando vai parar de fazer mal as pessoas?
M. – Mas, eu não faço nada! Eu existo fruto da condição
comportamental humana. Veja bem, aquele copo cheio de água em cima dessa mesa.
Se você o pegar e regar uma planta será um ato caridoso e bem recebido pelo
pequeno vegetal. No entanto, se você pega o mesmo conteúdo e joga dentro de um
formigueiro será uma tragédia para centenas de pequenas formigas. Não é responsabilidade
do copo, ou mesmo da água, o que você fez. Assim funciona comigo, só passo a
existir quando a intenção está presente. Mas, eu posso deixar de existir no alvo
da maldade executada.
E. – Mais uma vez estou confuso, como assim a maldade pode
deixar de existir após ser feita?
M. – Muito simples: o que hoje é visto como um ato de
maldade, amanhã, ressignificado pode ser interpretado como um momento propenso
para mudanças e reflexões. Rotas são alteradas e destinos são novamente
traçados por pessoas que, em algum momento de suas vidas, foram alvos da
maldade alheia. Assim, essas vítimas, podem sofrer verdadeiras transformações.
E. – Mas nem sempre é boa!
M. – Sim, é verdade. Isso vai depender da capacidade de cada
um de fazer escolhas assertivas.
E. – Então você pode ser útil?
M. – Na verdade sempre sou. Mesmo quando o sofrimento é
grande e as pessoas perdem o rumo, eu sou a ferramenta que permite o livre arbítrio.
As pessoas podem escolher praticar o mal, ou não. As consequências ruins de
retorno não surgem dos alvos afetados pela maldade. Que isso fique claro: jamais
culpe o outro, após praticar alguma maldade, de um revés em sua vida. É natural
que, em algum momento, exista uma volta da energia colocada intencionalmente no
ambiente natural. Mas, aqui entre nós, acredito que toda pessoa ruim sabe disso
muito bem.
E. - E a morte? Quando
é que você vai parar com essa maldade de matar criancinhas?
M. – Acho que não tenho condições de continuar com esta
entrevista, esta pergunta idiota me deixou passando mal.