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sábado, 27 de dezembro de 2014

A CASA





                Sempre que pensamos em lar surge uma sensação de segurança. É isso que um lar representa, bem estar e segurança. Quando recheado de afeto e paz constrói o que chamamos de célula mater da sociedade, a base estrutural de tudo que podemos esperar de uma saudável vida em comum.

                Quando essa representação não funciona, quando a base não está composta desses elementos básicos, a sustentação do espectro maior está comprometida. Daí surge a violência, agressividade sem medida, falta de amor ao próximo e nenhuma empatia construtiva. Se o lar falha, toda coletividade perde.

                Como podemos ajudar a consertar algo tão íntimo e particular e muitas vezes invisível aos nossos olhos?

                A única forma possível é o exemplo. O seu, o meu e, principalmente, da grande mídia especulativa que vive ganhando números em audiência por mostrar o lado negativo da raça humana.

                Valorizar o que é certo, premiar com destaque tudo que está dentro do que é esperado pode parecer redundância, pois é lógico pensar que não seria necessário colocar luz onde ela é gerada. No entanto, nos tempos em que estamos inseridos, o desajuste ganhou o foco das atenções. Como exemplo podemos ver as “pegadinhas” onde acidentes ou pessoas sendo ridicularizadas se tornam conteúdo humorístico. Será que não há nenhum sofrimento, vergonha ou dor envolvidos quando uma pessoa tropeça e cai por qualquer motivo? Então estamos rindo do quê?

                Por que olhamos o detestável com atenção? Por que a grande maioria das pessoas tem atração por desgraças alheias?               A resposta pode, quem sabe, estar escondida no pior de nossa espécie: puro egoísmo.

                Ao assistir ou ler uma notícia onde a tragédia humana é destaque principal, o leitor/espectador se sente aliviado pois, ele está do outro lado da notícia, assim, sua vida ainda é melhor do que a do outro que neste momento sofre exposição.

                Resumindo o pensamento:  – “Embora minha vida não seja perfeita, a do outro, pelo menos neste momento, é pior!”

                Voltamos agora à família, centro de criação de uma personalidade empática. Imagine um mundo onde todo este volume de informação que temos – rádio, jornais, internet, tv e etc – estivesse veiculando somente o lado positivo da vida? Lembre-se que o exemplo é contagiante e (não vamos nem perder muito tempo agora expondo como isso acontece) o que é muito divulgado se alastra como fogo serra acima.

                Não é possível mudar o mundo. O que existe hoje ainda irá existir por muito tempo, não há nenhuma fórmula mágica capaz de reverter o abismo onde caímos ao longo dos séculos.

                Só nos resta alterar o que somos individualmente, cada um de nós, apresentar sempre o melhor possível e, caso tenhamos ainda vestígios da poeira acumulada pelo anos de convívio com a exploração da desordem, este deve ser o melhor momento para colocar a roupa na lavanderia.

                Estamos começando um novo ano, 2015 está ali, dobrando a esquina e olhando para nós cheio de esperanças. É o tempo que nos cobra! Façamos sim todos os projetos pessoais possíveis, vise também o mundo material pois, é necessário para o seu conforto e equilíbrio, mas agregue alguns temperos adicionais: o aspecto comportamental, emocional e espiritual.

                O que vou escolher ser em 2015, como pessoa e ente humano, com o que vou me importar mais e onde vou dispor minha atenção, é o que importa neste momento. Não custa pensar que se cada um de nós escolher o melhor da humanidade, o pior irá perder espaço aos poucos e, em algum tempo futuro, pode ser que desapareça por completo.

                Podemos lidar com isso: são escolhas possíveis de serem cumpridas. Pense sobre o segundo mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Aí talvez resida outro grande segredo: quem não se ama não possui nada para oferecer ao próximo. 

Então, ame a si mesmo e faça o melhor possível por todos, pois todos estamos no mesmo lar e não temos como mudar isso: nossa casa é o planeta Terra. E quem não quer estar seguro em sua própria casa?

domingo, 7 de dezembro de 2014

UM AMOR QUE VERÃO

Por João Oliveira

                O título é uma brincadeira com a expressão “um amor de verão” que se refere a um perfil de relacionamento de curta duração mas ao mesmo tempo impactante. Uma paixão, por assim dizer.

                O propósito é fazer pensar sobre que tipo de relacionamentos estamos cultivando em nossas vidas e o que realmente queremos para o futuro. Todos sabemos que paixão é uma forte e arrebatadora emoção que possui um tempo curto de validade. Para se curar uma paixão basta um banho frio e uma volta no quarteirão. Já o amor (real amor) é algo mais tranquilo e sereno, calmo e duradouro, não se trata de uma disputa de domínio ou controle da relação.

                Quem pensa em estar no absoluto controle de uma relação à dois irá acabar sozinho em algum tempo. Na verdade, um casal que se ama compreende as necessidades do outro e coopera para que elas sejam satisfeitas. Os dois perdem um pouco todos os dias e os dois ganham muito por toda a existência. Saber lidar com isso é o grande segredo de um bom relacionamento.

                No entanto, o maior parte do problema dos relacionamentos se encontra na opinião dos outros de como funciona o “seu” perfil de vida à dois. Como somos pessoas diferentes, com universos complexos e cheio de interpretações próprias torna-se impossível um modelo único que funcione para todos.

                Neste ponto é que surge o inimigo mortal de qualquer situação que está em bom andamento: a comparação.

                Seres humanos são propensos a fazer comparações buscando algo ainda melhor do que já possuem. Isso se aplica a tudo: bens materiais, condições monetárias, grau de instrução, beleza física e etc. Ocorre que sempre haverá alguém mais jovem, mais belo, mais rico, mais inteligente, mais estável emocionalmente e com um relacionamento (aparentemente) perfeito.

                Não há como acompanhar, por exemplo, os lançamentos de novos modelos de Smartphones, sempre teremos algo ímpar sendo colocado à venda pelos ambiciosos fabricantes. Assim, observar o que se têm e cuidar para que continue funcionando de maneira harmônica é mais relevante que tentar fazer um upgrade no que já opera com eficiência.

                Voltando ao ponto chave do tema, o que um casal vive no dia a dia é assunto privado e de única responsabilidade dos dois. Não há porque submeter novas regras em algo que atende as expectativas e dá resultados positivos - caso isso seja real e os dois estejam felizes com os resultados colhidos.

                Tentar fazer teatro de aparências para que um público (família, amigos etc) tenha um feedback positivo de suas expectativas pode causar a destruição do “status quo” e ainda promover sentimentos e emoções negativas que (com muita facilidade) podem causar sintomas físicos.

                Viva o amor que sente, do jeito que ele é, e deixe que os outros façam o mesmo. Não se preocupe com conceitos estipulados por uma sociedade mutável e inconstante. Seja fiel ao que te faz feliz.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

ERRO DE PERCEPÇÃO




Por João Oliveira

                Mais comum do que se imagina: estamos propensos a erros de percepção a cada momento de nossas vidas. Alguns são puramente culturais como, por exemplo, vestir roupa de frio quando se percebe que está chovendo. Claro que chuva não está associado a frio, da mesma forma que luz solar brilhante não é garantia nenhuma de calor. O problema reside no que chamamos costume cultural que nasce de uma falha perceptiva sensorial.

                Nossos sentidos (visão, tato, audição, paladar e olfato) somados a propriocepção, capacidade que cada pessoa tem de perceber onde está cada parte do seu corpo,  e ao equilíbrio, habilidade de manter o centro de massa corporal dentro da base de sustentação, nos dão a capacidade de interpretar o mundo para nossas tomadas de decisões. Muitas destas decisões são absolutamente inconscientes e resolvidas rapidamente por nossa mente com base no aprendizado das experiências anteriores.

                Assim, uma falha no passado – mesmo não sendo originalmente nossa – pode ser perpetuada por gerações futuras através do exemplo comportamental. Difícil é perceber, por conta própria, uma situação onde estamos imersos na falha.

                Outro exemplo bem comum: ir se deitar para dormir quando se está absolutamente esgotado. Isso não é uma regra! Na verdade, devemos manter um padrão de horários para que nosso corpo possa regular as taxas endócrinas e manter o corpo saudável. Essa ideia de chegar ao limite antes de dormir pode prejudicar o processo de regeneração celular e ainda causar distúrbios na evolução onírica durante o período do sono. Ocorre que, muitas vezes, o sujeito acorda mais cansado do que quando se deitou. Manter horários regulares sempre foi a melhor opção.

                O sentido mais cruel quanto a estes perfis de falha é a visão. Erroneamente fomos levados a acreditar que é preciso ver para acreditar. Na verdade, funciona justamente ao contrário: é preciso acreditar antes para poder ver depois. 

                A visão, que é mais emocional do que física, vive pregando peças na gente o tempo todo. Objetos simplesmente desaparecem bem à nossa frente e, outras vezes, temos certeza de ter visto algo que jamais esteve ali. Usando muito da memória, a visão cria cenários a partir de (novamente essa palavra) experiências anteriores no mesmo ambiente. Assim para que se possa estar renovando sua percepção é sempre bom trocar móveis e quadros de lugar em sua própria casa. Isso irá criar uma rotina de busca por alterações em nossa mente.

                Na tentativa de economizar recursos – economia neural que cria as falhas perceptivas – a visão subtrai informações que a mente acredita serem irrelevantes para o sujeito. Assim, você só perceberá objetos que forem importantes para você. Quando você coloca atenção em um objeto irá ver muitos outros semelhantes no seu dia a dia. Claro que eles sempre estiveram lá, apenas sua visão não deu muita importância a eles.

                Um outro conjunto de interpretações erradas, que podemos ter, está relacionado às emoções que sentimos. A confusão sobre o que sentimos é absurda sendo quase impossível alguém ter absoluta certeza sobre suas reais emoções sobre qualquer assunto. Principalmente as emoções repentinas e fortes.

                Vários experimentos já foram feitos comprovando essa perigosa situação. Sabemos que as emoções visam a manutenção da espécie humana e que muitas delas já perderam o real sentido graças a evolução social – que andou mais rápido que a genética – assim podemos ter reações oriundas de um filme que assistimos (terror ou aventura por exemplo) e levarmos para as nossas interações sociais, após o evento, comportamentos alavancados pelas produções endócrinas que ainda estão residentes no organismo.

                A confusão é tamanha que se torna mais fácil um observador externo nomear as emoções de outra pessoa apenas observando a máscara facial. Ocorre que o código exibido pelos músculos da face irão revelar – ao observador treinado – o que está de fato ocorrendo no sujeito.

                Prestar atenção ao ambiente pode não ser o suficiente. É necessário inovar e alterar, sempre que possível for, nossas reações diante do eventos cotidianos. Lembre-se que o cérebro odeia mudanças mas adora novidades. Entenda como isso funciona e será mais saudável e feliz.