Existe uma interpretação, na nossa cultura, que perdoar é simplesmente esquecer. O autor espera que conseguido o perdão seja esquecida sua dívida, seu ato.
Isto é uma forma equivocada de se lidar com o perdão.
O autor deve ser perdoado, claro, mas seu ato deve ser reparado. Quando diante dessa impossibilidade, num ato impossível de ser revertido, uma pena deverá ser aplicada de forma a minimizar o ocorrido.
As distorções culturais que surgiram após o crescimento das populações transformaram o conceito original, mais antigo que a própria Bíblia, em penas sem a menor ligação com o ato e, até mesmo, na direção contraria, perdão livrando o autor de toda culpa.
Nem tanto ao mar e nem tanto a pedra.
Esquecendo as leis tradicionais direcionadas aos crimes comuns, vamos trazer esta questão para o nosso dia a dia, nas pequenas coisas e, principalmente, para a educação dos nossos filhos.
Este conceito é mais que válido, para se elaborar, na hora de lidar com as possíveis falhas daqueles que, temos a obrigação, de direcionar num caminho de responsabilidades.
Isto seria a capacidade de não aplicar castigos e penalidades vazias e sem nenhum sentido. Como, por exemplo, a proibição de ver televisão ou se aproximar de vídeos game. Na verdade o ideal seria colocar o autor diante de uma atividade diretamente ligada ao ato, mas em sentido inverso.
Claro que a criatividade para a elaboração dessas penas alternativas é o ponto chave de toda questão. E, para isso, cada caso deve ser pensado com calma e participação do próprio futuro apenado, que deve dar sugestões de como poderia reparar o seu ato.
Alias, possivelmente o ponto mais forte dessa dinâmica, é a participação dos filhos nas decisões. Pois, além de tudo, estariam aprendendo a lidar com o peso da responsabilidade de educar.
Não devemos esquecer o perdão para o autor, nenhuma demonstração de memória rancorosa, mas o ato e sua derivação devem ficar marcados pelo cumprimento da tarefa reparadora.
Podemos e devemos perdoar, mas jamais abafar qualquer situação, pois caso contrário ela está condenada a ser repetida pelo autor.
Um comentário:
João
Boa tarde
Muito interessante e oportuna essa sua matéria.
O ato de entender, aceitar que todos podemos errar,não deve ser entendido como um passaporte para a impunidade. Todo ato tem consequências, e, quando seprejudica alguém, a obrigação de reparação é automática,não como processo meramente punitivo,mas sim, e principalmente educativo.
Perdoar é não guardar mágoas, não desejar vingança, não querer mau, é superar o ocorrido. Ser perdoado, é uma benção que requer atitude madura de não reincidir no erro.
Um abraço. Te convido a comentar no post sobre o André Trigueiro, tem um livro sendo sorteado.
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