Era
o ano de 1965, mês de setembro, um senhor de 69 anos
estava sentado na sombra de uma árvore no Central Parque em Nova Yorque. Ele
cantava um mantra ao mesmo tempo que batia dois pequenos pratos de metal
fazendo um ritmo monótono porem hipnótico. Alguns jovens hippies, movimento da contracultura daqueles
tempos, sentaram à sua volta para ouvir tal música diferente e cativante.
Um
dos jovens, mais ousado, perguntou: “– Quem é o senhor? É algum músico
aposentado?”. Altivo, o idoso respondeu: “- Sou
Srila Prabhupada, presidente da Sociedade Internacional para
Consciência de Krishna!”. O jovem espantado questiona: “-
Mas o que é isso?”. Srila Prabhupada responde sem
perder o tom: “ – Trata-se de uma confederação mundial de mais de cem
centros, escolas, templos, institutos e comunidades rurais. Contamos com mais
de 50.000 adeptos em todo o mundo!”
Pasmo o jovem hippie finaliza meio descrente: “ – E onde está tudo
isso?” – Prabhupada responde: “- No futuro meu jovem, está tudo pronto no
futuro!”. Naquele dia Prabhupada tinha, em seu bolso, apenas um dólar e, pouco
antes de morrer em setembro de 1977 seu futuro estava pronto e até um pouco
maior que sua previsão inicial.
A lição desta
história é que o futuro pode mesmo estar pronto para quem acredita nele. Fazer
planos, traçar metas, não deve ser algo que ative ansiedade e sim algo prazeroso
de ser idealizado. O grande dilema dos dias atuais é o curto prazo para
pequenas tarefas, elas ocupam a mente e bloqueiam um traçado mais apurado a
longo prazo.
Estamos
preocupados com o almoço, o jantar, o final de semana, as provas, o salário, as
prestações, nossos filhos... São tantos cenários que a mente não consegue,
muitas vezes, focar no grande projeto existencial. Para tal, é necessário um
distanciamento do mundo, um afastamento temporário para o questionamento maior
sobre nosso trajeto neste plano: o que queremos da vida?
Pense no
chocolate mais gostoso da caixa. É o que você guarda para comer por último?
Essa maneira de pensar coloca sempre para depois o melhor da vida. Algumas
pessoas estão esperando se aposentar, juntar dinheiro, se formar e tantas
outras desculpas que ocupam o tempo e não permitem usufruir da vida todos os
chocolates deliciosos.
Pare um minuto
(pode demorar mais) e descubra o que lhe dá prazer e como pode conciliar isto
no seu dia a dia. Agora se projete no futuro: O que você deseja? Qual o
presente que você pode se dar para daqui a – sei lá? – vinte anos? Será que
você merece algo de bom? Como pode construir isto, um pouco a cada dia?
Preste atenção,
pois são duas etapas distintas: viver o momento e projetar o futuro.
Quando o futuro
está em sintonia com o seu prazer no presente, a vida segue como um barco em
mar sereno. Todos os dias a vontade de viver é renovada. Não são necessárias
renúncias dolorosas para que o amanhã seja premiado. Mas também não devemos
mergulhar no instante sem preservar algo para o nosso eu distante.
Equilíbrio seria
a palavra mais certa junto com a confiança de ter um desenho claro do caminho a
seguir. Projetar, viver e seguir dão ao ser humano a capacidade de se
reconstruir a cada dia.
Faça planos, mire
o futuro, mas não se esqueça de saborear o dia de hoje!
Por: Prof. Msc. João Oliveira - Psicólogo -