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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A NAVE

Por João Oliveira

               Após a estabilização da sequência de órbitas em volta do planeta chegou o momento de enviar uma equipe para contatar os habitantes pela primeira vez nessa incursão. Algumas precauções estavam sendo organizadas na nave de abordagem quando o segundo em comando chamou a atenção dos tripulantes que se preparavam para descer.

- Vocês sabem como devemos nos comportar na presença deles não é?

- Sim senhor! – gritaram todos ao mesmo tempo.

- Então vamos repassar algumas prioridades para não termos nenhum problema de comunicação com os locais. Lembrem-se que disso depende o futuro deles – não o nosso – No entanto, devemos fazer a nossa parte para que tudo possa transcorrer da melhor forma possível.

E continuou:

- Primeiro: Se perguntarem sobre a existência de Deus, qual a reposta padrão para não perturbar mais a mente deles?

Todos responderam em uma só voz:

- Não somos deuses! Deus é uma entidade superior a todos os astros e seus possíveis habitantes conscientes ou não, vivos ou não!  Deus é uma entidade além do tempo, da matéria e até mesmo da própria existência.

- Muito bem! – disse o segundo em comando com voz calma e tranquila – Não saiam dessa linha que vai dar tudo certo. Se começarem a perguntar sobre imortalidade da alma ou assuntos semelhantes mandem conversar comigo. Outra coisa importante: não entrem em detalhes sobre nosso aspecto físico, de saúde e tempo de vida. Eles vão nos pressionar para conseguirem curas para todos os males, pobreza e tudo mais. Nenhum de vocês está autorizado a resolver nenhum problema entre eles.

- Mas, nossa missão não é para ajudar os seres inferiores? – perguntou um dos mais humildes da tropa.

- De que academia você veio? – falou o líder da missão que surgiu das sombras como um furacão.

- Vim da Master Infinitus senhor alocado em vossa nave já há três ciclos...

- Só podia ser. Povo fisiologista... ganhar simpatia por favores ofertados. – falou olhando nos olhos do soldado – Não seja ridículo! – Gritou o líder – Eles não têm problema algum! O que falta nesses nossos cultivados é equilíbrio emocional, educação, senso de ridículo e ética!

- Só isso? – uma voz pequena saiu quase despercebida do fundo da nave.

- Quem disse isso? – falou furioso o segundo em comando.

- Fui eu senhor... é que depois de termos enviado mais de uma dezena de avatares, imposto cataclismos e pestes, o senhor ainda acredita que eles podem aprender o básico para uma existência saudável.

Um silêncio perturbador tomou conta da nave. O Líder em seu roupão prateado colocou as mãos (todas as quatro) atrás do próprio corpo e andou em círculos por alguns momentos. Parou e olhou para o alto dizendo:

- Essa é nossa última missão aqui, se não der certo dessa vez o nosso protocolo manda queimar tudo e começar do zero em outro planeta. Já se passaram 10 mil anos de civilização e esse povo ainda mata, rouba, engana... hoje é a última chance deles. Vamos, novamente, apresentar propostas de mudanças e aguardar só mais 50 anos solares. Se não houver mudança... bem, já vamos deixar os artefatos nucleares instalados.

- Escriba, anote aí! – falou o líder – Se não der certo o nosso cultivo de humanos aqui em Marte o próximo planeta que será alvo de nosso experimento é aquele ali meio azulado com um satélite branco grande. O chamaremos, já a partir de agora, de Terra! Isso em homenagem ao nosso próprio planeta azul.

- Nossa! – Exclamou um dos soldados - Como ele é bonito ... parece mesmo com a nossa Terra natal...

Foi uma festa! Todos aplaudiram e gritaram colocando fé naquele pequeno planeta azul. Como já sabemos o futuro de Marte não seria dos melhores mas, essa tal Terra. Ela sim, promete muito.




sábado, 24 de janeiro de 2015

O OLHAR

Por João Oliveira

Alguns cientistas já conseguiram comprovar que existe uma relação de causa e efeito apenas com o direcionamento do olhar e a intenção consciente.  Dean Radin, Phd, em seu livro Mentes Interligadas e o Rupert Sheldrake, biólogo, tratam deste assunto com grande tranquilidade apresentando toneladas de estudos científicos. Triste aquele que ainda está tratando este assunto com os pés afundados em formas de concreto.

Sabendo os prováveis efeitos que podem ser alcançados com a imposição da vontade própria e do olhar. Devemos começar a navegar, pelo meio social, com certos cuidados com nossa própria estrutura. 

Sim! A intenção, seja ela qual for, pode ser tornar realidade imediata se o sujeito aceita como tal para si. E pior: o olhar do outro e intenção do outro também podem ter um efeito real em nós se estivermos dentro de um estado psicológico favorável às imposições externas, mesmo se estas não forem verbalizadas.

Claro que é complicado. Quem disse que seria simples?

Um provérbio hindu nos diz para nunca falar de nosso inimigo, pois se isso ocorrer, neste momento ele se lembrará de você. Isso foi realmente provado em experimentos científicos mesmo utilizando pessoas que nunca se viram antes. Apenas apresentando fotos ao sujeito, de alguém absolutamente desconhecido para ele, e pedindo para que ele focasse na imagem, se estabelecia então, imediatamente, um elo nas ondas mentais que se tornavam similares. Tudo devidamente aferido por equipamentos eletrônicos.

Isso dá ao falado “Mal Olhado” uma nova abordagem, deixando o mundo da paranormalidade e entrando com toda força no ambiente da neurociência. Um pensamento negativo sobre alguém pode, de fato, tocar a estrutura metabólica do outro. Principalmente se este possui dúvidas quanto a sua integridade. Aí a elevada autoestima funciona como um poderoso escudo protetor.

Dean Radin cita em um de seus livros o experimento da placa de culturas celulares onde o olhar do observador, junto com a intenção de ampliar o crescimento delas, resultou em uma aceleração das divisões celulares ao ponto de ser possível criar uma fórmula matemática capaz de estimar a expansão em determinado espaço de tempo. E mais ainda: as placas de petri (onde as culturas se desenvolviam) que estavam próximas também sofreram alterações mesmo não sendo alvo direto do observador.

Então se expor pode ser um problema em ambientes críticos/agressivos se o sujeito alvo não reunir em torno de si convicções que a sua estrutura física metabólica está e se manterá em harmonia. Como nos fala o psicólogo e farmacêutico Émile Cué: “Todos os dias, sob todos os aspectos, eu vou cada vez melhor!”.

Um mantra simples e fácil de ser decorado que, se repetido constantemente todos os dias, pode criar um fabuloso estado psicológico e, como ele mesmo apresenta em seu livro de 1920, várias remissões de sintomas graves ocorreram apenas usando essa fórmula semântica como uma pílula medicamentosa. O caso mais impressionante é de um soldado que após ser abatido por uma granada explosiva ficou paraplégico. Ainda no hospital, transformando este mantra em motivo de vida, conseguiu recuperar os movimentos perdidos.

Sheldrake vai muito além disso e propõem um universo onde os limites da consciência não existem. Somos mais e maiores, interligados, como fala Dean Radin, mas, além disso, partes de um único e gigantesco organismo. A teoria dos campos mórficos, ou morfogenéticos, está muito próxima da teoria de uma memória coletiva e, ainda mais, do Inconsciente Coletivo proposto com Carl Gustav Jung.

Certo é que podemos ter influência consciente sobre nós mesmos e os outros também podem exercer essas influências que podem ser negativas ou positivas. Desenvolver um ambiente interno de convicção da saúde plena e de uma elevada autoestima servem como anteparo protetor e, claro, evitar o contato com quem evidentemente não quer o nosso bem, também é uma boa medida.

O olhar amoroso transmite este afeto e, essa condição modula as produções endócrinas de uma pessoa. Se isso é verdade, é sabemos que é, o contrário também deve ser.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

AUTONOMIA




                Por João Oliveira

         Ser capaz de internalizar as regras da sociedade e agir por conta própria sem ferir o código ético e moral vigente, é o sinal maior de adultificação e que o indivíduo alcançou a real autonomia de ser. 

               Quando crianças, recém nascidos, reina em nós a anomia, ausência de regras, um mundo onde todas as possibilidades são possíveis e estamos liberados para permitir o desejo de forma plena. A não satisfação dos anseios gera revolta, choro e birra. Este período não dura muito, às vezes poucos meses de vida, em função das regras apresentadas nos diferentes ambientes; logo chega a heteronomia quando o outro, neste caso os pais, cobra a conduta dentro do molde social estabelecido.

               O problema surge quando a heteronomia se torna o modo de vida que se solidifica por toda a existência.

               Não são poucas as pessoas que só seguem a ética e moral quando na presença de outro ou que necessitam de direcionamentos a cada instante para estarem de acordo com as normas.

               Jogar a lata fora, pela janela do carro, quando ninguém vê é um exemplo de alguém no estado de heteronomia. Este sabe o que é certo mas só o faz se outra pessoa estiver presente como testemunha de sua falha. Assim, para este grupo de seres viventes, não existe de fato pecado se outros olhos não podem ver.

               Agora o segredo: nunca estamos sozinhos sem julgamentos!

               Ocorre que existe em nós um sistema autopunitivo das nossas ações – em pessoas ditas normais (sem comprometimentos cognitivos) – que funciona durante todo o tempo quando estamos conscientes, em estado vigil. Basta ter uma primeira informação do que é certo ou errado para que este tribunal comece a funcionar. E isso será modo contínuo para o resto de nossas vidas.

               Assim, se fazemos algo que consideramos ser errado tendo plena consciência disso, algo entrará em colisão dentro de nós imediatamente. Podemos ver isso claramente quando fazemos análise comportamental em um indivíduo que mente com medo de uma sanção. Seus movimentos ideomotores inconscientes seguidos das contra medidas conscientes, deixam claro que o tribunal interno julga, condena e pune imediatamente as falhas cometidas.

               Essas pequenas punições internas podem passar despercebidas pela pessoa que vive na heteronomia mas, em muitos casos o acúmulo no sistema acaba por criar sintomas como forma de reparação aos possíveis erros. 

               Quem não possui noção dos erros por não ter sido apresentado as normas não sofre nenhum tipo de alteração endócrina pois, o sistema inconsciente não é capaz de fazer comparações entre o que é certo ou errado. Os doentes mentais, sociopatas e psicopatas também estão livres deste sistema de punição. No entanto, o resto de nós está sujeito ao eterno julgamento interno e as possíveis penalidades impostas sem nenhuma possibilidade de questionamento ou defesa. Tudo ocorre silenciosamente em nosso organismo e sempre justificamos os sintomas que surgem como prováveis resultados de doenças, mal estar, efeitos de má alimentação etc. Ou seja, arrumamos uma explicação qualquer para dar conta de tais efeitos em nosso corpo.

               Provavelmente viver em autonomia é uma forma de manutenção de um bom equilíbrio interno seja psicológico ou endócrino. De fato isso deve auxiliar bastante na boa saúde física. Pensando assim, os que vivem na constante heteronomia, poderiam manter uma ética constante como investimento num modelo de vida mais saudável.

               Claro que nem todos acabam ficando doentes ou com remorsos por terem colado durante uma prova no ensino médio, mas fazer disso um estilo de vida vai ter seu preço cobrado em algum momento. Quem sabe, possamos descobrir se isso já não está acontecendo agora, e alguns sintomas que temos talvez sejam resultados de ações punidas.