Por João Oliveira
O senhor de aparentes 50 anos
bate palmas na porta da casa às 16h00 de um sábado de sol.
- Boa tarde, a senhora é Kátia
Maria funcionária das Telhas Perfeição?
- Sim sou seu, pois não? – disse
a mulher segurando uma criança no colo.
- Sou Carlos André da Soluções
Assessoria Empreendimentos, estou aqui em nome da empresa em que a senhora
trabalha. Podemos conversar um pouco?
- Sábado à tarde? O que está
havendo?
- Bom senhora Kátia, estudos
apontam que as melhores soluções surgem nos momentos de lazer fora do
compromisso funcional. Deixe-me perguntar: quanto tempo a senhora leva para ir
de sua casa até o local de trabalho?
- Às vezes até uma hora e meia,
depende do trânsito vou sempre de ônibus às vezes meu marido me leva... verdade
é: nunca demora menos de uma hora.
- Bom, nossa empresa fez alguns
levantamentos e acreditamos que a senhora possa ir, de casa para o trabalho em,
no máximo 15 minutos a pé.
- Rs, rs... como meu senhor? O
senhor sabe o meu trajeto?
- Justamente minha senhora. O seu
trajeto é o problema. Será que não poderia existir outro caminho?
- Claro que não... olha, tenho de
pegar o ônibus ali na esquina até a avenida principal. De lá pego outro em
linha reta até bairro da empresa e depois ando mais uns dez minutos até a
fábrica.
- Veja, a senhora sabe que em
linha reta o trajeto completo não é mais que dois quilômetros?
- E o senhor sabe do valão no
meio do caminho e que só tem uma ponte lá na avenida principal?
- Justamente por isso estou aqui,
para pensarmos em soluções. Posso entrar?
- Claro, me desculpe. Vou servir
um café. – Disse a mulher demonstrando satisfação.
Com
mais cinco minutos de conversa e um café com bolo veio a pergunta chave da
questão:
- Como a senhora acha que pode
ter mais qualidade de vida economizando cerca de 40 horas por mês otimizando o
tempo de suas idas e vindas ao trabalho? Isso significa que, em um ano (já
fizemos as contas) a senhora terá 25 dias de tempo livre, contando com dias de
8 horas em 200 horas poupadas. Isso não é bom?
- Claro que é, mas eu não tenho
um balão!
- Balão.... balão... deixe eu
anotar, não chegamos a pensar nisso. No entanto, tenho outras três opções aqui
já estudadas e quantificadas. Gostaria de ouvir?
- O senhor deveria ter começado
por aí... – riu.
- Longo, médio e curto prazo.
Vamos começar com a solução a longo prazo. – Tirou um pacote de papel da pasta
– Aqui está o projeto de uma ponte que deve ser apresentado a Secretaria de
Obras do Município com cópias para todos os vereadores e o excelentíssimo
senhor prefeito. Junto também estão os orçamentos de três grandes empresas de
construção.
- Nossa senhora! O senhor fez
tudo isso?
- Na verdade nossos
profissionais. A empresa que a senhora trabalha nos contratou para aumentar a
produtividade e isso passa pelo bem estar de seus funcionários. Bem, aqui
estou. Agora vamos a solução de médio prazo.
Tomou
um pouco de café, comeu mais um pedaço de bolo e continuou:
- A de médio prazo precisa de um
pequeno investimento financeiro de todos os envolvidos. Na mesma posição da
senhora temos outros 45 funcionários da empresa. Todos terão, pelo menos, o
ganho de duas horas por dia com a construção de uma pequena ponte só para
pedestres. A empresa entra com 50% e o restante, rateado entre os funcionários,
terá o custo de R$ 3.500,00 que pode ser pago em 24 meses, sem juros,
descontado na própria folha de pagamento. Aqui está o projeto e, se for
aprovado por todos os funcionários, a pequena ponte pode ficar pronta em menos
de três meses. Aqui está o pedido de autorização que deve ser feito na
secretaria de obras, aqui está o termo de doação...
- Doação?
- Sim, qualquer construção feita
por cima de rios, córregos ou valões, mesmo sendo financiada por particulares
ou feita dentro de propriedades particulares se torna bem público.
- E a solução de curto prazo?
- Pode começar na segunda feira.
– Puxou outro pacote de dentro da pasta.
- Aqui temos o telefone de todos
os 45 funcionários e o do barqueiro que já está aguardando sua ligação de
autorização. Funcionará assim: O barqueiro irá se posicionar no final desta
esquina no local de fácil acesso a água. Dois pequenos portos de um lado e do
outro do valão serão ligados por um cabo guia preso ao pequeno barco. O próprio
barqueiro já conversou na prefeitura e pode começar mesmo sem a autorização
oficial. Ele irá ficar o dia todo, de 06h00 às 18h00, com o barco à disposição.
Só para almoçar de 11h00 às 15h00.
- Mas, mas... e o custo? O que faço?
- Cabe a senhora ligar para todos
os funcionários e cada um terá que pagar R$ 10,00 por semana direto ao
barqueiro.
- Porque o senhor me escolher
para fazer isso?
- Não escolhi, a senhora é a
pessoa que está mais perto do local onde irá funcionar o processo. Portanto é a
maior interessada e, por isto, deve ter uma motivação extra. A empresa não pode
se envolver nisso diretamente. Então... boa sorte!
- Muito obrigado, vou começar
agora mesmo. Só não sei como lidar com esse novo tempo livre...
- Viva... escolha algo que pode
lhe fazer feliz e faça. A Soluções Assessoria Empreendimentos agradece seu
tempo. Tenho de ir para São Paulo agora, problema com falta de água.
Moral da história: na vida é
preciso analisar as situações difíceis, planejar soluções e ter o
comprometimento para realizar as mudanças necessárias.