O
que podemos fazer com a vida? De que forma devemos buscar a realização da nossa
existência? Desde que tomamos consciência que o nosso sistema cultural prega a
vitória como uma exigência do quadro social, disparamos um projeto de vida ligado
ao sucesso financeiro.
Sobre
pessoas que alcançaram êxito financeiro, temos muitas histórias de pleno
sucesso, mas a que vamos ver agora é, no mínimo, interessante:
Em
1923, nos conta Sidney Petrie e Robert B. Stone no livro “Como Ganhar Novas
Forças Com a Ginástica Mental” (Editora Record – 1967), ocorreu uma reunião com
os oito homens que controlavam o mundo financeiro daquela época, foi no Edgewater Beach - um luxuoso hotel em Chicago-EUA.
O grupo era um mito respeitado por todos. Juntos, aqueles homens possuíam mais
dinheiro que todo o tesouro americano. Jornais e revistas noticiavam suas
histórias fabulosas. Todos olhavam para eles como símbolos de sucesso e fortuna.
1 – O presidente da bolsa de
valores de Nova York, Richard Whitney.
2 – O presidente da maior
companhia de aço, Charles Schwab.
3- O presidente da maior empresa
de serviços públicos, Samuel Insull.
4 – O presidente da maior
companhia de gás dos EUA, Howard Hopson.
5- O mago da ocasião em Wall
Street, Jesse Livermore.
6 – O presidente do Banco
Internacional de Investimentos, Leon Fraser.
7- O milionário possuidor do
maior monopólio dos EUA, Ivan Kruege.
8 – O integrante do gabinete
presidencial americano Albert Fall.
Próximo
a 1948, cerca de 25 anos depois, o cenário era completamente diferente: Jesse Livermore, da Wall Street, Leon Fraser,
presidente do Banco Internacional e Ivan
Kruegar, do monopólio financeiro, cometeram suicídio. Howard Hopson estava
louco e internado. Charles Schwab, presidente da companhia de aço, morreu na miséria tal qual Samuel Insull da empresa de
serviços públicos. Richard Whitney, da bolsa de valores de Nova Iorque, estava
na prisão. Albert Fall, do gabinete presidencial, obteve permissão para deixar
a prisão para morrer em casa.
O
que ocorreu de errado? Por que estes
homens que conseguiram vencer na vida destruíram tudo o que conquistaram,
alguns dando fim a própria existência?
Pode
ser que exista uma diferença conceitual entre vencer e ser feliz.
Principalmente quando a vitória está ligada ao externo e, o projeto de vida
maior, ser feliz, é completamente abandonado. Tudo, por um alto custo, é feito
para provar a sociedade que podemos ser melhores que todos. Ora, ser feliz não
exige tanto assim ou, pelo menos, para viver de maneira mais tranquila. A busca
incessante de lucros transforma o passeio em uma guerra onde todos ao final são
perdedores. Uns perdem a saúde, outros o tempo com a família, alguns, menos
afortunados ainda, não percebem o tempo passando e a vida sendo ceifada pela
vigilância ao saldo bancário.
Ter
as necessidades básicas supridas é o mínimo que se espera. Possuir bens que
possam dar segurança também não é nenhum absurdo. O que pode destruir é a ganância desenfreada,
a busca pelo poder absoluto e controle de todos que estão à sua volta.
Não
quero dizer com isto que buscar riquezas seja errado, claro que não, todos
devemos procurar o melhor, mas com cuidado para não tornar esse desejo uma
compulsão, uma doença que aprisiona e mata.
Afinal,
sabemos bem, todos vamos deixar este plano um dia e caixão não tem gaveta, nem
defunto tira juros da poupança. O melhor é aproveitar os momentos que podemos
compartilhar com pessoas que gostamos, e ter dedicação ao que realmente nos faz
feliz. Viver não é difícil, escolher o que fazer da vida, isso sim, pode tornar
esta estada infernal.