A morte do meu cão, Sr. Atlas.
Sávio Roberto Moreira Gomes
12/02/2010
Bem que achei estranho o comportamento do Sr. Atlas, quando estive com ele no último dia 11. Estava meio estranho, mais apegado que o de costume, e não saiu de perto de mim por todo o tempo que estive na minha chácara. Achei-o meio triste, mas como tinha a seqüela do envenenamento ocorrido em agosto do ano passado, apesar de ficar apreensivo, já o vira assim em outros dias.
Mesmo nestas condições, me acompanhou durante todo o tempo, indo comigo por todo o caminho, mas, na hora de vir embora, ao lhe servir a comida especial que sempre levava, notei que estava intranqüilo. Foi comigo até o portão de saída, e desta vez, adotou um comportamento inusitado, pois ficara uivando um choro.
Ao chegar a casa, comentei com a minha esposa o estranho comportamento, e que aquilo me deixara preocupado. Ao longo da noite, a preocupação foi se agravando, e antes de deitar, disse para a minha esposa que achava que o Atlas iria morrer naquela noite.
Embora eu tenha o costume de dormir até tarde, no dia 12 eu acordei bem cedo. Liguei para o meu caseiro às 07:00 e antes que eu falasse alguma coisa, ele disse que "tinha más notícias". Imediatamente respondi que o Atlas havia morrido.
Em agosto do ano passado, pessoas que moram na "comunidade" que foi feita em frente à minha chácara, envenenaram o meu cachorro e invadiram a minha propriedade, de onde retiraram várias ferramentas, além de outros utensílios. Nunca tive problemas deste tipo, desde que comprei a propriedade em 1986.
Lastimavelmente, após a construção de 300 casas "de 1 Real", feitas pela então governadora Rosinha Garotinho, o lugar que era tão tranqüilo e limpo, virou um local sujo e cheio de marginais, além de extremamente perigoso.
O fato, é que o Atlas foi uma vítima deste processo! Eu tinha uma amizade muito forte com este cão, pois ele era de fato, muito especial. O meu saudoso pai acrescentou ao nome do Atlas, o "Senhor". Isto porque quando chegava lá, junto com o meu pai, eu dizia para o Atlas que não pulasse, e ele ficava estático, sem se mover, até que nos retirássemos da chácara! Esse comportamento ele apreendera sozinho! Por esta "educação", o meu pai se referia a ele, como "Sr. Atlas"!
Muito mais o Sr. Atlas iria revelar de sua personalidade! Por exemplo, quando adotou os gatinhos abandonados pela mãe! Ele conduzia os filhotes em sua bocarra, e os levava, um por um, para o canil, onde os bichanos comiam no seu "prato"! Com o tempo, um dos gatos passou a ser seu parceiro, e o acompanhava pra todo lado, além de dormir, literalmente, sobre o Sr. Atlas!
Dei ao Sr. Atlas, um enterro decente e respeitoso. O lugar escolhido para sepultá-lo, era o local para onde sempre ia, quando abria o portão que divide a chácara em duas. Devido às invasões freqüentes, fui obrigado a tomar várias medidas de proteção, e uma delas, foi dividir o terreno ao meio, com um muro bem alto.
Ontem, foi um dia de profunda tristeza, pois tinha por este cão uma profunda e sincera amizade e amor. Jamais esquecerei este animal, tão especial e inteligente. Resta-me o consolo de tê-lo amparado e tentado salvar a sua vida. Segundo a médica veterinária, o envenenamento com "chumbinho", deixaria graves seqüelas, inclusive afetando o sistema neurológico, além de todo o trato digestivo. Na ocasião do envenenamento, ele ficou internado por duas semanas, e ficou sendo medicado desde então.
Com a partida do Sr. Atlas, acrescento mais uma perda no decorrer da minha existência. Descubro que, além das pessoas queridas que vamos perdendo, outras perdas significativas vão se somando às nossas próprias vidas!
O Sr. Atlas entra agora no meu rol de entes queridos desaparecidos!
Apesar de ser um cão, orei por ele.
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