Por Prof. Msc João Oliveira - Psicólogo -
O
reino estava completamente dividido. Naqueles tempos vários principados espalhados
pelo vasto território montavam seus próprios exércitos e, quase sempre, existia
um ou outro confronto fronteiriço. O rei estava preocupado em arrumar uma solução
para voltar a ter o controle total, de fato e direito, da nação. Todos os pequenos
governantes haviam sido nomeados por ele, ocorre que o tempo passou e hoje são
os filhos destes nobres que estão no poder das armas, jovens cheios de atitudes
que não possuem uma lealdade, a toda prova, para com o rei e, o mais perigoso,
podem se unir e reivindicar a coroa em algum momento. Tornava-se cada dia mais
urgente uma iniciativa que desse fim a essa situação crescente.
Uma
ideia veio ao rei através de um de seus sábios e, para efeito, mandou convites
para todos os governantes e seus filhos: uma grande reunião, um jantar de gala,
no palácio iria ocorrer. Em paralelo o Rei contratou um mercenário e o deixou a
cargo de matar, durante o trajeto para o palácio, um dos convidados, o mais popular
e querido por todo o reino: o administrador das Terras do Norte, que faz
fronteira com o Reino Polar.
Serviço
executado, o rei imediatamente prende e manda arrancar a língua, dedos e cegar
o mercenário. Além disto, o veste com roupas próprias do povo do Reino Polar. Estava
Pronto o cenário para o jantar!
O
Rei apresenta o assassino e, em um só golpe o mata na frente de todos. Do bolso
do morto ele retira planos de ataque supostamente elaborados pelo Reino Polar
contra quase todos os povoados desta nação iniciando o ataque pelas terras do administrador
morto. Isso cria uma imediata comoção e, com sua boa oratória, o rei clama por
justiça: “- É necessária uma ação antes que eles invadam as terras do norte e o
restante de nosso reino! O reino precisa de um grande exército! Todos vocês
aqui presentes agora são parte deste esforço de guerra!”
A
própria emoção do momento foi suficiente para ofuscar razão e o rei, de plano
pensado, assumiu o comando de um volumoso exército, síntese dos soldados de
todos os principados reunidos. Cada legião foi – estrategicamente – misturada à
outra para quebrar a hegemonia do antigo comando e facilitar as ordens da nova hierarquia.
Levados à guerra, o rei, de forma silenciosa, ordenava os possíveis futuros
concorrentes à sua coroa, para as batalhas mais difíceis. Eliminando assim, um
a um, seus próprios comandantes mais poderosos.
Tudo
deu certo como ele havia planejado e, após a guerra – onde nunca há vencedores –
o reino destruído precisava ainda mais dele: um líder carismático! Por tudo
isso ele ainda deve estar reinando naquelas terras distantes no tempo.
O
artifício do inimigo comum, ou também conhecido como “bode expiatório”, é muito
utilizado em todos os momentos em que alguma crise pode mudar a estrutura de
poder ou existe uma perturbação na ordem instituída. Não precisamos pensar
muito para associar este método às guerras da atualidade. Motivar uma nação
contra um único objetivo tira o foco de atenção dos problemas internos que
poderiam ser resolvidos caso houvesse real interesse.
Outra
forma de criar a “cortina de fumaça” são as calamidades e pragas que ocorrem de
tempos em tempos. Situações assim produzem líderes, falsos avatares midiáticos,
que se sujam na lama ou carregam crianças no colo clamando apoio de toda
população. Os meios de comunicação de massa se encarregam de tornar o evento uma
celebração da desgraça em escala global.
Em
nosso ambiente também podemos fazer o mesmo movimento, as vezes de forma
absolutamente inconsciente, quando
escolhemos uma ovelha negra na família ou um vizinho barulhento como alvo para
a congregação das atenções e diálogos. Um parente doente, que necessita da
atenção e cuidado de todos, faz cessar ânimos menores entre os membros da mesma
família. Até clima cotidiano pode ser transformado em ponto focal de distração
ao real: “- Como chove hoje hein?”
Quando
falamos em manipulação de massas raramente pensamos que uma epidemia pode ser
usada como forma de indução coletiva. Como alguém poderia se aproveitar de um
momento de crise social para coordenar vantagens para determinados grupos ou,
usar este ambiente como base eleitoral?
O
mundo é feito de pessoas como nós. Que podem ser transformadas pelo meio,
situação, interesses em manipuladores do vento. Para que tal não ocorra é
necessário, antes de tudo, conhecimento do bem e do mal.
“O príncipe
que quer fazer inteiramente profissão de homem de bem não consegue evitar sua
perdição entre tantos outros que não são bons.” (N. Maquiavel)
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