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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

INVISÍVEL




            Muitas coisas nos são invisíveis e, por causa disto, podemos às vezes não acreditar na existência delas. Uma vez o grande cientista Thomas Alva Edison, em uma de suas palestras a estudantes universitários, começou a sacudir uma pequena vareta com sua mão direita e perguntou: “- Vocês podem ver a vareta no ar e o som provocado pelo deslocamento do ar?”. A resposta de todos foi positiva e, Edison continuou com seu questionamento: “ – Agora, façam um pequeno exercício de imaginação, pensem que eu sou capaz de sacudir essa vareta 20.000 vezes por segundo. Será que, mesmo assim, vocês conseguiriam ver e ouvir? Bom, a resposta correta seria não! O movimento rápido faria ela ficar invisível e o som, acima de 18 kHz, se torna inaudível aos nossos ouvidos humanos.” Ele ainda completa: “-Então não é por que você não vê e não ouve, que certas coisas não existem. Culpem a nossa limitação sensorial.”
                                                                                            
            Com isso em mente podemos enumerar um monte de coisas que não vemos, mas, acreditamos em sua existência, tal como: rede de telefonia celular, ondas de rádio e Tv, radiação de uma forma geral, a Lei da Gravidade, vírus e tantas e tantas outras coisas que, neste momento, estão invisíveis também em minha memória. Aliás, a própria consciência é algo invisível, o que a ressonância magnética funcional por contraste mostra é o movimento do consumo da glicose e, até disto não temos absoluta certeza do significado: essa iluminação é ativação ou inibição destes filamentos neurais dentro do cérebro? Sim, pois o consumo mostra produção de neurotransmissores, e não sabemos (ainda, janeiro de 2013, afinal as coisas mudam rapidamente neste campo da ciência) se estes produtos endócrinos são para ampliar ou diminuir o trânsito de informações.

            Podemos focar em outro tipo de invisibilidade: as emoções humanas! Isto sim, seria de grande utilidade caso pudéssemos ver, nos outros, o que eles estão sentindo a nosso respeito no momento em que interagimos. Será que estamos agradando este outro? Será que ele confia em você? Como será que ele recebeu a notícia da demissão por dentro? Para todas essas perguntas existem repostas visíveis na face da pessoa que está à sua frente. No entanto, agora neste momento, pode ser que essas informações estejam invisíveis, não perceptíveis, em nível consciente.

            Alguns teóricos afirmam que somos incapazes de ver o que não nominamos, ou seja, as coisas que não temos um nome pronto para elas. Sempre ouvi dizer que os índios não conseguiam ver as caravelas, pois era algo fora do universo de conhecimento deles e, isso, dava uma vantagem aos espanhóis e portugueses. No caso específico das emoções, em sua grande maioria, podemos afirmar que isso ocorre como verdade para a maior parte das pessoas. Após se apresentar a expressão da face ao nome da emoção correspondente, fica fácil de “ver” a indicação pontual da evolução, destas emoções, na face do ser humano. E, de quebra, em alguns animais.

            Seja dita a verdade: nem todas as emoções são percebidas com tamanha facilidade mesmo após serem nominadas! Algumas estão meio que abafadas pelo social e fazem parte de uma lista negra, são as que o meio moderno considera negativas: medo e tristeza. Isto por que muitos (nem todo mundo, entenda) acreditam que essas emoções são de fato ruins e, que podem demonstrar fragilidade em quem as exibe. Todas as emoções são úteis e, por isso mesmo, foram preservadas no processo evolucional. Por nos esforçamos em não mostrar, acabamos por interferir, também, na capacidade de interpretação. Seria como se algo em nós mesmos falasse: “– Não quero nem ver!”.

            O índice nominal está presente no sistema de todos os humanos, pelo menos aqueles que apresentam a cognição dita como normal. Também sabemos disto por conta da facilidade que possuímos em emergir essa capacidade de identificação destas expressões emocionais. Até mesmo as chamadas microexpressões, que ocorrem em 250 milissegundos – muito rápido -, podem ser, após alguns minutos de treino, reaprendidas pelo sistema analítico consciente. As mulheres possuem certa facilidade, isto, pode ser possível, acreditamos, pela memória filogenética do relacionamento com seus filhos pequenos, recém-nascidos. Elas têm de entender se os bebes estão bem ou não pela face e suas expressões, afinal eles ainda não falam. Mesmo as que ainda não têm filhos apresentam uma boa velocidade na interpretação das emoções expressas ou instaladas.

            Infelizmente nosso tempo, momento atual, exige pressa para tudo. O aprendizado deve ser acelerado em todos os sentidos. O pragmatismo toma conta de cada centímetro de nossas vidas. Hoje podemos encontrar muitos livros que abordam estes temas e alguns instrumentos já foram disponibilizados para o treinamento deste perfil de análise comportamental. Desenvolvemos um curso on line, que pode ser acessado pelo sistema Prepara On Line ( www.preparaonline.com.br ) e, além dos textos e livros, ainda fazemos, periodicamente, treinamentos presenciais no eixo Rio-SP (www.isec.psc.br ).

            Não perca seu tempo acreditando que você será transformado em uma máquina capaz de identificar a mentira no rosto dos outros. Isso é irrelevante, pois muitas vezes o outro mente por medo ou para lhe agradar. A mentira social – aquela que não contamos como uma mentira de fato – inunda o sistema de tal monta que o melhor é se concentrar nas emoções envolvidas no processo e, não na mentira propriamente dita. Queremos saber o que leva o outro a mentir e, se isso é, ou não, prejudicial para nossa relação. Toda e qualquer relação só tem a ganhar com isso: saber a hora de mudar a linha de abordagem para chegar ao melhor resultado possível na comunicação.

            Ainda existe outro ponto fantástico nesta jornada, o fato de não sabermos nomear as nossas próprias emoções, que sentimos a todo instante. As reações fisiológicas são tão parecidas que, dificilmente, uma pessoa pode dizer exatamente o que sente e, como já deve supor, isto se torna uma tarefa mais fácil para quem o observa (de fora) e conhece o código das expressões das emoções que se manifestam na face e por todo o corpo.

            Nossa proposta não é findar, em algumas horas, todo o conhecimento sobre o tema, isso é uma tarefa, acredito, impossível. Mas, abrir a percepção para o básico, funciona como uma pedra que é jogada no meio do lago: as ondas criadas se expandem em todas as direções, não importando o tamanho do corpo hídrico. Uma vez iniciada a onda, ela se amplia a cada novo segundo.


Prof. Msc. João Oliveira
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