Um dia os Deuses estavam reunidos
olhando os primatas em nosso planeta. Devo dizer que essa história têm milênios
e, pode ser que você já pode ter ouvido ela em algum momento da sua vida, por
isso tenha paciência e entenda que não é um mito, nem é uma história de
verdade, trata-se de um conto, uma parábola, ou melhor: uma metáfora!
Lá
estavam os Deuses – já disse isso? – observando aquele bando de seres
primitivos se transformando em homens das cavernas, coitados sem cultura ou
conhecimentos profundos da ciência ou filosofia, viviam e morriam de acordo com
as forças da natureza. Caçavam, reproduziam, brigavam entre si, mas nada surgia
ou crescia de fato entre eles. Um bando de macacos pelados sobrevivendo entre
os animais naqueles tempos difíceis.
Acho que,
por pena, os tais Deuses resolveram dar um presente (ou será que foi roubado?).
Algo que pudesse ajudar no desenvolvimento desta espécie. Era um objeto mágico,
sempre usado pelos Deuses em suas peripécias de fazer surgir grandes universos
e, era capaz de realizar proezas fantásticas ao tornar possíveis – matéria - pensamentos
que só existiam dentro da mente deles, em formato de éter. Este objeto foi dado
(ou roubado) e, o grupo que o recebeu começou a usar imediatamente. Deu certo!
Realmente, tudo ficou diferente! Aqueles homens imundos das cavernas começaram
a edificar e se organizar, graças a este maravilhoso objeto mágico,
desenvolveram a cultura e uma sociedade organizada. Maravilhas eram criadas por
este objeto: cidades inteiras, a medicina, os aviões, educação, carros... Tudo
era possível através da magia deste objeto, as coisas surgiam no mundo físico através
deste poderoso mecanismo dos Deuses.
No
entanto, não poderia demorar, este poder foi logo usurpado por um grupo que se
nomeou dono deste objeto e, fez com que ele mudasse de nome várias vezes para
que o povo acabasse se esquecendo de seu grande poder. Hoje, essa magia, pode
estar bem diante do seu rosto e você nem perceber do que é capaz de fazer com
tal artefato mítico.
Que
maravilhoso objeto mágico dos Deuses é esse que está bem à sua frente e você
não vê o seu poder?
Trata-se
da mesa! Isso mesmo, uma simples mesa
que pode ser de madeira, aço, ferro, pedra, redonda, quadrada, alta ou baixa, com
ou sem cadeiras, nada disto realmente importa! Ela apenas tem de reunir, à sua
volta, homens querendo compartilhar seus pensamentos.
Nem
todas as coisas que a mesa gerou foram boas, guerras surgiram por causa deste
objeto. Isso é por que a mesa tem uma incrível (mágica) capacidade amplificar
tudo que colocamos sobre ela. O bom ficará ótimo e o ruim, nem é bom pensar. Ela
transforma o que é fluido e disperso no ar em projetos organizados e físicos em
seu tampão. A mesa unifica pensamentos e dá início ao processo de construção no
mundo real.
Nos dias
de hoje, apenas alguns sabem o valor deste objeto e, estes, se aproveitam disso
para manipular o presente e o futuro de todas as outras pessoas que continuam a
pensar sozinhas sem compartilhar suas ideias e projetos sobre uma mesa. Pode ser que você esteja agora, em uma mesa,
mas, uma mente sozinha não permite à mesa mostrar todo poder que tem, ela
precisa de mais cabeças e bocas exalando palavras para exibir seu potencial magnífico.
Tente agrupar pessoas com ideias para serem encaixadas em torno dela, leve
papel e lápis para que, sobre a mesa, se delineie traços de um projeto. Quem
sabe o que deste encontro pode surgir? Quem sabe se, a partir disto, nosso mundo possa ser alterado positivamente, mais
uma vez.
Toda
magia tem um segredo e o da mesa é o conjunto movido pela intenção. Não basta
sentar e papear signos linguísticos soltos no ar, isso podemos fazer de pé ou
deitado ao luar. A mesa requer um ritual, um projeto para ordenar o ritmo do
pensamento, uma pauta que diga qual a nossa intenção diante de seu poder. Seja
lá o que for ela irá ajudar a tomar forma, ela se incumbe do papel aglutinador.
Unificando o melhor ou o pior: eis o perigo da mesa. Por isso ela está quieta
no meio da sala de jantar. Alguns ditadores temem a mesa e a evitam, procurando
impor seus pensamentos individuais, amplificados pela própria garganta ou
braços, outros a escondem em grandes palácios onde só os eleitos podem cruzar as
pontes elevadiças.
Questiono
esse poder, pois a mesa sozinha nada faz!
Que se
unam então as mentes querentes e participativas, que troquem seus projetos, que
discutam suas carências e, após o ato e o sucesso alcançado, que voltem à mesma
mesa, desta vez para comemorar!
Este
conto eu ouvi em uma mesa de bar. Não era a melhor mesa possível para os homens
de bem que nela proseavam sobre o futuro. Ela fez o seu papel unificando nossas
ideias e, ao se revelar para nós, contaminou o ar com sua magia. Para seguir,
temos agora a linha que surgiu em seu dorso naquele inesquecível dia.
Agradecimentos
ao jovem Israel Costa (Vitória-ES) por criar a base fundamental desta bela parábola
de improviso em nossa mesa.
João Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário